O GLOBO - 20/10
Como todos sabem, a Justiça é representada pela estátua de uma mulher, de olhos vendados, segurando em uma das mãos a balança e, na outra, a espada. A balança pesa o Direito que cabe às partes, enquanto a espada significa a defesa do que é justo. A venda nos olhos é o símbolo da imparcialidade.
Na Grécia Antiga, porém, na representação da Justiça, a deusa Diké aparecia com os olhos descobertos. A venda surgiu por iniciativa de artistas da Idade Média para denunciar a parcialidade dos juízes e criticar a dissociação do Direito em relação à Justiça.
Como na Justiça pau que bate em Cunha bate em Luiz, na semana passada o lobista Fernando Baiano, em delação premiada, citou o nome do ex-presidente e afirmou ter repassado R$ 2 milhões para uma nora do petista, por meio de contratos falsos que envolvem José Carlos Bumlai, um dos amigos íntimos de Lula.
E não é a primeira vez que suspeitas são levantadas sobre seus familiares. Um dos seus filhos, Fábio Luís Lula da Silva, trabalhava como monitor em um zoológico de São Paulo. Após a eleição do pai, Lulinha tornou-se sócio de uma empresa de games, posteriormente contemplada pela Telemar com aporte de aproximadamente 15 milhões de reais. Lula explicou o sucesso do filho dizendo tratar-se do "Ronaldinho dos negócios'! A curiosidade, porém, é saber o porque de o craque só ter despontado a partir de 2003.
O filho caçula do ex-presidente, Luís Cláudio Lula da Silva, formado em Educação Física, tornou-se empresário de marketing esportivo. Segundo o jornal "O Estado de S.Paulo", sua empresa recebeu 2,4 milhões de reais de conhecida entidade de lobby que defendia interesses da indústria automotiva junto ao governo federal. E o que tem a ver o marketing esportivo com o lobby da indústria automotiva? O sobrinho da primeira mulher do ex-presidente, Taiguara Rodrigues, pequeno empresário que realizava reformas em varandas de apartamentos em Santos, conseguiu que a sua empresa fosse contratada pela Odebrecht como parceira de obras na África e em Cuba. Indagado na CPI do BNDES sobre como conseguiu sair de Santos para o mundo, Taiguara não deu resposta convincente. Deve ser o Neymar das reformas....
Outro negócio estranho diz respeito a um triplex, em Santos, de 297 metros quadrados, avaliado em 2,5 milhões de reais. Depois que a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo, controlada pelo PT, quebrou, milhares de famílias ficaram sem receber seus apartamentos. Algumas obras paradas foram assumidas pela construtora OAS, entre elas o edifício do triplex. Na papelada, o imóvel está em nome da OAS, mas a obra foi acompanhada pela dona Marisa. Ela, Lula e Lulinha foram vistos no imóvel algumas vezes. Segundo a revista "Veja" que ouviu funcionários da empreiteira, o apartamento pertence à família, e a reforma foi um agrado da construtora, envolvida até o último tijolo com a Operação Lava Jato. Aliás, a OAS já tinha reformado um sítio em Atibaia, registrado em nome de um dos sócios do Lulinha, onde Lula costumava passar fins de semana.
Na quinta-feira passada, Lula depôs em inquérito do Ministério Público do Distrito Federal que o investiga por suposto tráfico de influência, previsto no Artigo 332 do Código Penal: "Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função"..
A investigação quer descobrir se o ex-presidente - que até hoje manda e desmanda no governo - influenciou na gestão Dilma em prol de determinadas empresas, como na concessão de financiamentos subsidiados para que as empreiteiras realizassem obras mundo afora.
De fato, já passou da hora de apurar se as viagens do "Brahma" como garoto-propaganda de algumas empresas escolhidas - a maioria envolvida na Lava-Jato, cliente do BNDES e financiadora de campanhas eleitorais - tem relação com o sucesso dos familiares, com as gentilezas das empreiteiras, com as milionárias palestras e, ainda, com as fartas doações ao Instituto Lula. Um dos fundadores do PT, Hélio Bicudo, disse que Lula enriqueceu de forma ilícita e tem, hoje, uma das maiores fortunas do país.
No Brasil, a representação da Justiça mais conhecida é a de Alfredo Ceschiatti. A escultura, no Supremo Tribunal Federal, mostra uma mulher sentada, com a espada sobre as pernas, sem a balança e com os olhos vendados. Com todo o respeito que o artista merece, prefiro a imagem grega, em que a Justiça está ereta, com a espada, a balança e os olhos bem abertos.
Gil Castello Branco é economista e fundador da organização não governamental Associação Contas Abertas
terça-feira, outubro 20, 2015
Grave ou agudo? - JOÃO SAYAD
VALOR ECONÔMICO - 20/10
Os economistas que defendem a antiga Nova Matriz de Política Econômica argumentam que o desajuste fiscal é um problema inventado pelos economistas conservadores, pelo mercado financeiro e pela mídia.
Não concordo. Mesmo que o problema fiscal fosse o resultado de uma conspiração, continuaria sendo um problema real para a economia.
Judeus e muçulmanos não comem carne de porco. Interpretam literalmente a cosmogonia do Genesis e os animais que apresentam distorções com relação aos planos divinos são interditados: peixes sem escamas, o porco por causa da anatomia singular do pé e a lagosta que anda e não nada. Estudos demonstraram que o porco tinha menos doenças do que outros animais que serviam para a alimentação na Antiguidade. E daí? Vamos obrigar judeus e muçulmanos a abandonar valores de 5 mil anos? São valores tão reais quanto a lei da gravidade para judeus e muçulmanos.
Se o tamanho e o crescimento da dívida pública apavoram o setor financeiro tornam-se um obstáculo tão real quanto a crise hídrica. A propriedade do dinheiro está concentrada em poucas mãos e são os seus valores (ou a teoria que os orienta) que determinam a sua reação. Portanto, ainda que concluíssemos que a crise fiscal fosse o resultado de uma conspiração pró-impeachment, o obstáculo continuaria lá, sólido e intransponível. A política fiscal teria que mudar, assim como os restaurantes da Faixa de Gaza continuariam não servindo costelas de porco.
Por outro lado, os economistas conservadores e o editorial de primeira página da "Folha" gritam - corta, corta, corta! como se a crise fiscal fosse o principal problema do país. E pedem que a equipe econômica e a presidente apresentem ao Congresso, no meio da crise política, medidas que o Congresso rejeita por razões escusas e ao contrário, aprova aumentos salariais para o setor público e outras bondades que agravam o problema fiscal.
Se fosse possível mudar a economia sem levar em conta a política, a solução seria fácil - os salários nominais seriam congelados, a proteção à industria nacional seria desmontada, os programas sociais adiados etc. Seria como exportar carne suína para o Irã ou jogar futebol sem goleiro.
Por outro lado, a atitude conservadora - corta, corta - só seria justificável se o problema fosse agudo, isto é, exigisse uma solução forte e imediata. Antes do rebaixamento, podia ser um problema agudo. Agora é tarde. O ministro da Fazenda afirma que alcançado o equilíbrio fiscal, restaura-se a confiança e a economia volta a crescer. Por que? A confiança volta apesar da Lava-Jato?
O problema não é agudo, isto é, não precisa ser resolvido totalmente no ano que vem ou em 2017. E no curto prazo, muitas soluções estão à disposição.
Parte do desequilíbrio fiscal decorre de fraudes, má gestão e resultados inesperados. As despesas com o seguro desemprego cresciam mais quanto menor era o nível de desemprego. O Fies dobrava de valor todos os anos. Um programa admirável, impossível de ser mantido mesmo que o Brasil crescesse a taxas chinesas. O seguro defeso estava contaminado por fraudes. Assim como os investimentos da Petrobras estavam "errados", digamos assim. Nenhum destes problemas faz parte de uma política fiscal expansionista. São antes o resultado de má gestão, fraudes e corrupção.
Na questão da previdência, as informações são controversas. E mexer com elas num momento como este só poderia dar no que deu - as condições de aposentadoria foram modificadas de forma a aumentar as despesas com a previdência.
Não há dúvidas que a previdência é um problema. Mas não é de curto prazo. As despesas da Previdência para o setor privado, isto é, para os aposentados e pensionistas do setor privado e urbano é superavitária! De onde vem o déficit? Parece que vem da Previdência para os trabalhadores rurais e de outras fontes. Técnicos do INSS apresentaram ao governo várias medidas que poderiam reduzir o déficit da Previdência no curto prazo sem que neste infeliz momento político fossem necessárias medidas tão difíceis.
A dívida bruta pode chegar a 70%. Mas se descontarmos da dívida bruta apenas as reservas em dólares, que valem mais ou menos R$ 1,6 trilhão ou quase 30% do PIB, o valor passaria a 40%. O Tesouro Nacional acumula saldos financeiros excepcionais em torno de 12% do PIB para se precaver contra uma possível desconfiança do setor financeiro que dificultaria a colocação de dívida pública. Se reduzisse este saldo para 5%, que é a proporção usualmente praticada, a dívida pública se reduziria mais 10%.
Não é uma recomendação pois o jogo entre governo e mercado financeiro é complicado e talvez a estratégia do Tesouro esteja correta. Mas estas medidas poderiam levar o país às condições do Tratado de Maastrich. Poderíamos entrar na zona do Euro!
A economista Monica de Bolle afirma que se as taxas de juros continuarem nestes níveis para combater a inflação, a inflação pode sair do controle, pois estaríamos numa situação de dominância fiscal, quando a política monetária é impotente para combater a inflação. Propõe que a âncora da inflação seja a taxa cambial. Proposta difícil pois lembra a primeira fase do Plano Real. Mas é uma boa ideia.
Chamo, seguindo o professor Thomas Sargent, de dominância fiscal o caso em que as taxas de juros reais são maiores do que a taxa de crescimento do produto, o que acontece no Brasil há vinte anos. Se as taxas de juros fossem reduzidas um pouquinho, digamos de 14,25% para 13,25%, o Tesouro economizaria pela menos 1% do PIB, ou R$ 50 bilhões. Mais do que a receita da CPMF e sem necessidade de aprovação parlamentar. Neste caso, estaríamos indo contra valores e crenças do mercado financeiro. Mas o setor empresarial talvez apoie. Os economistas conservadores, de jeito nenhum.
