domingo, março 08, 2015

O exército de Lula em defesa do que é nosso (deles) - GUILHERME FIUZA

REVISTA ÉPOCA

A Operação Lava Jato é como um filme de gângsteres passado na cabeça de algum roteirista de Hollywood.

Lula convocou o "exército" do MST - nas palavras dele para defender o PT nas ruas. Até que enfim alguém faz algo concreto em defesa do nascente e moribundo governo de Dilma 2, a missão. A esta altura dos acontecimentos, talvez só mesmo um exército usando a força bruta possa salvar o mandato da grande dama - porque na legalidade está difícil.

Mas não tem problema, porque o PT sabe que esse negócio de legalidade não tem a menor importância. Pelo menos não para quem tem bons despachantes, doleiros diligentes e militantes bem pagos dispostos a tudo. Lula convocará todos os seus exércitos até o dia 15, se possível com o auxílio sofisticado de alguns depredadores de elite. Entre uma soneca e outra, o Brasil está programando sair às ruas nesse dia. E não é de vermelho.

Cumpre ao grande líder, portanto, reunir todas as forças populares de aluguel para mandar o Brasil de volta para casa, que é o lugar dele.

Tudo isso acontece num momento histórico para o país. Após anos de trabalho exaustivo, o PT conseguiu o que parecia impossível: rebaixar a Petrobras à categoria de investimento especulativo. Não pensem que isso é tarefa fácil, nem para o mais laureado dos parasitas.

Tratava-se da oitava maior empresa do mundo, que ia ficar maior ainda após a descoberta do pré-sal. Jogar a Petrobras na lona, levando-a a perder o grau de investimento e a sair vendendo bugigangas como uma butique em liquidação é façanha para poucos. Os brasileiros que sairão às ruas no dia 15 só podem estar com inveja dessa obra-prima.

O Brasil deu 16 anos consecutivos de mandato presidencial ao PT, e pode-se afirmar com segurança que uma grossa fatia desses votos foi dada em defesa do nacionalismo - em defesa da Petrobras. Lula e o império do oprimido conquistaram o monopólio da defesa do que é nosso e não têm culpa se o povo não entendeu que eles estavam lutando pelo que é "só nosso". No caso, os dividendos bilionários que a Petrobras podia dar a um esquema subterrâneo de sustentação política. É mais ou menos como a situação do padre pedófilo, que guarnece a pureza da criança para poder abusar dela.

Os brasileiros levaram essa curra ideológica e continuam relaxados. Ninguém deu queixa. A Operação Lava Jato continua sendo assistida como um filme de gângsteres, como se isso se passasse na cabeça de algum roteirista de Hollywood. Um mistério insondável permanece impedindo que se entenda por que as vítimas do estupro ainda não botaram os gângsteres para correr. Talvez isso comece a se esclarecer no dia 15 de março de 2015. Ou não.

Em junho de 2013, o petrolão ainda não tinha jorrado nas manchetes em todo o seu esplendor. Mas o mensalão e seus sucedâneos já revelavam a jazida de golpes do governo popular contra o Estado - esse que o PT jurava defender contra a sanha da direita neoliberal. Ou seja: o padre pedófilo já estava escondido com a batina de fora, não via quem não queria. Foi então que o Brasil saiu às ruas indignado, disposto a dar um basta nos desmandos que já lhe custavam, entre outras coisas, a subida da inflação e o aumento do custo de vida. O padre pedófilo assistiu àquela explosão de olhos arregalados, certo de que tinha sido descoberto e de que agora vinham buscar o seu escalpo. Mas os revoltosos nem o notaram, e ele pôde até, tranquilamente, estender seu tempo de permanência na paróquia. Foi o fenômeno conhecido como a Primavera Burra.

Agora o outono se aproxima, com ares primaveris. As vítimas do abuso começam, aparentemente, a entender que o seu protetor é o seu algoz. Como sempre no Brasil, tudo muito lento, meio letárgico e confuso, com as habituais cascas de banana ideológicas largadas no caminho pelo padre - "a culpa é de FHC", "querem a intervenção militar", "é a burguesia contra o Bolsa Família" etc. Como escreveu Fernando Gabeira, o velho truque de jogar areia nos olhos da plateia - única instituição que dá 100% certo no Brasil há 12 anos. O problema é que, mesmo com areia nos olhos, está dando para ver que o petrolão ajudou a financiar a reeleição de Dilma. E agora?

Agora é hora de tirar a batina do padre e mostrar que o rei está nu. Sem medo dos exércitos de aluguel que farão o diabo para defender o que é nosso (deles).

Falta autocrítica - CELSO MING

O Estado de S. Paulo - 08/03

Está convocada para o dia 13 manifestação dos chamados movimentos sociais contra o ajuste fiscal e as restrições ao acesso a direitos dos trabalhadores.

Por mais que seus líderes queiram direcioná-la contra as elites e os inimigos do povo, é ato contra a política da presidente Dilma, promovido por setores que fazem parte da sustentação política do governo - uma dessas contradições que tomam conta da vida política brasileira.

O PT também nem sempre sabe de que lado está. Nem sempre sabe se é governo ou se é oposição. Diz que é governo, mas só para o que gosta e para aquilo com que concorda. Quando chega a hora da distribuição de sacrifícios, como a conjuntura exige, age como se estivesse na oposição.

A presidente Dilma contribui para essa situação esquizofrênica. Até agora, não foi capaz de admitir que a condução da política econômica ao longo do seu primeiro mandato foi desastrada. A única ocasião em que chegou perto da autocrítica foi quando declarou que mudou, sim, mas mudou porque a realidade mudou.

A realidade não mudou. A economia afundou porque a política esteve errada ao longo dos últimos quatro anos. Mesmo quando se acumulavam as evidências de desarrumação e da trombada iminente, a presidente alardeou que tudo ia bem, que as metas de crescimento do PIB e de inflação estavam sendo rigorosamente cumpridas e que não havia nada de especialmente errado na indústria. Bastaria que os empresários liberassem seu espírito animal para afugentar o desânimo. Não parava de dizer que os investimentos caminhavam de vento em popa, que nada menos que 28 sondas e plataformas tomariam o rumo dos campos do pré-sal... e tudo o mais.

De repente, o arrocho, com tarifaço e tudo mais, desabou sobre a cabeça de todos. Quando mais se precisa da política anticíclica, ela não pode ser colocada em marcha, porque o Tesouro é um pneu careca, sem condições de rodagem.

Pior que tudo, não há explicações, não há reconhecimento de que foi preciso mudar. Não que a realidade tenha mudado. A casa caiu, porque seus fundamentos já vinham sendo solapados antes por escolhas desastradas.

A autocrítica é essencial porque a sociedade continua programada para outro jogo. Os consumidores foram induzidos a levantar empréstimos bancários, a comprar casa própria, veículos e aparelhos domésticos, a comer e a dançar à luz do luar. Agora, que estão endividados e com o emprego ameaçado, não podem compreender como estão sendo punidos por terem atendido aos apelos de antes.

Para que possam ser mobilizados na direção correta, precisam de uma condução adequada das expectativas e, portanto, de um diagnóstico convincente do que está acontecendo e do que precisa ser feito para enfrentar os novos tempos. Sem esse reconhecimento, quando mais precisa de apoio para a correção de rumo, a presidente Dilma mais enfrentará o fogo amigo que se junta ao do inimigo.

