sexta-feira, julho 25, 2014

2015: com ou sem tarifaço? - LEANDRA PERES

VALOR ECONÔMICO - 25/07

Socorro a elétricas terá impacto de 0,2 ponto no IPCA

A recomposição nos preços da gasolina e da energia elétrica, represados para evitar um estouro da meta de inflação em ano eleitoral, será determinante para o comportamento dos preços em 2015. Não há no governo quem ouse traçar cenários para os reajustes da gasolina. Mas já foram feitas contas do que pode custar a energia elétrica.

A equipe econômica calculou em 0,2 ponto o impacto do empréstimo de R$ 17,7 bilhões que está sendo finalizado para socorrer as distribuidoras de energia elétrica. O efeito se dará ao longo de 2015 e se repetirá no IPCA de 2016, ano em que o financiamento ainda estará sendo pago pelos consumidores. Na tarifa de energia, são cerca de oito pontos percentuais, mantidos por dois anos.

O mercado financeiro estima esse custo em 0,5 ponto no IPCA, mas estaria superestimando. O empréstimo feito às elétricas pelo consórcio de bancos se transformará num encargo nas contas de luz em fevereiro de 2015, mas o primeiro pagamento do empréstimo só ocorrerá em novembro.

O dinheiro arrecadado nesses nove meses, cerca de 7% do valor da operação, ou R$ 1,2 bilhão, funcionará como uma garantia extraordinária ao empréstimo. A partir de fevereiro de 2017, esse dinheiro pode ser abatido do saldo devedor ou devolvido ao consumidor na forma de redução nas tarifas. Por isso, um impacto menor sobre o IPCA do que o calculado pelo mercado financeiro.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) também tem trabalhado no alívio financeiro das distribuidoras. Os reajustes concedidos nas tarifas em 2014 atualizaram o preço da energia comprada nos leilões realizados em 2013 e início deste ano. Assim, tarifas que embutiam uma energia comprada, por exemplo, a R$ 100 por MWh, já estão sendo projetadas com a energia a R$ 260 por MWh, preço do último leilão.

Nos reajustes já concedidos, a Aneel fixou o custo das térmicas e da parcela da energia que as distribuidoras não conseguiram cobrir com contratos de longo prazo (exposição involuntária) num valor igual à média da energia adquirida por meio de contratos de longo prazo, algo que varia entre R$ 140 por MWh e R$ 150 por MWh. Dessa forma, o custo extraordinário causado pela explosão no valor da energia no mercado de curto prazo, que hoje oscila acima de R$ 650, ficou fora da tarifa, mas será coberto pelos R$ 17,7 bilhões intermediados pelo governo, diluindo o impacto nas tarifas, na inflação e no caixa das distribuidoras.

No cenário desenhado pelo governo para a inflação da energia em 2015, os oito pontos adicionais de reajuste nas tarifas, necessários para pagar esse empréstimo, serão pelo menos parcialmente compensados com a oferta de energia mais barata para as distribuidoras.

Em janeiro e julho, vence o prazo de concessão de usinas da Cesp, Cemig e Copel, que juntas somam cerca de 5 mil MW, equivalente a cerca de 8% da demanda atual. Essa energia custará às distribuidoras cerca de R$ 40 por MWh, muito abaixo dos atuais R$ 140 por MWh dos contratos em vigor. Essa diferença equivale a uma pressão de baixa nas tarifas.

Para isso, o governo conta com uma decisão favorável do Superior Tribunal de Justiça (STJ) na disputa travada com a Cemig pela usina de Jaguara. A concessão da empresa mineira venceu em 2013, mas uma decisão judicial permite que ela não seja devolvida ao governo federal e a Cemig mantém o direito de comercializar a energia no mercado de curto prazo. Uma vitória nessa disputa, na visão do governo, significaria um desestímulo a novas ações judiciais, além de um precedente favorável, caso haja alguma nova discussão.

Um outro fator que poderia elevar os reajustes de 2015 é o repasse feito pelo Tesouro Nacional às distribuidoras em 2013 no valor de R$ 10,8 bilhões. O decreto que autorizou a operação fala num prazo de três anos para pagamento, mas as autoridades não contam com o início dessa cobrança no horizonte próximo. Ou seja, daí haverá pressão de preços.

Por último está o imponderável. As chuvas que começam em novembro vão determinar quais usinas térmicas serão acionadas, e por quanto tempo, ao longo de 2015. O resultado dessa combinação determinará a necessidade de novas operações de socorro às distribuidoras.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) vê o uso de termelétricas como o novo padrão do sistema. As usinas só deverão ser desligadas nos anos em que chover acima da média histórica. Em anos de hidrologia próxima à média, a tendência é que as térmicas continuem como fonte importante de geração.

As autoridades federais acreditam numa hidrologia melhor em 2015, algo na linha de que não é possível um terceiro ano de tanto azar, mas concordam que nem assim será possível o desligamento completo das termelétricas. Seria considerado muito bom um uso menos intensivo e o desligamento daquelas movidas a diesel, as mais caras do sistema.

Se isso se confirmar, o gasto com térmicas e com a compra de energia no mercado de curto prazo cairá bastante em 2015. Na conversa com os bancos que vão fazer novo empréstimo às distribuidoras, a Fazenda deixou claro que não há programação de novas operações. Ou seja, não espera pressão sobre o caixa das distribuidoras ou do Tesouro Nacional no ano que vem.

Esses argumentos sustentam o quadro oficial de que não haverá um tarifaço em 2015, pelo menos no que diz respeito à energia elétrica.

Num dos cenários pessimistas traçados pelo ONS, os reservatórios das regiões Sul e Sudeste, onde estão os principais reservatórios, chegariam a novembro com 18,5% de armazenamento, o que exigiria chuvas equivalentes a 77% da média histórica até abril para garantir o suprimento de energia em 2015. No último período úmido, as chuvas foram 57% da média histórica.

Especialistas em energia costumam dizer que não basta chover, mas é preciso chover no lugar certo. Em 2015, essa máxima parece ganhar ainda mais relevância. São Pedro terá que derramar água na cabeceira dos rios do Sudeste e Centro-Oeste. Até porque o espaço para o novo presidente fugir de um tarifaço está ficando cada vez mais apertado.

Governo fecha a lojinha - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 25/07


Taxas de juros estáveis, reconhecimento de erros e fim de 'estímulos' encerram ações na política econômica


NO QUE DIZ respeito à economia, o governo Dilma Rousseff deixa transparecer que estão praticamente encerradas as suas atividades além da rotina burocrática.

Ontem, o Banco Central afirmou que não vai mais mexer na política monetária (pode até mexer, mas afirmou que não vai). A atual taxa básica de juros, com o auxílio do Pibículo e do câmbio ("dólar") mais ou menos tabelado, baixaria a inflação para perto da meta lá por meados de 2016, afirma o Banco Central.

Faz uma quinzena, o governo editou o que disse ser o último pacote de remendos destinado a evitar uma baixa crítica da rentabilidade das empresas, o que deve ajudar a evitar um surto de desemprego. Eram medidas derradeiras e cansadas de "estímulo econômico" compiladas numa medida provisória.

No mais, a atividade do governo deve se resumir aos estertores de um remendo já previsto. Ou seja, arrumar trocados a fim de evitar que as contas públicas fiquem num vermelho muito escuro.

Como se soube nesta semana, a arrecadação do governo federal praticamente não cresceu na primeira metade deste 2014 (alta de 0,28%, se descontada a inflação). A despesa cresce, mesmo que não se invente gasto novo.

Até o final do ano, a gente vai ver de novo o show de mágicas e milagres com os quais o governo vai pretender dar aparência menos lastimável ao seu balanço, o que será tão convincente quanto a realidade de, bem, um show de mágica.

O encerramento sem cerimônia da política econômica contou também com um mea culpa anônimo, um tanto espantoso e ainda não renegado, o reconhecimento de que a agitação ativista do governo foi infrutífera, pelo menos no que diz respeito aos tabelamentos ou tentativas de limitação de preços e lucros (gasolina, eletricidade, passagens de transporte público, juros, rentabilidade de privatizações).

Assim vai seguir a economia, no meio do caminho, sem crescer nem resolver os problemas que estorvam ao menos a retomada de um crescimento "normal" (3%?), triste e fatigada como no poema de Olavo Bilac, parada de súbito na estrada da vida.

Diga-se, mais uma vez, que não deve haver crise operística, frequentes até 2002, pois a economia tem gordura para queimar, reservas e melhoras acumuladas entre 1994 e 2008, por aí. Isto é, não deve haver colapso de natureza econômica, de origem doméstica, embora se possa dizer que o crescimento da renda per capita abaixo de 1% ao ano (média entre 2011 e 2014) seja algo desastroso para um país ainda algo pobre.

O mundo lá fora pode nos contaminar, não apenas devido a tumultos econômicos, vide as ondas recentes de mortícinios. A política econômica americana vai mudar, ou pelo menos os donos do dinheiro grosso podem antecipar tal mudança, talvez a partir do trimestre final deste ano, segundo o novo zum-zum-zum da praça financeira mundial. Pode não dar em nada de grave, pode haver novo surto de loucura especulativa, como se viu no ano passado e no início deste.

No mais, haverá reflexos e paniquitos da eleição muito incerta e especulação sobre o que será do novo governo, que não será fácil para ninguém.

Juros não caem - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 25/07


Uma dúvida dos últimos dias já estava derrubando a curva de juros. Era a de que, diante da fraqueza da economia e da eleição, o Banco Central iria reduzir a Selic. Alguns analistas achavam que sim. Na Ata divulgada ontem, o Copom tirou do radar essa possibilidade, por enquanto. Com palavras e números, avisou que continuará trabalhando para que a inflação caminhe para a meta.

nflação e meta não se encontrarão neste governo,mas talvez haja esperança dessa convergência ocorrer em algum ponto do “horizonte relevante para a política monetária”. Nesse inespecífico futuro, o Brasil terá uma inflação de 4,5%. Na atual administração, isso não aconteceu. O importante, no entanto, é que o BC, mesmo sem a ajuda da política fiscal, não jogou a toalha.