Portanto, há caminhos menos difíceis para os problemas agudos. Os problemas graves podem aguardar até o dia em que houver governabilidade e algum respeito ao interesse público por parte dos políticos. Estes, sim, são problemas agudos.
Os economistas que defendem a antiga Nova Matriz de Política Econômica argumentam que o desajuste fiscal é um problema inventado pelos economistas conservadores, pelo mercado financeiro e pela mídia.
Não concordo. Mesmo que o problema fiscal fosse o resultado de uma conspiração, continuaria sendo um problema real para a economia.
Judeus e muçulmanos não comem carne de porco. Interpretam literalmente a cosmogonia do Genesis e os animais que apresentam distorções com relação aos planos divinos são interditados: peixes sem escamas, o porco por causa da anatomia singular do pé e a lagosta que anda e não nada. Estudos demonstraram que o porco tinha menos doenças do que outros animais que serviam para a alimentação na Antiguidade. E daí? Vamos obrigar judeus e muçulmanos a abandonar valores de 5 mil anos? São valores tão reais quanto a lei da gravidade para judeus e muçulmanos.
Se o tamanho e o crescimento da dívida pública apavoram o setor financeiro tornam-se um obstáculo tão real quanto a crise hídrica. A propriedade do dinheiro está concentrada em poucas mãos e são os seus valores (ou a teoria que os orienta) que determinam a sua reação. Portanto, ainda que concluíssemos que a crise fiscal fosse o resultado de uma conspiração pró-impeachment, o obstáculo continuaria lá, sólido e intransponível. A política fiscal teria que mudar, assim como os restaurantes da Faixa de Gaza continuariam não servindo costelas de porco.
Por outro lado, os economistas conservadores e o editorial de primeira página da "Folha" gritam - corta, corta, corta! como se a crise fiscal fosse o principal problema do país. E pedem que a equipe econômica e a presidente apresentem ao Congresso, no meio da crise política, medidas que o Congresso rejeita por razões escusas e ao contrário, aprova aumentos salariais para o setor público e outras bondades que agravam o problema fiscal.
Se fosse possível mudar a economia sem levar em conta a política, a solução seria fácil - os salários nominais seriam congelados, a proteção à industria nacional seria desmontada, os programas sociais adiados etc. Seria como exportar carne suína para o Irã ou jogar futebol sem goleiro.
Por outro lado, a atitude conservadora - corta, corta - só seria justificável se o problema fosse agudo, isto é, exigisse uma solução forte e imediata. Antes do rebaixamento, podia ser um problema agudo. Agora é tarde. O ministro da Fazenda afirma que alcançado o equilíbrio fiscal, restaura-se a confiança e a economia volta a crescer. Por que? A confiança volta apesar da Lava-Jato?
O problema não é agudo, isto é, não precisa ser resolvido totalmente no ano que vem ou em 2017. E no curto prazo, muitas soluções estão à disposição.
Parte do desequilíbrio fiscal decorre de fraudes, má gestão e resultados inesperados. As despesas com o seguro desemprego cresciam mais quanto menor era o nível de desemprego. O Fies dobrava de valor todos os anos. Um programa admirável, impossível de ser mantido mesmo que o Brasil crescesse a taxas chinesas. O seguro defeso estava contaminado por fraudes. Assim como os investimentos da Petrobras estavam "errados", digamos assim. Nenhum destes problemas faz parte de uma política fiscal expansionista. São antes o resultado de má gestão, fraudes e corrupção.
Na questão da previdência, as informações são controversas. E mexer com elas num momento como este só poderia dar no que deu - as condições de aposentadoria foram modificadas de forma a aumentar as despesas com a previdência.
Não há dúvidas que a previdência é um problema. Mas não é de curto prazo. As despesas da Previdência para o setor privado, isto é, para os aposentados e pensionistas do setor privado e urbano é superavitária! De onde vem o déficit? Parece que vem da Previdência para os trabalhadores rurais e de outras fontes. Técnicos do INSS apresentaram ao governo várias medidas que poderiam reduzir o déficit da Previdência no curto prazo sem que neste infeliz momento político fossem necessárias medidas tão difíceis.
A dívida bruta pode chegar a 70%. Mas se descontarmos da dívida bruta apenas as reservas em dólares, que valem mais ou menos R$ 1,6 trilhão ou quase 30% do PIB, o valor passaria a 40%. O Tesouro Nacional acumula saldos financeiros excepcionais em torno de 12% do PIB para se precaver contra uma possível desconfiança do setor financeiro que dificultaria a colocação de dívida pública. Se reduzisse este saldo para 5%, que é a proporção usualmente praticada, a dívida pública se reduziria mais 10%.
Não é uma recomendação pois o jogo entre governo e mercado financeiro é complicado e talvez a estratégia do Tesouro esteja correta. Mas estas medidas poderiam levar o país às condições do Tratado de Maastrich. Poderíamos entrar na zona do Euro!
A economista Monica de Bolle afirma que se as taxas de juros continuarem nestes níveis para combater a inflação, a inflação pode sair do controle, pois estaríamos numa situação de dominância fiscal, quando a política monetária é impotente para combater a inflação. Propõe que a âncora da inflação seja a taxa cambial. Proposta difícil pois lembra a primeira fase do Plano Real. Mas é uma boa ideia.
Chamo, seguindo o professor Thomas Sargent, de dominância fiscal o caso em que as taxas de juros reais são maiores do que a taxa de crescimento do produto, o que acontece no Brasil há vinte anos. Se as taxas de juros fossem reduzidas um pouquinho, digamos de 14,25% para 13,25%, o Tesouro economizaria pela menos 1% do PIB, ou R$ 50 bilhões. Mais do que a receita da CPMF e sem necessidade de aprovação parlamentar. Neste caso, estaríamos indo contra valores e crenças do mercado financeiro. Mas o setor empresarial talvez apoie. Os economistas conservadores, de jeito nenhum.
Portanto, há caminhos menos difíceis para os problemas agudos. Os problemas graves podem aguardar até o dia em que houver governabilidade e algum respeito ao interesse público por parte dos políticos. Estes, sim, são problemas agudos.
Quem manda? - MÍRIAM LEITÃO
O GLOBO - 20/10
A presidente Dilma fez um favor a si mesma ao desautorizar o presidente do PT, Rui Falcão. Depois das atitudes do ex-presidente Lula, só faltava mesmo uma entrevista como a de Falcão para enfraquecer mais o governo. Ele disse que Levy pode ir embora caso não aceite mudar a política econômica. Se Dilma nada falasse, estaria fora da Presidência. Teria terceirizado o governo à dupla Lula-Falcão.
O presidente do PT faria um favor a si mesmo se estudasse um pouco mais os temas sobre os quais quer opinar. Ele deu, na entrevista à "Folha de S. Paulo" dois exemplos de mudanças que o ministro Levy teria que aceitar: redução da taxa de juros e liberação do compulsório dos "bancos privados"
A presidente Dilma fez um favor a si mesma ao desautorizar o presidente do PT, Rui Falcão. Depois das atitudes do ex-presidente Lula, só faltava mesmo uma entrevista como a de Falcão para enfraquecer mais o governo. Ele disse que Levy pode ir embora caso não aceite mudar a política econômica. Se Dilma nada falasse, estaria fora da Presidência. Teria terceirizado o governo à dupla Lula-Falcão.
O presidente do PT faria um favor a si mesmo se estudasse um pouco mais os temas sobre os quais quer opinar. Ele deu, na entrevista à "Folha de S. Paulo" dois exemplos de mudanças que o ministro Levy teria que aceitar: redução da taxa de juros e liberação do compulsório dos "bancos privados"
Juros e compulsório são temas exclusivos do Banco Central. Se quiser exigi-los, o PT deve se dirigir ao BC e não à Fazenda. Falcão quer impor a Levy o que está na alçada de Alexandre Tombini. Outra informação para ajudar Falcão na próxima vez que quiser ditar os rumos da política econômica: não existe "compulsório de banco privado". Existe compulsório. De todos os bancos. É o percentual dos depósitos em conta-corrente e em aplicações que deve ser recolhido ao BC. Não se estabelece níveis diferentes para bancos públicos e privados. Não teria cabimento.
A presidente, ao desautorizar Falcão, e assim salvaguardar a prerrogativa dela, estava preenchendo uma lacuna que ficou aberta na sexta-feira e atravessou todo o fim de semana. Após a boataria sobre a queda do Levy, ele negou que estivesse de saída, mas do Palácio do Planalto não se ouviu qualquer defesa. Como sempre acontece com Levy, ele tem que defender a si mesmo, porque o governo não o defende. Isso costuma ser entendido como sinal de desprestígio. E é.
Tudo continua mal parado, e, mesmo com o desmentido da presidente, a situação do ministro da Fazenda permanece frágil. O ex-presidente Lula continua operando pela substituição dele por outro. Um dos nomes que circula é o do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, hoje na direção do grupo J&S, holding do JBS Friboi, o controvertido grupo que tanta ajuda recebeu do BNDES para o seu crescimento nos anos petistas. Meirelles fez um bom trabalho no Banco Central, e Lula agora sonha em chamá-lo de volta. O problema é que Henrique Meirelles não aceitou interferência na política monetária. No cargo de ministro da Fazenda, ele tende a ter o mesmo comportamento. Caso altere drasticamente sua forma de pensar e agir, perderá a credibilidade que conquistou.
O PT continua com sua cruzada. O problema é que ela parece sem rumo. No fim de semana, o presidente do partido se reuniu com o ministro Nelson Barbosa. E, ontem, respondendo à presidente, refez suas críticas à política econômica. O encontro com Barbosa no meio da saraivada de críticas fica mal. Para o ministro do Planejamento.
A presidente, que está bem falante desde que chegou em terras escandinavas, repetiu que o Brasil tem apenas problemas conjunturais e não estruturais. Antes fosse. É natural que ao falar para potenciais investidores a presidente queira infundir confiança. Mas adianta pouco tapar o sol com a peneira. O Brasil tem tamanho e importância suficientes para ser um caso conhecido. Nossos indicadores não são ignorados por bancos ou instituição multilateral. E os dados mostram deterioração forte de todos os fundamentos. O superávit primário despencou, a dívida disparou, o déficit nominal está em nível insustentável, o governo não consegue aprovar no Congresso nenhuma medida que aponte para melhoras nos dados do país no médio prazo.