Por falar nisso, nos anos 90, o senador baiano Antonio Carlos Magalhães, falecido em 2007, dizia que político bom é o que sabe identificar com rapidez o inimigo da hora e é eficiente em contra-atacá-lo. É qualidade que faz falta agora à presidente Dilma.

O petrolão no STF - SACHA CALMON

CORREIO BRAZILIENSE - 08/03

Antes do julgamento do mensalão, os criminalistas com quem conversei diziam que o processo estava eivado de nulidades e pontificavam com o rigor dos tipos penais. Assim, a lavagem de dinheiro estruturalmente exigia mais isso e aquilo, que não estavam nos autos. E assim, por diante. Na ocasião, não apenas lhes disse, como escrevi neste espaço, que as coisas se passariam de modo diverso, como de fato se passaram.

Agora, não tão convictos, fazem outras apostas, a começar pela delação da delação, ela teria o viés de livrar a cara do delator às custas de falsas incriminações dos clientes, de tudo inocentes. Não é bem assim. O relato do delator deve, necessariamente, indicar fatos comprovados ou a comprovar, sob pena de nada lhe valer a delação ou seja a diminuição superlativa das penas as quais estaria sujeitado, na hipótese de não devolver o dinheiro surrupiado em quadrilha e não contar a verdade dos fatos a Justiça.

O mensalão tinha rol de provas imensamente menor do que o petrolão e chegou até onde pôde: José Dirceu. Em rigor, contra ele não tinha nenhuma prova material, mas o enredo do crime e a tese do domínio dos fatos o levou à prisão. Moralmente, está acabado para a sociedade e a vida pública, a mais cruel das penas.

Muitos se revoltaram com as penas menores dos políticos e maiores dos operadores. Não foi culpa do STF, mas do Código Penal. É que os beneficiários graúdos não dão as caras, nada assinam, quando muito incidem em um ou dois tipos criminais e, por isso, são menos apenados. O mesmo vai ocorrer com o petrolão, até que o crime de corrupção, como desejo, tenha a pena multiplicada à medida da importância política do réu seja ele o corrompido ou o corruptor.

Quanto ao petrolão, algumas facetas devem ser mostradas. Quem vai julgar não é o plenário do STF, mas a turma do ministro Teori, sujeitada a recursos, e que permanece com quatro juízes, passados já quase oito meses da saída do ministro Joaquim Barbosa.

O que o procurador-geral ofertou ao Supremo não foram denúncias, mas apenas nomes de políticos citados com maior ou menor profundidade nas investigações do juiz Moro, no Paraná, que não teve competência legal para inqueri-los, acareá-los ou investigá-los, porquanto gozavam de foro privilegiado. Só quem poderia fazer a investigação seria o STF. Janot apenas desistiu de sete denúncias que já havia feito ao Tribunal e pediu a abertura de 28 inquéritos policiais sob o controle do ministro Teori. Dos 54 citados, portanto, o que sobra são 28 pedidos de inquérito a serem feitos pela Polícia Federal, cujo comandante em chefe é a presidente da República, por meio do ministro da Justiça. O PMDB está irado justamente por desconfiar do sr. Cardozo. Alega que houve inserção de nomes maliciosamente. Em suma, as coisas estão no começo para a turma graúda. O Planalto está com as luzes acesas e os instrumentos disponíveis para mover os inquéritos.

Que se acautele a população contra possíveis decepções. Bem pode acontecer que o desenlace seja diverso do que todos esperam. A sociedade está tão agitada que toma a publicação dos nomes dos políticos como se fosse sentença com trânsito em julgado. Estamos muito distantes desse momento processual aguardado pela nação. No STF, não há sequer ação penal formalizada. O que ocorrerá em seguida? As etapas que se seguirão, salvo engano, serão as seguintes: o ministro Teori autoriza monocraticamente ,ou com o apoio de seus pares na turma a abertura de inquéritos contra a, b, ou c, ou então os nega. "Roma locuta, tollitur quaestio". No caso de aceitar o pedido de inquérito, serão ouvidos os indiciados e testemunhas. Podem ocorrer diligências, inclusive no exterior, e realização de provas periciais. Terminada a fase instrutória, o indiciado se tornará ou não réu denunciado pelo MP. A turma então julgará e promoverá a dosemetria das penas. Recursos são cabíveis ao pleno do STF em determinadas hipóteses.

Por último, é a primeira vez que o STF vai enfrentar processo dessa magnitude. O mensalão iniciou-se com uma denúncia do MP minunciosa e recheada de provas e indícios. O petrolão inicia-se sem denúncia alguma, mas com pedidos de inquéritos policiais que podem ou não ser aceitos pelo STF, que aliás não está acostumado a fazê-los, pois julga teses jurídicas que sequer envolvem fatos controversos. Será um teste demorado e complicado. A conferir. O segundo mandato de Dilma, em meio a temporais econômicos, financeiros, políticos e sociais, conviverá com os processos do "petrolão". Vale o ditado lusitano: "Quem semeia ventos, colhe tempestades".

Um leilão sem Petrobrás -SUELY CALDAS

O ESTADO DE S.PAULO - 08/03

Em meio à gravíssima crise política, econômica, institucional e moral que o País atravessa, o governo começou a preparar a 13.ª rodada de leilão de exploração de petróleo, a ser realizada no segundo semestre do ano. Para prosperarem, decisões de investimento precisam de um ambiente econômico e político estável, segurança de regras sólidas e confiança no presente e no futuro - condições que o Brasil está longe de oferecer a quem planeja trazer e aplicar seu dinheiro nos próximos cinco, seis anos, até encontrar, extrair e explorar nosso petróleo. É certo que, ao decidirem investir, as empresas com potencial de participar da rodada não enxergam só o presente imediato, estão de olho também no futuro do negócio, se será ou não compensador e lucrativo. Além disso, a crise não pode paralisar o País. Portanto, é positiva a preparação desta 13.ª rodada. A dúvida é se ela terá sucesso.

Uma decisão já está tomada: nesta rodada não serão leiloadas áreas de regiões do pré-sal, justamente as mais atraentes - embora o elevado custo de produção, aliado à queda de 50% no preço internacional, torne hoje o petróleo do pré-sal um negócio de rentabilidade duvidosa. Mas o motivo da exclusão é outro, é decorrente da decisão errada (mais uma entre tantas) e anacrônica da presidente Dilma de fazer da Petrobrás a única empresa operadora da extensa área do pré-sal, com a obrigação de entrar com um mínimo de 30% do dinheiro investido em cada poço. Rebaixada na classificação de risco, com uma dívida gigante para pagar, o caixa vazio, sem crédito e vivendo a pior crise financeira da história de seus 61 anos, a Petrobrás simplesmente não tem dinheiro para investir no pré-sal e possivelmente não terá também para as outras áreas que forem selecionadas para o leilão desta rodada.

A ausência da Petrobrás é um fator desestimulante, com potencial para retrair a participação de grandes empresas - que têm preferido atuar em parceria com ela - com cacife para bancar investimentos caros nas áreas mais promissoras. Não foi por falta de aviso. Quando definiu as regras do pré-sal e obrigou a Petrobrás a atuar como única empresa operadora, Dilma foi avisada por todos - empresários, técnicos, especialistas e a própria direção da Petrobrás - de que essa regra iria sobrecarregar a estatal de forma insuportável e causaria atrasos danosos à exploração de óleo. Isolada e teimosa, Dilma não ouviu ninguém e, agora - como foi com a inflação, a energia elétrica, os combustíveis, o descontrole de gastos públicos, tudo o que levou à recessão, o comércio exterior, etc., etc. -, aos brasileiros cabe pagar a conta da desastrada insensatez. Deixar o petróleo no fundo do mar ou debaixo da terra significa não gerar renda nem empregos e emperrar o desenvolvimento do País.

