sábado, dezembro 13, 2008

EDITORIAL

Pacote federal

Folha de S. Paulo - 13/12/2008
 

Estrangulada pelas despesas de custeio, capacidade de atuação do governo para combater efeitos da crise é limitada

O CONJUNTO de medidas anunciadas anteontem pelo governo federal, ao optar pelo alívio tributário, atende a um justo e decantado anseio da sociedade brasileira. Não o faz, todavia, em dose relevante.
Não foi desta vez que a progressiva asfixia representada pela carga tributária no Brasil foi alvo de um ataque sistemático. A renúncia fiscal com as novas medidas, estima o governo, será de R$ 8,4 bilhões em um ano. O montante equivale a pouco mais de 1% da arrecadação federal ou 0,3% do PIB.
Como o peso dos tributos deve fechar 2008 acima de 36% do PIB, a redução proposta pelo Planalto fará pouca diferença nessa conta. A arrecadação poderá cair no ano que vem, mas influenciada principalmente por um motivo -a desaceleração da economia- em nada virtuoso.
O governo escolheu os contribuintes do Imposto de Renda da Pessoa Física como beneficiários da maior parte da renúncia proposta. Quase R$ 5 bilhões, na conta oficial, serão consumidos dessa forma. Além de corrigir os valores iniciais das alíquotas, o plano cria mais duas -uma, inicial, de 7,5% e outra, intermediária, de 22,5%-, elevando para quatro o total de faixas de incidência do tributo.
As mudanças diminuem a renda tributada e suavizam o impacto das alíquotas, o que redunda em mais dinheiro no bolso para quem paga IR. A maioria dos trabalhadores brasileiros, contudo, ficará de fora do benefício, porque não tem renda suficiente para ser tributada -o IR incidirá apenas sobre quem ganha mais de R$ 1.434 mensais- e/ou porque está na informalidade.
A média salarial está abaixo de R$ 1.300 nas seis principais áreas metropolitanas e é ainda menor nas demais regiões. Numa população economicamente ativa da ordem de 100 milhões, 24 milhões entregaram declaração de IR em 2008. Destes, cerca de 40% são isentos do imposto.
Além do afago na classe média, a parcela do eleitorado mais resistente a Lula nas duas eleições presidenciais que venceu, o pacote anticrise do governo faz uma mesura às montadoras. Afetadas pela escassez repentina de crédito, as vendas de automóveis novos serão contempladas com redução do IPI, que vai a zero para carros populares.
Além disso, a diminuição à metade da alíquota do IOF sobre empréstimos pessoais, para 1,88%, se soma a outras iniciativas do governo no intuito de reanimar o fluxo de crédito na economia. O outro item do pacote, a mobilização de cerca de 5% das reservas cambiais para facilitar a rolagem de dívida externa privada, não tem impacto fiscal, mas ajuda a aliviar a pressão sobre o dólar no mercado doméstico.
Apesar da boa intenção, os limites da atuação "anticíclica" do governo brasileiro ficam nítidos nesse pacote. O descontrole dos gastos públicos de custeio, que sempre esteve na raiz da escalada da carga tributária, estrangula as margens para o remanejamento da despesa -o que faz toda a diferença no momento de combater os efeitos de uma crise.

MÍRIAM LEITÃO

Era da incerteza

Panorama Econômico
O Globo - 13/12/2008
 

A crise tirou a previsibilidade das empresas. O mais difícil de prever não é o médio ou o longo prazos, mas o futuro imediato. O primeiro trimestre de 2009 é uma incógnita para a maioria das empresas. O câmbio é um fator perturbador, não porque sobe, mas pelos saltos que dá dentro de um mesmo dia. Os fatos confirmam os pessimistas. Agora, os emergentes vão perdendo força. 

Hoje, qualquer cenário é considerado possível para o câmbio. O Banco Central tem sido errático e isso realimenta essa instabilidade. Emprestar reservas para as empresas através dos bancos - os empréstimos não deixarão de constar nas reservas - não resolve a situação. Melhor é entender o círculo vicioso em que o câmbio está, e atuar para desfazê-lo. 

O episódio dos derivativos não está ainda resolvido. A crise provocada pelos prejuízos de grandes empresas, que fizeram contratos futuros apostando na manutenção do dólar baixo, ainda afeta inúmeras empresas e realimenta o clima de desconfiança em relação a elas. Quando surgiu, calculava-se que o prejuízo global seria de US$40 bilhões. Os casos mais conhecidos foram equacionados. Hoje, mais da metade do volume pode já estar resolvido através de liquidação de posições, mas a maioria das empresas, de porte médio, permanece sob o fio da navalha. 

É mais complexo do que parece. As empresas que fizeram adiantamento de câmbio antes da crise e que cobriram os riscos através de mecanismos de hedge, apostando em manutenção do dólar baixo, de repente foram apanhadas no contrapé, tendo que cobrir o prejuízo de suas posições. Essa história já se conhece. Mas o que pouca gente se dá conta, diz um diretor de uma instituição ativa no mercado cambial, é que essas empresas terão ganhos quando realizarem suas operações de exportação, porque receberão um dólar mais valorizado. 