Melhor assim, porque apesar da fraqueza do PIB, a inflação está acima do teto da meta e o déficit em conta-corrente se aproxima de 4% do PIB. Reduzir juros não estimularia a atividade, mas reduziria ainda mais a confiança na ação do Banco Central neste fim de mandato.

Logo no primeiro parágrafo, a Ata do Copom mostra um quadro difícil. Olhando para os números da inflação, o BC registra que a taxa em junho deste ano é de 6,52%, acima do teto da meta, e que em junho do ano passado ela também estava acima, em 6,72%. Ou seja, 12 meses e muitas elevações de juros depois, pouca coisa mudou e os preços continuam acima da margem de tolerância. Isso acontece mesmo com a estagnação econômica e a contenção dos preços da gasolina, energia elétrica e câmbio.

Como registrou o documento, a inflação permanece resistente. O economista Luiz Roberto Cunha é um dos que tem cenário de que o ano termina com o IPCA abaixo de 6,5%. Mesmo assim, Cunha lembra que há muita incerteza em relação às tarifas e a inflação de serviços permanece muito alta. “Reduzir juros agora seria perigoso”, disse.

O principal recado da Ata é afastar a possibilidade de um corte de juros este ano, interpretação que vinha crescendo no mercado a cada novo indicador de baixa da atividade e queda da confiança dos agentes econômicos. O problema é que, com esse nível de inflação, reduzir a Selic teria mais efeitos colaterais do que benefícios.

O impulso na economia não aconteceria com uma pequena redução dos juros, e o Banco Central perderia ainda mais o controle sobre as expectativas. A entrada de dólares no país seria menor, e isso colocaria pressão sobre a nossa moeda. Não haveria ganhos e se jogaria mais lenha na fogueira da inflação.

Em uma das tentativas de acabar com a impressão, o BC, no parágrafo 31 da Ata, registrou: “...o Comitê antecipa cenário que contempla inflação resistente nos próximos trimestres, mas, que, mantidas as condições monetárias — isto é, levando em conta estratégia que não contempla redução do instrumento de política monetária — tende a entrar em trajetória de convergência para a meta nos trimestres finais do horizonte de projeção.”

Embora fale em convergência para a meta, o Banco Central refez os seus cálculos para o IPCA e agora espera uma taxa mais alta tanto para 2014 quanto para 2015. É isso que ele diz no parágrafo 19, mas sem revelar os seus números.

A projeção de alta da energia elétrica subiu de 11% para 14%, o cálculo da correção dos preços administrados foi de 5% para 6% no ano que vem. O quanto será, de fato, depende muito da crise do setor elétrico, que está acumulando uma conta bilionária a ser repassada para as tarifas nos próximos anos.

O Banco Central está em um dilema. A inflação está caindo em relação ao mês anterior, mas vai passar alguns meses acima do teto da meta. O nível de atividade está diminuindo e as projeções são de crescimento pífio neste fim de mandato. Ao mesmo tempo, ele não recebe ajuda da política fiscal para combater a alta dos preços e tem pouco espaço para subir os juros em um cenário de desaceleração da economia.

É bom não esquecer que o quadro da economia internacional está estável. O mundo está ajudando. Mas quando os juros americanos começarem a subir ficará mais difícil segurar o preço da gasolina ou evitar a desvalorização cambial. Haverá, portanto, mais pressão inflacionária.

Sem recuo - CELSO MING

O ESTADO DE S.PAULO - 25/07


O Banco Central (BC) rechaçou ontem as pressões de dentro do governo e de setores do mercado financeiro para que derrube os juros básicos (Selic) já a partir da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro.

No parágrafo 31 da Ata do Copom, ontem divulgada, o BC renunciou ao dialeto monetarês que tanto gosta de praticar. Foi suficientemente claro em português para indicar que, pelo menos até o final do ano, a Selic não cai abaixo dos 11% ao ano. Segue aberta a porta para que possa, eventualmente, até subir.

Algumas insistentes apostas na baixa dos juros apareceram nas últimas semanas por duas razões. Primeira, porque nos comunicados divulgados após as duas últimas reuniões do Copom ficou dito que os juros permaneceriam estáveis "neste momento", dando a impressão de que poderiam ser alterados sem prévio aviso. Segunda, porque se confirmou a expectativa de um avanço baixo demais do PIB, situação que foi inadequadamente associada à forte redução da inflação futura.

Como a inflação está resistente e, quando medida no período de 12 meses, deve avançar acima do teto da meta, a expressão "neste momento" poderia ser interpretada em sentido contrário, como o de que, a qualquer momento, o Banco Central poderia ser levado a puxar para cima os juros. Mas não foi a leitura que prevaleceu.

As principais razões pelas quais o BC não pretende reduzir os juros nos próximos cinco ou seis meses também ficam transparentes. Aqui vão três.

(1) Realinhamento dos preços - O parágrafo 27 chama a atenção para dois processos de ajuste (para cima) dos preços: "Realinhamento dos preços domésticos aos internacionais", e aqui continua atuando a alta do dólar no câmbio interno determinado entre abril de 2013 e janeiro de 2014, com algumas variações neste período. E "realinhamento dos preços administrados em relação aos livres", uma vez que é inevitável a correção das tarifas de energia elétrica, combustíveis e transportes urbanos, a ser intensificada após as eleições.

(2) Fator trabalho - O BC adverte que continua "a estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho" (situação de pleno-emprego) e que, nessas condições, os "aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade" criam inflação de custos.

(3) Demanda aquecida - Apesar de relativa moderação do consumo, a demanda continua mais forte do que a capacidade de oferta da economia, especialmente na área dos serviços. Isso significa que a febre se mantém relativamente alta e exige a aplicação constante de antitérmico.

A mensagem subjacente também é clara. O regime em vigor é de metas de inflação e não de metas de crescimento econômico. O fole dos juros tem de continuar a ser aplicado enquanto a inflação, que estourou o teto da meta, não voltar ao controle.

No momento, a ação do BC presidido por Alexandre Tombini tem o objetivo de recuperar credibilidade, e não ceder a pressões de dentro do governo para derrubar os juros de modo a facilitar o jogo neste período pré-eleitoral.

Bolha eleitoral - JOSÉ PAULO KUPFER

O GLOBO - 25/07


Se está cada vez mais difícil produzir, vender e obter lucro, na economia brasileira, de onde viria essa animação toda dos pregões?

O mercado de ações brasileiro ficou perigoso para amadores. Movimentos especulativos, a partir do resultado de pesquisas eleitorais, tornaram-se corriqueiros e ampliaram a volatilidade dos pregões. Há evidências de que pelo menos uma parte da “puxada” nas cotações não se sustenta em bases técnicas.

De março para cá, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, descolou-se de seus congêneres de mercados emergentes. Nestes, no período, a alta, em dólar, foi de 15%, metade da elevação observada no Brasil. Outro indicador da evolução dos pregões, o índice MSCI (do banco de investimento global Morgan Stanley), aponta na mesma direção. Partindo de uma base idêntica em janeiro deste ano, o índice de emergentes subiu, até julho, pouco mais de 5%, ao passo que o MSCI Brasil avançou quase 15%.

Com a economia real despachando uma sucessão de números ruins, corroborando projeções de crescimento abaixo de 1% em 2014, inflação no teto da meta e corda esticada no setor externo, convenhamos que não é muito simples explicar desempenho tão positivo. Se está cada vez mais difícil produzir, vender e obter lucro, na economia brasileira, de onde viria essa animação toda dos pregões?

O UBS, outro banco de investimento global, encontrou a resposta na reação do mercado aos vaivéns das pesquisas eleitorais. Comparando as altas recentes com as tendências históricas e a evolução de mercados similares, o banco chegou à conclusão de que os ganhos do Ibovespa estão quase metade acima daquele que poderia ser considerado seu desempenho “normal”. Segundo o UBS, as razões para isso podem ser localizadas na influência política derivada da marcha das pesquisas eleitorais e do que delas é possível projetar sobre as chances de vitória da oposição — que analistas financeiros avaliam variar, no momento, entre 40% e 70%.

Estabeleceu-se, a partir da rejeição pelo mercado da política econômica de Dilma e do modo como a presidente, em busca da reeleição, conduz a economia, uma relação inversa entre seus índices eleitorais e os dos ativos. Quando Dilma sobe, as ações caem e o real desvaloriza. Quando cai, dá-se o inverso.

O fenômeno também explicaria parte das altas dos papéis da Petrobras, estatal presumivelmente mais exposta aos ruídos políticos, que chegaram a superar 50%, em dólar, desde março, mesmo com todos os atuais problemas enfrentados pela empresa. Nos cálculos do UBS, a parcela dessa alta devida à expectativa de uma oposição eleitoralmente mais competitiva responderia, dependendo do índice com o qual a comparação é feita, por algo entre 20% a 40% do excedente sobre o desempenho “normal" da ação.

Não é novidade que expectativas políticas influenciam mercados financeiros. Os ativos sempre balançam sob o impacto de tensões e conflitos, principalmente em regiões com abundância de recursos naturais estratégicos. Também no Brasil pós-redemocratização, eleições têm impactado os pregões. A lembrança recente mais forte remete ao segundo semestre de 2002, quando a presunção de que Lula, se eleito naquele ano, promoveria reformas antiliberais estressou o mercado e fez explodir a cotação do dólar.

