A pergunta que te faço hoje para reflexão é: como gerir pessoas em tempos de extremas incertezas e mudanças rápidas? Pessoas e processos sempre foram o centro de tudo nas empresas, certo? Bem, essa lógica começa a ser alterada com a chegada da Indústria 4.0, considerada a grande revolução dos dados. Sabe o que significa? A internet está revolucionando o planeta, a forma de comunicação, o acesso à informação e a forma de consumo.
Depois da Revolução Industrial, a Indústria 4.0 é a era dos dados que está transformando novamente a maneira como o mundo funciona, com a automação dos processos. É o advento das máquinas inteligentes, da análise computacional avançada de dados e do trabalho colaborativo entre pessoas conectadas para gerar profundas mudanças e trazer maior eficiência operacional para setores industriais. Você já está entendendo onde quero chegar? E o que isso vai alterar na lógica da gestão de pessoas nas organizações? Tudo.
Muitas profissões já estão deixando de existir. O setor bancário é um que já está sentindo na pele esses efeitos. Já percebeu que as agências bancárias estão se tornando digitais? Que os robôs, assistentes virtuais, estão tomando o lugar dos gerentes bancários? No dia a dia não percebemos, mas esse é apenas um dos exemplos. Em 2017, a startup brasileira, Tikal Tech, criou o primeiro robô assistente de advogado do Brasil. O robô Eli usa inteligência artificial para acelerar o andamento de processos, analisar dados e produzir pareceres jurídicos. Não é algo que vai acontecer. Já aconteceu.
A questão é que as startups respondem mais rapidamente a essas mudanças, pois já nascem com esse DNA empreendedor e digital. As estruturas internas já nascem enxutas, menos hierárquicas e burocráticas. As respostas ao mercado conseguem ser mais rápidas e a estratégia é compartilhada por todos. As organizações tradicionais que não se adequarem a esse novo modelo vão morrer. Isso é fato. E o RH Estratégico tem um papel fundamental nesse processo. Existem quatro pontos importantes para a gestão estratégica de pessoas acontecer:
1- Alinhamento de todos os setores da empresa com a estratégia;
2 - Necessidade de as políticas estarem alinhadas com a cultura da organização;
3- Atitudes e comportamentos dos gestores alinhados à cultura;
4 - Alinhamento dos colaboradores ao negócio.
De acordo com a Endeavor, a gestão de pessoas é apontada por 28% dos empresários como o principal desafio do negócio. Dessa forma, ser estratégico em gestão de pessoas nas organizações deixou de ser uma opção para ser uma condição de sobrevivência. E isso as startups sabem fazer muito bem.
O relatório Creating People Advantage, da Boston Consulting Group, que entrevistou 3,5 mil profissionais de recursos humanos em várias partes do mundo, mostrou que uma empresa que implementa essas diretrizes tem resultados financeiros duas vezes maior do que uma empresa que não possui uma gestão de pessoas. A gestão do RH precisa dialogar com o modelo de negócio em que está inserido. Além disso, precisa estar atualizado sobre tecnologias e saber se comunicar com os colaboradores de maneira eficaz.
Como as startups fazem isso? Elas possuem uma cultura tão forte e atraente que os colaboradores se tornam “evangelistas”. Elas “compram” o propósito dessas empresas. Os processos são mais humanizados e com metas claras. Com isso, elas geram mais valor, produtividade, motivação e resultados superiores. Consequentemente, uma empresa que gerencia pessoas de forma estratégica é mais criativa e mais inovadora, porque coloca os colaboradores no centro do processo. Eles são os principais agentes da inovação.
E, por fim, como vamos nos diferenciar das máquinas? Hoje o que importa não são pessoas técnicas, mas sujeitos prontos para resolução de problemas de forma rápida. Estamos vivendo a era da chamadas soft skills (ou traduzindo, habilidades leves). O que vai nos diferenciar são nossas habilidades cognitivas, ou seja, competências comportamentais. São elas: o poder de liderança, a empatia, a criatividade, a habilidade de solucionar problemas, a resiliência, a adaptabilidade e o controle emocional. Uma pesquisa do Capgemini's Digital Transformation Institute de 2017, apontou que 60% das empresas estão em uma crise de soft skills entre seus funcionários. Ou seja, a pergunta que fica é: como vamos preparar essa mão de obra para o futuro?
Será que com essa construção de profissional do futuro, não estamos retrocedendo na busca do conhecimento pormenorizado, quando valorizamos o conhecimento superficial? Fico a refletir.
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