- Elas perdem a diferença no derivativo, mas ele vai receber mais adiante o ganho da alta do dólar. Neste momento, os bancos estão quase fazendo um "empréstimo compulsório" para essas empresas, para que elas honrem os contratos, mas a situação financeira de dificuldade da empresa é temporária. É apenas uma questão de tempo - diz esse diretor. 

Essa situação, na verdade, é dinâmica. Quanto maior a alta do dólar, maior é o buraco que se abre na conta das empresas. Mais dificuldades elas têm de se financiar, mais desconfiança o mercado tem delas. Há mais círculo vicioso se formando no câmbio e realimentando a espiral de incerteza. 

A volatilidade em si tem efeitos colaterais. Quem vê a cotação na abertura e no fechamento não percebe o quanto o mercado está instável. Num dia, chegou a ir a R$2,62 e fechou a R$2,42. Essa diferença de 20 centavos no intraday ajuda a criar incerteza: quem venderia dólar, não vende; quem fecharia contrato, não fecha. Os players do mercado não atuam porque não têm idéia do preço da moeda. O mercado vai ficando menor, e isso faz com que qualquer operação possa provocar um salto no dólar. 

- Ninguém antecipa nenhum contrato. Pelo contrário, eles têm sido retardados. Normalmente, há uma diferença de US$20 bilhões entre câmbio contratado e embarcado. Agora, a situação se inverteu. Nunca vi uma retração tão grande quanto essa do contratado em relação ao embarcado - explicou o especialista. 

No mercado, se diz que essa instabilidade é provocada pela atuação errática do BC. Há muitos motivos que elevam o dólar. Uma delas é o comércio. A crise antecipou o cenário de queda das exportações. Elas caíram na primeira semana de dezembro em todos os segmentos. 

Pelo comércio, entrarão menos dólares; o fluxo de capitais está negativo; há vencimentos de dívidas em dezembro que o BC tenta garantir com as reservas. Seja pela dívida, pelo investimento ou pelo comércio, a tendência de curto prazo é de menos dólares. A nova taxa de câmbio pode ser um incentivo às exportações e uma barreira às importações, mas, mesmo assim, a tendência é de superávit comercial minguando, porque os preços dos produtos que o Brasil exporta caíram muito. 

O Banco Central precisa reduzir a volatilidade. No câmbio flutuante não há piso nem teto, mas essa volatilidade cria uma círculo vicioso, que provoca efeitos colaterais, que agravam a crise. O BC é o único vendedor da moeda desde que a crise começou, num mercado que se encolhe cada vez mais, com todos os participantes se retraindo num cenário em que o preço dá saltos ornamentais no espaço de um único dia. 

No Brasil, recebemos estilhaços da crise, mas eles estão ficando cada vez maiores. Por melhor que seja a situação das montadoras no Brasil, por maiores que sejam os incentivos fiscais, de que modo poderemos salvar, no país, uma empresa que desmorona nos Estados Unidos? A GM já está consultando escritórios de falência. A Casa Branca vai usar o pacote já aprovado para evitar que elas quebrem, depois do não do Senado, mas a incerteza aumenta. O motor dos emergentes começa a engasgar. A Rússia está entrando em recessão, a Índia teve queda de produção pela primeira vez em 15 anos, a China está reduzindo o crescimento. Esta é uma era da incerteza. Com essa falta de horizonte, as empresas planejam 2009.

FERNANDO RODRIGUES

Bimbalham os sinos no Congresso


Folha de S. Paulo - 13/12/2008
 

A crise econômica batendo à porta tem sido um bálsamo para os políticos e suas mazelas.
Outro dia a Câmara absolveu o deputado Paulinho da Força Sindical, do PDT de São Paulo. Ele era acusado de atuar num esquema de desvio de dinheiro público. Negou as acusações, apesar de o relator do caso ter sustentado haver provas.
Ficou tudo por isso mesmo.
Agora, o Senado se prepara para dar apoio a uma farra de vereadores. Haverá um aumento de 7.343 cadeiras nos Legislativos municipais em todo o país.
A Câmara já aprovou a medida. A proposta tem chance de passar pelo Senado na semana que vem, quando a maioria dos brasileiros já estará ouvindo o bimbalhar dos sinos das festas de fim de ano.
No Brasil, ser político é quase exclusivamente uma forma de ascensão social. Os locais têm um apetite insaciável pelas boquinhas. Basta lembrar o número de deputados federais. Aqui, para 190 milhões de brasileiros há 513 cadeiras na Câmara. Nos EUA, são 305 milhões de pessoas e apenas 435 vagas.
Eleger um grande número de representantes pelo voto direto não é uma má idéia em si. Mas é difícil imaginar que Campos do Jordão, em São Paulo, será uma cidade melhor porque poderá ter 13 e não apenas nove vereadores. No geral, os municípios paulistas terão um acréscimo de 1.189 vereadores. É mínima a chance de se tornarem cidades com nível de vida mais elevado por causa dessa farra.
Nada contra haver mais gente sendo eleita. O problema no Brasil é o cargo público vir sempre acoplado a algum risco de aumento de despesa. Não passa pela cabeça dos gênios no Congresso que vereadores de cidades com até 30 mil habitantes não precisariam ser remunerados.
Mas aí perderia toda a graça ser político. Poucos se interessariam em demonstrar tanto espírito público e democrático.

