quinta-feira, dezembro 11, 2008

PARA SONHAR

Karissa e Kristina Shannon
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PARA DORMIR

Karissa e Kristina Shannon

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TESTE DE CONHECIMENTO

Qual das palavras é feminina?

( ) Bandeira
( ) Galinha
( ) Diretoria
( ) Farinha
( ) Matemática

A resposta está abaixo… Mas pense primeiro!

Pensou? Já sabe a resposta? Não?

Lá vai respostai a resposta então...

BANDEIRA
Não é feminina porque tem pau.

GALINHA
Não é feminina porque tem pinto.

DIRETORIA
Não é feminina porque tem membro.

FARINHA
Não é feminina porque tem saco.

MATEMÁTICA
É a única feminina. Tem regras, tem problemas demais e ninguém entende

CHEIROU E MORREU

Ex-marido de Susana Vieira é encontrado morto no Rio

Marcelo Silva foi encontrado morto na manhã desta quinta-feira em frente a um flat na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio).

Policiais civis realizam na tarde desta quinta-feira uma perícia no carro onde estava o ex-policial Marcelo Silva, ex-marido de Susana Vieira. Ele foi encontrado morto na manhã de hoje. O veículo --um Polo-- está na garagem de um flat na Barra da Tijuca (zona oeste)

Segundo o Corpo de Bombeiros, Marcelo entrou no prédio por volta das 7h e não chegou a sair do veículo. Sua mãe pediu ajuda em um posto do Grupamento Marítimo, mas os bombeiros não conseguiram reanimá-lo. Os bombeiros não souberam precisar onde a mãe dele estava.

Até por volta das 12h30, o corpo de Marcelo permanecia no local.

Segundo a Polícia Militar, há suspeitas de overdose. As causas da morte, no entanto, ainda serão investigadas.

COLUNA PAINEL

Mais embaixo


Folha de S. Paulo - 11/12/2008
 

O governo falou ontem em R$ 10 bilhões, mas a Comissão Mista de Orçamento cortará ainda mais da peça de 2009: R$ 13 bilhões. Tamanha tesourada parte de uma previsão de crescimento de 3,5% feita pelo relator de receitas, Jorge Khoury (DEM-BA). O governo trabalha oficialmente com o percentual de 4%.
Para atingir tal redução, serão cortados R$ 10 bilhões em custeio, R$ 2,4 bilhões em investimentos e R$ 600 milhões em pessoal, adiando a contratação de 
servidores temporários. A disposição draconiana de deputados e senadores tem uma explicação simples: eles querem enxugar mais a proposta vinda do Executivo de modo a garantir espaço para suas emendas.

Em resumo
Interpretação de um ministro do STF sobre o conjunto de ressalvas que a sessão de ontem impôs à reserva Raposa/Serra do Sol: "O Supremo decidiu que demarcação é coisa séria demais para ficar nas mãos da Funai". 

Despertador
Durante o longo voto de Carlos Alberto Direito, bedéis do STF tiveram de cutucar mais de um dorminhoco na platéia.

Reforço
A administração da Funai em Boa Vista comprou, no final de outubro, 383 facões, 240 foices, 337 machados e 474 enxadas, além de 36,5 km de arame farpado. Tudo para um "projeto de produção agropecuária" em comunidades indígenas da reserva Raposa/Serra do Sol. 

Fico
Segundo o dado mais recente do Incra, 117 famílias que vivem na reserva, "entre elas os grandes arrozeiros", não procuraram o órgão até agora para solicitar sua realocação em outras áreas. 

Notável
O presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, Frederico Pimentel, foi preso pela PF no dia em receberia, da Associação do Ministério Público do Estado, uma comenda por seus esforços no combate à corrupção. 

Circuito
Depois de discutir crise e reforma tributária em jantar com José Serra, o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, fez o mesmo programa com Aécio Neves no Palácio das Mangabeiras.