Se a presidente estivesse dizendo isso apenas para sueco ver, tudo bem. Mas ela já falou no Brasil que nossos problemas são apenas conjunturais. Infelizmente, temos problemas estruturais gravíssimos. Um governo que cobra dos contribuintes 36% do PIB ao ano em impostos e que, mesmo assim, está com 9% de déficit nominal tem problemas sérios. E a solução proposta é mais imposto. E aí há um raro ponto de concordância de Rui Falcão com a política econômica. Disse que a CPMF é o plano A, B e C do governo. A presidente Dilma deve pensar rapidamente no plano D, porque o Congresso, pelo visto, não aceita o novo imposto.
A presidente, ao desautorizar Falcão, e assim salvaguardar a prerrogativa dela, estava preenchendo uma lacuna que ficou aberta na sexta-feira e atravessou todo o fim de semana. Após a boataria sobre a queda do Levy, ele negou que estivesse de saída, mas do Palácio do Planalto não se ouviu qualquer defesa. Como sempre acontece com Levy, ele tem que defender a si mesmo, porque o governo não o defende. Isso costuma ser entendido como sinal de desprestígio. E é.
Tudo continua mal parado, e, mesmo com o desmentido da presidente, a situação do ministro da Fazenda permanece frágil. O ex-presidente Lula continua operando pela substituição dele por outro. Um dos nomes que circula é o do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, hoje na direção do grupo J&S, holding do JBS Friboi, o controvertido grupo que tanta ajuda recebeu do BNDES para o seu crescimento nos anos petistas. Meirelles fez um bom trabalho no Banco Central, e Lula agora sonha em chamá-lo de volta. O problema é que Henrique Meirelles não aceitou interferência na política monetária. No cargo de ministro da Fazenda, ele tende a ter o mesmo comportamento. Caso altere drasticamente sua forma de pensar e agir, perderá a credibilidade que conquistou.
O PT continua com sua cruzada. O problema é que ela parece sem rumo. No fim de semana, o presidente do partido se reuniu com o ministro Nelson Barbosa. E, ontem, respondendo à presidente, refez suas críticas à política econômica. O encontro com Barbosa no meio da saraivada de críticas fica mal. Para o ministro do Planejamento.
A presidente, que está bem falante desde que chegou em terras escandinavas, repetiu que o Brasil tem apenas problemas conjunturais e não estruturais. Antes fosse. É natural que ao falar para potenciais investidores a presidente queira infundir confiança. Mas adianta pouco tapar o sol com a peneira. O Brasil tem tamanho e importância suficientes para ser um caso conhecido. Nossos indicadores não são ignorados por bancos ou instituição multilateral. E os dados mostram deterioração forte de todos os fundamentos. O superávit primário despencou, a dívida disparou, o déficit nominal está em nível insustentável, o governo não consegue aprovar no Congresso nenhuma medida que aponte para melhoras nos dados do país no médio prazo.
Se a presidente estivesse dizendo isso apenas para sueco ver, tudo bem. Mas ela já falou no Brasil que nossos problemas são apenas conjunturais. Infelizmente, temos problemas estruturais gravíssimos. Um governo que cobra dos contribuintes 36% do PIB ao ano em impostos e que, mesmo assim, está com 9% de déficit nominal tem problemas sérios. E a solução proposta é mais imposto. E aí há um raro ponto de concordância de Rui Falcão com a política econômica. Disse que a CPMF é o plano A, B e C do governo. A presidente Dilma deve pensar rapidamente no plano D, porque o Congresso, pelo visto, não aceita o novo imposto.
O financiador de campanhas - JOSÉ CASADO
O GLOBO - 20/10
No fim da tarde de um domingo, 18 de setembro de quatro anos atrás, o motorista do Land Rover EIZ 8877 atravessou a barreira eletrônica da portaria do condomínio Park Palace, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, virou à esquerda e estacionou em frente a uma casa de dois andares, de fachada amarela com detalhes em branco. Já conhecia a residência e escritório do deputado Eduardo Cunha, no primeiro cômodo à esquerda da entrada.
Logo saíram para uma reunião no Leblon, a 20 quilômetros. No meio da Avenida das Américas, o telefone celular (9)9458-6917 buzinou. Fernando Soares, conhecido como Baiano, confirmou o endereço a Julio Camargo.
O deputado, atual presidente da Câmara, se associara a Baiano na cobrança de US$ 16 milhões em propina de Camargo, que atuava num negócio de US$ 1,2 bilhão da Petrobras com os grupos Samsung (Coreia do Sul) e Mitsui (Japão), para compra de dois navios-sonda.
Combinaram um cronograma de pagamentos. O deputado exigiu prioridade, contou Baiano a procuradores: “Até abril ou maio de 2012, porque usaria este dinheiro para campanhas nas eleições municipais”.
Aliados de Cunha em diferentes partidos estavam no centro do poder do governo estadual, da prefeitura da capital e de 25% do interior do Estado do Rio. Ele se preocupava com alianças financeiras para campanhas de alguns candidatos, dentro e fora do seu partido.
O acordo de pagamentos não foi cumprido. Camargo alegava dificuldades com os seus financiadores coreanos. Cunha teve uma ideia, segundo Baiano: “Sugeriu que fosse feita uma doação para o PMDB. Também não deu certo.”
Cunha atendeu ao telefone e pediu silêncio para gravar uma mensagem para uma rádio cuja programação é voltada ao público evangélico: “Ele chamava os ouvintes de ‘amados’ e terminava falando ‘O povo merece respeito’”. Depois, o deputado, que é dono da empresa Jesus.com, pediu a Baiano que orientasse Camargo a pagar sua parte sob a forma de doações a uma igreja. O “consultor” da Samsung e da Mitsui fez dois depósitos de R$ 125 mil em 31 de agosto de 2012. Justificou como “pagamento a fornecedores”.
Negociações e pagamentos fatiados se arrastaram até às vésperas da eleição do ano passado. Cunha mobilizou contribuintes à própria reeleição e para campanhas de aliados que retribuíram, em fevereiro passado, elegendo-o à presidência da Câmara.
Evidências sobre a distribuição do dinheiro de propinas supostamente arrecadado por Cunha e transferido a candidatos a prefeitos em 2012 e a deputados em 2014 passaram a compor um novo alvo na investigação em andamento. O potencial é bastante explosivo.
No fim da tarde de um domingo, 18 de setembro de quatro anos atrás, o motorista do Land Rover EIZ 8877 atravessou a barreira eletrônica da portaria do condomínio Park Palace, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, virou à esquerda e estacionou em frente a uma casa de dois andares, de fachada amarela com detalhes em branco. Já conhecia a residência e escritório do deputado Eduardo Cunha, no primeiro cômodo à esquerda da entrada.
Logo saíram para uma reunião no Leblon, a 20 quilômetros. No meio da Avenida das Américas, o telefone celular (9)9458-6917 buzinou. Fernando Soares, conhecido como Baiano, confirmou o endereço a Julio Camargo.
Meia hora depois, os três romperam o silêncio dominical de um escritório de advocacia: “Ele (Cunha), extremamente amistoso, dizia que ele não tinha nada pessoal contra mim, mas que havia um débito meu e que isso estava atrapalhando”, relatou Camargo em juízo.
O deputado, atual presidente da Câmara, se associara a Baiano na cobrança de US$ 16 milhões em propina de Camargo, que atuava num negócio de US$ 1,2 bilhão da Petrobras com os grupos Samsung (Coreia do Sul) e Mitsui (Japão), para compra de dois navios-sonda.
Combinaram um cronograma de pagamentos. O deputado exigiu prioridade, contou Baiano a procuradores: “Até abril ou maio de 2012, porque usaria este dinheiro para campanhas nas eleições municipais”.
Aliados de Cunha em diferentes partidos estavam no centro do poder do governo estadual, da prefeitura da capital e de 25% do interior do Estado do Rio. Ele se preocupava com alianças financeiras para campanhas de alguns candidatos, dentro e fora do seu partido.
O acordo de pagamentos não foi cumprido. Camargo alegava dificuldades com os seus financiadores coreanos. Cunha teve uma ideia, segundo Baiano: “Sugeriu que fosse feita uma doação para o PMDB. Também não deu certo.”
No segundo semestre de 2012, o deputado pressionava “em busca de verbas para a campanha dos políticos de seu partido”, insistiu Baiano, em depoimento. Foi encontrá-lo e, na conversa, viu se repetir uma cena.
Cunha atendeu ao telefone e pediu silêncio para gravar uma mensagem para uma rádio cuja programação é voltada ao público evangélico: “Ele chamava os ouvintes de ‘amados’ e terminava falando ‘O povo merece respeito’”. Depois, o deputado, que é dono da empresa Jesus.com, pediu a Baiano que orientasse Camargo a pagar sua parte sob a forma de doações a uma igreja. O “consultor” da Samsung e da Mitsui fez dois depósitos de R$ 125 mil em 31 de agosto de 2012. Justificou como “pagamento a fornecedores”.
Negociações e pagamentos fatiados se arrastaram até às vésperas da eleição do ano passado. Cunha mobilizou contribuintes à própria reeleição e para campanhas de aliados que retribuíram, em fevereiro passado, elegendo-o à presidência da Câmara.
Evidências sobre a distribuição do dinheiro de propinas supostamente arrecadado por Cunha e transferido a candidatos a prefeitos em 2012 e a deputados em 2014 passaram a compor um novo alvo na investigação em andamento. O potencial é bastante explosivo.
O show não terminou - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 20/10
As vitórias provisórias no Supremo Tribunal Federal animaram o governo de Dilma Rousseff. Caso um endemoniado Eduardo Cunha aceite um novo pedido de impeachment, a gente do Planalto acha que no mínimo pode emperrar a tramitação do processo por via judicial.
Pode ser. O problema está longe de parar aí, ainda que o impeachment não prossiga. O novo rolo diz respeito ao que será das contas do governo em 2015 e 2016 e, indiretamente, ao que será feito do pacote fiscal emperrado no Congresso.
Embora quase todo mundo que acompanhe tais coisas dê de barato que o pacote foi, no geral, para o vinagre, se não era mesmo irrelevante, parte dos donos do dinheiro grosso pode se agitar com a confirmação de buraco ampliado nas contas públicas em 2016. Assim, o crédito do país desceria mais um degrau (tudo mais constante, isso significa que dólar e juros subiriam).