Esse tipo de situação, não tão incomum, reflete uma anomalia, propícia à formação de bolhas e ao aumento das instabilidades já naturais dos mercados financeiros. No fim da história, ficou tão impossível prever o resultado das urnas, em outubro, quanto saber, neste momento, o que acontecerá quando a bolha eleitoral estourar.

Conselhos financeiros - JOSÉ PIO MARTINS

GAZETA DO POVO - PR - 25/07


Perguntaram-me por que não costumo dar conselhos sobre investimentos pessoais, mesmo tendo escrito dois livros sobre educação financeira. Respondi que não o faço pelas mesmas razões pelas quais um médico não escreve artigos receitando medicamentos para todas as pessoas que têm dor nas costas. A dor pode ser a mesma, mas os pacientes são diferentes. No mundo dos investimentos é a mesma coisa. Ademais, o ser humano tem a mania de se achar genial quando tem sucesso e de culpar os outros quando coisas ruins lhe ocorrem.

As finanças pessoais são... pessoais, e não dizem respeito apenas a investimentos. Elas dizem respeito a um plano para a vida, que tem a ver com a forma de ser da pessoa, sua filosofia de existência, seus objetivos e a forma como ganha, como gasta e como conserva dinheiro. Os investimentos financeiros (que são a ciência do dinheiro fazendo dinheiro) são apenas uma parte do plano para o tempo que nos é dado sobre a Terra.

Se quero planejar minhas finanças pessoais, antes devo responder a algumas perguntas. O que quero da vida? Como vejo o futuro? Como eu consumo? Admito sacrificar o consumo presente a fim de poupar para a velhice? Quero constituir família? Quero deixar patrimônio para os filhos? Qual a importância do dinheiro em minha vida? Sem responder a essas questões, posso acabar elaborando um plano de investimentos incompatível com o que sou e com meu projeto de vida.

Há pessoas que buscam atalhos, em geral perigosos, como sair pedindo conselhos e dicas de investimentos. Isso apenas as desvia da principal tarefa, que é conhecer a si e seus objetivos, e tomar decisões compatíveis com esses objetivos. Ninguém escapa de tomar decisões sobre dinheiro. A omissão é um tipo de decisão. Mesmo para quem não explicita sua filosofia de vida e como pensa passar seu tempo na Terra, essas questões estão presentes em suas ações cotidianas.

Observe os atos de um homem durante algum tempo e você poderá explicar quem ele é e como é em termos de suas finanças pessoais, pois os atos do homem refletem sua mente e seu pensamento. Na escolha da profissão, na gestão da carreira, na forma como ganha dinheiro, na maneira como gasta e investe estão presentes sua filosofia e seu pensamento. Mas as decisões financeiras são decisões de vida, e aquilo que me satisfaz e me faz feliz pode não servir para meu vizinho.

Se somos diferentes, o plano financeiro que funciona para mim pode não funcionar para você; por isso, um conselho é: busque o autoconhecimento, descubra o que você quer da vida e encontre um plano financeiro adequado a você. Conselhos financeiros específicos não gosto de dar. Sair dizendo para os outros coisas como “compre tal ação”, “aplique em tal ativo”, “invista em imóveis”, “invista nisto”, “fuja daquilo”, “faça tal plano de previdência”... isso realmente procuro não fazer.

Ninguém precisa ser economista nem tornar-se especialista em finanças. Conhecimentos técnicos e informações de mercado são fáceis de pesquisar e comprar. Porém, seja qual for o caminho escolhido, é importante interessar-se pelo assunto dinheiro e adquirir conhecimentos básicos. A pior atitude é viver atrás de dicas de amigos e parentes, pois, além de ser meio de fugir da necessidade de fazer algum esforço pessoal para melhorar sua educação financeira, pode ser receita de fracasso.

O real custo do emprego - SÉRGIO AMAD COSTA

O ESTADÃO - 25/07

O custo do emprego no Brasil não é elevado apenas por causa dos conhecidos encargos trabalhistas e previdenciários. A desoneração da folha salarial, com a substituição dos 20% pagos como contribuição previdenciária, está longe de pôr fim ao problema. Há uma série de outros custos para a empresa manter empregos que a tornem mais competitiva. As práticas trabalhistas geram dispêndios que vão muito além dos apresentados pelos encargos tradicionais. E essas ações são muito caras para a companhia, porque a legislação trabalhista é inadequada e não há incentivos fiscais para a gestão de pessoas.

No caso dessa legislação, o custo do emprego se torna muito alto por dois motivos. Um, por causa de leis que não são claras e, não raro, geram processos indevidos. Há muitos custos despendidos pelas companhias em processos trabalhistas que os empregadores têm de enfrentar mesmo tendo cumprido a lei, por causa das mudanças frequentes na legislação. Mesmo eles estando certos, precisam fazer sua defesa. E isso gasta tempo e dinheiro.

O outro motivo decorre da própria inadequação da legislação. Sobre o assunto, poderia citar dezenas de exemplos, mas me atenho aqui a sistemas de recompensas financeiras, que uma empresa, para ser competitiva, precisa ter como política de recursos humanos. Plano de carreira, cargos e salários é um exemplo. A CLT, no artigo 461, aponta a questão do tempo e do mérito para a existência da carreira e da diferenciação salarial entre profissionais no mesmo cargo e na mesma função. Ora, mérito, sim, mas ser obrigado a dar aumento salarial só por causa do tempo de trabalho na empresa contraria as mais modernas práticas de gestão de pessoas.

A questão de como a legislação trata os bônus pagos aos profissionais por metas atingidas é outro exemplo. Bonificar seus profissionais em razão do bom desempenho é lugar-comum nas empresas competitivas nos países economicamente avançados. Mas, no Brasil, as companhias ficam inseguras quanto ao momento em que o bônus deve ou não ser incorporado ao salário. Além disso, em ambas as situações, sobre o bônus recaem os encargos trabalhistas e previdenciários. Portanto, novamente se observa o custo aumentado no emprego por causa de uma legislação inadequada.

Mas uma empresa competitiva precisa, além de contratar o profissional, dar condições para que ele desempenhe bem suas funções. E aí se fazem necessários vários benefícios, alguns deles lacunas deixadas pelo Estado e que a empresa tem de cobrir, sem a existência de qualquer tipo de estímulo fiscal para a sua concessão. Cito três. A companhia cria creche e berçário para as profissionais mães que não têm com quem deixar seus filhos enquanto trabalham. Qual incentivo fiscal a empresa recebe para isso? Nenhum. Apenas mais custo no emprego.

A capacitação dos profissionais é outro exemplo. A firma, ao conceder bolsas de estudo a seus funcionários, tão necessárias para uma empresa ser competitiva, além de não obter incentivo fiscal, em vários casos ela é tributada por isso, como reza a Lei n.º 12.513, de 2011. Finalmente, o terceiro exemplo: quando a empresa concede transporte fretado a seus profissionais, para não ficarem exaustos com a ida e vinda ao trabalho no transporte público ineficiente, o único estímulo fiscal ganho é não ser tributada por essa concessão. Isso tudo são mais custos no emprego, hoje inevitáveis numa empresa que é, ou almeja ser, competitiva.

Poderia citar mais uma série de exemplos do que uma empresa competitiva faz em termos de gestão de pessoas, mas só observa dispêndios, em vez de incentivos fiscais. Portanto, enquanto o custo do emprego ficar apenas na discussão dos 20% da folha salarial pagos à previdência, o País estará andando para trás nesse quesito. O custo real do emprego vai muito além disso. O buraco é mais embaixo. Ele envolve ainda a caduca legislação trabalhista e a total ausência de estímulos fiscais. Nessas questões urge também agir. Mas quando vamos começar?

Livrai-nos do mal - NELSON MOTTA

O GLOBO - 25/07


O grau de civilização e democracia de um país também se mede por eleições polarizadas e acirradas, mas com campanhas propositivas


Uma das piores coisas que pode acontecer a um país é sair de uma eleição polarizada e movida a ódio e jogo sujo com um dos candidatos vencendo por diferença mínima — e os perdedores formando uma oposição vingativa, destrutiva e poderosa. O país trava, a democracia não avança e todos perdem. Todo mundo sabe disso, mas aqui eles só pensam naquilo, no poder, e nunca nas consequências do que fazem para conquistá-lo e mantê-lo.

Ó santa ingenuidade, alguém imagina que possa ser diferente ?

O grau de civilização e democracia de um país também se mede por eleições polarizadas e acirradas, mas com campanhas propositivas, que são decididas por poucos votos, mas resultam em avanço político e social, com a síntese de propostas do governo e da oposição. Não é utopia, é a realidade em vários países europeus, onde a vontade do eleitorado é respeitada e poucos votos a mais não dão mais direitos nem hegemonia a ninguém.

Quando eleições são decididas por diferença mínima, às vezes por golpes de sorte ou compra de votos, mais do que uma eventual vitória de um partido, isso significa que a sociedade está dividida e seus representantes eleitos terão o desafio de enfrentar os problemas do país dentro das regras democráticas.

Muito mais difícil se é um país com crescimento baixo e juros e inflação altos, e está em 79º lugar (ou 75%, segundo o governo, tanto faz) no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU (baseado em renda, saúde e educação), que mede o que realmente interessa aos cidadãos na vida real. E pior, nos últimos cinco anos estamos avançando em ritmo cada vez mais lento em relação à média do mundo.

Fazer o quê? Imaginar um governo de coalizão no Brasil? Uma concertação à chilena? Um comportamento político civilizado? Um mínimo de racionalidade? São possibilidades risíveis no país primitivo do “nóis contra eles”. Platão já dizia que a desgraça de quem não gosta de politica é ser governado por quem gosta, mas certamente seu título eleitoral não era do Rio ou de São Paulo.

No Brasil atual, até jogar em casa e com torcida a favor virou desvantagem e justificativa para derrotas e vaias.

