domingo, maio 15, 2016

São Michel - SACHA CALMON

CORREIO BRAZILIENSE - 15/05

A senadora Vanessa Grazziotin nos chamou, aos integrantes da classe média brasileira, de analfabetos políticos. Realmente, essa lenda urbana frequenta a cabeça dos próceres do PT. Não foi a primeira nem a última vez em que as classes médias serão mal avaliadas pelo PT, PSol e PSTU (extrema esquerda), conquanto a maioria de suas lideranças sejam de classe média, como Dilma, Stédile (MST), Ivan Valente (Psol) et caterva. No fundo, essas classes não aderem ao petismo, daí a birra.

Por outro lado, o suposto moralismo político da classe média a leva a atitudes politicamente erradas. No presente instante, por exemplo, ela exige do presidente Temer um ministério de notáveis, sequer políticos, como se o futuro mandatário não necessitasse do Congresso Nacional para governar o país. Essa pretensão é moralística e, sobretudo, irrealista, por desconhecer a existência de mais de 20 partidos com assento no Congresso e blocos partidários, sem os quais Temer - que já disse ser contra a reeleição - não conseguirá tirar o nosso país do abismo profundo em que o PT o colocou por irresponsabilidade política, ética e econômica.

É utópico querer um presidente angelical no país do pior presidencialismo do mundo, o chamado presidencialismo de coalizão. Não que devamos nos conformar. Uma constituinte exclusiva e leis que punam duramente a corrupção, bem como a securitização das obras públicas e que diminuam os muitos partidos anódinos, são providências urgentes mas não imediatas. A preocupação maior deve ser com o equilíbrio das contas públicas, e com a economia, sob pena de crise no serviço da dívida, em constante crescimento, servida por juros altíssimos de curto prazo, numa economia que já regrediu 10% seu PIB em seis anos, com desemprego de 11 milhões de pessoas.

O núcleo econômico será coeso e técnico. É natural que pastas, como as da saúde, educação, previdência social, agricultura, sejam tratadas politicamente com os partidos de sustentação. Política implica negociações e consultas constantes à opinião pública.

Para acabar com a corrupção e a gastança, temos caminhos convergentes. O primeiro é reduzir o tamanho do Estado, privatizar e conceder o que for possível. Quanto mais estatais maior será a corrupção. A lição é universal. O segundo caminho é o da persecução penal implacável e penas duríssimas. Para quem gosta de dinheiro, o confisco e a prisão longa são sanções eficazes. A China reduziu em 80% a corrupção com a pena de morte para os casos graves, tipo petrolão.

Por último, temos a securitização das obras públicas e a auditoria dos departamentos de compra dos órgãos do Estado, lugares eleitos para os superfaturamentos e aditivos contratuais. No mundo desenvolvido, essas atividades são securitizadas, se os preços licitados desbordarem, o segurador paga, razão pela qual as seguradoras auditam e fiscalizam obras e compras públicas, impedindo a corrupção, caso contrário, sairiam prejudicadas. É veneno contra veneno ou fogo contra fogo. São providências de médio prazo.

Para começar, o foco é na economia e no conserto das contas públicas, além de cortes profundos nos gastos. Estou informado de que ONGs, MSTs, sindicatos e despesas discricionárias serão cortadas imediatamente e, também, cargos em comissão de recrutamento restrito e amplo, além do congelamento de despesas novas.

Mas o perigo vem do bolchevismo do PT e do PSol que são, sabidamente, comunistas. Vão perturbar, como fizeram com o idiota vice-presidente da Câmara, o sr. Waldir Maranhão, na semana passada. Corre solto que o palácio residencial de Dilma será o QG da agitação e da propaganda petista (agi-prop). Pensamos que uma ré de crime de responsabilidade - como todo réu - deve ficar em silêncio, contrito, sob pena de perturbar o processo de julgamento e a vida da nação. Onde já se viu ré de crime, seja comum, seja de responsabilidade, agitar o país, parar o trânsito, transformar palácio de governo, mesmo sendo de moradia, em centro estudantil de perturbação da ordem pública? Algo precisa ser feito para impedir essa baderna.

Temer merece, pela sua vasta experiência na vida pública, um voto de confiança e de boa vontade. Creio que nos surpreenderá positivamente e saberá nos representar perante um mundo abismado com tanta ignorância política e apego ao poder, sem falar na deslavada corrupção. Basta dizer que destruíram a Petrobras. Não me surpreenderei se, num dia desses, abençoados, Lula e Dilma adentrarem o recinto sombrio de uma prisão. Será o legado que deixarão para a história do Brasil. Quem certamente mente, como ela mentiu na campanha, mata, rouba e furta. Diz o ditado popular que cesteiro que faz um cesto faz um cento. Quem fez guerrilha um dia, outra fará para reconquistar o poder. Ela e Lula jamais entenderam de democracia, só de tiros e eleições. Querem o poder, seja na bala, seja no voto. Essa é a questão que doravante se põe.


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