segunda-feira, abril 11, 2016

A política não morreu - PAULO GUEDES

O GLOBO - 11/04

O desemprego em massa, as investigações da Lava-Jato e as urnas em outubro condenarão à morte a Velha Política


A política não morreu. O que está morrendo é a Velha Política. As eleições brasileiras se tornaram uma feroz disputa pelo comando de gastos públicos que atingem 40% do Produto Interno Bruto (PIB). A ferocidade das campanhas eleitorais é sintoma do Princípio de Gause: uma guerra de extermínio entre espécies social-democratas pelo domínio deste corrupto e ineficiente nicho ecológico, a máquina de administração centralizada. Do financiamento de campanhas à obtenção de maiorias parlamentares, são inaceitáveis as práticas degeneradas da Velha Política, lubrificadas por propinas extraídas dessa engrenagem. Malfeitos refletem a concentração de poderes e recursos no Executivo, mas também a impunidade, filha bastarda do corporativismo no Congresso e da histórica omissão do Poder Judiciário em suas diversas instâncias.

Mas está em curso o nascimento de uma Nova Política. O processo evolucionário de aperfeiçoamento institucional é o enredo temático de uma Grande Sociedade Aberta em construção. Assistimos atônitos a esse efervescente desfile de emergentes instituições democráticas em meio ao maior escândalo político-financeiro de nossa História. A exímia técnica, a maior transparência, o compromisso com o Estado de Direito e a atuação cada vez mais independente de instituições republicanas, como o Ministério Público, a Polícia Federal, o Tribunal de Contas da União e o Poder Judiciário, serão os parteiros de uma Nova Política, que criaturas do pântano da Velha Política ainda tentam abortar.

O processo do impeachment não será rápido, pois teremos de cumprir os devidos ritos constitucionais. A votação desta semana na Câmara dos Deputados é importante, mas, se vencida pelo governo, apenas desviará o curso dos eventos para o Tribunal Superior Eleitoral. A gravação dos esforços de Dilma para blindagem de Lula contra uma eventual prisão, as denúncias de Delcídio do Amaral bem como as exortações de Lula ao combate a Sergio Moro cristalizaram para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e também para a opinião pública o diagnóstico de tentativa de obstrução à Justiça. O desemprego em massa, as investigações da Lava-Jato e a devastação eleitoral dos governistas nas urnas em outubro configuram o cenário para a morte da Velha Política.

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