Hoje, a oposição, por meio dos advogados Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal, leva ao Congresso um novo argumento para a deposição de Dilma (a presidente teria repetido neste ano o crime fiscal que cometeu em 2014, segundo o TCU). Seja caso para impeachment ou não, a tese da pedalada em 2015 deve no mínimo causar tumulto adicional na previsão do Orçamento de 2016.
Não deve haver decisão tão cedo, dizem conhecedores de Eduardo Cunha (PMDB), que aliás continua a nos insultar com sua permanência na vida pública. O presidente da Câmara não ganharia nada gastando desde logo o último tiro maior no combate contra sua cassação e, pois, provável prisão. Pelo menos era ontem este o argumento de quem vive no meio dessas mumunhas.
Cunha, porém, pode dar tiros menores em um terreno bastante minado, atrapalhando ainda mais a tramitação do segundo remendo fiscal de Dilma 2.
Na semana que vem, o TCU pode tomar alguma decisão a respeito das "pedaladas" de 2014 (débitos que o governo pendurou em tese ilegalmente). Pode ser que constranja o governo a liquidar já tais compromissos. O governo já prevê deficit primário para este ano; se tiver de pagar os papagaios, a conta vai para um buraco de 1% do PIB.
A limpeza imediata das contas, a eliminação de esqueletos e caveirinhas, pode até não ser tão má ideia, mas ao menos por um tempo vai desorganizar todas as previsões de balanço das contas públicas para 2015, principalmente 2016 e talvez até 2017. No mínimo, seria preciso refazer parte dos Orçamentos, ainda inconclusos e a espera de votações mesmo sem esse novo rolo.
Não bastasse o fato de Cunha estar solto, há o risco de boa parte da cúpula do PMDB, quiçá do ora mais pacífico Senado, começar a debater-se loucamente no lodo da Lava Jato, dados os novos vazamentos.
Por último, o PMDB está se estranhando um pouco a respeito do que fazer do Congresso marcado em tese para meados de novembro, no qual o partido desembarcaria do governo. Parece que não vai fazer tal coisa, até porque precisa faturar a honra de administrar ministérios daqui a pelo menos o início do ano que vem, acumulando capital político, digamos, para alavancar alguns projetos eleitorais de 2016.
Mas há confusão por todos os lados no Congresso onde está atolado o pacote fiscal.
As vitórias provisórias no Supremo Tribunal Federal animaram o governo de Dilma Rousseff. Caso um endemoniado Eduardo Cunha aceite um novo pedido de impeachment, a gente do Planalto acha que no mínimo pode emperrar a tramitação do processo por via judicial.
Pode ser. O problema está longe de parar aí, ainda que o impeachment não prossiga. O novo rolo diz respeito ao que será das contas do governo em 2015 e 2016 e, indiretamente, ao que será feito do pacote fiscal emperrado no Congresso.
Embora quase todo mundo que acompanhe tais coisas dê de barato que o pacote foi, no geral, para o vinagre, se não era mesmo irrelevante, parte dos donos do dinheiro grosso pode se agitar com a confirmação de buraco ampliado nas contas públicas em 2016. Assim, o crédito do país desceria mais um degrau (tudo mais constante, isso significa que dólar e juros subiriam).
Hoje, a oposição, por meio dos advogados Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal, leva ao Congresso um novo argumento para a deposição de Dilma (a presidente teria repetido neste ano o crime fiscal que cometeu em 2014, segundo o TCU). Seja caso para impeachment ou não, a tese da pedalada em 2015 deve no mínimo causar tumulto adicional na previsão do Orçamento de 2016.
Não deve haver decisão tão cedo, dizem conhecedores de Eduardo Cunha (PMDB), que aliás continua a nos insultar com sua permanência na vida pública. O presidente da Câmara não ganharia nada gastando desde logo o último tiro maior no combate contra sua cassação e, pois, provável prisão. Pelo menos era ontem este o argumento de quem vive no meio dessas mumunhas.
Cunha, porém, pode dar tiros menores em um terreno bastante minado, atrapalhando ainda mais a tramitação do segundo remendo fiscal de Dilma 2.
Na semana que vem, o TCU pode tomar alguma decisão a respeito das "pedaladas" de 2014 (débitos que o governo pendurou em tese ilegalmente). Pode ser que constranja o governo a liquidar já tais compromissos. O governo já prevê deficit primário para este ano; se tiver de pagar os papagaios, a conta vai para um buraco de 1% do PIB.
A limpeza imediata das contas, a eliminação de esqueletos e caveirinhas, pode até não ser tão má ideia, mas ao menos por um tempo vai desorganizar todas as previsões de balanço das contas públicas para 2015, principalmente 2016 e talvez até 2017. No mínimo, seria preciso refazer parte dos Orçamentos, ainda inconclusos e a espera de votações mesmo sem esse novo rolo.
Não bastasse o fato de Cunha estar solto, há o risco de boa parte da cúpula do PMDB, quiçá do ora mais pacífico Senado, começar a debater-se loucamente no lodo da Lava Jato, dados os novos vazamentos.
Por último, o PMDB está se estranhando um pouco a respeito do que fazer do Congresso marcado em tese para meados de novembro, no qual o partido desembarcaria do governo. Parece que não vai fazer tal coisa, até porque precisa faturar a honra de administrar ministérios daqui a pelo menos o início do ano que vem, acumulando capital político, digamos, para alavancar alguns projetos eleitorais de 2016.
Mas há confusão por todos os lados no Congresso onde está atolado o pacote fiscal.
A grande farsa lulopetista - EDITORIAL O ESTADÃO
ESTADÃO - 20/10
A quem o PT pensa que engana quando tenta agradar a gregos e troianos fingindo que faz oposição ao governo que elegeu? A única coisa que o presidente nacional do partido, Rui Falcão, conseguiu ao declarar, a mando de Lula, que a “política econômica” do governo está errada e o ministro Joaquim Levy deve ser demitido foi desmoralizar ainda mais a presidente Dilma Rousseff, que, em desespero de causa, está tentando colocar em ordem as contas do governo que ela mesma bagunçou, condição indispensável à retomada do crescimento econômico. Em visita oficial à Suécia, Dilma retrucou: “O presidente do PT pode ter a opinião que quiser. Mas não é a opinião do governo”. E arrematou, categórica: “Ele (Levy) não está saindo do governo. Ponto”. Se ela diz...
Nunca é demais repetir: até 2014, quando então fez “o diabo” para reeleger Dilma, o petismo insistiu em apregoar e aplicar uma “nova matriz econômica” que priorizou os investimentos de alto retorno eleitoral – como programas sociais que efetivamente ajudaram a tirar milhões de brasileiros momentaneamente da miséria, mas sem nenhuma garantia de efetiva inserção na atividade econômica – aliados a uma agressiva política de renúncia fiscal, para estimular a produção, e de “flexibilização” do crédito popular, para estimular o acesso a bens de consumo. O populismo lulopetista optou por investir no retorno eleitoral imediato, relegando a plano secundário os programas de investimento de maturação mais lenta em bens sociais como educação, saúde, saneamento, mobilidade urbana, segurança, etc.
De acordo com a constatação insuspeita de Frei Betto, nas favelas que se multiplicam por todo o País se encontram hoje barracos devidamente equipados com geladeira, eletrodomésticos, televisores moderníssimos, às vezes até mesmo carros populares e outros objetos de consumo, mas quando saem porta afora as pessoas não encontram escolas, postos de saúde e hospitais decentes, transporte público eficiente e barato, segurança adequada, enfim, os bens sociais que são muito mais essenciais a um padrão de vida digno do que os bens de consumo que lhes oferecem a ilusória sensação de prosperidade.
Essa política econômica populista e intervencionista, que, como hoje se constata, não tinha possibilidade de se sustentar sobre pés de barro, provocou a grave crise que reduziu a pó a popularidade de Dilma, de Lula e do PT, levando a presidente da República a, como último e constrangido recurso, dar um tempo na gastança irresponsável e tentar colocar as contas do governo em ordem, tarefa atribuída a uma equipe comandada pelo “liberal” Joaquim Levy.
Divididos entre a necessidade de o governo adotar medidas impopulares de austeridade e a inconformidade com essas medidas compreensivelmente manifestada pelas “bases”, as entidades e organizações filopetistas, Lula e o PT não tiveram dúvidas: para salvar a própria pele fingem que abandonaram à própria sorte uma presidente da República impopular e sustentam o tradicional discurso populista e irresponsável, segundo o qual o governo tudo pode. Basta querer, quando se trata de “ficar do lado dos pobres”.
O que pedem Lula e o PT? Entre outras medidas ditadas pelo voluntarismo populista, nada menos do que o restabelecimento da política de crédito fácil e abundante que fez a festa do lulopetismo até o ano passado. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Rui Falcão foi direto ao ponto: “É importante mudar a política econômica. É preciso que se libere crédito para investimento, para consumo. É uma forma de fazer a economia rodar”. Como se a economia não estivesse “rodando” por pura implicância do ministro da Fazenda. Faltou apenas Falcão explicar de onde o governo vai tirar dinheiro suficiente para “liberar” o crédito para consumo.
O patrão de Rui Falcão não se cansa de repetir que o governo precisa de uma “agenda positiva”, de parar de falar em ajuste fiscal e outras coisas desagradáveis e tratar de dar “esperança” ao povo. Resta saber quem teria alguma credibilidade para levar na conversa o brasileiro que está sofrendo na pele e no bolso o enorme fracasso do “projeto de felicidade” de Lula. Mais do que nunca, é uma grande farsa.
A quem o PT pensa que engana quando tenta agradar a gregos e troianos fingindo que faz oposição ao governo que elegeu? A única coisa que o presidente nacional do partido, Rui Falcão, conseguiu ao declarar, a mando de Lula, que a “política econômica” do governo está errada e o ministro Joaquim Levy deve ser demitido foi desmoralizar ainda mais a presidente Dilma Rousseff, que, em desespero de causa, está tentando colocar em ordem as contas do governo que ela mesma bagunçou, condição indispensável à retomada do crescimento econômico. Em visita oficial à Suécia, Dilma retrucou: “O presidente do PT pode ter a opinião que quiser. Mas não é a opinião do governo”. E arrematou, categórica: “Ele (Levy) não está saindo do governo. Ponto”. Se ela diz...