COLUNA PAINEL

Mil e uma utilidades


Folha de S. Paulo - 13/12/2008
 

O parecer obtido por Garibaldi Alves (PMDB) para dar respaldo jurídico à sua eventual "recandidatura" atende a dois propósitos distintos: o do próprio presidente do Senado, que gostaria de continuar na cadeira, e o do grupo peemedebista de Renan Calheiros, que pode eventualmente se conformar com Garibaldi (tudo, menos entregar para o PT de Tião Viana), mas cujo plano A continua a ser José Sarney. Este, nas conversas, diz "não quero", evitando o "não serei".
A idéia de Renan sempre foi lançar Sarney em meados de janeiro, dificultando a reação do adversário (a eleição é em 2 de fevereiro). Até lá, Garibaldi pode ou não viabilizar sua pretensão. De todo modo, terá contribuído para embolar o meio-campo e fragilizar Tião.

É ele
De um peemedebista da Câmara, sobre a nova peça movimentada por seus correligionários na tentativa de manter a presidência do Senado: "Se houver candidato do PMDB, será Sarney". 

Nos anais
Um dos elementos usados para sustentar a tese de que Garibaldi, eleito no vácuo da renúncia de Renan, pode concorrer de novo é um parecer anexado em 1998 ao regimento da Casa, de autoria da CCJ, provocada pelo então presidente Antonio Carlos Magalhães. 

Ringue
Na bancada tucana, subiu a temperatura entre Arthur Virgílio (AM) e Tasso Jereissati (CE). O primeiro defende que o partido se manifeste abertamente por Sarney. O segundo afirma já ter maioria para apoiar Tião. 

Eu não
Em jantar com o amigo Ciro Nogueira (PP-PI), que disputa a presidência da Câmara, o ex-ocupante do cargo Aldo Rebelo (PC do B-SP) disse que não será candidato. Aldo é mencionado como opção do "bloquinho", dentro de uma estratégia de pulverização de candidaturas para dificultar a eleição de Michel Temer (PMDB-SP). 

Trem
Aprovada a toque de caixa na Câmara, a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) deixa clareira para criação de cargos. Um artigo diz que a estrutura será definida posteriormente pelo Executivo. 

Ficha
A Procuradoria da República em Altamira (PA) abriu dois processos por crimes ambientais contra o fazendeiro Délio Fernandes (PRP), eleito vice-prefeito de Anapu. Ele é réu em outros seis processos e chegou a ser acusado de participar de consórcio para assassinar a missionária Dorothy Stang.

Arrasou
Terno vermelho, batom também. Estrela do encontro de prefeitos eleitos do PT, Dilma Rousseff testou no evento de ontem em Brasília não apenas o discurso, mas também o figurino para 2010. 

Suíça
Em total desacordo com a tradição petista, a ministra chegou rigorosamente no horário marcado. Os organizadores tiveram de correr para encher o auditório. 

Meca
Eleito em São Bernardo, Luiz Marinho foi assediado com "ofertas irrecusáveis". Uma lobista tentou emplacar a reforma de um parque temático na cidade do ABC. Em seguida apareceu o representante de empresa japonesa de coberturas para estádios. 

Sorry
Marinho tentou fazer de Miriam Belchior, coordenadora do PAC na Casa Civil, o principal nome de seu secretariado. Lula não topou. 

Ponte
Em pleno expediente de sexta-feira, servidores federais prestigiaram o encontro promovido pelo PT no hotel Brasília Alvorada. 

Seta
O seminário hoje do grupo petista Mensagem ao Partido, de Tarso Genro, deve ser moderado nas críticas à política econômica, ao contrário do ocorrido em recente evento da ala Construindo um Novo Brasil. Mas haverá um pedido de maior aproximação com o "bloco de esquerda" (PSB, PC do B e PDT).

Tiroteio

"Não há processo mais ilustrativo de como se planeja e executa uma fraude. Está na hora de acabar com a história de que o Maranhão se divide entre mocinhos e bandidos."

Do deputado GASTÃO VIEIRA (PMDB-MA), ligado à família Sarney, sobre o processo na Justiça Eleitoral contra o governador Jackson Lago (PDT), acusado de compra de votos.