O que será da 13.ª rodada sem a Petrobrás? O ministro Eduardo Braga responde que ela "poderá participar, mas desta vez não estará obrigatoriamente envolvida, como nos leilões do pré-sal". É verdade. Mas a dúvida é se ela terá dinheiro para arrematar áreas e pagar taxas caras cobradas após o leilão. Lula loteou a diretoria entre partidos políticos, abrindo portas à corrupção; Dilma estrangulou sua capacidade financeira e, no final de 12 anos, a Petrobrás vai à lona de forma humilhante.

Para tentar sobreviver em 2015, ela vai cortar até R$ 30 bilhões de investimentos (só de sondas de perfuração vai cancelar metade das 28 encomendadas), vender US$ 13,7 bilhões de ativos (a privatização desesperada à moda petista), vai tentar captar outros US$ 19 bilhões no mercado internacional (sabe-se lá a que custo de juros, depois que perdeu o grau de investimento) e tudo indica que receberá socorro financeiro de bancos estatais brasileiros. O que, evidentemente, vai expandir ainda mais sua enorme dívida. Só para pagar a dívida de curto prazo, ela terá de desembolsar US$ 14 bilhões em 2015 (61% a mais em relação a 2014) e US$ 20 bilhões em 2016.

É isso o que as gestões do PT - com o falso discurso de condenar privatizações e defender estatais - fizeram com a Petrobrás.

No reino do faz de conta - FERREIRA GULLAR

FOLHA DE SP - 08/03

Espero que o leitor me desculpe por voltar com frequência às questões relacionadas ao governo federal e, inevitavelmente, com a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT.

Isso é, porém, inevitável, uma vez que o país vive um momento crítico, que se agrava a cada dia, enquanto os principais responsáveis pela crise insistem em se fazer de vítimas. Vítimas de uma conspiração inexistente, inventada por eles.

Essa é uma atitude preocupante, já que o que está em jogo é a situação econômica e também social do país, cujo agravamento é indisfarçável e cujas consequências podem se tornar mais graves, se os responsáveis pelo governo do país insistirem em fingir que ela não existe.

Ou, pior, que é mera conspiração de adversários políticos –ou seja, a imprensa e a Justiça.

Na verdade, o que o governo pretende ocultar é que tanto os escândalos envolvendo a Petrobras quanto o desequilíbrio que afeta a economia são consequências dos erros cometidos pelas gestões petistas e, principalmente, pela arrogância da presidente da República.

Muito antes de assumir a chefia do governo, quando era ministra de Minas e Energia, opunha-se à linha econômica adotada por Antonio Palocci, que seguia programa do governo Fernando Henrique Cardoso.

Ela insistia na linha populista, que terminou sendo adotada por Lula e ampliada por ela ao se tornar presidente. A redução dos preços dos combustíveis –que criou um rombo financeiro na Petrobras– obriga-a a aumentá-los agora, quando a situação econômica o exige, mas para descontentamento geral.

Não é por acaso que os caminhoneiros paralisaram o país, levando ao aumento dos preços dos alimentos, sem falar nas outras consequências.

Ninguém diria que o governo do Partido dos Trabalhadores seria posto contra a parede pelos próprios trabalhadores.

Os caminhoneiros exigiam a redução do preço do diesel, coisa que o governo não pode fazer, a menos que decida agravar ainda mais a situação da Petrobras.

O que se vê, portanto, é que a redução demagógica do preço dos combustíveis –aliada a outras medidas igualmente populistas, às custas dos impostos que vinham sendo aumentados progressivamente– teria que dar o resultado que deu.

Como já haviam afirmado os entendidos no assunto, a política econômica fundada no consumismo dá sempre em desastre.

Mas foi graças a isso que Lula e sua turma se mantiveram no poder durante todo este tempo.

Só que a hora do desastre chegou e, junto com ela, os escândalos do Petrolão, que não param de crescer, com novas revelações e novas propostas de delações premiadas. Já imaginou o que os executivos da Camargo Corrêa vão revelar?

Por tudo isso, torna-se impossível prever o que vem por aí. Quando os advogados das empreiteiras buscam o ministro da Justiça para que ele intervenha na Lava Jato, contrariando a lei, é que eles mesmos já não sabem o que fazer.

Pior: a surpreendente atitude de Renan Calheiros (PMDB-AL), devolvendo ao Planalto a medida provisória do ajuste fiscal, deixa evidente a fraqueza política do governo.

Diante de tamanha encrenca, nem o espertalhão do Lula sabe o que fazer. Tanto é verdade, que teve a coragem de, mais uma vez, inventar uma manifestação em defesa da Petrobras. Logo ele que nomeou e manteve nos cargos principais da empresa quem a saqueou?

Isso, de certo modo, me faz lembrar o presidente da Venezuela, o farsante Maduro, que diz se comunicar com o falecido Hugo Chávez com a ajuda de um passarinho.

Como Lula, ele sabe que afirmações como essas não podem ser levadas a sério, a não ser por débeis mentais. Lula não chega a esse nível de surrealismo, mas abusa da inteligência alheia quando promove atos públicos em defesa da empresa que ele e sua gente saquearam.

Talvez seja por isso que, vendo que quase ninguém ainda acredita em tais lorotas, outro dia perdeu a cabeça e, para tentar intimidar os adversários, ameaçou pôr nas ruas o "exército de Stédile".

Creio que ninguém sabia que esse já um tanto esquecido líder dos sem-terra possui um exército. Vai ver que é o famoso exército de Brancaleone.

Primeira pergunta - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 08/03

A quem aproveita o crime? Essa é a pergunta inicial de qualquer investigação, mas as instituições do país não a fizeram no mensalão e começam a demonstrar que ela não será feita no caso Petrobras. No escândalo que envolve a maior empresa do país, há indícios de roubo para beneficiar ex-dirigentes da companhia, mas também de que parte do dinheiro foi para partidos da base de sustentação da Presidência.

No mensalão, o ex-presidente Lula foi poupado, apesar de ter ficado provado que dinheiro do esquema financiou sua campanha, costurou a aliança entre PT e PL para a formação da chapa presidencial e pagou o marqueteiro em conta secreta no exterior. O então tesoureiro do PT confessou “dinheiro não contabilizado”; o então marqueteiro confessou que recebeu de forma irregular. A teoria do “domínio do fato” foi usada na condenação do ex-chefe da Casa Civil José Dirceu. Mas nada chegou a quem foi eleito pelos recursos assim desviados, em contratos diretos e indiretos com o setor público, na engenharia financeira montada por Marcos Valério.

Na corrupção da Petrobras, tudo parece mais escancarado. Houve uma aceleração do crescimento do propinoduto por onde saíram bilhões de reais. Muito dinheiro foi para quem, hoje, em processos de delação, confessa que recebeu para seu próprio proveito. Nas confissões em que admitem seus crimes, eles contam que propinas foram pagas também a vários operadores dos partidos da base. Um deles, o Partido dos Trabalhadores. Os dedos dos delatores apontam para o tesoureiro João Vaccari Neto.