S.O.S.
Por determinação de Lula, o ministro Guido Mantega (Fazenda) finaliza um pacote de troca de dívida para ajudar o governo de Teo Vilela em Alagoas. O modelo é o mesmo adotado meses atrás para socorrer outra tucana em dificuldades: Yeda Crusius no Rio Grande do Sul. 

Assim não 1
As críticas feitas à política econômica em seminário no fim de semana racharam o grupo Construindo um Novo Brasil, majoritário no PT. Deputados federais que boicotaram o evento não gostaram de ver quadros da burocracia partidária atacando a gestão do Banco Central. 

Assim não 2
Do ex-ministro e deputado Antonio Palocci, em reunião partidária anteontem: "Se essa for a opinião da tendência, estou fora". 

Hoje...
Ao tomar posse na presidência do TCU, Ubiratan Aguiar disse que "o sucesso das instituições públicas só será pleno se acreditarmos em um mesmo projeto". Recomendou ao governo ver o tribunal "como um aliado". 

...e ontem
Em 2006, Ubiratan foi o autor das "ressalvas" que quase impediram a aprovação das contas de Lula. Apontou "falta de controle" do governo na fiscalização de obras e falhas em convênios. 

A favor
A direção do PTB decidiu ontem apoiar: a) Michel Temer (PMDB-SP) para a presidência da Câmara; b) o fim do fator previdenciário tal como aprovado no Senado. 

Visita à Folha
Tião Viana (PT-AC), candidato à presidência do Senado, visitou ontem a Folha. Estava com Antônio Oscar Guimarães Lossio, chefe-de-gabinete. 

Tiroteio 

"Já é um avanço. A AGU poderia ter demorado menos para perceber que não é só ela quem fala pelo governo na discussão sobre a tortura." 

De 
PAULO VANNUCCHI , secretário nacional de Direitos Humanos, comentando a decisão da Advocacia Geral da União de não mais tomar partido no debate a respeito da revisão da Lei de Anistia.

Contraponto

Sem olheiras

José Serra dava entrevista a uma emissora de rádio, anteontem, quando veio a inevitável pergunta sobre 2010.
-Sei que não vou dar a manchete, mas vamos deixar isso para o final de 2009...-, desconversou o governador.
-O rádio tem essa vantagem comparativa de não precisar de manchetes-, observou o entrevistador.
-Sem querer despertar ciúmes, o rádio é o meu meio de comunicação preferido-, confessou Serra.
Como a resposta foi muito bem recebida pelos jornalistas no estúdio, o tucano resolveu se alongar:
-O rádio dispensa maquiagem. E não tem o problema de sua tia dizer depois: "Como você estava abatido..."

CLÓVIS ROSSI

O velhinho da Barão de Limeira


Folha de S. Paulo - 11/12/2008
 

Se morreu a "velhinha de Taubaté", me assumo como o velhinho da Barão de Limeira (a sede da Folha, para quem não sabe). Explico: eu acredito no presidente Lula. Ou melhor, não acredito nem nunca acreditei em presidente nenhum, nacional ou estrangeiro. Mas sou tonto o suficiente para acreditar na pregação de Lula segundo a qual o Brasil não será muito machucado pela crise.
Explico melhor: não acredito em retração no trimestre final do ano (2009, é outra história, a ser contada depois), ao contrário do que prevêem consultorias que falam em queda de até 1,3%. Minha credulidade não se baseia em ciência (até porque economia não é ciência; vide, a propósito, o artigo de ontem de Delfim Netto).
Baseia-se, primeiro, nos erros que as consultorias cometem o tempo todo. O caso do PIB é apenas o mais recente: o consenso de mercado era de crescimento de apenas 6%. Deu 6,8%, um erro, portanto, superior a 10%, que deveria desqualificar quem errou para o resto da vida.
Baseia-se também numa certa lógica, tosca, mas lógica. Não dá para acreditar que o país passe de um crescimento tão bacana para retrocesso. Que haverá desaceleração, é óbvio. Eu mesmo, bobinho como sou, já mencionei a hipótese de freada, mais que desaceleração.
Mas o que se está prevendo agora não é freada, e sim cavalo-de-pau, hipótese não autorizada nem pelos números ruins já divulgados.
Por fim, meus termômetros usuais (de novo, nada científicos) são o shopping em cujo banco tenho conta há 30 anos, o que me obriga a freqüentá-lo regularmente, e o supermercado da esquina. O ambiente que se respira em um e no outro não é de catástrofe. Diria até que é de "business as usual".
Posso estar completamente enganado, mas acho melhor me equivocar sozinho do que na companhia de quem erra habitualmente.