Contraponto

Zoológico

Reunidos em sessão plenária, os ministros do Tribunal de Contas da União trocavam elogios. Augusto Sherman era cumprimentado por ter ajudado a resolver diversas pendências recentes. Os colegas, vários deles ex-deputados, sugeriam que ele seguisse carreira na política, comparando-o às "velhas raposas de Minas Gerais" -ainda que Sherman seja do Rio Grande do Norte.
Ao ouvir a conversa, Marcos Villaça, que tem perfil diferenciado entre os ministros do TCU, comentou:
-Eu não tive experiência de Congresso. Em compensação, conheço bem o serpentário da Academia Brasileira de Letras-, disse o ex-presidente da instituição.

CLÓVIS ROSSI

Todo mundo em pânico


Folha de S. Paulo - 13/12/2008
 

No dia em que o mundo inteiro anuncia mais pacotes de ajuda ao setor privado (o Brasil, o Estado de São Paulo, os EUA, a União Européia), acho que vale a pena prestar um pouco de atenção em quem vai na contramão, o ministro alemão de Finanças, Peer Steinbrück. Antes é bom saber que Steinbrück batalhou um bocado, nas vésperas da cúpula do G8 na Alemanha, em 2007, para que o clubão dos ricos e poderosos adotasse medidas (bastante moderadas, aliás) de controle dos mercados.
Foi vencido pela resistência do governo Bush. Um mês depois da cúpula, começou a crise então batizada de "subprime".
Em entrevista para a revista "Newsweek", o ministro alemão diz, por exemplo:
1 - "Por muito que qualquer governo faça, a recessão em que já estamos é inevitável".
2 - "Quando olho para o caótico e volátil debate em andamento, tanto na Alemanha como no resto do mundo, minha preocupação é que a barragem diária de propostas e declarações políticas está deixando os mercados e os consumidores mais nervosos" (atenção, Lula, pode ser com você também).
3 - "Há uma ansiedade pelo Grande Plano de Resgate. Não existe. Não existe. Lidar com uma crise sem precedentes é um quebra-cabeças, é tentativa-e-erro. Tendo a ser cético porque é da natureza humana ver a crise pior do que é. (...) 2009 parece que será um ano muito difícil. Mas não estamos à beira do colapso" (vai ver que Steinbrück leu a
Folha de anteontem).
4 - Sobre a redução de impostos adotada, por exemplo, no Reino Unido: "Você vai mesmo comprar um DVD porque ele agora custa 39,10 libras em vez de 39,90?" (alô, alô, Mantega, pode ser com você).
Acho que o que o ministro quer dizer é simples: está todo mundo em pânico e atirando para todo o lado. Pode, eventualmente, atingir o próprio pé (ou o coração ou a cabeça) de mais de um.

ILIMAR FRANCO

No ataque

 Panorama Político
O Globo - 13/12/2008
 

O PT está pintado para a guerra. O tom foi dado ontem pelo líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS), no encontro de prefeitos do partido. "O Serra vai falar que o Bolsa Família é bom, mas na época não queria; vai dizer agora que o PAC é bom, mas, na época deles, não fizeram; vai dizer que aumentar o salário mínimo acima da inflação é bom, mas não é o que fizeram na época deles". 

Construindo Dilma 

O encontro de prefeitos do PT transformou-se praticamente em um comício para Dilma Rousseff. "A candidata certa é Dilma Rousseff!", gritava Fontana em seu discurso. Ele aproveitou para criticar a política de Estado mínimo do governo passado e lembrar que os tucanos chamavam o Bolsa Família de Bolsa Esmola. O governador Jaques Wagner (BA) , que já foi cotado para ser o candidato, rendeu-se. Defendeu o nome de Dilma, a quem se referiu como um "gigante", e minimizou as pesquisas que mostram José Serra na liderança, afirmando que é cedo. "Política também é fé, também é crença", disse ele à platéia de prefeitos. 

O Lula tem uma popularidade que o PT não tem e uma autoridade que o PT também não tem" - Arlindo Chinaglia, deputado (PT-SP), presidente da Câmara 


REVANCHE. Em meio à crise internacional, o governador Jaques Wagner (BA) disse que o momento é "excepcional". Isso porque a tese do Estado mínimo teria sido derrotada. "Vinte anos depois (do Muro de Berlim), cai o muro da Avenida Paulista, de Wall Street, cai o castelo de cartas", afirmou o petista. Ele lembrou de quando era líder do PT, em 1995. "Sofri uma lavagem cerebral, um constrangimento. Tentaram nos impor a chegada do pensamento único. Éramos dinossauros, arcaicos", disse. 

Terceiro mandato 

O PT pediu ontem que os prefeitos assumam a campanha pró-plebiscito para convocação de uma constituinte exclusiva da reforma política. Assinaturas estão sendo coletadas em todo o país. Fica sempre o fantasma do terceiro mandato. 