Vaccari foi indicado pela então ministra das Minas e Energia Dilma Rousseff para o conselho de administração de Itaipu, a maior hidrelétrica do país, e lá ficou até 2014, por 11 longos anos.

Tudo o que está sendo investigado na Petrobras ocorreu enquanto a presidente Dilma tinha poderes sobre a estatal. Ela foi ministra da área, foi presidente do conselho de administração da Petrobras, ministra-chefe da Casa Civil, cargo no qual manteve sob seu controle mais próximo o setor de energia, foi presidente da República. Por personalidade, é centralizadora e detalhista. Pelos poderes exercidos, tomou decisões de iniciar e manter obras que passaram a ter indícios flagrantes de irregularidades, como a refinaria Abreu e Lima. Conduziu a reunião que autorizou a compra de Pasadena. Decidiu sobre os atos de gestão da companhia que, mesmo não tendo indícios de corrupção, ajudaram a colocar a estatal na situação precária em que está. Ninguém tem dúvidas sobre quem teve a última palavra, o mando, no setor de energia, em geral, e na Petrobras, em particular, nos últimos 12 anos.

É bom que fique claro que não há indícios, a mais leve menção que seja, de que a presidente da República obteve vantagens pessoais no esquema. Nem ela, nem qualquer pessoa de sua família. Isso é tranquilizador. Mas o funcionamento do partido ao qual ela pertence recebeu recursos que podem ter financiado sua campanha eleitoral. Se ela foi a vencedora das eleições assim financiadas, por que em torno dela deve ser posta uma redoma prévia? Por que a Procuradoria-Geral da República não se faz a pergunta dos investigadores: quem acabou sendo beneficiado pelos desvios que robusteceram os partidos da base parlamentar?

O procurador-geral, Rodrigo Janot, se baseou na Constituição, que estabelece que “o presidente, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções”. A Presidência vira então um escudo impenetrável a qualquer dúvida sobre financiamento das campanhas ou irregularidade cometida mesmo em área sob seu estrito controle.

A primeira pergunta da investigação precisa ser feita até para dar ao cidadão brasileiro confiança na pessoa que exerce a Presidência. A presidente Dilma costuma chamar pelo leve eufemismo de “malfeitos” os atos repulsivos dos quais o país está sendo informado. Ficará sempre a dúvida: ela, como gestora, chefe ou presidente, jamais desconfiou de “malfeitos” nos números extravagantes de aditivos aos contratos e nos aumentos exorbitantes dos custos de várias obras e negócios da Petrobras? As instituições brasileiras estão fazendo todas as perguntas, exceto a primeira.

Inflação rima com petrolão - ROLF KUNTZ

O ESTADO DE S.PAULO - 08/03

Inflação rima com petrolão e isso é muito mais, neste momento, que uma coincidência fonética. O desarranjo dos preços, a bagunça fiscal e o saque da Petrobrás são consequências de um estilo de política. Em fevereiro, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 7,7%, a maior taxa desde maio de 2005. Para explicar esse dado é preciso ir além da teoria econômica e ver como o poder é exercido no Brasil. O loteamento da administração direta e indireta, o populismo, o voluntarismo e a intervenção autoritária em todos os domínios da gestão pública são aspectos do mesmo fenômeno. Esse tipo de governo, mesmo com a presença de componentes honestos e até de alguns competentes, acaba criando espaço para o desmando, a acumulação de erros, a maquiagem dos problemas e a corrupção.

Nem tudo está previsto nos códigos legais nem todos os participantes da grande festa de erros e malfeitos dos últimos anos são criminosos, pelo menos tecnicamente. Mas os fatos investigados na Operação Lava Jato, é importante lembrar, são apenas uma parte - a mais escandalosa - de uma história bem mais ampla. Muito mais que um problema de uma grande empresa, a pilhagem da Petrobrás foi consequência de uma forma de ocupação do aparelho do Estado e de exercício do poder. Se fosse apenas um caso de corrupção funcional, mesmo de proporções incomuns, a lista do procurador Rodrigo Janot incluiria pouco mais que funcionários de algumas companhias.

A devastação da Petrobrás envolveu muito mais que uma longa sequência de atos de corrupção. Pode ter havido mamata na compra da refinaria de Pasadena, por exemplo, e esse é um assunto ainda sujeito a investigação. Mas essa compra só foi possível porque o conselho de administração a aprovou. As informações podem ter sido insuficientes. Quando o caso foi divulgado, alguém mencionou um relatório de duas páginas e meia, necessariamente incompleto. Ninguém terá sentido falta de mais informação? A presidente do conselho, futura presidente da República, não poderia, ou deveria, ter cobrado um relatório mais completo? Alguém compraria um apartamento com tão poucos dados?

A pouca disposição de intervir na compra de uma refinaria contrasta escandalosamente com a interferência do governo na formação de preços. Determinar preços com base em custos deveria ser um ato rotineiro na gestão de uma empresa - e é, na maior parte dos casos. Seria também no caso da Petrobrás, se fosse administrada como companhia aberta e alimentada pela poupança de enorme número de acionistas nacionais e estrangeiros. Mas como resistir à tentação de controlar politicamente os preços, mesmo com perdas importantes? Por que não orientar os planos de investimento para atender a aliados internos e externos, mesmo sem calcular cuidadosamente o custo dos projetos? Segundo um ex-diretor da Petrobrás, a estimativa inicial de custo da Refinaria Abreu e Lima foi uma conta de padeiro. Isso foi uma calúnia. Nenhum padeiro sobreviveria fazendo cálculos como esse e maltratando dessa forma o dinheiro dos sócios.

O mesmo estilo de comando foi usado com as empresas do setor elétrico. Concessões foram renovadas antecipadamente, amortizações ficaram incompletas e tarifas foram congeladas por ordem da presidente da República. O Tesouro foi forçado a gastar bilhões para socorrer empresas do setor.

Esse voluntarismo disfarçou as pressões de custo, distorceu os indicadores de inflação, atrapalhou os investimentos em áreas muito importantes, transmitiu sinais errados aos consumidores e agravou o problema das contas públicas. O déficit nominal do setor público ultrapassou 6% do produto interno bruto (PIB). A situação fiscal do Brasil ficou pior que a de muitas economias bem mais afetadas pela crise de 2008. Várias dessas economias, a começar pela americana, têm crescido mais do que a brasileira. Outra consequência dos desmandos foi a acumulação de pressões de custo reprimidas.

Essa coleção de lambanças complicou tanto o conserto das contas de governo quanto o combate à inflação. Para arrumar as finanças públicas a equipe econômica tem sido forçada a desmontar o absurdo e confuso aparato de benefícios fiscais e subsídios financeiros construído nos últimos anos. Além disso, é preciso interromper o auxílio do Tesouro às empresas do setor elétrico.

Parte dessa operação resulta em contas maiores para o consumidor pagar. Isso inclui a correção das tarifas de eletricidade e também do transporte público, represadas em várias cidades, como São Paulo, por pressão da Presidência da República. Em outros países, a queda do preço do petróleo tem resultado em preços menores nas bombas de combustíveis. Não no Brasil, por causa da situação da Petrobrás, já rebaixada ao nível especulativo pela Moody's. A maior empresa brasileira, responsável principal pela exploração do pré-sal, hoje precisa desinvestir para melhorar sua condição de caixa. O portal da empresa na rede exibiu nos últimos dias a manchete Petrobrás revisa seu plano de desinvestimento. A ideia é vender ativos no valor de US$ 13,7 bilhões. Sim, a empresa descobridora do pré-sal tem hoje um plano de desinvestimento.

