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Mais do que apresentar um horizonte promissor à torcida do Flamengo, a goleada de 6 a 1 sobre o Goiás produz outro efeito importante: dá respaldo a quem parece disposto a romper paradigmas. O futebol brasileiro precisa de gente assim.
Jorge Jesus lançou mão da formação mais ofensiva de que dispunha. Juntou Diego, Éverton Ribeiro, Arrascaeta, Gabigol e Bruno Henrique, sem falar em dois laterais notáveis muito mais pela qualidade técnica do que pelo vigor ou pela recomposição, casos de Rafinha e Trauco.
São raros os técnicos dispostos a tal ousadia, ainda mais num contexto que convidava a dar um passo atrás: fazia muito calor à s 11h de ontem; o time vinha de um jogo duro em Curitiba; haverá outra decisão pela frente em três dias; seus jogadores ainda se adaptam a ideias contraculturais no Brasil, como a pressão constante no rival e a linha defensiva jogando adiantada, no limite. O Maracanã viu, mais do que futebol de alto nÃvel, o quanto o paÃs tem a lucrar ao receber treinadores de diferentes culturas e de alto nÃvel, permitindo o fluxo do conhecimento. Como se nota no Santos de Jorge Sampaoli, vice-lÃder do Brasileiro com um modelo de jogo que também é raro por aqui.
Ontem, o Flamengo foi especialmente bem na produção ofensiva, tarefa que mais costuma enredar times brasileiros. Quando precisava abrir espaços, as posições ocupadas por Éverton Ribeiro e pelo brilhante Arrascaeta eram preciosas. No lugar de serem pontas abertos, jogavam alguns metros mais pelo centro, ampliando opções de passe para Diego e abrindo corredor para os laterais.
Jesus tampouco abre mão de ter dois atacantes pelo centro, sistema que se tornou pouco habitual, a ponto de defesas terem se desacostumado a enfrentá-lo. E Gabigol parece se beneficiar muito do modelo.
Embora o quinto gol tenha nascido de bela e paciente construção, os times de Jesus não são dependentes de posses de bola longas, ao contrário. O Flamengo insistiu na pressão no campo ofensivo para recuperar a bola e avançar em ações rápidas. Abriu o placar assim e ainda se valeu de dois contragolpes no terceiro e quarto gols. Mas o que seduziu mesmo as 65 mil pessoas no Maracanã foi um apetite insaciável pelo ataque de um time impiedoso na busca por transformar em números sua superioridade técnica.
Tudo isso está longe, no entanto, de significar um Flamengo pronto em menos de um mês. Não há modelo de jogo que não assuma um risco, e Jorge Jesus assume os seus ao adiantar a defesa e ter tantos jogadores leves à frente. Algo que exige pressão constante no ataque, imediatamente após a perda da bola: sem isso, o rival tem espaço para, de forma equilibrada, buscar os lançamentos às costas dos defensores rubro-negros.
Ontem, quando a intensidade baixou, o Goiás quase virou o jogo num piscar de olhos — embora o gol do 1 a 1 pouco tenha a ver com o modelo tático, já que o erro técnico de Rodrigo Caio surgiu em lance dominado. O caso é saber se, com jogadores pouco habituados a manter ritmo alto sem a bola, tal pressão será constante com o acúmulo de jogos e a exigência do calendário. Por um breve momento, os goianos tiveram fartos espaços para contra-ataque, em especial à s costas dos laterais. E vale lembrar que cruzarão o caminho deste Flamengo times tecnicamente mais dotados do que o Goiás.
É uma reeducação, um aprendizado. Até o goleiro Diego Alves, que precisa intervir longe da área caso os lançamentos vençam a defesa do Flamengo, busca se adaptar à bem-vinda ousadia de Jesus. Os ajustes a fazer são naturais e o ponto que se atingirá depende de tempo e de bom trabalho. Ver novas ideias nos campos brasileiros é saudável.
Vasco mais sólido
Por mais amarga que tenha sido a derrota de virada, é possÃvel ver evolução no Vasco de Vanderlei Luxemburgo. E ela se concentra na forma eficiente como o time se defende. Por mais que o Grêmio tenha usado um bom número de reservas, os vascaÃnos tiveram solidez. A questão é como a equipe vai se comportar quando precisar ser protagonista de jogos. Ainda mais com um elenco que tem suas limitações.
VÃtima do var
Na derrota de Porto Alegre, os vascaÃnos reclamam, de forma compreensÃvel, da anulação do gol de Yago Pikachu. Entenda-se que tenha havido ou não a falta de Rossi, o lance escancara a forma deturpada como o VAR vem sendo usado em competições pelo mundo: a busca por irregularidades em lances que não caracterizam erros claros, provocando intervenção e paralisação excessivas no jogo.
Defeito persistente
Ao menos no primeiro jogo após a volta da Copa América, o Botafogo não conseguiu resolver um problema que o persegue desde o inÃcio do Brasileiro: a falta de agressividade, apesar do bom domÃnio da posse de bola. O time abusou de trocar passes entre volantes e zagueiros, mas raramente incomodou o Cruzeiro. Os mineiros, aliás, voltaram a jogar mal, e o 0 a 0 no Mineirão foi um jogo esquecÃvel.
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