sábado, julho 02, 2016

Infâmia para ser condenada - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 02/07

A nação continua perplexa diante do esquema de corrupção montado no Ministério do Planejamento, entre 2010 e 2015; portanto, durante a gestão da presidente afastada Dilma Rousseff, em que milhares de aposentados foram lesados. Tido como peça central do desvio de R$ 100 milhões, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, marido da senadora Gleisi Hoffmann, do PT paranaense, foi preso no último dia 23, em Brasília, e solto quarta-feira passada por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)Dias Toffoli.

Juridicamente, não se discute a decisão do ministro do STF, mas, sim, a incomensurável tibieza moral dos que se aproveitam de incautos aposentados para retirar-lhes recursos já parcos por meio de empréstimos consignados. Ninguém em sã consciência deixa de condenar, de forma inequívoca, a covardia perpetrada pelos que montaram esquema para subtrair de cada aposentado, em situação de desespero, R$ 1,20 por mês, enquanto a taxa cobrada pelo mercado é de R$ 0,30.

O ex-ministro Paulo Bernardo é acusado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público de São Paulo, na Operação Custo Brasil, um desdobramento da Operação Lava-Jato, de ter recebido pelo menos R$ 7 milhões. Diante de acusação tão grave, Paulo Bernardo deve explicações não só à Justiça, mas também aos milhares de aposentados roubados. O esquema abasteceu ainda o caixa do PT, aponta a apuração das autoridades. O ex-tesoureiro do partido João Vacari Neto, condenado pela Lava-Jato e cumprindo pena, era responsável pela distribuição do dinheiro arrecadado.

Causa espécie também a reação da senadora Gleisi Hoffmann - ela é uma das mais aguerridas defensoras da presidente afastada na comissão do impeachment. Aliviada com a saída de Paulo Bernardo da prisão, atitude esperada, ela esqueceu-se de se solidarizar com os milhares de aposentados lesados para abastecer o caixa de seu partido. Em nenhum momento lembrou-se de demonstrar apoio às vítimas da quadrilha montada no Ministério do Planejamento.

A decisão de libertar o ex-ministro provocou a imediata reação dos procuradores da Operação Custo Brasil. Eles divulgaram nota em que se mostraram perplexos com a decisão de Dias Toffoli. Roubar recursos dos sofridos aposentados brasileiros deveria ser considerado crime hediondo, ainda mais de quem busca empréstimo consignado para cumprir suas obrigações financeiras. O esquema capitaneado pelo ex-ministro Paulo Bernardo em benefício próprio e em prol de seu partido é um dos mais abjetos de que sem tem conhecimento na História do Brasil. Uma infâmia para ser condenada por todo o país.


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