Para os saudosistas, o cenário da economia nacional tem pelo menos um atrativo: depois de muito tempo, os brasileiros voltam a experimentar uma inflação corretiva. A maior parte dos jovens nem deve conhecer essa expressão, popularizada, em outras eras, quando foi preciso realinhar preços represados. Esse realinhamento é apenas parte do problema, porque outros fatores de pressão ainda estão presentes, incluído o desajuste das contas públicas. Do lado fiscal o trabalho de arrumação apenas começou. Por um bom tempo o combate à inflação ainda vai depender dos juros, agora aumentados de 12,25% para 12,75%. A conta dos desmandos será paga principalmente por trabalhadores, consumidores e contribuintes. Mas essa parte do espetáculo será menos vistosa que a sequência da Operação Lava Jato.

A boca fechada de Dilma - RUTH DE AQUINO

REVISTA ÉPOCA

Dilma sai à cata de dinheiro, arrecadando ainda mais impostos. Ela sabe que quebrou


Ela perdeu muito peso em poucos meses. Na balança do corpo, perdeu 15 quilos, desde novembro, graças a uma dieta argentina. Na balança do poder, Dilma Rousseff perdeu parte do apoio de seu principal aliado, o PMDB, e a confiança do país. Hoje, ela é uma mulher bem mais magra e uma presidente bem mais fraca.

Está emparedada pelo Congresso, que se amotina por causas nobres e motivos espúrios. Está isolada do povo por não ter condições financeiras para manter um governo assistencialista e populista. Corta programas sociais para não ver o Brasil se desmilinguir. Com um Estado inchado que custa 40% do PIB – repetindo, um Estado que consome quase metade do PIB, um dos Estados mais caros do mundo –, Dilma sai à cata de dinheiro, arrecadando ainda mais impostos. Ela sabe que quebrou.

Da mesma forma que reduziu a barriga e os quadris, Dilma terá de encolher o Estado e as estatais, coisa que já deveria ter feito em tempos gordos, antes da dieta. Em 2005, há dez anos, havia um projeto de ajuste fiscal de longo prazo, com uma meta de deficit zero nas contas públicas. Dilma achou “rudimentar” esse regime. Deu no que deu, o Estado ficou obeso, e só mesmo uma cirurgia radical nos salvará.

Não será o médico argentino Máximo Ravenna que fará emagrecer a gulosa máquina petista. Esse método reduz apenas quilos, rapidamente, e visa queimar as reservas de gordura do corpo. Associa cardápio de baixa caloria a atividade física e acompanhamento psicológico. Dilma é obediente, ingere apenas 800 calorias por dia e ajusta seu figurino. No corpo, tinha muitas reservas a queimar. Já no país...

Para ajustar as finanças, ainda bem que Dilma não chamou um argentino. O mago Joaquim Levy, sorridente e pragmático, precisa mostrar resultados rápidos na economia. O ajuste de Levy é draconiano, mas será que seu cliente, o governo do PT, se ajustará às regras da dieta? Ou se viciou no desperdício? Dilma e Levy precisarão se entender às mil maravilhas, porque, se houver uma quebra de discurso e de confiança entre médico e paciente, neste caso, quem sofrerá será nosso corpinho, quem sofrerá será o Brasil.

Dilma prova hoje o sabor amargo de uma vitória eleitoral conquistada em cima de mentiras, ilusões, conchavos, acusações irresponsáveis e promessas vãs. O eleitorado militante petista está mais calado que a presidente. Se existe alguém, hoje, que não provoca inveja no Brasil, é Dilma. Também não inspira pena. Chegou aonde chegou por suas próprias pernas, arrogância, omissão e temperamento. Dilma II só pode culpar Dilma I. Também pode culpar seu criador, Lula, que a fez acreditar num futuro mirabolante.

Metida no inferno astral, o que faz Dilma? Come menos e fala menos. Quase some. A imprensa a acusa de “letargia” e “inércia”. Chama a presidente de “zumbi” e “surda”. Parece telespectadora de si mesma. Vê a lista dos políticos acusados de corrupção, divulgada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, felizmente sem seu nome. Vê a paralisação dos caminhoneiros. Vê a greve de professores. Vê a revolta das mulheres dos sem-terra, armadas com facões. Vê despencar a venda de carros em fevereiro. Vê sua Medida Provisória devolvida por Renan Calheiros, logo quem. Vê que perdeu até a chance de indicar cinco novos ministros para o Supremo Tribunal Federal, porque a Câmara aumentou a idade máxima, no STF, de 70 para 75 anos. Vê um movimento nas ruas e redes sociais por seu impeachment. Vê o povo insatisfeito e temeroso com a volta da inflação e do desemprego.

Pois eu acho que Dilma está certa ao se recolher. Comer menos, falar menos, evitar gafes, entender o que se passa, recosturar suas alianças, esperar passar a borrasca e não fazer besteira. Pode até divulgar fotos suas comprando doce de leite num supermercado no Uruguai, para parecer uma avó e dona de casa comum. Mas terá de trabalhar mais e direito nos 46 meses que lhe restam. Não basta se repaginar, ondular o cabelo e refazer os terninhos. Terá de se reinventar. Mudar a postura. E assumir responsabilidade real com a vida de 200 milhões de brasileiros e suas famílias.

Dilma errou demais da conta. Mas a hora é de um pacto para evitar o pior panorama: uma recessão sem luz no fim do túnel. Não importa mais quem votou em Dilma ou contra ela. Importa o voto em nosso país, importa evitar uma crise institucional e econômica sem volta. Vale acompanhar o ensaio de uma aproximação entre setores do PT e do PSDB, unidos por dois interesses: tornar o PMDB um pouco mais humilde e salvar o Brasil. Há interlocutores no PSDB que Dilma já disse admirar e respeitar. Um deles é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas, por enquanto, é melhor ficar de boca fechada.

Confusão é tudo o que Lula quer - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S.PAULO - 08/03

A abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, neste momento, pode ser politicamente tentadora, mas será certamente inoportuna, diante dos imensos obstáculos regimentais e partidários que a ela se oporão. Mesmo assim, dezenas de milhares de pessoas, mobilizadas por meio de redes sociais, prometem sair às ruas em todo o Brasil, no próximo dia 15, para exigir que Dilma seja impedida de continuar no cargo.

O efeito imediato das manifestações tal como programadas, se elas realmente tiverem a dimensão que prometem, será o acirramento dos ânimos e a radicalização. Tal atmosfera de instabilidade ofereceria àqueles que se sentem acuados pela crise a oportunidade de reagir de forma violenta, transformando em "golpistas" todos os que se opõem ao governo Dilma - desde os que pregam o impeachment até os cidadãos que apenas estão cansados de tanta corrupção e incompetência. O ex-presidente Lula, por exemplo, já disse que açulará o "exército de Stédile" - o chefe do MST - contra quem for às ruas pedir a saída de Dilma.