Nunca é demais repetir: até 2014, quando então fez “o diabo” para reeleger Dilma, o petismo insistiu em apregoar e aplicar uma “nova matriz econômica” que priorizou os investimentos de alto retorno eleitoral – como programas sociais que efetivamente ajudaram a tirar milhões de brasileiros momentaneamente da miséria, mas sem nenhuma garantia de efetiva inserção na atividade econômica – aliados a uma agressiva política de renúncia fiscal, para estimular a produção, e de “flexibilização” do crédito popular, para estimular o acesso a bens de consumo. O populismo lulopetista optou por investir no retorno eleitoral imediato, relegando a plano secundário os programas de investimento de maturação mais lenta em bens sociais como educação, saúde, saneamento, mobilidade urbana, segurança, etc.
De acordo com a constatação insuspeita de Frei Betto, nas favelas que se multiplicam por todo o País se encontram hoje barracos devidamente equipados com geladeira, eletrodomésticos, televisores moderníssimos, às vezes até mesmo carros populares e outros objetos de consumo, mas quando saem porta afora as pessoas não encontram escolas, postos de saúde e hospitais decentes, transporte público eficiente e barato, segurança adequada, enfim, os bens sociais que são muito mais essenciais a um padrão de vida digno do que os bens de consumo que lhes oferecem a ilusória sensação de prosperidade.
Essa política econômica populista e intervencionista, que, como hoje se constata, não tinha possibilidade de se sustentar sobre pés de barro, provocou a grave crise que reduziu a pó a popularidade de Dilma, de Lula e do PT, levando a presidente da República a, como último e constrangido recurso, dar um tempo na gastança irresponsável e tentar colocar as contas do governo em ordem, tarefa atribuída a uma equipe comandada pelo “liberal” Joaquim Levy.
Divididos entre a necessidade de o governo adotar medidas impopulares de austeridade e a inconformidade com essas medidas compreensivelmente manifestada pelas “bases”, as entidades e organizações filopetistas, Lula e o PT não tiveram dúvidas: para salvar a própria pele fingem que abandonaram à própria sorte uma presidente da República impopular e sustentam o tradicional discurso populista e irresponsável, segundo o qual o governo tudo pode. Basta querer, quando se trata de “ficar do lado dos pobres”.
O que pedem Lula e o PT? Entre outras medidas ditadas pelo voluntarismo populista, nada menos do que o restabelecimento da política de crédito fácil e abundante que fez a festa do lulopetismo até o ano passado. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Rui Falcão foi direto ao ponto: “É importante mudar a política econômica. É preciso que se libere crédito para investimento, para consumo. É uma forma de fazer a economia rodar”. Como se a economia não estivesse “rodando” por pura implicância do ministro da Fazenda. Faltou apenas Falcão explicar de onde o governo vai tirar dinheiro suficiente para “liberar” o crédito para consumo.
O patrão de Rui Falcão não se cansa de repetir que o governo precisa de uma “agenda positiva”, de parar de falar em ajuste fiscal e outras coisas desagradáveis e tratar de dar “esperança” ao povo. Resta saber quem teria alguma credibilidade para levar na conversa o brasileiro que está sofrendo na pele e no bolso o enorme fracasso do “projeto de felicidade” de Lula. Mais do que nunca, é uma grande farsa.
PT está brincando com fogo ao defender a saída de Levy - EDITORIAL VALOR ECONÔMICO
VALOR ECONÔMICO -20/10
O governo não consegue se entender com seus aliados e essa tem sido uma fonte inesgotável de problemas, mais do que a ação da oposição. Depois de obter uma vitória relativa contra o impeachment com decisões liminares do Supremo Tribunal Federal e ver seu principal adversário na Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afundar sob o peso de provas contundentes de que possui dinheiro não declarado em contas na Suíça, tinha tudo para aproveitar a trégua e colocar ordem em casa. Engano: partiu do PT uma nova onda de pressões para desalojar do governo o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. À insatisfação crônica do PT com a política de Levy acrescentam-se agora reclamações públicas do ex-presidente Lula. Mais enfática do que em situações semelhantes no passado, a presidente Dilma Rousseff aparou as estocadas contra Levy, dizendo em Estocolmo que ele permanece no cargo e lá ficará porque concorda com a política econômica traçada. E fez uma distinção clara: a opinião do PT sobre o destino do ministro é do partido, "não a opinião do governo".
Como já ocorreu durante a votação das medidas de ajuste fiscal, nem mesmo no PT o governo encontrou apoio total e chegou a ver a legenda aderir a pautas-bomba, ao sufragar o fim do fator previdenciário. Agora, em que uma desabusada oferta de cargos busca recompor a aliança governista, o PT deveria fazer menos marolas para que um governo seu, que mal para em pé e corre riscos de todos os lados, ganhe algum fôlego e possa recobrar a iniciativa.
Grande parte do PT vê Levy como o tucano "infiltrado" no governo e critica suas posições ortodoxas, que seriam as da oposição derrotada nas urnas. Os petistas que o atacam querem mudar a política econômica e têm como política alternativa a mesma que levou o país ao atual desastre econômico. O presidente do partido, Rui Falcão, por exemplo, acha que é hora de liberar mais crédito para o consumo e investimentos e baixar as taxas de juros (Folha de S. Paulo, 18 de outubro). Foi o que a presidente Dilma, até certo ponto, fez com gosto em seu primeiro mandato, com os resultados que se vê.
O PT acredita que o aperto fiscal e monetário só agravam os problemas de uma economia em desaceleração. Isto é, não o recomendam em nenhuma situação, pois quando o ciclo é de expansão ele é desnecessário. Após 10 anos ininterruptos de crescimento do emprego e dos salários, enxergam na falta de demanda a fonte dos males presentes, que não seria combatida apropriadamente com juros altos e contenção dos gastos públicos. E parecem crer que bastará repetir à exaustão a fórmula anticíclica que deu certo em 2008 que as coisas se resolverão. Mais ainda, atribuem ao ajuste a recessão, quando ela começou bem antes, no início de 2014, exatamente pelos efeitos cada vez menores de doses exageradas de estímulos, que frearam o crescimento, jogaram a inflação para cima e aumentaram brutalmente o endividamento público.
O ajuste fiscal é o ponto de partida para a recuperação da economia em bases sólidas. A agenda óbvia de Levy contempla o crescimento. A insistência monocórdica no corte de gastos, que irrita os petistas, ocorre porque os ajustes não foram realizados a contento e há muita gente que não compreende sua necessidade ou duvide de sua eficácia, no Congresso e no próprio governo. Com a descoordenação política e a baixa popularidade da presidente, não é possível ao ministro atacar vários problemas e distintas agendas ao mesmo tempo, porque um dos resultados da perda de força política do governo é que sem base sólida no Congresso só se é possível vencer (ou perder) uma batalha de cada vez.
O ex-presidente Lula toca um estranho acorde ao bombardear Levy e propor substitutos como Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central. Meirelles não teria uma política substantivamente diferente da atual. Em sua gestão no BC dirigiu uma equipe de "falcões" e achar que ele hoje julgaria adequado baixar juros chega a ser engraçado.
O PT está subestimando os efeitos de uma saída de Levy. Se ela vier acompanhada de mudança de política na direção que o partido gostaria, uma nova onda de instabilidade tomará a economia, aprofundando uma recessão que já é maior em 25 anos. Quando chegou à presidência, Lula não brincou em serviço e obteve superávits primários de fazer inveja a qualquer tucano. Sua experiência bem-sucedida deveria lhe dizer alguma coisa.
O governo não consegue se entender com seus aliados e essa tem sido uma fonte inesgotável de problemas, mais do que a ação da oposição. Depois de obter uma vitória relativa contra o impeachment com decisões liminares do Supremo Tribunal Federal e ver seu principal adversário na Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afundar sob o peso de provas contundentes de que possui dinheiro não declarado em contas na Suíça, tinha tudo para aproveitar a trégua e colocar ordem em casa. Engano: partiu do PT uma nova onda de pressões para desalojar do governo o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. À insatisfação crônica do PT com a política de Levy acrescentam-se agora reclamações públicas do ex-presidente Lula. Mais enfática do que em situações semelhantes no passado, a presidente Dilma Rousseff aparou as estocadas contra Levy, dizendo em Estocolmo que ele permanece no cargo e lá ficará porque concorda com a política econômica traçada. E fez uma distinção clara: a opinião do PT sobre o destino do ministro é do partido, "não a opinião do governo".
Como já ocorreu durante a votação das medidas de ajuste fiscal, nem mesmo no PT o governo encontrou apoio total e chegou a ver a legenda aderir a pautas-bomba, ao sufragar o fim do fator previdenciário. Agora, em que uma desabusada oferta de cargos busca recompor a aliança governista, o PT deveria fazer menos marolas para que um governo seu, que mal para em pé e corre riscos de todos os lados, ganhe algum fôlego e possa recobrar a iniciativa.
Grande parte do PT vê Levy como o tucano "infiltrado" no governo e critica suas posições ortodoxas, que seriam as da oposição derrotada nas urnas. Os petistas que o atacam querem mudar a política econômica e têm como política alternativa a mesma que levou o país ao atual desastre econômico. O presidente do partido, Rui Falcão, por exemplo, acha que é hora de liberar mais crédito para o consumo e investimentos e baixar as taxas de juros (Folha de S. Paulo, 18 de outubro). Foi o que a presidente Dilma, até certo ponto, fez com gosto em seu primeiro mandato, com os resultados que se vê.
O PT acredita que o aperto fiscal e monetário só agravam os problemas de uma economia em desaceleração. Isto é, não o recomendam em nenhuma situação, pois quando o ciclo é de expansão ele é desnecessário. Após 10 anos ininterruptos de crescimento do emprego e dos salários, enxergam na falta de demanda a fonte dos males presentes, que não seria combatida apropriadamente com juros altos e contenção dos gastos públicos. E parecem crer que bastará repetir à exaustão a fórmula anticíclica que deu certo em 2008 que as coisas se resolverão. Mais ainda, atribuem ao ajuste a recessão, quando ela começou bem antes, no início de 2014, exatamente pelos efeitos cada vez menores de doses exageradas de estímulos, que frearam o crescimento, jogaram a inflação para cima e aumentaram brutalmente o endividamento público.