O PT, o eleitor, o Congresso e o capital - REINALDO AZEVEDO

FOLHA DE SP - 25/07


Decreto da presidente Dilma chega a criar o embrião de uma Justiça paralela. É fato. Está lá


Haverá eleição presidencial em outubro. É evidente que se trata de algo muito importante, e não serei eu a subestimá-la. Se atentarem, no entanto, para a inflexão dos meus textos neste espaço, ocupo-me menos das disputas entre A, D ou C do que de alguns choques que se estabelecem em camadas mais profundas, dos quais os embates eleitorais são só uma reverberação. Candidatos me interessam muito pouco; candidaturas me interessam muito mais.

As promessas se escrevem na água com o vento, como disse o poeta sobre o amor. Os valores duram no tempo e fazem história, boa ou má. É por isso que não dou bola, reparem, para o que diz ou pensa Dilma Rousseff. Ela é só carona de um modo de entender a sociedade cuja extensão talvez ignore. Dentro ou fora do governo, Gilberto Carvalho, por exemplo, o secretário-geral da Presidência, é personagem bem mais relevante. Ele andou se referindo a mim de modo nada lisonjeiro. Ingratidão! Poucos, como eu, reconhecem a sua real estatura. Desde os tempos em que ambos trabalhávamos em Santo André...

O PT está se organizando para se livrar do eleitor, do Congresso e do capital, e Carvalho lidera a batalha. Na quarta, ele voltou a defender o decreto presidencial 8.243, que disciplina a participação dos "movimentos sociais" na administração federal. Os deputados tendem a derrubá-lo. Afirmou o ministro: "Se a Câmara e o Senado tiverem bela inteligência política, não se colocarão na contracorrente de uma exigência da sociedade. Há uma disposição de enfrentar essa guerra. Não retiraremos o decreto, vamos até o fim. Se houver derrota, quem pagará o preço são aqueles que se colocam contra essa participação".

Quem, pretendendo negociar, fala em "guerra", luta "até o fim" e "preço a pagar"? Isso revela a importância que assumiu esse instrumento na estratégia petista. Observem que Carvalho ameaça os parlamentares com a cólera do povo. Povo??? O chefão do PT fez essa declaração durante a assembleia de eleição de representantes da sociedade civil no Conselho Nacional da Juventude. Você sabia da existência dessa eleição? Quem, exceto a militância, estava atento a esse calendário? Onde estão os fóruns de debates?

A suposta "democracia direta" dos conselhos e movimentos sociais é só uma forma de sobrepor os interesses de minorias organizadas aos da maioria, que se expressa por intermédio da democracia representativa. Pensem no MTST, de Guilherme Boulos: se todas as pessoas sem casa própria decidissem se submeter à sua liderança, não haveria vantagem competitiva em ser seu comandado. É a lógica elementar da exclusão, não a da inclusão, que torna operativos os ditos movimentos sociais.

Carvalho e o PT querem se livrar do povo e do Congresso, submetendo as decisões do governo federal, pouco importa quem esteja no poder, a milícias ideológicas, que são controladas, na maioria, pelo partido. O decreto da presidente Dilma --e boa parte dos colegas da imprensa insiste em ignorar seu conteúdo-- chega a criar o embrião de uma Justiça paralela. É fato. Está lá. Basta ler o troço.

Os petistas também se cansaram de recorrer ao "capital" para financiar eleições. E nós, os jornalistas, somos os inocentes úteis de sua causa sempre que nos comportamos como o Tambor, do Bambi, a gritar "Fogo na floresta!" ao noticiar a doação legal de empreiteiras e bancos a campanhas eleitorais. Até parece que o busílis está nas contribuições declaradas!

O Supremo já formou uma maioria contra a doação de empresas, uma causa do advogado "progressista" Roberto Barroso, que o ministro do STF Roberto Barroso (!?) abraçou. O passo seguinte dessa "luta!" será o financiamento público de campanha, ponto de honra da reforma que o PT quer fazer. Ah, será um sonho! Se tudo sair conforme querem Carvalho e os seus, beleza! O povo, o Congresso, a Justiça e o capital estarão no seu devido lugar: subordinados à aristocracia petista.

Só dois partidos disputam o poder no Brasil, ignoradas as diferenças de superfície, que são irrelevantes: o que se subordina à ordem democrática e o que quer subordiná-la à sua ordem. Escolha.

PS - Analisei o significado político da luta de Guilherme Boulos. Ele preferiu me xingar em sua coluna. Respondo no meu blog (is.gd/DtRaU).

Devagar com o andor - DORA KRAMER

O ESTADO DE S.PAULO - 25/07


Se o Tribunal de Contas da União tivesse incluído o Conselho de Administração da Petrobrás entre os responsáveis pelos prejuízos (US$ 792 milhões) causados à empresa com a compra da refinaria de Pasadena, a oposição teria recebido a decisão como um presente.

Faria um tremendo carnaval caso Dilma Rousseff, presidente do conselho à época (2006) em que foi feito o negócio, integrasse a lista da qual acabaram fazendo parte apenas os 11 diretores executivos da estatal.

Levantaria esse estandarte a fim de pregar na testa da presidente candidata à reeleição a marca da suspeita no campo da malversação. Uma sombra que persegue o PT, mas uma pecha que Dilma Rousseff não tem; estaria criada aí a oportunidade aos adversários para abrir nova frente de ataque, ressuscitando o assunto já meio morto nas duas CPIs do Congresso.

Nesse sentido, o líder do PT no Senado, Humberto Costa, tem razão quando diz que a aprovação do relatório do TCU foi uma "ducha de água fria" para a oposição. Mas digamos que a correção de sua análise se encerra por aí. O tom de regozijo não se justifica.

O fato de os oposicionistas não terem um trunfo eleitoral à disposição não elimina o dado de realidade exposto pelo Tribunal de Contas no julgamento ainda não conclusivo, pois haverá uma nova e mais aprofundada fase de investigações até a decisão final.

E o que disse o TCU? Que o negócio considerado "bom" pela diretoria da Petrobrás provocou um prejuízo de US$ 792 milhões - bem superior aos US$ 530 milhões anteriormente admitidos pela atual presidente da estatal, Graça Foster -, e apontou várias irregularidades no processo.

Determinou em princípio o bloqueio dos bens dos diretores da empresa sob o governo de Luiz Inácio da Silva. Portanto, se do ponto de vista do País já não há nada a comemorar, sob o aspecto partidário menos ainda. Afinal de contas, a presidente Dilma pessoalmente está isenta, mas o mesmo já não se pode dizer do PT.

Compreende-se até certo ponto o alívio com que o Palácio do Planalto recebeu a notícia. Seria um prejuízo para a candidatura se houvesse responsabilização da presidente Dilma. Ocorre, porém, que essa questão não pode ser examinada exclusivamente sob o prisma eleitoral, considerando que o escandaloso é o negócio em si.

E a oposição, que tanto acusa o governo de ver as coisas apenas por essa ótica, cometeu o mesmo pecado ao acusar de maneira leviana o TCU de ter cedido a pressões políticas para isentar o Conselho de Administração e, consequentemente, a presidente da República.

Pelo visto, os oposicionistas esperavam que o relator, ministro José Jorge, assumisse papel de político ligado ao DEM, ministro no governo Fernando Henrique Cardoso e vice na chapa do tucano Geraldo Alckmin na eleição de 2006.

O relatório dele foi acatado por unanimidade. Explicou que nessa fase preferiu se concentrar nos operadores diretos do negócio. Razoável, nenhum absurdo. Não faz sentido é falar em acertos porque não há evidências, só suposições.

Tivesse sido diferente, a oposição estaria soltando foguetes e a situação acusando o TCU de usar o órgão para crucificar a presidente.

Em ambientes em que todos os santos são de barro o mais prudente é carregar o andor mais devagar.

Cacife. Aliados da presidente Dilma no Rio de Janeiro demonstram desagrado com os agrados dela ao candidato do PMDB ao governo do Estado, Luiz Fernando Pezão, com quem teria encontro de prefeitos ontem à noite. Reclamam falta de atenção, mas já estão todos seguros no palanque: Lindbergh Farias (PT), Marcelo Crivella (PRB) e Anthony Garotinho (PR).

Enquanto isso, o PMDB soube valorizar o passe: a seção regional bandeou-se para o tucano Aécio Neves, lançou o movimento "Aezão" e tem 1.500 candidatos a deputado, além de prefeitos e vereadores, trabalhando nas ruas.

AGU e Lula pressionam TCU - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 25/07
Houve uma articulação do governo, que envolveu o advogado-geral da União (AGU), Luís Adams, e até mesmo o ex-presidente Lula, para tentar engavetar o processo do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. A decisão do tribunal acabou isentando o Conselho de Administração, presidido na ocasião da compra pela hoje presidente Dilma Rousseff, de culpa pelo prejuízo causado à Petrobras, mas condenou os 11 diretores da estatal brasileira a ressarcirem os cofres públicos em quase US$ 1 bilhão.
O primeiro relato sobre essa manobra governamental, que se assemelha em tudo às pressões que o ex-presidente Lula fez sobre os ministros do Supremo tribunal Federal (STF) para que o processo do mensalão não fosse a julgamento, foi feito pelo jornalista Reinaldo Azevedo, ontem, em seu blog na Veja . Fui a campo para esmiuçar o caso e descobri que na terça-feira, dia 22, véspera da análise do processo, às 17h, o advogado-geral da União foi ao TCU para uma audiência com o relator, ministro José Jorge (ex-senador do DEM e ex-candidato a vice-presidente da República na chapa tucana em 2006) e pediu para tirá-lo de pauta.