As manifestações de protesto e descontentamento transferem-se extemporaneamente para as ruas porque a oposição formal à presidente no Congresso não tem sido capaz de exprimir o sentimento de frustração nacional com o desastre moral e administrativo do governo petista. A oposição a Dilma, por estranho que pareça, tem sido exercida dentro da própria coalizão fisiológica que a sustenta e até mesmo dentro de seu próprio partido. Nada disso está acontecendo por acaso, pois interessa cada vez menos aos antigos aliados vincular-se a um governo que naufraga em meio ao desastre econômico causado pela incompetência de Dilma, com prejuízos para todos os brasileiros - mas, em especial, para os mais pobres, aqueles que o PT se diz orgulhoso de ter resgatado da miséria.

Os mais recentes movimentos de Lula nada mais são do que uma tentativa de desatrelar-se das trapalhadas da presidente para continuar se apresentando como o herói das classes desfavorecidas na luta contra "eles" - isto é, contra os supostos conspiradores, representantes das "elites" que tramam a queda de Dilma e, mais que isso, urdem a derrota do PT e de seu projeto redentor.

Lula nunca teve pudores de abandonar pelo caminho seus companheiros de viagem, quando isso foi necessário para a manutenção de seu projeto de poder. Dilma é apenas mais uma. Quando Lula incita seus sabujos a atacar os opositores da presidente nas ruas, não é Dilma que ele está defendendo, mas a si mesmo.

Esse confronto imaginário foi desenhado pelo ex-presidente, sem nenhuma sutileza, em recente discurso aos militantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Naquela oportunidade, depois de ouvir o coordenador do MST, João Pedro Stédile, dizer que só "nas ruas" é possível derrotar a oposição, Lula revelou toda a sua disposição belicosa: "Quero paz e democracia. Mas eles não querem. E nós sabemos brigar também, sobretudo quando o Stédile colocar o exército dele na rua".

Com isso, Lula conduz o jogo para o terreno que lhe é favorável - o da confusão e da anarquia. A intenção é transformar o PT e as classes pobres que o partido diz defender em vítimas do ódio das tais "elites": "O que estamos vendo é a criminalização da ascensão de uma classe social neste país. As pessoas subiram um degrau e isso incomoda a elite", discursou o ex-presidente, reduzindo o debate político a um vulgar Fla-Flu.

Nesse sentido, os movimentos que defendem o impeachment de Dilma servem aos propósitos do lulopetismo, pois jogam no tudo ou nada anunciado por Lula. Nascidos à margem dos inoperantes partidos de oposição, esses movimentos acreditam que só a radicalização nas ruas será capaz de remover os petistas do poder. Mas são amadores nesse perigoso mister. Conhecendo a força da militância do PT e de seus satélites nos sindicatos e movimentos sociais, é possível imaginar a violência da reação a essa afoiteza. Pois essa é uma militância paga e profissional, pronta para a truculência.

Partidos em xeque - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 08/03

O PP foi praticamente dizimado nessa primeira etapa das investigações do petrolão, com 18 dos 40 deputados da bancada federal na lista de Janot, e mais dez ex-deputados, inclusive ex-ministros, dois senadores e um vice-governador, que, aliás, se destacou entre os citados pela maneira grosseira com que comentou sua inclusão na lista.

É provável que o mesmo aconteça com PT e PMDB quando vierem à tona as acusações e delações premiadas referentes aos ex-diretores Nestor Cerveró, indicado pelo PMDB, e Renato Duque, o homem do PT no petrolão. Os respingos da corrupção do PP atingiram fortemente o PT e o PMDB, e por tabela alguns outros partidos, inclusive o PSDB, imaginem quando a investigação for direta nos dois maiores partidos da coligação governamental.

Mesmo que Duque, como bom petista, não tenha aberto a boca e negue qualquer delito, seu subordinado Pedro Barusco já se comprometeu a devolver US$ 100 milhões de dinheiro desviado e descreveu, com planilhas e todos os detalhes possíveis, como era feito o repasse de dinheiro, calculando que ao longo dos anos, de 2004 a 2014, o tesoureiro do PT João Vaccari recebeu de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões em propina para distribuir ao partido.

Novas listas surgirão, e o que está em xeque não é o financiamento privado das campanhas eleitorais, mas o sistema de coalizão partidária que está montado sob as bases do tempo de televisão e das coligações proporcionais. A compra de apoio político, já demonstrada no processo criminal do mensalão, está sendo confirmada em escala muito maior no petrolão, e a depuração de nosso sistema político eleitoral é a tarefa mais urgente neste momento.

Não é possível termos 40 partidos políticos com direito a tempo de propaganda no rádio e televisão, nem é aceitável a criação de partidos para desvirtuar o voto dado nas urnas em interesses próprios de ocasião. Não é possível mais dividir o tempo de propaganda eleitoral no rádio e televisão pelas coligações montadas a toque de caixa, não na origem militar do termo, mas de caixa registradora mesmo, sem o menor contato programático entre si, mas apenas interesses pontuais que geram os petrolões e mensalões de nossa vida política.

Proibido o financiamento privado, todo esse dinheiro que roda por baixo dos panos continuará sua busca de receptadores dispostos a fazer negócios. O que precisa haver é uma rigorosa regulamentação das doações eleitorais, limitando as de pessoas físicas e jurídicas, e especialmente proibindo empresas que tenham negócios com governos, em todos os níveis, de serem doadores como pessoas jurídicas.

Com a redução de partidos com direito a atuação no Congresso, a campanha eleitoral já será mais barata naturalmente, e será bem-vinda a proibição dessas mágicas dos marqueteiros que encarecem a eleição, além de serem responsáveis por tornar quase verdadeiros os estelionatos eleitorais que os políticos costumam vender como realidade.

A instituição do sistema de recall, onde o eleitorado pode destituir seu representante que não cumpre o prometido, seria uma ótima decisão para uma reforma eleitoral que objetivasse uma reorganização séria de nosso sistema político, fragilizado pelos últimos acontecimentos.

A denúncia do procurador-geral Rodrigo Janot, a exemplo do mensalão, acusou a existência de uma "complexa organização criminosa", o que afasta o perigo de se colocar toda a culpa do acontecido nas empreiteiras, como se para existir corruptores não fosse necessário existir o corrompido.

Ninguém é corrompido por pressão irresistível, como também não há cartel que se forme a pedido de políticos sedentos por dinheiro. Os esquemas que estão sendo desmontados mostram que se juntaram a fome e a vontade de comer para saquear os cofres públicos, num projeto criminoso onde todos ganhariam, e somente a sociedade brasileira sairia perdendo.

E Dilma com isso? - ELIANE CANTANHÊDE

O Estado de S. Paulo - 08/03

É sob o impacto da "lista do Janot" e do zunzum crescente de uma "conversa de estadistas" entre Lula e Fernando Henrique que a presidente Dilma Rousseff faz hoje um pronunciamento no rádio e na TV. Para dizer o quê?

Dilma não é de fazer mea culpa, nem caprichou na maquiagem só para falar de flores, mostrar os efeitos da dieta Ravenna e saudar o Dia Internacional da Mulher. Muito menos para falar da meia centena de políticos da lista, que pega de jeito sua base de apoio.

Sobra a Dilma uma única opção: assumir, finalmente, a responsabilidade pelo ajuste fiscal, fundamental para corrigir os erros do primeiro mandato e sinônimo de medidas amargas para empresas, contribuintes e consumidores.

Até aqui, Dilma se recolheu a uma zona de conforto, trancada em palácios com petistas que pensam exatamente como ela, sem contraditório, enquanto o ministro Joaquim Levy bota a cara para assumir os anúncios impopulares. E quem tem de aprovar é o Congresso.