Seis anos depois, a primeira vez 


Pedro Simon (PMDB-RS), Sérgio Zambiasi (PTB-RS) e Paulo Paim (PT-RS) realizaram nesta semana um jantar de confraternização da base governista no Senado. Participaram cerca de 20 senadores. Foi a primeira vez que os aliados confraternizaram juntos a chegada do final do ano. Isso foi possível porque o clube exclusivo dos petistas precisa de votos para a candidatura de Tião Viana (PT-AC) à presidência do Senado. 

Quem faz mais pelo ensino técnico? 


O governador José Serra não quer deixar apenas para o ministro Fernando Haddad (Educação) a vitrine do ensino profissional no país. Haddad é um dos nomes do PT para disputar o governo paulista ou o Senado em 2010. Segundo levantamento encomendado pelo tucano ao Centro Paula Souza, que administra as 151 escolas técnicas e as 47 faculdades de tecnologia paulistas, 77% dos técnicos formados estão empregados um ano após a conclusão do curso. 

O GOVERNO Lula começa a acreditar que o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) pode derrotar o ex-senador José Jorge (DEM) na disputa por vaga no TCU. 

OS SENADORES do PTB anunciam quarta-feira apoio a Tião Viana (PT-AC) para a presidência do Senado. 

NA PASSAGEM dos 40 anos do AI-5, a Câmara fará, na segunda-feira, homenagem aos ex-deputados Chico Pinto (BA) e Lysâneas Maciel (RJ). Deste, será lançada biografia escrita pela jornalista Hebe Guimarães. 

Veredito 

O TCU inocentou Zélia Maria Abdullmacih, investigada por supostas irregularidades no Instituto Nacional do Câncer, em 2003. O então presidente do Inca, Jamil Haddad, renunciou por causa da crise, mas defendeu a ex-assessora.

ANCELMO DE GOIS

Troca de trilho


O Globo - 13/12/2008
 

O Metrô Rio vai mudar de dono. Quem deve comprar é um consórcio comandado pela CCR (Companhia de Concessões Rodoviárias), que já administra a Linha 4 do metrô paulista.
A CCR também é responsável pela maioria das rodovias privatizadas no país e pertence, entre outros, às grandonas Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. 

Quem sai... 
Nesta reestruturação, o Citigroup, que detinha 52% do capital da holding dos trilhos, vai deixar a empresa. 
O bancão americano, como se sabe, tem problemas maiores para cuidar. 

E mais... 
Não está afastada a hipótese de Metrô Rio e SuperVia (Central do Brasil) viverem sobre o mesmo trilho. 

Alô 
A Telecom Itália está comprando a Intelig. 

Xerife na maca 
Luiz Fernando Corrêa, o superintendente-geral da Polícia Federal, terá de passar uma temporada no estaleiro. 
Vai operar a coluna para corrigir uma hérnia de disco. 

A conta da violência 
Estudo do Ministério da Saúde revela que 5,9% das 11,7 milhões de internações nos hospitais do SUS em 2006 foram causadas por agressões. Dos agredidos, 81% são homens e 19%, mulheres. A maioria (75%) tem entre 15 e 49 anos. 

O poço secou 
A Petrobras cancelou a ajuda anual de R$1 milhão que dava à a escola de dança Edisca, projeto social da periferia do Ceará. 
As bailarinas da Edisca já se apresentaram até para o Papa.

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO


REVISTA VEJA
À moda antiga

"Enfim, um jogador sem a compulsão de sair do Brasil ou de mudar de time. Rogério Ceni confere ao São Paulo um lastro que está na base de sua hegemonia no futebol"

Fala-se que o São Paulo, entre os clubes brasileiros de futebol, é o mais bem administrado, o que mais atenção devota ao planejamento e o que oferece melhor estrutura aos jogadores. Deve ser verdade. Mas, mais que isso, as vitórias que se acumulam, nestes últimos anos, culminando com a conquista do Campeonato Brasileiro pela terceira vez consecutiva, devem-se, na opinião do colunista que vos fala, a uma única, singular e indivisível pessoa: o goleiro Rogério Ceni. Com sua competência, liderança e dedicação ao clube, ele é o retrato deste vitorioso São Paulo. Mas, sobretudo, Rogério personifica uma resistência solitária e heróica a um estado de coisas que empobrece e apequena o futebol brasileiro.

O fato de tal papel ser exercido por um goleiro já é, em si, sintomático da era sombria que vivemos nos gramados. Goleiro é um ser esquisito. Num jogo cuja especificidade é ser jogado com os pés, ele trabalha com as mãos. Num espetáculo em que o que se espera, o tempo todo, é o momento apoteótico do gol, ele está lá para impedi-lo. Não seria certo dizer que pratica o antijogo, porque a expressão está associada ao jogador especializado nas botinadas na canela do adversário. Mas dá para dizer que o que pratica é o contrajogo. Para que isso fique bem claro, usa roupa diferente. Num esporte em que a movimentação e a corrida são a alma do negócio, a ele incumbe ficar parado. Goleiro é um ser tão singular que convida a cismar sobre que estranhos imperativos do destino, ou que especiais características de alma, levariam uma pessoa a abraçar tal ofício.