ELIANE CANTANHÊDE

Só cumpre quem quer


Folha de S. Paulo - 11/12/2008
 

"Buraco negro" não há, nem os pilotos norte-americanos desligaram o transponder para se divertir com o brinquedinho novo em folha, conforme os controladores cogitaram desde o acidente com o Gol 1907, que matou 154 pessoas em 29 de setembro de 2006.
Mas há outros "buracos negros" e brincadeiras com a vida alheia, como se viu pelo relatório técnico final divulgado ontem. Se a comissão garante que os radares e equipamentos funcionavam perfeitamente, o mesmo não disse quanto às pessoas que operavam o sistema.
Os controladores se revelaram despreparados desde o primeiro elo da cadeia, quando um jovem de Brasília nem sequer se deu ao trabalho de consultar o plano de vôo do Legacy e falou de qualquer jeito com um experiente colega de São José (SP). Este sabia que eram três altitudes, mas passou uma, e ainda citou "Eduardo Gomes", o aeroporto de Manaus, induzindo os pilotos a descartarem o plano original e seguirem o plano autorizado.
Daí em diante, uma sucessão de tragédias dentro da tragédia. Os controladores, por exemplo, não atualizaram a freqüência de rádio a partir de Brasília. Com a freqüência errada, como o avião e o controle se comunicariam?
E os pilotos não desligaram o transponder para brincar, mas andaram brincando com fogo. Não conheciam o avião nem as regras brasileiras de aviação. Queriam saber a quantidade de combustível e o peso do avião para o pouso em Manaus, mas provavelmente acabaram inserindo números errados e desligando o transponder, que salvaria 154 pessoas.
Bem, mas essa história a 
Folha vem contando direito há bastante tempo. Agora é esperar que as 65 recomendações de segurança geradas pelas investigações dêem em alguma coisa. Pelo andar da carruagem, isso é uma incógnita. A impressão é que cumpre quem quer. Mas a gente tem de andar de avião, querendo ou não...

MÓNICA BÉRGAMO

Ar fresco


Folha de S. Paulo - 11/12/2008
 

O governador José Serra anuncia até o fim da semana um pacote de "alívio fiscal" para as indústrias do Estado. As medidas estavam sendo finalizadas ontem por sua equipe econômica.

AR FRESCO 2
O governador deve fazer o anúncio ao lado de Paulo Skaf, da Fiesp, para mostrar que o governo trabalha em sintonia com as demandas do setor.

FUMAÇA
E Serra já trabalha com um cenário de queda na arrecadação, comprometendo as metas de crescimento imaginadas antes da crise. Os investimentos no Estado, no entanto, serão mantidos já que o dinheiro para eles vem de outras fontes -como a venda da Nossa Caixa ao Banco do Brasil e o pagamento pela concessão de estradas.

NA TRAVE
E o governo de SP vai monitorar, a partir de janeiro, a situação do emprego em cada município do Estado. O trabalho será feito com a Fipe. "A idéia é atuarmos para ajudar os que precisam, sem chutes", diz o secretário do Trabalho, Guilherme Afif Domingos.
TCHAU Lino Kieling, presidente da Dataprev (empresa de tecnologia da Previdência Social), entregou o cargo ontem -mas sua saída só será anunciada oficialmente nos próximos dias. A cadeira dele já tinha sido oferecida a Marco Antônio de Oliveira, então presidente do INSS, que acabou sendo exonerado do antigo cargo ontem antes mesmo de dizer se aceitava a missão.