Não é um procedimento incomum, e normalmente os pedidos são atendidos para dar mais tempo aos advogados de se prepararem. Mas, como esse é um caso muito complexo e com delicadezas políticas, o ministro José Jorge tomou a precaução de publicar seu voto na intranet do TCU na véspera. Adams alegava querer fazer uma defesa oral, e não tivera tempo suficiente de analisar o relatório, divulgado no dia anterior.

Mas como o relatório fazia parte do processo, que já era público há muito tempo, o ministro José Jorge não viu razão para adiar o julgamento. Nessa conversa, José Jorge perguntou a Adams: Você vai fazer a defesa de quem? Nós estamos aqui defendendo a Petrobras, condenando as pessoas a devolverem o dinheiro à Petrobras . Ao mesmo tempo, o ministro do TCU José Múcio, que foi ministro de Articulação Política de Lula, foi chamado pelo ex-presidente para uma conversa em São Paulo.

No relato que fez a seus pares, disse que encontrou o ex-presidente muito preocupado, relatou que nunca vira antes Lula de moral tão baixa. O ex-presidente criticou a campanha de reeleição de Dilma, a indefinição do ministro Gilberto Carvalho, que não sabe se fica no Planalto ou se vai para a campanha. E se mostrou especialmente preocupado com a repercussão do processo do TCU sobre a Refinaria de Pasadena na campanha.

A preocupação era tão grande que Adams não fez a defesa oral e articulou com alguns ministros para que um deles, Benjamin Zymler, pedisse vista do processo. Quando José Jorge terminou de ler seu voto, Zymler alegou que a estimativa dos prejuízos precisava ser revista e pediu vista. O relator esclareceu então que seu voto ficaria computado, o que significava que o pedido de vista seria na votação já começada.

Imediatamente, o ministro Weder de Oliveira anunciou que votaria com o relator, alegando que aquela era uma etapa intermediária do processo, que a decisão definitiva só sairá mais adiante, quando fossem ouvidas as partes. Vários ministros, entre eles Ana Arraes, mãe do candidato do PSB Eduardo Campos, deram o voto a favor do relator, que ficou com a maioria.

Foi então que o ministro José Múcio pediu que o assunto fosse logo à votação já que a presidenta não está colocada , e Zymler retirou o pedido de vista, tendo o relatório sido aprovado por unanimidade. Nos contatos mantidos por emissários do governo com ministros do TCU, houve um momento em que foi jogada na mesa a carta da nomeação para o STF, cargo a que Adams aspira e também o ministro Benjamin Zymler.

Por isso, a decisão de excluir os membros do Conselho Administrativo da Petrobras do rol dos culpados foi tão comemorada pelo Palácio do Planalto. Mas é preciso compreender que esse processo vai por etapas. Neste momento, o relator entendeu que seria mais útil concentrar a investigação e a responsabilização na Diretoria Executiva, que foi quem realmente operou o negócio. Se abrisse muito o leque, alega José Jorge, perderia o foco nas investigações.

Nada impede, porém, que, ao abrir a Tomada de Contas Especial (TCE) e ao ouvir os envolvidos no caso, membros do Conselho de Administração, inclusive a própria presidente da República, sejam convocados a depor e eventualmente incluídos no rol dos culpados.

"Anão diplomático" - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP- 25/07


BRASÍLIA - Depois de três anos e meio de uma política externa dorminhoca, o Brasil deu um pulo da cama, tomou-se de brios e partiu para cima de Israel.

Em sintonia fina com o Planalto e num mesmo dia, o Itamaraty votou a favor de uma resolução dura contra Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU, soltou uma nota com zero firula, convocou o embaixador brasileiro em Tel Aviv e chamou o embaixador israelense em Brasília para dar um recado mal humorado.

A nota oficial, condena "energicamente o uso desproporcional da força" e foi recebida como uma declaração de guerra diplomática por Israel, que reagiu também de forma surpreendente e ácida, ora criticando a "irrelevância" da diplomacia brasileira, ora chamando o Brasil de "anão diplomático". Planalto e Itamaraty bufaram.

As relações entre Brasil e Israel têm sido pautadas pelo pragmatismo, por exemplo, na área comercial, mas nunca foram de amor. Portanto, o Brasil se fingiu de desentendido na guerra civil síria, assistiu de camarote o desastre político no Egito e, pior, lavou as mãos quando os vorazes russos passaram a devorar nacos da Ucrânia. Mas o país se sentiu à vontade para condenar Israel. E com motivos inquestionáveis.

Mortes são dolorosas em quaisquer circunstâncias, mas mortes de militares em guerras e em situação de tensão são compreensíveis, como são agora as pouco mais de 30 mortes de soldados israelenses. Mas como não ver, não ouvir e não gritar diante de centenas de mortes de civis palestinos (e de onde quer que seja), ainda mais se grande parte delas são de mulheres e crianças? E como não ver, não ouvir e não gritar que caíram mais de 700 de um lado e menos de 5% disso no outro? Crime de guerra?

A posição brasileira, clara e dura, marca uma inflexão da política externa de Dilma, a meses do fim do governo, e confirma que Israel perdeu a guerra da opinião pública internacional e está cada vez mais isolado.

Dilma na escola - JOÃO MELLÃO NETO

O ESTADO DE S.PAULO - 25/07


Segundo a última pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, o cidadão brasileiro, incitado a avaliar o governo Dilma Rousseff, atribuiu uma nota média de um pouco mais de 5 à atual gestão. Com uma nota assim poderíamos dizer que, numa avaliação escolar, Dilma estaria acima da "média" na grande maioria das escolas brasileiras. Portanto, passaria de ano. Resta-nos saber se tal avaliação seguiu o "padrão" escola pública ou privada...

Avaliações como essa são muito relativas pelo grau de subjetividade que carregam. Confesso que tenho certo receio de utilizar algumas médias como parâmetro para a definição de uma realidade. Se o médico me diz que o meu pulmão está "cem por cento", mas meu coração está quase parando, poderia concluir que gozo de uma saúde até acima da média. Qualquer semelhança com distribuir Bolsa Família aos mais pobres e contribuir para o aumento da inflação não seria mera coincidência. Porém reconheço o valor que muitas "médias" representam.

A opinião pública geral, como bem nos mostraram os episódios recentes, é formada por fatores um tanto frágeis. Tomemos como exemplo o fato de que até alguns dias antes dos protestos de junho do ano passado 55% da população considerava o governo Dilma ótimo ou bom. Tal índice certamente lhe garantiria uma confortável reeleição. Logo em seguida aos protestos, esse mesmo índice caiu bruscamente para pouco mais de 30%. Ao que me recordo, nesse curto período de tempo nada de significativo ocorreu dentro do governo. Nossos hospitais e nossas escolas continuaram os mesmos, coerentes em sua baixa qualidade. O que houve foi uma grande mudança de foco. Os protestos de junho jogaram luz na obscuridade dos nossos serviços públicos.

A grande mudança que todos esperávamos que lhes sucedesse era a de opinião, mesmo que tenha atingido apenas parte da população. Ou vai me dizer que você realmente acreditou que os nossos políticos é que iriam mudar? Sabe de nada...

Até então, as boas lembranças do aumento do poder de compra familiar e dos índices de emprego ecoavam mais nos ouvidos da Nação. Isso fazia o governo petista ser considerado bom ou - pasmem! - ótimo pela grande maioria dos brasileiros. No entanto, nossos alunos continuavam, em boa parte, saindo das escolas "semialfabetizados" e nossos pacientes, "semicurados" dos hospitais - isso quando lhes era concedida a sorte de sair de lá.

Pois bem, como não fui entrevistado na última pesquisa, gostaria de declarar aqui a minha avaliação pessoal do governo Dilma. Não pretendo esgotar nem definir critérios para avaliação de um governo, muito menos criar uma metodologia precisa para isso. Estou aberto a críticas e acréscimos. Quero apenas compartilhar com todos, de forma um pouco mais objetiva, a minha própria subjetividade.

Para não complicar muito - ouvi dizer que nossa presidente não é muito dada a embromações - dividirei a minha avaliação em cinco matérias, áreas gerais em que o governo atua e são amplamente reconhecidas em nossa sociedade: economia, infraestrutura, integridade, saúde e educação. Nessa prova, cada uma delas valerá 2 pontos, que, somados, totalizarão os 10 pontos considerados na pesquisa para o governo em geral.

Em termos de economia, para evitar discussões de método não me aterei a questões ideológicas, vou direto aos resultados. O crescimento médio da economia nos anos Dilma, até o momento, foi de pouco mais de 2%. Isso a coloca entre os últimos presidentes que governaram este país, em desempenho econômico. Haja mediocridade! Projeções apontam um crescimento de menos de 1% para este ano. Concretizando tal índice, Dilma cairia ainda mais de posição, superando apenas seus coleguinhas que sofreram períodos de recessão. Um 0,2 ponto no máximo!

Quanto à infraestrutura, segundo a ONG Contas Abertas, apenas 12% das obras do PAC 2 - e esse filho realmente é dela - foram concluídas até o momento. Seguindo a proporção acima, não daria mais que 0,3 ponto nessa matéria.

Em relação à educação e à saúde, trata-se de políticas de longo prazo. Índices de mortalidade, doenças, tratamento, notas do Ideb, classificação no Pisa, taxas de evasão escolar, analfabetismo, etc., devem ser compartilhados com os seus antecessores, além dos Estados que compartilham a sua gestão. Houve pouquíssimas melhoras em alguns deles. Como ainda não tomei coragem para utilizar os hospitais públicos nem para matricular meus filhos em escolas públicas, vou pela "subjetividade" de quem os frequenta. Conforme a mesma pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, apenas um em cada quatro brasileiros acredita que a educação tenha melhorado no governo Dilma, enquanto 16 em cada 100 pensam o mesmo no tocante à saúde. Respeitando as devidas proporções, ela obteria 0,5 ponto para a educação e por volta de 0,3 ponto para a saúde.