Ora, direis, Rogério Ceni se distingue por também fazer gols. Com sua habilidade para cobrar faltas e pênaltis, já fez quase 100, um recorde mundial para os de sua posição. Isso é certo, e boa parte de sua mística vem da fama de goleiro-artilheiro. Nem por isso deixa de ser um goleiro. Na maior parte do tempo está parado, entre as traves, com a missão de pegar a bola com a mão. E é muito sintomático, para retomar o fio deste arrazoado, que um goleiro, ou seja, um rebento da família dos praticantes do contrajogo, seja hoje o mais festejado, e talvez o melhor, entre os jogadores em atividade no Brasil. É sintoma de que entre os jogadores de linha, os dribladores, os artistas do passe preciso e da arrancada mortífera em direção ao gol –; personagens que fizeram a glória do futebol brasileiro –; sobra pouca coisa boa, se é que sobra alguma, nos gramados nacionais. Muito cobiçados no mercado internacional, eles vão logo embora.

O futebol brasileiro atual é o reino do volátil e do impermanente. Vá um menino querer montar um álbum de figurinhas. Como, se o time de hoje não será o mesmo do mês que vem? Não pode mais haver álbuns de figurinhas. E como pode haver bom futebol sem álbum de figurinhas? Para esse estado de coisas concorrem o desnível entre os mercados da Europa e do Brasil, uma certa cultura, mais forte a cada ano, de que jogador bom tem de sair do país e, claro, a boa e velha corrupção –; ela não podia faltar, num ramo de atividade movido a tantos milhões de dólares e euros.

Rogério Ceni, contra esse pano de fundo, representa os valores contrários da solidez e da permanência. Ele fez toda a carreira no Brasil. Mais ainda, fez a carreira no São Paulo, onde está há dezoito anos. Em parte tal constância se deve ao fato de ser goleiro, posição cujos expoentes, por brotar mais ou menos por igual em toda parte, não são tão bem cotados no mercado mundial quanto os jogadores de linha que, únicos, brotam no Brasil. Em outra parte se deve às características pessoais de gostar de jogar onde joga e não sofrer da doença do bicho-carpinteiro que não sossega o jogador enquanto não obtém um contrato no exterior.

Rogério forma com seu time um casamento digno dos formados no passado entre Pelé e o Santos, Zico e o Flamengo, Ademir da Guia e o Palmeiras, Nilton Santos e o Botafogo. Esse valor antigo, triunfo do sólido contra o fluido, do fiel contra o inconstante, é a grande contribuição que, ao lado do talento, ele oferece ao São Paulo. Não há empresa, repartição pública, igreja ou trupe de teatro que resista a um entra-e-sai de motel. Time de futebol não haveria de ser exceção. A presença de Rogério no São Paulo confere ao time um lastro de que outros não gozam. É daí que, em boa parte, derivam os títulos.

CLAUDIO DE MOURA CASTRO


REVISTA VEJA
Aprovar quem
não aprendeu?

"O medo da repetência leva o aluno de classe
média a estudar, para evitar os castigos. Nas famílias
mais modestas não há medo nem pressão para que
os filhos estudem"

Para chamar atenção sobre pesquisas irrelevantes, um bando de gaiatos de Harvard criou o prêmio Ignobel (um brasileiro já foi agraciado, por estudar o impacto dos tatus na arqueologia). De fato, esse é um problema clássico da academia. Como às vezes aparecem descobertas de valor na enxurrada de idéias que parecem bobas, todos se acham no direito de defender as suas. Diante disso, é reconfortante encontrar pesquisas colimando assuntos palpitantes e com resultados precisos e definitivos. Esse é o caso da tese de Luciana Luz, orientada pelo professor Rios Neto (UFMG), que examinou um problema fundamental: no fim do ano, o que fazer com um aluno que não aprendeu o suficiente? Dar bomba, para que repita o ano? Ou deixá-lo passar? O uso de dados longitudinais permitiu grande precisão na análise. A autora tratou os números com cuidado e sofisticação estatística. O cuidado aumenta a confiança nos resultados. Mas a sofisticação impossibilita que se faça aqui uma explicação acessível da análise estatística.

Contudo, a interpretação das conclusões é clara. A tese permite comparar um aluno que repetiu o ano por não saber a matéria com outro que foi aprovado em condições similares. Os números mostram com meridiana precisão: um ano depois, os repetentes aprenderam menos do que alunos aprovados sem saber o bastante. Tudo o que se diga sobre o assunto não pode ignorar o significado desses dados, que, aliás, corroboram o que foi encontrado pelo professor Naércio Menezes e por pesquisadores de outros países.