EM VÃO
A demissão de Marco Antônio, por sinal, causou desconforto no PT: ele imaginava que poderia apenas ser transferido do INSS para a Dataprev, já que tinha sido sondado para isso; mas soube que sairia definitivamente do cargo pelo Diário Oficial. Além disso, Marco Antônio é ligado a Luiz Marinho (PT-SP), ex-ministro da Previdência que, ao sair, pediu ao substituto, José Pimentel (PT-CE), que ele fosse mantido no cargo. A equipe de Dilma Rousseff também tentou interferir. Em vão.

LULA E OBAMA
Em evento na Câmara Americana de Comércio, em SP, o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobel, disse que a equipe do novo presidente americano, Barack Obama, estuda a possibilidade de o presidente Lula ser recebido por ele em março, na Casa Branca.

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

Lula: fé ou propaganda?


O Globo - 11/12/2008
 

O presidente Lula parecia sincero, lá em Colinas, Tocantins. Tirou o boné da cabeça, movimentou o corpo para acentuar as palavras e quase gritou: "Não tem nenhum país do mundo mais preparado para enfrentar essa crise." A cena ficou boa, deu televisão na terça à noite. 

Ora, há muitos países em condições semelhantes às do Brasil e muitos mais bem preparados para enfrentar a tormenta. E isso coloca as alternativas. 

Será que o presidente acredita no que diz? Ou será que está, conscientemente, fazendo agitação e propaganda, não importa a verdade? 

Na primeira hipótese, é grave. Indicaria um presidente mal preparado e, pior, mal assessorado. Mostraria também um governo despreparado para enfrentar a crise, se não consegue nem entendê-la. 

Na segunda, também é grave. O presidente tem a obrigação de dizer aos cidadãos qual a situação exata do país e quais as políticas necessárias. Mas se Lula quer "passar" para a população uma informação positiva, e falsa, seu governo vai acabar adiando determinadas medidas porque elas poderiam dar a impressão contrária. 

Talvez já esteja acontecendo. Informações de Brasília dão conta de que o governo hesita em tomar medidas para amenizar o desemprego, como o aumento do seguro, porque isso seria como confessar que haverá desemprego. O que esperam? Que a torcida e a propagação de falsas mensagens positivas levem as empresas a não demitir? Que as companhias acreditem no presidente e não nas vendas em queda? 

E, de fato, Lula tem reclamado com os empresários, acusando-os de medidas precipitadas e de não confiar no Brasil, ou seja, no governo dele. 

Objetivamente, qual a força do Brasil nessa crise? Eis um bom exemplo: em novembro, o mercado de câmbio registrou um déficit de US$7,1 bilhões, a maior saída de dólares desde o déficit de US$8,5 bilhões de janeiro de 99, quando mudou o regime de câmbio no Brasil, com uma maxidesvalorização. Aliás, também houve uma máxi agora. 

Mas comparem: em 99, o comércio externo brasileiro total era de US$100 bilhões/ano, com 50 de exportações e 50 de importações. 

Neste ano, o comércio externo deve atingir US$379 bilhões, com um superávit de US$23 bilhões. Ou seja, a capacidade do país de obter dólares bons, com a venda de mercadorias, é quatro vezes maior. 

As reservas do BC em dezembro de 98 eram de US$44 bilhões; hoje, algo como US$205 bilhões. Resumo da ópera: uma fuga de 8 bilhões em 99 era crise no balanço de pagamentos; hoje, não chega nem perto disso. 

Portanto, primeira e maior força, o bom estado das contas externas - o país e o governo são credores em dólares, de modo que a dívida não aumenta com a desvalorização do real. 

Segunda força: a inflação controlada com o regime de metas. Terceira: contas públicas equilibradas, com superávit primário e pagamento de juros, de modo a reduzir o endividamento público. 

Ou seja, desta vez, o Brasil sofre, mas não quebra. 

Mas há muitos países com condições semelhantes naqueles três quesitos. E muitos em condição superior. A China, por exemplo, tem mais reservas, mais exportações e mais superávit cambial e nas contas públicas. Idem para boa parte dos emergentes asiáticos. 