O ajuste fiscal é o ponto de partida para a recuperação da economia em bases sólidas. A agenda óbvia de Levy contempla o crescimento. A insistência monocórdica no corte de gastos, que irrita os petistas, ocorre porque os ajustes não foram realizados a contento e há muita gente que não compreende sua necessidade ou duvide de sua eficácia, no Congresso e no próprio governo. Com a descoordenação política e a baixa popularidade da presidente, não é possível ao ministro atacar vários problemas e distintas agendas ao mesmo tempo, porque um dos resultados da perda de força política do governo é que sem base sólida no Congresso só se é possível vencer (ou perder) uma batalha de cada vez.
O ex-presidente Lula toca um estranho acorde ao bombardear Levy e propor substitutos como Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central. Meirelles não teria uma política substantivamente diferente da atual. Em sua gestão no BC dirigiu uma equipe de "falcões" e achar que ele hoje julgaria adequado baixar juros chega a ser engraçado.
O PT está subestimando os efeitos de uma saída de Levy. Se ela vier acompanhada de mudança de política na direção que o partido gostaria, uma nova onda de instabilidade tomará a economia, aprofundando uma recessão que já é maior em 25 anos. Quando chegou à presidência, Lula não brincou em serviço e obteve superávits primários de fazer inveja a qualquer tucano. Sua experiência bem-sucedida deveria lhe dizer alguma coisa.
Dilma precisa ir além das palavras - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 20/10
Presidente garante permanência de Levy na Fazenda e demarca a diferença de posição sobre o ajuste entre governo e PT. Vai ser necessário agir de forma coerente
Sexta-feira lembrou os tempos dos pacotes econômicos, quando o último dia útil da semana era varrido por boatos sobre mudanças de política. Desta vez, foi o futuro do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Sob ataque do PT e do próprio ex-presidente Lula, não é a primeira vez que Levy é tido como demissionário. Até carta de demissão ele já teria redigido para entregar pessoalmente a Dilma, antes de a presidente embarcar para a Europa.
O encontro com Dilma houve, mas com a Junta Orçamentária do governo, da qual fazem parte, além de Levy, os ministros Jaques Wagner, chefe da Casa Civil, e Nelson Barbosa, do Planejamento. Joaquim Levy continua, e a presidente aproveitou perguntas feitas a ela já na Suécia sobre o ministro não só para confirmá-lo, como fazer uma demarcação de território entre seu governo e o PT, algo novo na relação entre Dilma e partido.
No domingo, em entrevista à “Folha de S.Paulo”, o presidente do PT, Rui Falcão, reforçou a campanha lulopetista contra Levy e o ajuste fiscal, de forma imperativa: “Se Levy não quiser seguir a orientação da presidente, deve ser substituído”
Entenda-se por “seguir a orientação” liberar o crédito e cortar os juros, estes da seara de Alexandre Tombini, do BC. Tudo o que não é recomendável, e está nas raízes da crise.
— Eu acho que o presidente do PT pode ter a opinião que ele quiser, algo que não é a opinião do governo — rebateu Dilma, num momento em que as expectativas diante da economia se degradam ainda mais, em função do aprofundamento da crise política e da inapetência do governo em lutar por um ajuste fiscal efetivo e benigno, sem aumento de impostos.
Importa que, para ir além das palavras no apoio a um Levy transformado em saco de pancadas do lulopetismo, a presidente terá de ser bem mais ativa no trabalho pelo ajuste. E deixar de resumi-lo à ressurreição da CPMF, imposto de péssima qualidade, por atingir toda a cadeia produtiva, de forma cumulativa, e quando a carga tributária já se encontra nas alturas (36%/37% do PIB).
De muito difícil trânsito no Congresso, a CPMF precisa ser substituída por um corte real de despesas, nas contas governamentais em busca de um superávit primário de 0,7% do PIB, em 2016.
Reportagem do GLOBO de ontem sobre a caixa-preta da folha do funcionalismo confirma que nela há muita margem para o Planalto começar a compensar o não relançamento da CPMF — e respeitando a estabilidade dos servidores.
Por exemplo, havia em julho 100.313 cargos ditos de confiança no Executivo, 51% mais que os 66.040 existentes em 2000, ainda com FH. Numa folha que ultrapassará este ano os R$ 100 bilhões (três CPMFs), há incontáveis aberrações. Uma delas, a acumulação de gratificações que compõem salários acima de R$ 150 mil mensais.
Cortar 3 mil destes cargos, como prometido pelo Planalto, é algo modesto. Dilma, para ser coerente com a defesa da permanência de Levy, precisa agir. Muito pode ser feito.
Presidente garante permanência de Levy na Fazenda e demarca a diferença de posição sobre o ajuste entre governo e PT. Vai ser necessário agir de forma coerente
Sexta-feira lembrou os tempos dos pacotes econômicos, quando o último dia útil da semana era varrido por boatos sobre mudanças de política. Desta vez, foi o futuro do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Sob ataque do PT e do próprio ex-presidente Lula, não é a primeira vez que Levy é tido como demissionário. Até carta de demissão ele já teria redigido para entregar pessoalmente a Dilma, antes de a presidente embarcar para a Europa.
O encontro com Dilma houve, mas com a Junta Orçamentária do governo, da qual fazem parte, além de Levy, os ministros Jaques Wagner, chefe da Casa Civil, e Nelson Barbosa, do Planejamento. Joaquim Levy continua, e a presidente aproveitou perguntas feitas a ela já na Suécia sobre o ministro não só para confirmá-lo, como fazer uma demarcação de território entre seu governo e o PT, algo novo na relação entre Dilma e partido.
No domingo, em entrevista à “Folha de S.Paulo”, o presidente do PT, Rui Falcão, reforçou a campanha lulopetista contra Levy e o ajuste fiscal, de forma imperativa: “Se Levy não quiser seguir a orientação da presidente, deve ser substituído”
Entenda-se por “seguir a orientação” liberar o crédito e cortar os juros, estes da seara de Alexandre Tombini, do BC. Tudo o que não é recomendável, e está nas raízes da crise.
— Eu acho que o presidente do PT pode ter a opinião que ele quiser, algo que não é a opinião do governo — rebateu Dilma, num momento em que as expectativas diante da economia se degradam ainda mais, em função do aprofundamento da crise política e da inapetência do governo em lutar por um ajuste fiscal efetivo e benigno, sem aumento de impostos.
Importa que, para ir além das palavras no apoio a um Levy transformado em saco de pancadas do lulopetismo, a presidente terá de ser bem mais ativa no trabalho pelo ajuste. E deixar de resumi-lo à ressurreição da CPMF, imposto de péssima qualidade, por atingir toda a cadeia produtiva, de forma cumulativa, e quando a carga tributária já se encontra nas alturas (36%/37% do PIB).
De muito difícil trânsito no Congresso, a CPMF precisa ser substituída por um corte real de despesas, nas contas governamentais em busca de um superávit primário de 0,7% do PIB, em 2016.
Reportagem do GLOBO de ontem sobre a caixa-preta da folha do funcionalismo confirma que nela há muita margem para o Planalto começar a compensar o não relançamento da CPMF — e respeitando a estabilidade dos servidores.
Por exemplo, havia em julho 100.313 cargos ditos de confiança no Executivo, 51% mais que os 66.040 existentes em 2000, ainda com FH. Numa folha que ultrapassará este ano os R$ 100 bilhões (três CPMFs), há incontáveis aberrações. Uma delas, a acumulação de gratificações que compõem salários acima de R$ 150 mil mensais.
Cortar 3 mil destes cargos, como prometido pelo Planalto, é algo modesto. Dilma, para ser coerente com a defesa da permanência de Levy, precisa agir. Muito pode ser feito.
O valor da credibilidade - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE
CORREIO BRAZILIENSE - 20/10
Não seria razoável esperar que a presidente da República, em visita oficial à Suécia, onde pretendia convidar investidores a aplicar dinheiro no Brasil, declarasse que o país governado por ela e seu partido há quase 13 anos está atolado em grave crise política e econômica. O protocolar seria que ela dissesse que, sim, o Brasil vive problemas, mas que os está enfrentando. E que a potencialidade do país, somada à democracia que aqui vem sendo construída nas últimas décadas, sugere oportunidades.
Não foi o que se ouviu em Estocolmo. Dilma Rousseff insiste em especificar que nossos problemas são apenas conjunturais, o que quer dizer que não temos questões estruturais a resolver. Inadvertida, ela amplia, a cada dia, em cada fala, uma dúvida que, inevitavelmente, assalta a inteligência do investidor, do executivo e do governante de país desenvolvido: "Ela não sabe que a gravidade dos problemas conjunturais do Brasil - como é o caso da questão fiscal - se deve a inadiáveis questões estruturais? Ou, pior ainda, não pretende ou não sabe como enfrentá-las?"
O resultado desse tipo de discurso é que Dilma corre o risco de levar para o exterior a falta de credibilidade que enfrenta internamente, depois de ter prometido o paraíso para se reeleger e de ser obrigada a fazer o oposto para tentar corrigir o desarranjo fiscal que produziu. Mais grave é o risco de levar junto a credibilidade do país, já abalada com os rebaixamentos das notas de crédito pelas agências internacionais de ratings.
É por essas credenciais que a aparentemente categórica declaração da presidente de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fica no governo não ajudou muito a melhorar a expectativa dos agentes econômicos quanto ao futuro do ajuste fiscal e da economia do país. A pergunta que mais se tem ouvido é: "Por quanto tempo Dilma resistirá à pressão do ex-presidente Lula e do comando do próprio partido contra o ministro e seu plano de ajuste das contas públicas?"
Velha conhecida dos economistas é a máxima de que a incerteza é uma das fontes da recessão. Não há quem de bom senso e mediana responsabilidade faça investimentos em ampliação dos negócios sem uma visão razoavelmente clara dos rumos da economia. Tampouco se desconhece que não há saída para a recessão - que este ano é calculada em 3% e em pelo menos 1% em 2016 - sem a solução do impasse político que impede o governo de aprovar o que precisa no Congresso Nacional.
A manutenção do ministro Levy seria, quando nada, a sinalização de que o governo não pretende seguir a cartilha do PT, que prevê o relaxamento da austeridade, ou seja, aumento em vez de corte de gastos e afrouxamento da política monetária. Não se sabe em que mina de ouro se buscaria dinheiro para bancar, agora, a repetição da festa que levou o país ao abismo fiscal em que se encontra.