Já quanto à integridade do nosso governo... Enfim, inúmeros foram os escândalos envolvendo sua equipe. Começou com Palocci e passou pelos Ministérios dos Transportes, da Agricultura, do Esporte, do Trabalho, das Cidades, da Saúde... Salvem os nossos peixes! Fora isso, mostrou grande dificuldade em cálculo, confundindo soma com multiplicação na compra de uma refinaria em Pasadena para a Petrobrás. Aí fica difícil. Nota zero!

Somando todas as matérias, e considerando os respectivos arredondamentos, Dilma tirou 1,3!

Assim sendo, na centenária escola da República Federativa do Brasil, Dilma foi reprovada com o devido louvor. Além de não ter aprendido nada, tentou colaborar com o nosso "desaprendizado" alterando cálculos e dados com o fim de nos ludibriar a respeito do seu desempenho em muitas dessas matérias. A aluna Dilma terá, assim, de repetir o ano. Mas, pelo amor de todos nós, que o faça bem longe da nossa escola!

Pisando na Justiça - LUIZ GARCIA

O GLOBO - 25/07


O comportamento da deputada deveria merecer alguma reação do Legislativo. Ajudar foragidos da Justiça não é algo que se aceite de uma pessoa com mandato político



A advogada Eloísa Samy e David Paixão são conhecidos como “ativistas”. Esse curioso apelido — não sei se criado pela mídia ou por eles mesmos — identifica cidadãos que se dedicam a ações políticas não praticadas pelos chamados políticos profissionais.

Não procuram mandatos nem cargos públicos: sua ação se concentra nas ruas, em manifestações de protesto contra o que consideram vícios e defeitos do Estado e dos partidos políticos tradicionais. Têm a virtude de serem idealistas que não desejam cargos nem mandatos. Fazem parte de um fenômeno mundial e, certamente, são úteis e necessários intérpretes de uma generalizada insatisfação popular com o comportamento de pelo menos uma parte do universo político do país.

Ativistas têm, certamente, direito a existir e agir. Com a ressalva de que não lhes é dado o privilégio, negado a todos os cidadãos, de desobedecer as leis do país. Tudo isso é óbvio, mas precisa ser lembrado a propósito de um episódio desta semana. Seus personagens são a advogada Eloísa Samy, o cidadão David Paixão e a deputada Janira Rocha, do PSOL. Os dois primeiros eram, na ocasião, foragidos da Justiça, denunciados por formação de quadrilha armada — o que, vale a pena lembrar, é um crime bastante sério, se for verdade. Os tribunais decidirão, e neles devemos e podemos confiar.

Pelo visto, a deputada Janira Rocha não confia. Esta semana, Eloísa e David tentaram, sem sucesso, conseguir asilo político no consulado do Uruguai, em Botafogo. Com eles, estava Camila Nascimento, que não tem prisão decretada e, pelo visto, desejava um inédito asilo preventivo. Ao saírem, Janira deu carona ao trio em seu carro oficial. Mais tarde, ofereceu uma curiosa explicação: “Eu não facilitei a fuga. Quem facilitou foram o estado e sua polícia.” E terminou com uma curiosa tirada: “Estou vendo as leis serem pisoteadas e o processo legal ser pisoteado.” Lamentavelmente, esqueceu-se de informar quem seriam os pisoteadores. Serão, por acaso, os policiais e promotores que combatem a formação de quadrilhas?

O comportamento da deputada deveria merecer alguma reação do Legislativo. Ajudar abertamente foragidos da Justiça não é algo que se possa aceitar de uma pessoa com mandato político. Mas pode-se apostar que nada vai acontecer.

Copom descarta alívio monetário no curto prazo - EDITORIAL VALOR ECONÔMICO

VALOR ECONÔMICO - 25/07


A ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária deixou claro que a política monetária vai hibernar nos próximos meses até que as elevações da taxa de juros já realizadas tenham pleno efeito e a economia se desacelere a ponto de garantir um nível de inflação mais comportado. Essa posição, embora coerente em um momento em que a inflação anual permanece acima de 6,5%, foi um sinal inusualmente claro do Banco Central de que a conjectura de um arrefecimento do aperto monetário para dar estímulo ao crescimento não ocorrerá, pelo menos no curto prazo..

A economia está crescendo abaixo de seu potencial e esse é um dos fatos com que conta a autoridade monetária para reduzir a temperatura dos preços. O BC coloca entre os fatores favoráveis ao combate à inflação o "deslocamento do hiato do produto para o campo desinflacionário". Que o BC não está olhando neste momento para qualquer alívio que anime uma combalida economia consta, não por acaso, do mesmo parágrafo, em demonstração clara dos rumos que pretende seguir nos próximos meses.

O Copom repete a nota confiante do Relatório de Inflação, que "as pressões inflacionárias ora presentes na economia (...) tendem a arrefecer ou, até mesmo, a se esgotarem ao longo do horizonte relevante para a política monetária".

O horizonte relevante para o início da convergência para a meta de inflação, segundo a ata, é o segundo semestre de 2015. "Ainda assim" ressalta a ata, "o Comitê antecipa cenário que contempla inflação resistente nos próximos trimestres, mas, que, mantidas as condições monetárias - isto é, levando em conta estratégia que não contempla redução do instrumento de política monetária - tende a entrar em trajetória de convergência para a meta nos trimestres finais do horizonte de projeção".

A manutenção do curso da política monetária, entretanto, poderá não ser suficiente para domar os preços. O IPCA-15 de julho apresentou variação abaixo da esperada e os preços dos alimentos estão em baixa. Mas a inflação dos preços livres aumentou 7,31% nos doze meses encerrados em junho e a dos serviços continua próxima de dois dígitos (9,2%). Como registra a ata, a média das variações mensais dos núcleos de inflação subiu (0,54% para 0,62%) e o índice de difusão permanece elevado (61,4%).

O realinhamento dos preços administrados é outra incógnita relevante nesse cenário. Nada acontecerá até que o país vá às urnas e não se sabe o que o próximo governo fará a respeito. Boa parte dos analistas se inclina pelo ajuste único das defasagens, o que jogaria a inflação para bem acima da meta. Na ata, o BC elevou a variação projetada para esses preços em 2015 de 5% para 6%.

Outros fatores de pressão inflacionária apontados como riscos pelo BC estão, de fato, se dissipando. Um deles é "a possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade", dada a estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho. Com o enfraquecimento generalizado da economia, a evolução dos salários refluiu razoavelmente. Os dissídios continuam sendo fechados com ganhos reais para os trabalhadores, embora em percentual bem mais modesto do que nos anos anteriores.

O BC considera que a demanda agregada tende a continuar "relativamente robusta" nesse e no próximo ano, embora a desaceleração econômica possa vir a desmentir essa expectativa. De qualquer forma, a expansão do crédito está bem mais moderada, assim como o consumo das famílias. O Copom espera mais ação no lado dos investimentos, decorrentes da exploração do pré-sal e da concessão de serviços públicos. Quanto ao balanço fiscal do governo, a expectativa da autoridade monetária continua sendo a de que ele se deslocará para a "zona de neutralidade". Um superávit primário do tamanho do dos últimos anos ajudaria a criar uma "percepção positiva" sobre a economia no médio e longo prazo.

Com a posição clara do BC de que não haverá alívio na política monetária, não tão logo de qualquer forma, o jogo econômico até as eleições está dado. Os indicadores de produção, vendas e de confiança continuam piorando, assim como as projeções sobre o crescimento da economia neste ano e em 2015. Se isso será suficiente para reduzir uma inflação renitente só o futuro dirá.


Reações violentas - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 25/07


Governo brasileiro acerta ao condenar desproporção na ofensiva de Israel à faixa de Gaza, mas peca por silenciar sobre ações do Hamas


Depois do choque, a reflexão. Após dizer-se horrorizado com a notícia de que pelo menos 15 pessoas, entre as quais mulheres e crianças, foram mortas num ataque israelense a uma escola mantida pela ONU e que servia como refúgio para palestinos, o secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, resumiu um imperativo: "Parar a matança --e pará-la agora".

É desolador o desenrolar de mais este conflito entre Israel e palestinos, cujo estopim ocorreu em junho, com o assassinato de três adolescentes judeus que pediam carona nas proximidades da Cisjordânia. Pelo menos 700 palestinos, a maioria deles civis, foram mortos nas últimas semanas.

Nesta quarta-feira, em Genebra, a alta comissária dos direitos humanos da ONU, Navi Pillay, afirmou que Jerusalém não fez o suficiente para proteger as vidas de civis durante suas ofensivas aéreas ou ao destruir casas e hospitais.

Pillay, além disso, não descarta a hipótese de que o Estado tenha cometido crimes de guerra, o que será alvo de investigação já aprovada pela maioria dos países em reunião da ONU sobre o tema.

De forma sensata, a representante das Nações Unidas condenou também o grupo radical islâmico Hamas, que controla a faixa de Gaza, por seus ataques indiscriminados contra o vizinho. Além de 32 integrantes das Forças Armadas de Israel, há registro de três civis mortos no país.

Salta aos olhos a assimetria nesse confronto. Lastreado nessa constatação, o Itamaraty emitiu, também na quarta-feira, uma forte nota diplomática.

"O governo brasileiro considera inaceitável a escalada da violência entre Israel e Palestina. Condenamos energicamente o uso desproporcional da força por Israel na faixa de Gaza, do qual resultou elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças."

Não fosse pela completa omissão aos lançamentos de foguetes promovidos diariamente pelo Hamas, o comunicado seria uma justa expressão do descontentamento da comunidade internacional com o andamento do conflito. Houve, em vez disso, apenas a genérica exortação para que as partes cheguem a um cessar-fogo.