E muitos não têm os pontos fracos brasileiros. O Brasil entrou na crise com: 

- o real muito valorizado, o que intensificou a atual desvalorização; 

- a taxa de juros muito elevada, o que dificulta a política de estimular o crédito; 

- carga tributária muito elevada (37% do PIB, contra 22% da média dos emergentes) e gasto público muito alto em custeio, pessoal e Previdência, o que impede aumentar os investimentos; 

- inflação indexada, com contratos reajustados anualmente, o que impede a queda forte da inflação, o que, de sua vez, impede a queda maior da taxa de juros. 

Todos esses são fatores que o governo Lula poderia ter reformado se não tivesse simplesmente apanhado a boa onda mundial, aproveitando a base deixada. Vai ver o presidente acreditou mesmo que tudo de bom que aconteceu no Brasil deve-se apenas a ele, assim como acredita agora ser capaz de segurar a crise com seus discursos. 

NAS ENTRELINHAS

O conselho de Lula


Correio Braziliense - 11/12/2008
 


O problema para o governo é que a crise desembarca na economia real com uma velocidade surpreendente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu aos brasileiros que continuem a comprar e a recorrer ao crédito. Segundo ele, é a melhor maneira para manter a economia em movimento e evitar que a crise financeira se agrave. Boa idéia. O único problema é que vem de alguém que mora no Palácio da Alvorada, anda de carro oficial, recebe restituição do Imposto de Renda, tem todas as despesas pagas e não deve assinar um cheque pelo menos desde 1º de janeiro de 2003. Lula não vai comprar um carro em 60 prestações, nem se comprometer com um financiamento imobiliário. E certamente não vai ter de enfrentar os juros do cheque especial. Segundo a declaração de renda que apresentou ao candidatar-se à reeleição, em 2006, seu patrimônio dobrou durante o primeiro mandato, chegando a R$ 839 mil. 

A diferença entre o Brasil real e o oficial pode ser um dos maiores obstáculos para o governo enfrentar a crise. Em resumo, o que o presidente está pedindo é que nós gastemos o nosso dinheiro para salvar a economia do país. Do ponto de vista macroeconômico, faz sentido. Mas coloca uma questão dramática: salvar o país ou o próprio bolso? Confiar no discurso otimista e enfrentar a fila do crediário neste Natal ou deixar o dinheiro guardado e preparar-se para um ano-novo que pode ser de tempestade? 

A chave para esse dilema está na capacidade do governo passar confiança ao país. E, quando se fala em governo, fala-se em Lula. Ele é a cara de sua administração e o dono do discurso. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, podem ser bons para falar a públicos específicos, mas é Lula quem se dirige ao país. Se ele conseguir convencer o Brasil de que a crise é passageira e que as coisas vão melhorar nos próximos meses, as pessoas irão às compras. Afinal, essa é a nossa vocação. Se a desconfiança dominar, cada um vai cuidar de si. 

O problema para o governo é que a crise desembarca na economia real com uma velocidade surpreendente. Planejamentos financeiros feitos para o ano que vem perdem o sentido em algumas semanas. Cada vez mais setores começam a demitir. E, quando o emprego está em risco, as pessoas tendem a adotar a postura mais cuidadosa. A última coisa que o sujeito quer é ficar sem emprego e com um monte de prestações para pagar. 

O governo tem um papel importante, e ele vai além da retórica de Lula. A manutenção dos investimentos federais é um instrumento importante para manter a economia irrigada. O mesmo acontece com a rede de benefícios sociais. O Bolsa Família se mostrou um excelente instrumento para distribuição e circulação de renda, especialmente no interior do país. A política de juros e os empréstimos oficiais são instrumentos básicos de ação do governo na economia. 

Mas tudo depende, e muito, do clima que se instalar no país. Lula vem suando a camisa para manter a confiança. Até aqui, parece estar se saindo bem. Sua popularidade continua em alta e os números da economia para o terceiro trimestre do ano foram surpreendentemente bons. O problema é que as coisas podem estar piorando, apesar disso tudo. Os próximos meses serão decisivos. 