O certo é que essa seria a receita exata para alijar o Brasil do mercado internacional de crédito, com a imediata perda do grau de investimento pelas demais agências. Não é por outro motivo que as ameaças que sofre o ministro da Fazenda repercutem negativamente no mercado financeiro, profissionalmente obrigado a antecipar tempestades ou bonanças. Também por isso é desconfortável saber que a garantia de sua manutenção tem o mesmo tamanho da credibilidade da presidente.
Não seria razoável esperar que a presidente da República, em visita oficial à Suécia, onde pretendia convidar investidores a aplicar dinheiro no Brasil, declarasse que o país governado por ela e seu partido há quase 13 anos está atolado em grave crise política e econômica. O protocolar seria que ela dissesse que, sim, o Brasil vive problemas, mas que os está enfrentando. E que a potencialidade do país, somada à democracia que aqui vem sendo construída nas últimas décadas, sugere oportunidades.
Não foi o que se ouviu em Estocolmo. Dilma Rousseff insiste em especificar que nossos problemas são apenas conjunturais, o que quer dizer que não temos questões estruturais a resolver. Inadvertida, ela amplia, a cada dia, em cada fala, uma dúvida que, inevitavelmente, assalta a inteligência do investidor, do executivo e do governante de país desenvolvido: "Ela não sabe que a gravidade dos problemas conjunturais do Brasil - como é o caso da questão fiscal - se deve a inadiáveis questões estruturais? Ou, pior ainda, não pretende ou não sabe como enfrentá-las?"
O resultado desse tipo de discurso é que Dilma corre o risco de levar para o exterior a falta de credibilidade que enfrenta internamente, depois de ter prometido o paraíso para se reeleger e de ser obrigada a fazer o oposto para tentar corrigir o desarranjo fiscal que produziu. Mais grave é o risco de levar junto a credibilidade do país, já abalada com os rebaixamentos das notas de crédito pelas agências internacionais de ratings.
É por essas credenciais que a aparentemente categórica declaração da presidente de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fica no governo não ajudou muito a melhorar a expectativa dos agentes econômicos quanto ao futuro do ajuste fiscal e da economia do país. A pergunta que mais se tem ouvido é: "Por quanto tempo Dilma resistirá à pressão do ex-presidente Lula e do comando do próprio partido contra o ministro e seu plano de ajuste das contas públicas?"
Velha conhecida dos economistas é a máxima de que a incerteza é uma das fontes da recessão. Não há quem de bom senso e mediana responsabilidade faça investimentos em ampliação dos negócios sem uma visão razoavelmente clara dos rumos da economia. Tampouco se desconhece que não há saída para a recessão - que este ano é calculada em 3% e em pelo menos 1% em 2016 - sem a solução do impasse político que impede o governo de aprovar o que precisa no Congresso Nacional.
A manutenção do ministro Levy seria, quando nada, a sinalização de que o governo não pretende seguir a cartilha do PT, que prevê o relaxamento da austeridade, ou seja, aumento em vez de corte de gastos e afrouxamento da política monetária. Não se sabe em que mina de ouro se buscaria dinheiro para bancar, agora, a repetição da festa que levou o país ao abismo fiscal em que se encontra.
O certo é que essa seria a receita exata para alijar o Brasil do mercado internacional de crédito, com a imediata perda do grau de investimento pelas demais agências. Não é por outro motivo que as ameaças que sofre o ministro da Fazenda repercutem negativamente no mercado financeiro, profissionalmente obrigado a antecipar tempestades ou bonanças. Também por isso é desconfortável saber que a garantia de sua manutenção tem o mesmo tamanho da credibilidade da presidente.
Basta! - NATUZA NERY - COLUNA PAINEL
FOLHA DE SP- 20/10
Preocupada com o forte ataque especulativo do PT e de movimentos sociais contra o ministro Joaquim Levy, a presidente Dilma Rousseff ordenou que alguns dos seus principais auxiliares transmitissem o seguinte recado ao Instituto Lula: parar com a carga contra a política econômica e contra o titular da Fazenda. É a primeira vez que Dilma emite sinal tão inequívoco de insatisfação em relação às pressões para que flexibilize alguns pontos centrais do ajuste fiscal promovido por Levy.
DDI Em visita à Suécia, Dilma disparou telefonemas para o Planalto. Conversou com o chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, e outros auxiliares. Em algumas das ligações, mostrou irritação com o fato de Nelson Barbosa (Planejamento) ter dado uma palestra no Instituto Lula.
Passo à frente As críticas de Rui Falcão e de Lula a Levy têm como pano de fundo o temor dos petistas de que, com a manutenção da atual política econômica, Dilma não resista ao crescimento do desemprego que se avizinha.
Acúmulo Líderes do PT acham que a presidente precisa aproveitar o pouco do capital político que lhe resta para promover uma troca na Fazenda. Já a elite do mercado financeiro avalia que uma alteração dessa magnitude só poderia ocorrer quando Dilma recuperar alguma força.
Lados opostos Levy e um de seus principais críticos dentro do PT, o senador Lindbergh Farias (RJ), sentaram lado a lado na sala de espera do Santos Dumont, no Rio. Cumprimentaram-se cordialmente, mas logo recorreram ao celular para não conversar.
Linha direta Irritadíssimo, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) também telefonou para Jaques Wagner. Reclamou da fala de Dilma a seu respeito.
Pegou mal Nem mesmo a cúpula do governo aprovou a declaração da presidente contra o peemedebista. Nas avaliações internas, Cunha pode permanecer por um bom tempo à frente da Câmara –e com a caneta do impeachment em punho.
No telhado O PMDB decidiu cancelar seu congresso marcado para novembro devido às incertezas quanto ao cenário do impeachment.
Versão pocket No lugar do evento que sinalizaria o rompimento da sigla com o governo Dilma, a legenda realizará apenas um encontro nacional da Fundação Ulysses Guimarães, entre os dias 17 e 18, para deliberar exclusivamente sobre o seu programa partidário.
Sem barulho A solenidade ficará restrita a dirigentes da sigla e da fundação. Não contará, portanto, com a presença de militantes, o que estava inicialmente previsto pelos organizadores.
Medo A realização do congresso nos moldes originais era vista como um péssimo sinal pelo mercado financeiro. Em um relatório obtido pela coluna, uma agência internacional de classificação de risco considerava que o rompimento era uma das variáveis para o rebaixamento da nota de crédito do Brasil.
De pai para filho Jorge Picciani, presidente da Assembleia do Rio e autoridade máxima do PMDB no Estado, foi a São Paulo nesta segunda sondar o vice Michel Temer sobre as chances de seu filho Leonardo Picciani, líder na Câmara, ser o nome do partido para o lugar de Cunha.
Verão passado A decisão do STF de barrar as emendas sem conexão com medidas provisórias não é a primeira na história do Congresso. Temer era presidente da Câmara quando proibiu os chamados “jabutis” aos projetos que tramitavam na Casa.
Quatro mãos Nas inserções que levará ao ar nesta terça, o DEM dirá que Dilma não é a única responsável pela crise. “O desmonte da economia foi feito a quatro mãos. Por ela e por Lula, seu chefe e criador”, afirma o líder no Senado, Ronaldo Caiado (GO).
TIROTEIO
O “fica Levy” de Dilma é uma pá de cal na possibilidade de recuperação desse governo. Responderemos nas ruas.
DE GUILHERME BOULOS, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), sobre a presidente garantir a permanência de Joaquim Levy na Fazenda.
CONTRAPONTO
Vamos falar de coisa boa
Durante entrevista ao programa “Show Business”, comandado João Doria Jr. na Band, Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), fez críticas ao governo de Geraldo Alckmin.
–A questão da Segurança Pública em São Paulo, por exemplo, é de responsabilidade do Estado, é péssima e preocupa toda a população –disse Skaf, que em 2014 disputou com Alckmin a eleição para o governo paulista.
Doria, que é pré-candidato do PSDB a prefeito de São Paulo e busca o apoio do governador na disputa interna tucana, interrompeu seu convidado:
–Vamos focar aqui em economia.
Preocupada com o forte ataque especulativo do PT e de movimentos sociais contra o ministro Joaquim Levy, a presidente Dilma Rousseff ordenou que alguns dos seus principais auxiliares transmitissem o seguinte recado ao Instituto Lula: parar com a carga contra a política econômica e contra o titular da Fazenda. É a primeira vez que Dilma emite sinal tão inequívoco de insatisfação em relação às pressões para que flexibilize alguns pontos centrais do ajuste fiscal promovido por Levy.
DDI Em visita à Suécia, Dilma disparou telefonemas para o Planalto. Conversou com o chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, e outros auxiliares. Em algumas das ligações, mostrou irritação com o fato de Nelson Barbosa (Planejamento) ter dado uma palestra no Instituto Lula.
Passo à frente As críticas de Rui Falcão e de Lula a Levy têm como pano de fundo o temor dos petistas de que, com a manutenção da atual política econômica, Dilma não resista ao crescimento do desemprego que se avizinha.
Acúmulo Líderes do PT acham que a presidente precisa aproveitar o pouco do capital político que lhe resta para promover uma troca na Fazenda. Já a elite do mercado financeiro avalia que uma alteração dessa magnitude só poderia ocorrer quando Dilma recuperar alguma força.
Lados opostos Levy e um de seus principais críticos dentro do PT, o senador Lindbergh Farias (RJ), sentaram lado a lado na sala de espera do Santos Dumont, no Rio. Cumprimentaram-se cordialmente, mas logo recorreram ao celular para não conversar.
Linha direta Irritadíssimo, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) também telefonou para Jaques Wagner. Reclamou da fala de Dilma a seu respeito.
Pegou mal Nem mesmo a cúpula do governo aprovou a declaração da presidente contra o peemedebista. Nas avaliações internas, Cunha pode permanecer por um bom tempo à frente da Câmara –e com a caneta do impeachment em punho.
No telhado O PMDB decidiu cancelar seu congresso marcado para novembro devido às incertezas quanto ao cenário do impeachment.
Versão pocket No lugar do evento que sinalizaria o rompimento da sigla com o governo Dilma, a legenda realizará apenas um encontro nacional da Fundação Ulysses Guimarães, entre os dias 17 e 18, para deliberar exclusivamente sobre o seu programa partidário.
Sem barulho A solenidade ficará restrita a dirigentes da sigla e da fundação. Não contará, portanto, com a presença de militantes, o que estava inicialmente previsto pelos organizadores.
