sexta-feira, abril 24, 2009

PAINEL

Quem se habilita?

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 24/04/09

A gritaria do plenário da Câmara contra o fim das passagens para cônjuges e filhos é geral, mas está difícil em encontrar um autor para a emenda à resolução da Mesa que restabeleça o privilégio. Nem o eloquente Silvio Costa (PMN-PE), consultado, mostrou-se confortável com a missão de dar nome à emenda. 
Atingida por um desgaste de imagem que só faz se aprofundar, a Mesa Diretora acha que encontrou um meio de colocar o guizo nos deputados que querem manter a mordomia: caberá a um dos membros do colegiado pedir votação nominal da emenda, para que cada um tenha de assumir diante da opinião pública a responsabilidade por manter os bilhetes da família.

Piada pronta - A Câmara acaba de lançar seu boletim de Gestão Estratégica. Em texto louvatório, o presidente Michel Temer (PMDB-SP) diz que a iniciativa levará a Casa a ‘aumentar de forma substancial sua capacidade de prestar contas à sociedade do uso dos recursos humanos, materiais e orçamentários’’.

Solidário - Uma das modalidades de emissão de bilhetes é a permuta entre gabinetes da Câmara. Um deputado usa seus créditos excedentes para ajudar outro a viajar ao exterior. Carlos Zarattini (PT-SP) doou passagem para o colega Jilmar Tatto (PT-SP) ir com a mulher para Paris, em 2007.

Antes tarde... - O ministro do TCU Raimundo Carreiro se declarou impedido no processo que analisa se o ex-diretor do Senado Agaciel Maia cometeu irregularidade ao esconder da Justiça uma casa avaliada em R$ 5 milhões.

...do que nunca - Carreiro já tinha sido aconselhado por outros ministros a deixar o caso, mas resistia. Ex-secretário-geral da Mesa do Senado, ele trabalhou com Agaciel por mais de uma década. Carreiro disse que sua assessoria vai avaliar se há outros casos de incompatibilidade para que ele julgue processos relativos à sua ‘ex-Casa’.

O castelo caiu - A Justiça paulista determinou à Câmara o bloqueio dos vencimentos de Edmar Moreira (MG). O deputado do castelo responde a processos tributários e trabalhistas relativos a empresas das quais é sócio.

E o Gomes? - O voto em separado a ser apresentado pela oposição na CPI dos Grampos afirma que a blindagem do governo não permitiu investigar o papel do ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT) e do ministro Mangabeira Unger, ambos citados na Operação Satiagraha da PF.

How to - No site da America’s Society, FHC dá nove dicas sobre como se portar na crise atual. Entre os conselhos do ex-presidente brasileiro estão ‘não brigar com os fatos’ e ‘falar direto’.

Pega geral - Até Carlos Ayres Britto, bombeiro-mor na refrega de anteontem no Supremo, já sentiu na pele o pavio curto de Joaquim Barbosa. No julgamento dos embargos de declaração do pedido de cassação de Cássio Cunha Lima no TSE, Barbosa qualificou como ‘uma vergonha’ um pedido de vista que atrasaria a decisão. Britto, o presidente, defendeu o tribunal.

Peso máximo - Encerrada a altercação com Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes saiu do plenário do Supremo e, cercado pelos ministros, dirigiu-se ao elevador. Barbosa veio depois, acompanhado do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. Quando se aproximou, os colegas haviam lotado o espaço, e a porta se fechou.

Vai nessa - De Lula para Ellen Gracie, em solenidade recente: ‘Sou seu maior cabo eleitoral com o Celso Amorim’. Na quarta, enquanto o pau quebrava no STF, a ministra era entrevistada em Genebra para a vaga no órgão de apelação da Organização Mundial do Comércio.

Tiroteio

Por ignorância, má-fé ou simples vocação para ser sublegenda tucana, o PPS quer espalhar a mentira de que o governo vai confiscar a poupança, o que é proibido pela Constituição. 
Do deputado petista FERNANDO FERRO (PE), sobre propaganda de TV do pequeno partido oposicionista na qual Raul Jungmann (PE) diz que ‘o governo vai mexer na poupança, como fez o Collor’.

Contraponto

O mundo se curva

Em recente viagem aos EUA, um grupo de prefeitos brasileiros foi recebido por representantes do Partido Democrata. No meio da conversa, um dos visitantes perguntou a um deputado qual era a estrutura de seu gabinete. 
-Tenho seis funcionários- respondeu o americano. 
Para comparar, o prefeito virou-se para o deputado estadual do Rio de Janeiro Pedro Fernandes (DEM), que acompanhava o grupo, e indagou: 
-E você, quantas pessoas tem no gabinete? 
Fernandes coçou a cabeça e informou, algo encabulado: 
-Umas sessenta... E, como sou líder da bancada, tenho direito a mais seis na liderança...

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