Talvez o presidente devesse comprar uma geladeira a prazo. Vê-lo com um carnê nas mãos nos deixaria, no mínimo, com um sentimento de solidariedade. Afinal, o governo está gastando seu prestígio e a conta pode ser cobrada em 2010. 

Mudando de assunto 
No meio de tantos problemas, a passagem dos 40 anos da edição do Ato Institucional nº 5, o AI-5, pode receber menos atenção do que deveria. Seria uma pena. É uma chance para refletir sobre o país. Há quatro décadas, o governo militar fechava o Congresso e assumia seu caráter mais autoritário. As conseqüências daquele momento persistem até hoje. Um país é tão maduro quanto a sua democracia. A nossa começou a ser reconstruída há menos de duas décadas, com a volta das eleições diretas. 

Os problemas de nosso sistema político, a fragilidade dos nossos partidos e a seqüência de escândalos podem fazer parecer que avançamos muito pouco. Honestamente, discordo. Consolidamos um sistema que permite alternância no poder, eleições livres e a investigação desses escândalos. Andamos muito desde o Congresso fechado pelo AI-5.

DORA KRAMER

Illinois é aqui


O Estado de S. Paulo - 11/12/2008
 

Rod Blagojevich, governador de Illinois, foi preso não só, mas também, por pôr à venda a cadeira de senador do presidente eleito dos Estados Unidos, no conhecido mercado do toma-lá-dá-cá. 

Corrupto de outros carnavais, há mais de um ano ele vinha sendo investigado pelo FBI, que não teve dificuldade para decodificar o significado das gravações de conversas em que o governador expunha abertamente seus propósitos em relação à vaga de Barack Obama no Senado.

“Eu quero é ganhar dinheiro. Essa cadeira no Senado vale muito. Não é o tipo de coisa que se dê para alguém em troca de nada”, dizia Blagojevich em uma das gravações.

Se não conseguisse um bom preço, planejava assumir ele mesmo o lugar do presidente eleito. “Você está escutando o que estou dizendo? Se eu não conseguir o que quero, vou ficar com essa vaga para que eu tenha uma possibilidade de barganha”, informava ao interlocutor, supostamente um dos candidatos à indicação, um pretendente a comprador.

Mais explícito impossível. Ousado até, para nossos padrões de conversas truncadas, mais ou menos em código, que de quando em vez aparecem nos grampos da Polícia Federal.

O preço incluía um salário de US$ 300 mil anuais em alguma fundação benemerente, um emprego em conselho corporativo para a mulher, financiamento de campanha eleitoral e um cargo no Senado para um afilhado político.

O governador Blagojevich já carregava em sua folha corrida a ameaça de cortar o acesso do jornal Chicago Tribune a verbas públicas por causa de reportagens críticas a ele. 

Nessa altura do relato do episódio, o leitor já identificou familiaridades a mancheias: pressão (implícita ou explícita, financeira ou política) contra a imprensa, abuso de poder, manejo privado do patrimônio público, financiamento de campanha em troca de favorecimento mediante o uso das prerrogativas do cargo, solicitação de “boquinha” para si e para a mulher, além de uma sinecura para apaniguado.

Nada nesse rol ecoa extravagante aos ouvidos do brasileiro habituado ao convívio cotidiano com todas essas práticas - corporativismo, fisiologismo, nepotismo - às quais se acrescenta a similitude (parcial, porém) com o método de substituição de senadores que enseja negociatas e atos de lesa-representação.

Difere a maneira desabusada do governador, a rapidez da providência e a reação do Partido Democrata pedindo a renúncia do filiado. Por aqui os partidos costumam proteger os correligionários a despeito de todas as evidências e só em último caso (quando se põe em risco a agremiação) repudiam-lhe as malfeitorias. Se o réu for importante, um governador, um senador, o espírito de corpo não fala, grita.

No tocante à substituição do senador, a semelhança é apenas parcial, embora pareça igual por dispensar a participação do eleitorado.