Não está funcionando. Levy é uma ilha cercada de súditos do império petista no BC, BB, CEF, BNDES e Petrobrás, sem falar no Planejamento. Nem o mercado nem os parlamentares são bobos. Todo mundo nota. Também não funciona porque Dilma tem a maior base aliada do planeta, mas o Congresso está ferido e em polvorosa com os 49 políticos sob investigação do Supremo Tribunal Federal pela roubalheira na Petrobrás.

E há aquele problemão. O PMDB não aceita o desgaste com as empresas - que financiam suas campanhas - para aprovar o fim das desonerações e o aumento de 150% na folha de pagamento. E o PT não topa bater de frente com sua base sindical - a começar da CUT -, aprovando endurecimento de seguro-desemprego e pensões.

Resumindo a história: cadê o ajuste fiscal? O gato comeu. No mínimo, está mastigando, devagar, calmamente, enquanto o circo pega fogo.

É aí que entra a crescente ansiedade de líderes do PT por algum tipo de, senão negociação, pelo menos conversa com o PSDB. E veem nas declarações particularmente cautelosas do senador José Serra uma boa porta de entrada.

Possível é, porque os grandes homens públicos (eles existem!) têm obrigação de pensar mais, melhor e mais longe. A crise na economia, na política e na ética saiu do âmbito do governo e é do País, e ninguém melhor do que o sociólogo FHC para entender isso.

Não é fácil, porém, dar uma mão para o PT, que virou as costas para os três grandes pactos nacionais pós-ditadura - eleição de Tancredo, Constituinte e governo Itamar Franco. E, agora, quando ele é o alvo, vem falar de pacto.

Mais: por trás de um político, há uma pessoa. Ponha-se no lugar de FHC, que, mal ou bem, com erros e acertos, estabilizou a economia, arrumou a casa e garantiu uma sucessão segura para Lula, mas depois teve de engolir o slogan "herança maldita" - que, injustamente, colou. E, ainda hoje, tem de engolir o "Foi o FHC" - que, justamente, não colou.

É nesse contexto que Dilma vai hoje à TV e ao rádio, mas não custa lembrar que seu histórico de pronunciamentos no primeiro mandato deixa muito a desejar. Num, ela botou o dedo na cara dos bancos, vangloriando-se de ter baixado os juros na marra. Bem... eles dispararam de novo e acabam de bater em 12,75%.

Noutro, subiu no palanque e só faltou pedir votos explicitamente ao anunciar a bengalada na conta de luz. Bem... a conta das empresas e dos domicílios também disparou e, entre outras coisas, faz um baita estrago na inflação. (Sem contar que a bengalada desestruturou o setor pelos próximos muitos anos).

Então, temos Dilma sem ter o que dizer, com o Executivo em ritmo de barata tonta, o Congresso em pé de guerra e o Judiciário arregaçando as mangas para o petrolão. E o País, perplexo, à deriva, à espera de um pacto dos sonhos, mas de viabilidade prática extremamente difícil.


Depois da lista, chega a hora das provas - ELIO GASPARI

FOLHA DE SP - 08/03

Qualquer lista sem Renan Calheiros e Eduardo Cunha será uma coroa sem brilhantes. Por mais que esse tipo de revelação estimule sentimentos e satisfações, listas sem provas valem nada. O processo dos marqueses do foro especial será confuso e demorado. Já o do juiz Sérgio Moro, em Curitiba, será rápido e até simples. Nele há 15 cidadãos colaborando com a Viúva na exposição das propinas passadas por empreiteiras a burocratas e políticos. Essa ponta da questão parece elucidada. Foram rastreadas transferências de dinheiro para o círculo de relações do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Ele diz que foi um empréstimo amigo. A ver. No caso dos marqueses do foro especial, ainda não se conhecem as trilhas do ervanário. Sem elas, pode-se caçar bruxas, mas não se pode levá-las ao fogo.

Percebe-se a essência da tarefa do ministro Teori Zavascki recuando-se para 2007. O senador Renan Calheiros tivera uma filha fora do casamento, e a namorada tinha contas pagas pela empreiteira Mendes Júnior. Sustentando que dispunha de meios para ajudar a senhora, Renan apresentou notas fiscais referentes a venda de bois de sua fazenda em Alagoas. Em 2007, como hoje, ele se dizia vítima de uma perseguição política. (O vice-presidente da Mendes Júnior está na carceragem de Curitiba, por outras empreitadas.)

Ainda não se sabe o que o procurador-geral, Rodrigo Janot, botou dentro daquilo que o ministro Marco Aurélio Mello chamou de “o embrulho”. Há provas de que o dinheiro saiu das empreiteiras e chegou aos políticos, mas falta a última milha da maratona, com a demonstração de que a mala chegou ao patrimônio dos marqueses. No lance da namorada, Renan contou que vendeu bois. Caberá a Teori Zavascki acreditar, ou não.


Há trinta anos, em três livros

No próximo domingo completam-se 30 anos do dia em que a democracia voltou ao Brasil e do início da agonia de Tancredo Neves, que morreria na noite de 21 de abril. Poucas vezes a vida política nacional teve tanta alegria, ansiedade e tristeza.

Quem quiser revisitar a construção da catedral arquitetada por Tancredo Neves, o melhor que tem a fazer é ir a um sebo em busca do livro O Complô que Elegeu Tancredo, dos jornalistas Gilberto Dimenstein, Roberto Fernandes, Roberto Lopes, José Negreiros e Ricardo Noblat. Poucas vezes os bastidores de uma trama política foram contados com tamanha precisão. Como bonificação, o livro mostra um governo em decomposição, com o presidente João Figueiredo sem rumo.

Quem quiser especular como seria a presidência de Tancredo dispõe de Diário de Bordo, do embaixador Rubens Ricupero. Ele estava na equipe do presidente eleito em sua viagem à Europa e aos Estados Unidos. No capítulo O Choque da Viagem, há oito páginas que podem ser lidas de joelhos. Ricupero conta a conversa de Tancredo com o secretário de Estado George Shultz, num dos momentos críticos da negociação da dívida externa brasileira. Shultz foi a Tancredo para dar-lhe um tranco. Tomou outro, monumental. A suavidade de Tancredo era da alma. Ele jamais latiu. Quando mordia, a vítima só sentia a dentada horas depois.

Passada a comemoração do retorno à democracia, começará a lembrança da agonia do grande homem. Tancredo foi para o Hospital de Base de Brasília na véspera da posse e morreu no das Clínicas, em São Paulo, 38 dias e sete cirurgias depois. Desde a primeira hora os médicos mentiram como mercadores de camelos. Essa história está completamente documentada no livro O Paciente – O Caso Tancredo Neves, do jornalista Luís Mir. Ele inclui 137 páginas com os registros hospitalares do presidente que só entrou no Planalto depois de morto.

Sinal de alerta

A cena em que o procurador-geral, Rodrigo Janot, deixou-se fotografar empunhando um cartaz que dizia “Janot você é a esperança do Brasil” leva desesperança aos brasileiros que confiam na sobriedade do Ministério Público.
Procurador-geral com adereço de mão é uma real novidade.