Medo A realização do congresso nos moldes originais era vista como um péssimo sinal pelo mercado financeiro. Em um relatório obtido pela coluna, uma agência internacional de classificação de risco considerava que o rompimento era uma das variáveis para o rebaixamento da nota de crédito do Brasil.
De pai para filho Jorge Picciani, presidente da Assembleia do Rio e autoridade máxima do PMDB no Estado, foi a São Paulo nesta segunda sondar o vice Michel Temer sobre as chances de seu filho Leonardo Picciani, líder na Câmara, ser o nome do partido para o lugar de Cunha.
Verão passado A decisão do STF de barrar as emendas sem conexão com medidas provisórias não é a primeira na história do Congresso. Temer era presidente da Câmara quando proibiu os chamados “jabutis” aos projetos que tramitavam na Casa.
Quatro mãos Nas inserções que levará ao ar nesta terça, o DEM dirá que Dilma não é a única responsável pela crise. “O desmonte da economia foi feito a quatro mãos. Por ela e por Lula, seu chefe e criador”, afirma o líder no Senado, Ronaldo Caiado (GO).
TIROTEIO
O “fica Levy” de Dilma é uma pá de cal na possibilidade de recuperação desse governo. Responderemos nas ruas.
DE GUILHERME BOULOS, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), sobre a presidente garantir a permanência de Joaquim Levy na Fazenda.
CONTRAPONTO
Vamos falar de coisa boa
Durante entrevista ao programa “Show Business”, comandado João Doria Jr. na Band, Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), fez críticas ao governo de Geraldo Alckmin.
–A questão da Segurança Pública em São Paulo, por exemplo, é de responsabilidade do Estado, é péssima e preocupa toda a população –disse Skaf, que em 2014 disputou com Alckmin a eleição para o governo paulista.
Doria, que é pré-candidato do PSDB a prefeito de São Paulo e busca o apoio do governador na disputa interna tucana, interrompeu seu convidado:
–Vamos focar aqui em economia.
COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
PT VÊ EM CUNHA SALVAÇÃO DO MANDATO DE DILMA
De inimigo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, virou no PT a “tábua de salvação” da presidente Dilma. Com o cartaz mais sujo que pau de galinheiro, sob acusação de manter contas secretas na Suíça abastecidas com dinheiro sujo, Cunha virou alvo fácil dos petistas, na mídia e nas redes sociais. A estratégia é atacar o político para desviar o foco do impeachment e do envolvimento de Lula no petrolão.
QUEM É MAIS LADRÃO
O que resta de militantes do PT espalha que a delação de Fernando Baiano contra Cunha é mais grave que denúncias dele contra Lula.
ASSESSOR DE IMPRENSA
Lula se empenha pessoalmente junto a grandes jornais e emissoras para “centrar fogo” na destituição de Eduardo Cunha.
PERFIS FALSOS
Substitutos da agência Pepper (que rompeu com o PT) já atuam nas redes sociais com perfis falsos pró-Dilma e contra o impeachment.
VAI ACABAR NA POLÍCIA
A oposição rastreia dezenas de falsos internautas que “patrulham” veículos de comunicação e insultam críticos de Dilma e do PT.
DILMA VIVE MOMENTOS DE ‘RAINHA DA INGLATERRA’
A presidente Dilma está decidida a se dedicar mais a agenda amena, tentando produzir fatos positivos, e a viagens internacionais. Ela concluiu que são para profissionais a condução da política econômica, delegada à dupla Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento), e a articulação política, entregue a Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Governo), ambos orientados por Lula.
VAZA, MADAME
Lula foi quem recomendou a Dilma que viajasse mais, no Brasil e para o exterior, delegando áreas estratégicas a seus ministros.
CRAVO E FERRADURA
Dilma acatou sugestão de Lula para se afastar da rotina governativa, mas ainda resiste à pressão dele e do PT para demitir Joaquim Levy.
OPOSIÇÃO PARA QUÊ?
Dilma só aceitou viver momentos de “rainha da Inglaterra” sob ameaça de impeachment. Percebeu ser ela mesma sua maior adversária.
NA MIRA DE LULA
Lula explodiu contra Eduardo Cardozo, após “vazar” a informação de que Fernando Baiano deu dinheiro a sua nora. Lula achou que era coisa da PF, subordinada ao ministro, mas foi do Ministério Público.
FIEL ESCUDEIRO
Caso aconteça “o pior”, Eduardo Cunha já definiu que vai apostar no fiel escudeiro André Moura (PSC-SE) para sucedê-lo na presidência da Câmara. Oficialmente, sustenta que ficará até o fim do mandato.
LIDERANÇA EM XEQUE
Deputados do PSD não querem mais que o ministro Gilberto Kassab (Cidades), dono do partido, escolha o líder da bancada. Eles dizem que Kassab representa apenas os interesses do governo Dilma.
AGENDA POSITIVA
Dilma trata diplomatas a pontapés, mas sua visita a Estocolmo pode ser considerada um êxito, graças ao trabalho do Itamaraty e do embaixador do Brasil em Estocolmo, Marcos Vinícius Pinta Gama.
FILHO DE CRAQUE
O embaixador do Brasil Antônio Francisco da Costa e Silva Neto, que recebe Dilma nesta terça em Helsinque (Finlândia), é filho de um dos mais admirados diplomatas do nosso tempo: Alberto da Costa e Silva.
VICE DOS SONHOS
O tucano Geraldo Alckmin, que tenta se viabilizar para a disputa pelo Planalto em 2018, chegou depois de Aécio Neves, mas chegou: ele também quer Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, como vice.
REFORÇO
Dois nomes de confiança de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) entraram na semana passada no Conselho de Ética: Manoel Jr (PMDB-PB) e Carlos Marun (PMDB-RS). Cunha tem entre 14 e 16 apoiadores no conselho.
ALÔ, PROCON
Leitora comprou plano de saúde por adesão da empresa Alobras, no Rio, virou “funcionária” de outra empresa criada em Curitiba (PR), pagou uma pequena fortuna e desde julho espera o cartão Unimed.
PENSANDO BEM...
...vem de Fernando Baiano, delator do PMDB, e não do finado Brizola, a inspiração para o slogan do candidato: “Nora não é parente, Lula para presidente.”
De inimigo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, virou no PT a “tábua de salvação” da presidente Dilma. Com o cartaz mais sujo que pau de galinheiro, sob acusação de manter contas secretas na Suíça abastecidas com dinheiro sujo, Cunha virou alvo fácil dos petistas, na mídia e nas redes sociais. A estratégia é atacar o político para desviar o foco do impeachment e do envolvimento de Lula no petrolão.
QUEM É MAIS LADRÃO
O que resta de militantes do PT espalha que a delação de Fernando Baiano contra Cunha é mais grave que denúncias dele contra Lula.
ASSESSOR DE IMPRENSA
Lula se empenha pessoalmente junto a grandes jornais e emissoras para “centrar fogo” na destituição de Eduardo Cunha.
PERFIS FALSOS
Substitutos da agência Pepper (que rompeu com o PT) já atuam nas redes sociais com perfis falsos pró-Dilma e contra o impeachment.
VAI ACABAR NA POLÍCIA
A oposição rastreia dezenas de falsos internautas que “patrulham” veículos de comunicação e insultam críticos de Dilma e do PT.
DILMA VIVE MOMENTOS DE ‘RAINHA DA INGLATERRA’
A presidente Dilma está decidida a se dedicar mais a agenda amena, tentando produzir fatos positivos, e a viagens internacionais. Ela concluiu que são para profissionais a condução da política econômica, delegada à dupla Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento), e a articulação política, entregue a Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Governo), ambos orientados por Lula.
VAZA, MADAME
Lula foi quem recomendou a Dilma que viajasse mais, no Brasil e para o exterior, delegando áreas estratégicas a seus ministros.
CRAVO E FERRADURA
Dilma acatou sugestão de Lula para se afastar da rotina governativa, mas ainda resiste à pressão dele e do PT para demitir Joaquim Levy.
OPOSIÇÃO PARA QUÊ?
Dilma só aceitou viver momentos de “rainha da Inglaterra” sob ameaça de impeachment. Percebeu ser ela mesma sua maior adversária.
NA MIRA DE LULA
Lula explodiu contra Eduardo Cardozo, após “vazar” a informação de que Fernando Baiano deu dinheiro a sua nora. Lula achou que era coisa da PF, subordinada ao ministro, mas foi do Ministério Público.
FIEL ESCUDEIRO
Caso aconteça “o pior”, Eduardo Cunha já definiu que vai apostar no fiel escudeiro André Moura (PSC-SE) para sucedê-lo na presidência da Câmara. Oficialmente, sustenta que ficará até o fim do mandato.
LIDERANÇA EM XEQUE
Deputados do PSD não querem mais que o ministro Gilberto Kassab (Cidades), dono do partido, escolha o líder da bancada. Eles dizem que Kassab representa apenas os interesses do governo Dilma.
AGENDA POSITIVA
Dilma trata diplomatas a pontapés, mas sua visita a Estocolmo pode ser considerada um êxito, graças ao trabalho do Itamaraty e do embaixador do Brasil em Estocolmo, Marcos Vinícius Pinta Gama.
FILHO DE CRAQUE
O embaixador do Brasil Antônio Francisco da Costa e Silva Neto, que recebe Dilma nesta terça em Helsinque (Finlândia), é filho de um dos mais admirados diplomatas do nosso tempo: Alberto da Costa e Silva.
VICE DOS SONHOS
O tucano Geraldo Alckmin, que tenta se viabilizar para a disputa pelo Planalto em 2018, chegou depois de Aécio Neves, mas chegou: ele também quer Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, como vice.
REFORÇO
Dois nomes de confiança de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) entraram na semana passada no Conselho de Ética: Manoel Jr (PMDB-PB) e Carlos Marun (PMDB-RS). Cunha tem entre 14 e 16 apoiadores no conselho.
ALÔ, PROCON
Leitora comprou plano de saúde por adesão da empresa Alobras, no Rio, virou “funcionária” de outra empresa criada em Curitiba (PR), pagou uma pequena fortuna e desde julho espera o cartão Unimed.
PENSANDO BEM...
...vem de Fernando Baiano, delator do PMDB, e não do finado Brizola, a inspiração para o slogan do candidato: “Nora não é parente, Lula para presidente.”