Aqui, o substituto já vem acoplado ao titular, mas por escolha individual e exclusiva dele, sem o voto do eleitor que quase sempre desconhece a identidade do suplente. O candidato indica quem quiser: um parente, um aliado político, um funcionário, um amigo, um financiador de campanha.

Ou seja, o escândalo está embutido, camuflado. Se Rod Blagojevich pôs a vaga de Obama à venda no mercado, aqui quem cedeu a suplência para o financiador de campanha, por exemplo, fez a mesma coisa, mas de forma sub-reptícia e absolutamente legal.

Em Illinois, o governador indica o substituto quando a cadeira fica vaga. Isso, no mínimo, impõe alguma transparência ao processo. A escolha é de alguma forma acompanhada, o que reduz a chance de a negociata passar despercebida.

Os episódios, se não gêmeos, são primos-irmãos. 

Antanho

O projeto que proíbe as empresas de demitir funcionários cujas mulheres estejam grávidas, aprovado na Câmara e remetido ao Senado, esgota-se na boa intenção.

Segundo o autor, o hoje presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, “nessa fase da vida, a tranqüilidade financeira e a segurança em relação ao emprego do chefe da família são de extrema importância para a saúde da gestante e do feto”.

Até aí, morreu neves. A partir daí, o que se têm é um Legislativo desprovido de visão coletiva, atento apenas ao benefício individual, desconhecendo as demais conseqüências. 

Acrescenta amarra às relações formais de trabalho e não apresenta solução para problemas tais como o custo do exame de DNA, já que o empregador obviamente exigirá comprovação de paternidade.

Tudo soa antigo nesse projeto: do protecionismo inconseqüente ao conceito já revogado do homem como “chefe da família”. 

Conserto

O governador Aécio Neves informa que, ao contrário do publicado aqui, jamais defendeu que os tucanos definissem o quanto antes a candidatura presidencial. “Por uma simples razão: isso não faz o menor sentido.”

ILIMAR FRANCO

Primeiro ato

 Panorama Político
O Globo - 11/12/2008
 

Azarão na disputa pela presidência da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI) está pedindo votos anunciando que seu "primeiro ato no cargo será aprovar projeto tornando impositiva a execução das emendas individuais". Promete também a democratização das relatorias de projetos importantes. Seu objetivo é levar a disputa com Michel Temer (PMDB-SP) para o segundo turno, e diz que "é o céu" uma candidatura do Bloco de Esquerda. 

Está chegando a hora. Sarney é ou não é? 

Os partidos de oposição (PSDB e DEM) vão fechar questão contra a candidatura de Tião Viana (PT-AC) à presidência do Senado. Até quarta-feira, quando o PMDB reunirá a bancada para escolher seu candidato, o senador José Sarney (PMDB-AP) será pressionado a concordar com sua candidatura. Receberá esse apelo tanto da oposição quanto de peemedebistas como Valdir Raupp (RO) e Renan Calheiros (AL). Senadores dizem que isso será irresistível para Sarney. Ele seria o presidente do Senado, e com direito à reeleição, no período de formação do governo que vier a ser eleito nas eleições presidenciais de 2010. 

Se dependesse do alto clero, Hillary Clinton seria o presidente dos Estados Unidos e não o Barack Obama" - Ciro Nogueira, deputado federal (PP-PI) 

CANDIDATO A GERENTE. No fim da tarde de ontem, o prédio da Câmara foi tomado por bonecos de papelão, em tamanho natural, do deputado Milton Monti (PR-SP), que está em campanha para a presidência da Casa. Os clones do candidato seguram uma placa em que está escrito: "Quem manda é você". Esse tipo de material de campanha não era usado desde a eleição de Severino Cavalcanti, em 2005. 

Insuflado 

O senador Paulo Paim (PT-RS) tem sido estimulado por senadores da base aliada a se lançar candidato a presidente da República. Alegam que o fim do fator previdenciário e sua histórica defesa do salário mínimo o credenciam.

Sem acordo 

Os líderes partidários da Câmara desistiram de buscar um acordo prévio com o Senado para votar a reforma tributária. Os senadores procurados demonstraram que preferiam consertar a proposta dos deputados. 