Três momentos

Primeiro tempo: Em 2005, quando a Polícia Federal varejou a sede da Daslu, templo do consumo do andar de cima, um dos grão-duques da Camargo Corrêa fazia pequenos comícios contra o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Dizia que ele traía “sua gente”.
Segundo tempo: Quatro anos depois, quando a Polícia Federal começou a Operação Castelo de Areia e varejou os escritórios da Camargo Corrêa, o grão-duque contratou Márcio Thomaz Bastos para defendê-la.
Terceiro tempo: O presidente da Camargo Corrêa está na carceragem de Curitiba e seu sonho de consumo é uma tornozeleira da grife que o “amigo Paulinho” usa em casa.

Maus modos

O senador Renan Calheiros recusou-se a atender dois telefonemas da doutora Dilma.
Faz tempo, o poderoso presidente da Câmara dos Estados Unidos, Newt Gingrich, recusou-se a atender uma chamada do presidente Bill Clinton. Por essa e por outras acabou definhando politicamente, deixou o Congresso e tornou-se uma celebridade periférica.

Taxa petista

Quando o PT estava na oposição, Lula dizia que o Congresso tinha 300 picaretas.
Depois de 12 anos de governos petistas, o ministro Cid Gomes diz que os achacadores são 400. Donde, a taxa de picaretagem aumentou em mais de 30%.

Falta de rumo

De um parlamentar oposicionista pra lá de light:
“O problema não é o que tratar com o governo, mas com quem tratar, seja lá o que for.”

Varejo

Se a doutora Dilma fizer a sua parte do serviço, as coisas melhoram.
No ano passado ela deixou 28 embaixadores estrangeiros esperando uma brecha em sua agenda para que lhe entregassem as credenciais.
Pura descortesia, pois resolveria o problema em duas manhãs.
Agora ela levou a pancada da PEC da Bengala, que lhe confisca cinco nomeações de ministros do Supremo Tribunal Federal.
Essa emenda constitucional eleva a idade limite dos ministros para 75 anos. É casuística, mas a tese tem argumentos favoráveis e contrários.
Passaram-se sete meses da aposentadoria de Joaquim Barbosa e a doutora não escolheu seu substituto. Se ela não tem tempo para escolher ministros do STF, a PEC tem a virtude de tirar esse fardo de suas costas.

O Fed e o Copom

No mesmo dia em que o Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou os juros para 12,75% ao ano, o Federal Reserve americano liberou as gravações de suas reuniões de 2009.
Enquanto o Copom brasileiro trabalha com o sigilo dos conclaves papalinos, o americano preserva os debates por cinco anos. Evita que sua divulgação seja operada pelo mercado, mas preserva a memória histórica.
O Banco Central jamais quis discutir a divulgação das reuniões do Copom. Não se trata de preservar sigilo. O que os sábios do BC querem é se livrar da responsabilidade pelo que dizem.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

“Vou defender o que?”
Senadora Marta Suplicy (PT-SP), que diz não ter coragem de defender o governo.


Esquema no setor elétrico é igual ao Petrolão

A corrupção na Petrobras, desmantelada pela Operação Lava Jato, prosperou a partir de estrutura semelhante às estatais do setor elétrico. O esquema montado pelo PT na Petrobras concentrou poder decisório em duas diretorias (Abastecimento e Serviços) definindo compras, licitações, contratos, parcerias, tudo que possibilitasse, digamos, negócios. No setor elétrico, o modelo adotado é exatamente o mesmo.

Ele sabe o que diz

Quando afirmou, em depoimento, que o escândalo no setor elétrico “é ainda pior”, o ex-diretor ladrão Paulo Roberto Costa sabia o que dizia.

Só petistas mandam

Implantado por Lula, o modelo decisório no setor elétrico se mantém até hoje: quem manda são os diretores de Engenharia, ligados ao PT.

Rainhas da Inglaterra

Diretores de Engenharia nem precisam dar satisfações aos presidentes das estatais, que, no máximo, apenas referendam suas decisões.

Os maiorais

São os diretores de Engenharia e não seus presidentes os maiorais nas estatais Eletrobas, Eletronorte, Chesf, Furnas e Eletrosul.

Petrolão é motivo de novos protestos online

As redes sociais estão movimentadas com o protesto nacional, marcado para o dia 15, que pede o impeachment de Dilma Rousseff. Ao menos 190 páginas no Facebook convidam para a manifestação. A expectativa dos organizadores é que o ato seja tão expressivo quanto o de junho de 2013. A pauta desta vez é a bandalheira na Petrobras e a alta no preço do combustível, além de críticas à política econômica.

Sem baderna

No protesto contra Dilma não será permitida a presença de meliantes do black bloc: “serão detidos e entregues à polícia”.

Manipulação

A petição pelo impeachment tem quase 2 milhões de assinaturas no site Avaaz, que, controlado por petistas, é suspeito de manipulação.

Pela Culatra

O Planalto avalia que o ‘ato pela Petrobras’, marcado pela CUT e apoiado pelo PT, aumente ainda mais o movimento pró-impeachment.

Sem remédio

Madame não esconde sua preocupação com a situação geral do seu governo, mas anda muito satisfeita com os efeitos da dieta que a fez perder peso. Dilma até já dispensou os remédios para pressão.

Infiltração petista

Os organizadores protesto contra corrupção no governo Dilma, dia 15, informara as policias militares dos estados sobre a suspeita de infiltração de militantes do PT para promover baderna e quebra-quebra.

Cadê todo mundo?

Foi quase impossível encontrar uma excelência em Brasília neste fim de semana. Um senador confidenciou que o ‘fator Janot’ causou a fuga em massa. Ninguém queria estar na capital com a lista pública do PGR.

Derretendo

Que o dólar subiu frente à maioria das moedas importantes, não dá para negar, mas o real também está fraco comparado a moedas como o dólar australiano e o canadense, o yuan (China) e do iene (Japão).

E o trabalho?

Carlos Minc, ex-ministro do Meio Ambiente, usou sua conta no Twitter para chamar os seus seguidores para ‘defesa dos cultivadores de maconha para autoconsumo’, em plena segunda-feira.

Melhor extinguir

Passageiros que chegam a Curitiba chegam a esperar até 15 minutos por uma escada para desembarcar, e até uma hora pela bagagem. É a Infraero reiterando razões para ser extinta. Simples assim.

Ministro do PMDB

Apesar da relação difícil com Dilma, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, será “eleitor” na escolha do futuro ministro do Supremo Tribunal Federal. A definição saiu das mãos de Dilma e está com o PMDB.

Na contramão

Mesmo com todo o Congresso contra, o presidente americano, Barack Obama, conseguiu mostrar como arrumar a economia e o país gerou 265 mil empregos só em fevereiro. Por aqui, mesmo com o Congresso na mão, o governo vai rumo à recessão enquanto o mundo se recupera

Piada da hora

Dilma está tranquila. Diz que apenas meia dúzia de brasileiros foram prejudicados com pela crise: eu, tu, ele, nós, vós e eles. Mais ninguém.


PODER SEM PUDOR

Guia para hipocondríacos

O então senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) jantava no restaurante Alcaparra, no Rio, quando um cidadão, Dr. Tanus Tauk, foi à sua mesa, cumprimentou-o e lhe presenteou com um exemplar de um livreto de sua autoria, "Passaporte da Saúde". É um guia útil para quem viaja ao exterior. Contém, em seis idiomas, nomes dos principais remédios de que um viajante pode necessitar e pode comprar sem receita. E explica como pedi-los nos seis idiomas. Arthur Virgílio pediu mais dois exemplares, autografados, para oferecer, um ao ex-presidente José Sarney, outro para o governador de São Paulo, José Serra.