Ao que parece, para os repetentes, é a mesma chatice do ano anterior, somada à frustração e à auto-estima chamuscada. Andemos mais além da tese. Não reprovando, a nação economiza recursos, pois, com a repetência, o estado paga a conta duas vezes. E, como sabemos por meio de muitos estudos, os repetentes correm muito mais risco de uma evasão futura. Logo, ganha-se de três lados. Como a "pedagogia da reprovação" não funciona, a "promoção automática" é um mal menor.

Ilustração Atômica Studio


A história não acaba aqui. A angústia de decidir se devemos aprovar quem não sabe torna-se assunto secundário, diante da constatação de que o aluno não aprendeu. Esse é o drama mais brutal do ensino brasileiro. Por isso, a discussão está fora de foco. Precisamos fazer com que os alunos aprendam. De resto, não faltam idéias nos países onde a educação dá certo. Por exemplo, na Finlândia – e mesmo no Uruguai – há professores cuja tarefa é dar uma atenção especial aos mais fracos. Por que se digladiam todos contra a "promoção automática", quando a verdadeira chaga é o fraco aprendizado? De fato, há uma razão. Grosso modo, três quartos da população brasileira é definida como de "classe baixa". Dada essa enorme participação, o que é verdade para seus membros é verdade para o Brasil como um todo. Mas há os 20% de classe média e alta. Para esses pimpolhos, a situação é diferente. Famílias de classe baixa são fatalistas, assistem passivamente à reprovação dos seus filhos. Se não aprenderam a lição, é porque "sua cabeça não dá". Já na classe média a regra é outra. Levou bomba? Antes zunia a vara de marmelo, depois veio o confisco da bola, da bicicleta ou do i-Phone. Santo remédio!

Reina a "pedagogia do medo da repetência". Essa é a arma dos pais para que o filho se mantenha por longo tempo colado à cadeira e com os olhos no livro. Cá entre nós, eu estudava por medo da bomba. É também a ameaça da bomba que permite aos professores forçar os alunos a estudar. Sem ela, sentem-se impotentes. Portanto, estamos diante de um dilema. O medo da repetência leva a minoria de classe média a estudar, para evitar os castigos. Pode não ser a pedagogia ideal, mas ruim não é. Já nas famílias mais modestas não há medo nem pressão para que os filhos estudem. O que há são as bombas caindo do céu e criando repetência abundante e disfuncional. Pouquíssimos países no mundo têm níveis tão altos de repetência como o nosso. Ao contrário de outros dilemas, esse tem solução clara, ainda que difícil. Basta melhorar a qualidade da educação para todos.

ANDRÉ PETRY


REVISTA VEJA
A besta está solta

"Há um ano, Carlos Rodrigues Junior, 15 anos, foi 
morto sob tortura, dentro de casa, por seis policiais. 
Todos estão soltos e ainda fazem parte da polícia"

A besta humana precisa ser contida em qualquer lugar. Em Nova York, em São Paulo, em Mumbai. Ela está à espreita em qualquer cidade, qualquer tempo, qualquer povo. Existe em médicos, pedreiros, padres, jornalistas, policiais. E precisa ser contida. A besta humana pôs a cabeça para fora no dia 15 de outubro numa estação de metrô em Nova York. Um policial capturou um rapaz de 24 anos que fumava maconha e sodomizou-o com seu cassetete retrátil. Foi um escândalo. O prefeito Michael Bloomberg teve de vir a público dar explicações sobre a aparente lentidão com que a polícia apurou o caso. (A investigação durou um mês e meio!) Disse que, no início, o caso não parecia tão óbvio como ficou depois. O governador foi instado a se explicar para que a besta não volte a atacar.

Nesta semana, faz um ano da morte de Carlos Rodrigues Junior, 15 anos. Ele foi assassinado de madrugada por seis policiais dentro de sua própria casa, em Bauru. A repercussão foi grande na época. Os policiais foram presos em flagrante. O governador José Serra veio a público condenar a "brutalidade inaceitável" e, num gesto exemplar, mandou indenizar a família da vítima, mesmo antes da decisão judicial. Queria mostrar que a besta humana tinha de voltar para a jaula.

Passado um ano, o que se tem? Os policiais, todos os seis, estão soltos. Os cinco praças foram libertados em abril. O oficial, um tenente, foi solto um pouco depois, no fim de junho. Estão afastados do serviço de rua, mas – um ano depois! – todos ainda integram a Polícia Militar. Não foram expulsos. O governador que mandou indenizar a família da vítima parece que estava mais interessado nos aplausos ao gesto exemplar do que na brutalidade da besta. Tanto que, no assassinato do mecânico Jorge Lourenço Junior, 22 anos, também cometido por policiais, também em Bauru e também no ano passado, a família não recebeu um centavo. O caso é tão descarado que a polícia, apesar de seu tradicional corporativismo, já expulsou os três matadores. É pena que o governador, pelo que se vê, não o tenha achado tão descarado assim. O certo é que o assassinato do mecânico, por alguma razão, repercutiu muito menos.