Um corte feito em parceria 

O relator da Comissão de Orçamento, senador Delcídio Amaral (PT-MS), anuncia amanhã um corte de R$2,7 bilhões no Orçamento da União para 2009 em relação à proposta do Executivo. O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) mandou um relatório indicando onde não se deve e onde é possível cortar gastos. A tesoura vai atingir custeio e investimento, nesse caso quando houver obstáculos ambientais e judiciais. 

Coisas da política municipal de Alagoas 

O TRE de Alagoas decidiu impedir a diplomação dos prefeitos eleitos de Joaquim Gomes e Mata Grande. Dona Cristina Brandão, a mãe, e Jacob Brandão, o filho, são acusados de compra de votos. Já o pai, Hélio Brandão, havia sido impedido de concorrer a deputado estadual em 2006. Em Joaquim Gomes será diplomado o tucano Toinho Batista e em Mata Grande vai manter-se no cargo o peemedebista Fernando Lou, que concorria à reeleição. O caso vai para o TSE. 

O LÍDER do PMDB, Henrique Alves (RN), foi reconduzido pela terceira vez ao cargo. Ele teve o apoio de 91 dos 94 deputados da bancada. 

O DEPUTADO Paulo Teixeira (PT-SP) afirma desconhecer acordo para eleger Cândido Vaccarezza (SP) líder da bancada e diz que continua no páreo. 

O GOVERNO brasileiro não acredita que o Equador dê um calote no financiamento do BNDES. Ocorre que o presidente Rafael Corrêa está negociando um financiamento do BID.

ANCELMO DE GOIS

A Lusitana roda


O Globo - 11/12/2008
 

Roger Agnelli não vai à reunião hoje de Lula com os executivos das 25 maiores empresas brasileiras - e não é por temer novas críticas do governo às demissões na mineradora. 

É que o presidente da Vale viajou ontem para o Japão e outros países asiáticos com uma missão crucial. 

Veja só... 

Com o consumo de ferro em queda, as usinas siderúrgicas querem reduzir o preço do minério. Analistas acham que a Vale terá de engolir uma redução de 20% a 30%. 

Agnelli vai tentar perder o mínimo possível. 

Do ataque à defesa... 

Nos últimos anos, com os altos-fornos chineses engolindo todo o minério brasileiro, era a Vale quem ditava os aumentos dos preços. 

Aliás, há pouco mais de um mês, a brasileira queria impor às usinas um aumento de 12%.


O papel do Brasil 


Luiz Felipe Lampreia, o ex-chanceler de FH, assinou contrato com a Objetiva para um livro sobre o papel do Brasil no mundo nos últimos 50 anos. 

O livro terá um relato de sua trajetória no Itamaraty e acabará com um olhar para o futuro.

Raúl no Torto 

Lula convidou Raúl Castro, nesta visita que o cubano fará ao Brasil, para se hospedar na Granja do Torto. 

Raúl chega dia 18.

Clima no Planalto 

O governo está preocupado com o clima no Planalto. 

Comprou 25 controladores de temperatura Black Box por R$2,2 mil, cada, segundo a ONG Contas Abertas. 
 
Ponto Final

"Governador tentava vender vaga de Obama"

 O caso do governador de Illinois que queria um capilé para indicar uma pessoa para a vaga de Obama no Senado americano lembra, com todo o respeito, a maneira como certos suplentes aqui ganham lugar no nosso Senado. Aliás, também parece coisa do Brasil o fato de o tal gringo ter sido preso e logo solto.

QUINTA NOS JORNAIS

Globo: STF: terra é de índios, sem fazendeiros

Estadão: STF mantém reserva indígena de Roraima

Folha: Apesar de pressões, BC mantém juros

JB: BC sustenta juros altos

Correio: Imposto menor para combater a crise

Valor: Desaquecimento e chuvas derrubam preço da energia

Gazeta Mercantil: Embraer prepara-se para demitir 4 mil funcionários

Estado de Minas: Justiça barra 13º para vereadores