No plano doméstico, o silêncio do governo federal quanto aos radicais palestinos reforçou, em pleno período de campanha eleitoral, a polarização ideológica e quase automática em que setores de esquerda engrossam as fileiras da crítica a Israel, enquanto a direita reprova os métodos do Hamas.

Tal seletividade na vocalização da defesa dos direitos humanos --universais por princípio-- é sem dúvida digna de crítica, tanto doméstica quanto internacional.

Seria um rematado exagero, contudo, extrair desse episódio que o Brasil seja país "politicamente irrelevante" ou "anão diplomático". Essa, porém, foi a reação de representantes israelenses nesta quinta-feira, em um claro sinal de destempero e intransigência --atributos que só prejudicam as necessárias negociações de paz para a região.

IDH do Brasil perde dinamismo - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO - 25/07


Revoga-se a ideia corrente de que todos os problemas se resolvem com mais dinheiro. Na verdade, ele existe, porém parte importante é desperdiçada



Em mais uma divulgação de Índices do Desenvolvimento Humano (IDH) pela Organização das Nações Unidas, estes referentes a 2013, o Brasil repete o desempenho de versões anteriores, em que há avanços, mas nada que garanta a chegada do país aos primeiros lugares do ranking, em horizonte de tempo previsível.

O Brasil subiu uma posição, para o 79º lugar, numa relação de 187 países, ficando ao lado de Geórgia e Granada, e, na América Latina, abaixo, por exemplo, de Chile, Uruguai e Cuba. Como na última vez, o governo — agora, com mais motivos, devido à campanha eleitoral — reclama da ONU o uso de dados atualizados sobre educação, e de questões metodológicas. A seguir os números do governo, o Brasil teria ficado na 67ª posição do ranking. Não seria uma mudança estrondosa, mas certamente ajudaria na propaganda.

O progresso do Brasil é indiscutível, e nenhum governo isoladamente pode capitalizá-lo. Todos deram uma contribuição. De 1980 em diante, o IDH brasileiro cresceu 36,4%. Entre os fatores que ajudaram nesta evolução, a expectativa de vida do brasileiro aumentou 11,2 anos (está em 73,9 anos), a renda per capita, 56% (US$ 14.275), e a escolaridade média passou de 2,6 anos para 7,2 anos. Mas, observando-se os últimos anos, constata-se uma perda de dinamismo no IDH: de 2008 a 2013, o índice passou de 0,731 para 0,744 — quanto mais próximo de 1, melhor —, porém, no período, o Brasil perdeu três posições. Ou seja, há países em que o desenvolvimento humano evolui num ritmo superior ao do brasileiro.

E a taxa de aumento médio do IDH brasileiro tem desacelerado: 1,16% ao ano entre 1980 e 1990, 1,10% entre 90 e 2000, e apenas 0,67% de 2000 a 2013.

É preciso entender o que acontece. No período iniciado em 2000, tem-se o aumento substancial dos recursos para programas sociais, enquanto se inicia, de maneira mais focada, o programa de melhoria da qualidade do ensino público básico, séria vulnerabilidade do país. Há, ainda, a partir de 2011, a desaceleração da economia e a passagem da inflação para um patamar superior. E, além de tudo isso, persistem as deficiências no SUS.

Ao analisar este último relatório da ONU, o cientista político Simon Schwartzman, presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), disse estar o Brasil numa “armadilha da renda média”. Para ele, o brasileiro tem uma renda relativamente alta em relação a países africanos, a mortalidade infantil melhorou, as crianças estão nas escolas, mas a questão é como ter uma educação de qualidade. Dar, enfim, o salto para o estágio de desenvolvimento.

É muito provável que tudo passe pela melhoria dos gastos bilionários de um Estado que já absorve 40% das rendas da sociedade. Revoga-se, assim, a ideia corrente de que todos os problemas se resolvem com mais dinheiro. Na verdade, ele existe, porém parte importante dele é desperdiçada.

Brasil mal na foto do IDH - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 25/07

"As árvores querem ficar quietas. Mas o vento não deixa." O dito, que reflete aspecto da sabedoria chinesa, se adapta a desafio do mundo contemporâneo. Globalizados, os países mantêm as fronteiras nacionais, mas são obrigados a olhar cada vez mais - e mais insistentemente - para as demais nações do globo.
É que o movimento de um obriga os outros a se moverem quer queiram, quer não. Mais: o resultado impõe comparações que denunciam o grau de sintonia ou dissintonia com a contemporaneidade. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) serve de exemplo. Criado em 1980 pela ONU, o indicador vai além dos frios dados da economia. Mede o desenvolvimento humano.

Baseia-se em três componentes: educação, renda e expectativa de vida. Em 2013, entre 187 países, o Brasil ocupa o 79º lugar. Obteve média 0,744, numa escala de 0 a 1, em que quanto mais próximo de 1 melhor é a classificação. Embora tenha melhorado uma posição no ranking, o país não fica bem na foto. Está atrás de vizinhos latino-americanos como, entre outros, Chile (41º), Cuba (44º), Argentina (49º) e Uruguai (50º).

O governo, como em anos anteriores, contesta o resultado. Alega terem sido usado dados desatualizados. Segundo a ministra Tereza Campello, do Desenvolvimento Social, o país estaria em 67º lugar (sem considerar mudanças que ocorreriam em outros países). Vale a pergunta: a diferença entre um dado e outro significaria melhor qualidade de vida? A resposta não admite titubeios. É não. Seria fácil se a simples mudança de número tivesse o poder mágico de mudar a realidade.

Na educação, um dos indicadores levados em consideração pela ONU, o Brasil ficou com a 55ª posição do ranking de leitura do Pisa, teste internacional que avalia o desempenho de estudantes de 65 países. Tal qual no IDH, aparece abaixo de nações como Chile e Uruguai. Nada menos de 49,2% dos alunos brasileiros mostrou-se incapaz de alcançar o nível 2 de desempenho na avaliação, que tem o nível 6 como teto.

Em bom português: rapazes e moças não conseguem entender o que leem. Diante de um texto, falta-lhes aptidão para deduzir informações, estabelecer relações entre diferentes partes, compreender nuances da linguagem. Em matemática e ciências, o quadro mostra as mesmas cores cinzentas.

O Brasil precisa dar salto de qualidade. Não só na educação, mas também na saúde e na segurança, cujas estatísticas impactam direta e fortemente outro indicador do IDH - a expectativa de vida. Sem olhar para o próprio umbigo, com determinação e vontade de corrigir rumos, o país se manterá no vermelho. A dívida com a população continuará a conjugar o verbo crescer.

Dilma se livra de Pasadena - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S.PAULO - 25/07


A história verdadeira pode ser outra, mas o fato é que deu certo o estratagema da presidente Dilma Rousseff de alegar que em 2006, quando chefiava o Conselho de Administração da Petrobrás, autorizara a estatal a comprar do grupo belga Astra Oil metade da Refinaria de Pasadena, no Texas, apenas com base em um resumo executivo "técnica e juridicamente falho", preparado pelo então diretor da área internacional da empresa, Nestor Cerveró. Em março passado, informada de que oEstado revelaria o seu papel na ruinosa transação, Dilma pediu à titular da estatal, Graça Foster, que preparasse uma nota explicativa. Insatisfeita com o que leu - o texto se limitava a dizer, burocraticamente, que o assunto era objeto de sindicância interna -, rasgou o papel que a amiga lhe trouxera e redigiu, de próprio punho, a versão a ser encaminhada ao jornal. Sabia o que fazia.

Afinal, no ano passado, depois de a Agência Estado levar a público o aberrante negócio, a Polícia Federal, o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União (TCU) abriram investigações a respeito, por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas. Dilma há de ter atinado que poderia ser acusada de crime de responsabilidade por não haver barrado no nascedouro a operação que custaria à petroleira US$ 1,245 bilhão, com um prejuízo confesso de US$ 530 milhões (US$ 792 milhões para o TCU) - e que, por sinal, foi aprovada pela unanimidade dos integrantes da mais alta instância decisória da companhia. O vexame começou com o desembolso de US$ 360 milhões por 50% da instalação e estoques - ou 8,5 vezes mais do que os belgas pagaram aos antigos donos, pelo empreendimento inteiro, apenas um ano antes.

Em 2007, a ainda desavisada Dilma achou que a Petrobrás podia recusar a compra da outra metade da refinaria, proposta pela Astra Oil. Diante disso, esta acionou a Justiça americana, invocando a cláusula contratual Put Option, segundo a qual, em caso de desavença entre os parceiros, um teria de vender a sua parte ao outro. A empresa ganhou a causa. A Petrobrás recorreu e tornou a perder. Os custos da pendência contribuíram para o maior rombo da história da empresa.

Na nota de março, a presidente assinalou que o resumo de página e meia recebido pelo Conselho omitia, além da Put Option, a condição chamada Merlin, que garantia à sócia uma renda anual de 6,9%, fosse qual fosse a situação do mercado de derivados de petróleo. Se fossem conhecidas, essas cláusulas "seguramente não seriam aprovadas", assegurou.

Nos meses seguintes, em entrevistas à imprensa e depoimentos no Congresso, o ex-presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli, atual secretário de Planejamento do governador petista da Bahia, Jaques Wagner, não só insistiu que a compra de Pasadena valeu a pena, mas insinuou que o Conselho poderia perfeitamente tomar conhecimento da íntegra do contrato, cópias do qual, como de praxe, foram encaminhadas à secretaria do colegiado. Dominadas ou sabotadas pela bancadas governistas, as CPIs instaladas na Câmara e no Senado de nada serviram para esclarecer o suposto mistério. Ao público só resta intuir que a caixa-preta da Petrobrás tem sido sacudida por brigas de bastidores entre os seus potentados. De sua parte, Cerveró, o autor do tal resumo, volta e meia espalha que tem muito a contar.