Isso tudo quer dizer que ninguém tem o direito de ficar surpreso se a polícia de Bauru se sentir autorizada a soltar a besta humana de novo. A de Nova York, não. O policial agressor logo irá a julgamento. Pode pegar 25 anos de cadeia. Se um policial nova-iorquino voltar a agredir alguém sexualmente, as conseqüências serão rápidas e severas. Houve um caso parecido há dez anos. Um imigrante haitiano foi detido e sodomizado dentro do prédio da polícia com um cabo de vassoura. O crime teve ampla repercussão e o policial pegou trinta anos de cadeia. Talvez por isso a besta tenha levado dez anos para reaparecer agora, no metrô de Nova York.

Seria um consolo pensar que a polícia passará dez anos sem matar ninguém em Bauru.

DIOGO MAINARDI


REVISTA VEJA
E Machado virou circo...

"A série Capitu tem um aspecto circense. É Machado de Assis encenado por Orlando Orfei. É Bentinho imitando Arrelia no picadeiro de Fausto Silva: ‘Como vai, como vai, vai, vai? Eu vou bem, muito bem, bem, bem’"

Machado de Assis é Bentinho. Nós somos Capitu. A analogia é simples: nós abastardamos a obra de Machado de Assis. No centenário da morte do escritor, Dom Casmurro e seus outros romances perderam qualquer sinal de paternidade machadiana. Eles parecem gerados por Escobar, o amante de Capitu.

Luiz Fernando Carvalho, diretor da série televisiva Capitu, é o mais perfeito Escobar que surgiu até agora. Seu "Dom Casmurro" tem o nariz de Luiz Fernando Carvalho, tem o sorriso de Luiz Fernando Carvalho, tem a mentalidade de Luiz Fernando Carvalho. Nada nele recorda o "Dom Casmurro" de Machado de Assis, apesar de reproduzir diálogos do romance. Na série, Bentinho aparece estranhamente caracterizado como Dick Vigarista, do desenho animado Corrida Maluca: nas roupas, no bigode, na magreza, no temperamento e, acima de tudo, na canastrice do ator que desempenha seu papel. Qual é o melhor candidato a Muttley? O agregado José Dias.

A série Capitu tem um aspecto circense. É Machado de Assis encenado por Orlando Orfei. É Bentinho imitando Arrelia no picadeiro de Fausto Silva: "Como vai, como vai, vai, vai? Eu vou bem, muito bem, bem, bem". Luiz Fernando Carvalho usa uma linguagem grotesca, afetada, espalhafatosa, cheia de contorcionismos e de malabarismos. Machado de Assis é o oposto. No livro Dom Casmurro, o relato de Bentinho é espantosamente seco e desencantado. Ele narra sua história apenas para combater o tédio: sem drama, sem sentimentalismo, sem teatralidade. Quando Bentinho descobre que o filho bastardo de Capitu com Escobar morreu de febre tifóide, ele comenta simplesmente: "Apesar de tudo, jantei bem e fui ao teatro".

Luiz Fernando Carvalho só foi autenticamente machadiano na metalinguagem. A atriz que interpreta Capitu está grávida de se-te meses. Quando um repórter lhe perguntou se o pai do menino era Luiz Fernando Carvalho – o Escobar de Jacarepaguá –, ela se recusou a responder, limitando-se a declarar, como uma Capitu do funcionalismo público: "Não vou dizer a identidade e o CPF dele".

A literatura brasileira tem um escritor. Um só. O que fizemos com ele, nos últimos cinqüenta anos, foi traí-lo com todos os Escobar que apareceram. Desde que Helen Caldwell, em 1960, negou o adultério de Capitu, moldando Dom Casmurro às suas teorias feministas, Machado de Assis foi raptado pela crítica esquerdista. Em particular, por John Gledson e Roberto Schwarz, que o transformaram ridiculamente num agente da luta de classes, empenhado em denunciar os abusos da classe dominante. Na realidade, Machado de Assis é mais complicado do que isso. Ele é um satirista conformista e resignado, que zomba da mesquinhez de nossa sociedade e acredita que, quando ela muda, muda sempre para pior. A série Capitu festeja o abastardamento da obra machadiana. Machado de Assis sabe bem: de agora em diante, isso só pode piorar.

SÁBADO NOS JORNAIS

Globo: AI-5 entre o falado e o escrito

Folha: Governo decide garantir a operação de banco pequeno

Estadão: Arrecadação cai e Receita faz blitz em grandes empresas

JB: AI-5 40 anos

Correio: Aprovado aumento do IPTU e do IPVA

Valor: Renúncia de R$ 8,4 bilhões busca estimular consumo

Gazeta Mercantil: Renúncia fiscal vai liberar R$ 8,4 bilhões à economia

Estado de Minas: IPVA cai até 16%