sábado, julho 23, 2016

Recomeço eleitoral - EDITORIALCORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 23/07

As próximas eleições municipais serão as primeiras após a definição do processo de impeachment, que provavelmente deve encerrar a passagem de Dilma Rousseff na presidência da República. Durante um determinado período de agosto, milhões de eleitores terão um olho na campanha dos candidatos em seus municípios, outro no que acontecerá no plenário do Senado Federal. Ainda que se trate de momentos em escalas diferentes, existem razões que devem ser consideradas pelo eleitor.

O iminente afastamento definitivo da presidente da República conclui o período de 13 anos de administrações petistas no governo federal. Em linhas gerais, a política conduzida pelos expoentes do partido se caracterizou por gastos públicos exacerbados, forte aparelhamento da máquina estatal, convicções econômicas equivocadas e graves denúncias de corrupção - este último item transformou em letra morta o discurso de ética do partido. É nesse contexto desfavorável que o Partido dos Trabalhadores se lança às urnas. Pela primeira vez, desde 1982, há uma expectativa de que a legenda conquiste um número menor de prefeituras. Em 2012, os candidatos petistas venceram em mais de 630 municípios.

É preciso ressaltar, no entanto, que o desconforto do PT também se estende a outros partidos. Entre as profundas marcas deixadas no imaginário do eleitorado nacional pela Operação Lava-Jato, está a certeza de que o sistema partidário está falido e carece de credibilidade. O envolvimento de legendas de peso, como o PMDB, no escândalo da Petrobras alimenta a desconfiança do eleitorado em relação a candidatos que contam com alguma estrutura de campanha. A crise ética que abate as forças partidárias tradicionais pode representar uma oportunidade a candidatos menos conhecidos, ou ainda imunes de escândalos. Se por um lado abre-se uma porta para a renovação eleitoral, há um risco de surgimento de prefeitos entusiastas ou sem experiência administrativa.

Além das novas coordenadas na divisão do poder, as eleições de outubro ficarão marcadas pela aplicação das regras de financiamento de campanha estabelecidas recentemente. A proibição de doações por pessoas jurídicas seguramente vai mudar o tratamento entre candidatos e empresas, relação que se tornou perniciosa para a vida nacional, como comprovam os últimos escândalos.

Feitas essas preliminares, convém destacar o que deve ser levado em conta pelo eleitor nestas eleições municipais. Em primeiro lugar, e desnecessário explicar porquê: o compromisso ético do candidato. O segundo ponto a examinar são os planos do político em relação às contas públicas. O flagelo fiscal que abala a grande maioria dos estados tem impacto direto nas prefeituras. É obrigação do postulante a cargo municipal apresentar propostas concretas para economizar gastos, aumentar receita sem elevar impostos, construir alianças e estabelecer parcerias que visem a superação dos desafios locais. Não é pouca coisa.


Nenhum comentário:

Postar um comentário