Dilma, porém, se livrou. Na quarta-feira, tanto o Ministério Público como o TCU desvincularam o Conselho de quaisquer erros ou malfeitos que produziram o escândalo da refinaria. Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, as informações dadas pela presidente "afastam a acusação (de parlamentares oposicionistas) de conduta dolosa ou culposa", não cabendo imputar ao Conselho nenhuma espécie de delito que teria conduzido ao desastre.

Já o TCU aprovou o parecer do relator do processo, o ministro José Jorge, que isenta Dilma de qualquer responsabilidade no affair. Os suspeitos - a serem julgados em outra ação - são 11 diretores ou ex-diretores da Petrobrás, entre eles Gabrielli, Cerveró e Paulo Roberto Costa, antigo diretor de abastecimento da empresa, preso sob a acusação de lavagem de dinheiro. E a oposição pode ter perdido um argumento contra Dilma na campanha eleitoral.

Refinarias-problema - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR

GAZETA DO POVO - PR - 25/07


TCU pune os responsáveis por compra da refinaria de Pasadena, mas ainda há outros escândalos a considerar, como o de Abreu e Lima



O Tribunal de Contas da União (TCU) reconheceu que o negócio da compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela Petrobras deu prejuízo de US$ 792 milhões. Na mesma sessão plenária, ao aprovar o relatório do ministro José Jorge, o TCU decretou também a indisponibilidade dos bens dos gestores que conduziram o processo de compra, entre eles o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli e dois outros ex-diretores (Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa) para futuro ressarcimento aos cofres públicos.

A decisão do tribunal, no entanto, isentou de responsabilidade a presidente Dilma Rousseff, que à época da aquisição da refinaria, na condição de chefe da Casa Civil do governo Lula, presidia o Conselho de Administração da Petrobras. Foi dela e dos demais conselheiros – igualmente inocentados – que partiu a aprovação do tosco parecer que recomendou o investimento que em seguida se mostrou desastroso.

Este não é, porém, o ponto final de mais uma das tragédias que se cometem, repetidamente, na administração pública brasileira e que acabam por abastecer o noticiário de malfeitos. Não só o caso Pasadena está ainda longe de uma solução que não imponha mais sacrifícios aos contribuintes – aqueles que normalmente pagam pelos prejuízos –, como se vê estarem apenas no começo os esforços para desvendar outro caso carregado de graves suspeições envolvendo a mesma Petrobras e os mesmos agentes.

Trata-se da refinaria de Abreu e Lima, em construção em Pernambuco. A ela se aplica bem o ditado popular segundo o qual “o que começa mal termina mal”. A unidade nasceu da ambição do ex-presidente Lula de dispensar um agrado ao então ditador da Venezuela, o líder bolivariano Hugo Chávez. Firmou-se, então, precariamente, um acordo de associação entre a Petrobras e sua congênere venezuelana, a PDVSA, pela qual ambas as estatais contribuiriam financeiramente para construir a refinaria, com investimentos calculados à época em US$ 2,5 bilhões.

A Venezuela não entrou com a parte com que se comprometeu (40%), o que levou o Brasil a assumir a totalidade do investimento sem receber um único centavo dos venezuelanos, pois não havia sido tomada nenhuma precaução formal que criasse compromissos ou penalidades para o parceiro que não cumprisse sua parte no acordo. O “acordo de associação” deveria ter sido seguido por um contrato definitivo, de acionistas, que conteria as punições em caso de descumprimento, mas esse contrato nunca foi assinado. E ao calote chavista somou-se um detalhe que o tempo logo viria a mostrar: o custo da refinaria saltou, em pouco mais de seis anos, para quase US$ 20 bilhões, apresentando evidências de monstruoso superfaturamento, de cujas vantagens suspeita-se tenham participação ex-diretores da Petrobras e empreiteiras, associados em uma cadeia de delitos de lavagem com conhecidos doleiros.

Os mais ingênuos até poderiam ver nestes dois casos – Pasadena e Abreu e Lima – simples exemplos de negócios mal planejados e pessimamente executados. Entretanto, ainda que não se pretenda fazer um prejulgamento, tantos são os indícios de irregularidades intencionais, cometidas com o fim exclusivo de sangrar os cofres públicos para proveitos grupais e pessoais escusos, que se torna imperiosa a maior severidade e celeridade possíveis para o esclarecimento dos fatos e a responsabilização criminal dos envolvidos. O que não se admite é que, de novo, o cidadão comum que trabalha honestamente continue como vítima indefesa escolhida para cobrir os rombos.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

“Foi rigorosamente adequado”
Ministro José Cardozo (Justiça), sobre ajuda dada a Maluf para trazer processo dos EUA ao Brasil


ALIADOS ATRIBUEM DESGASTE DE DILMA À REJEIÇÃO DO PT

Presidentes de siglas aliadas aconselharam Dilma a descolar sua imagem do Partido dos Trabalhadores na campanha em alguns Estados pela reeleição. Em reunião na terça (22) no Palácio da Alvorada, dirigentes alertaram que o PT enfrenta forte rejeição, o que respinga no desempenho eleitoral da candidata petista. Os partidos cobraram ainda a descentralização de coordenações regionais, muito controladas pelo PT.

GANHA FORÇA

Os dirigentes recomendaram que Dilma se apresente como candidata não só do PT, mas de nove grandes partidos, com representatividade.

MAU AGOURO

No encontro, Dilma reclamou de ação orquestrada para criar pessimismo, primeiro com apagão e, agora, com a Copa e a crise econômica.

DESCEU DO SALTO

Para estancar queixas por mais participação na campanha, Dilma marcou nova reunião com presidentes aliados para a próxima terça (29).

NUNCA ANTES

A equipe de campanha apostará na comparação entre 12 anos da gestão petista e os oito de FHC. PT garante que todos os índices melhoraram.

EMPREGADOS DA INFRAERO TEMEM DEMISSÃO

Os empregados públicos da Infraero que atuam no aeroporto do Galeão, no Rio, estão com medo de serem demitidos por conta da concessão feita pelo governo federal. A empresa deu apenas duas opções aos 909 ameaçados: remanejamento para outro estado ou aposentadoria. Ocorre que a maioria não chega a ganhar salário de R$ 1.500, o que inviabiliza a mudança com a família.

SEM VALIDADE

Acordo coletivo assegura o emprego do grupo até 2018, mas fora do Rio, onde seus familiares ficarão desempregados e desestruturados.

PEDE PRA SAIR

A Infraero começou um estímulo à demissão, mas a verba do governo não foi suficiente para os pagamentos e hoje há só uma fila de espera.

CALMA, GENTE!

Para acalmar os ânimos, a Infraero fez um “cadastro para possíveis oportunidades de trabalho”, mas todos temporários. Depois disso: rua.

PORTA-VOZ

O vice Michel Temer passou a manhã de ontem em João Pessoa acalmando o senador Vital do Rêgo (PMDB). Lá, anunciou que Dilma irá subir em seu palanque e já agenda uma visita a Paraíba para prestigiá-lo. Todo esforço decorre do temor de Vital incendiar a CPMI da Petrobras.

AMIZADE ‘ÍNTIMA’

No relatório em que arquivou o processo interno contra Luiz Argôlo (BA), o SD admite que há “amizade íntima” entre o deputado e o doleiro Youssef. O documento foi anexado à sua defesa no Conselho de Ética da Câmara.

INESPERADO

Aécio Neves foi surpreendido ontem com a renúncia do tucano Eduardo Tavares de disputar o governo. O alagoano alegou não ter recebido apoio do PSDB. O governador Teotonio Vilela anuncia o substituto nesta sexta.

CONTINUA DE PÉ

Presidente do DEM, José Agripino (RN), reiterou a confiança da sigla no trabalho do vice-governador Thomaz Nonô (AL) junto à coordenação de campanha do tucano Aécio, e confirmou sua manutenção no cargo.

PIRES NA MÃO

Deputados do PMDB discutiram em reunião na semana passada sobre tentar obter ajuda financeira do diretório nacional. A reclamação é geral sobre a indisposição de empresas em fazer doações eleitorais este ano.

DILMA MAKE-UP

Mestre em maquiar números, o governo brasileiro questiona a posição do País no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano da ONU. Nas contas tupiniquins, o Brasil deveria saltar da 79ª para 67ª colocação.

TERRITÓRIO INIMIGO

O presidenciável Eduardo Campos (PSB-PE) confirmou para este sábado (26) a estreia de sua campanha em Minas Gerais, curral eleitoral do adversário Aécio Neves (PSDB), ao lado de Tarcísio Delgado, em Juiz de Fora.

ALTO LÁ

Depois do “a” em presidenta, Dilma Rousseff tem que tomar mais cuidado para a vogal não entrar onde não deve. Quem pagou o pato foi o finado Ariano Suassuna que, ao menos no Twitter da petista, virou Suassuana.

PENSANDO BEM...

... o título de “anão diplomático” dado por Israel ao Brasil, pelo menos dessa vez, nada teve a ver com um certo ex-chanceler megalonanico.



PODER SEM PUDOR

CORETO TOMBADO

A história é muito conhecida nas rodas políticas de Minas. Certa vez, na década de 50, a Prefeitura de Muzambinho recebeu uma advertência por escrito do órgão estadual de defesa e preservação do patrimônio histórico. Na mensagem, diante de murmúrios chegados a Belo Horizonte, a municipalidade foi avisada de que o antigo coreto da praça da cidade era considerado "de interesse histórico", e que uma comissão iria até lá para tombá-lo. O prefeito reagiu com um telegrama urgente:

- Desnecessária vinda da comissão. Já que era para tombar, mandei derrubar o coreto.