domingo, julho 20, 2014

Dilma e a economia - SUELY CALDAS

O ESTADO DE S.PAULO - 20/07


Na última semana pesquisas diversas constataram: o desempenho da economia piorou e vai piorar mais, caem os índices de avaliação do governo e de intenção de votos na presidente Dilma e cresce sua rejeição entre os eleitores, alcançando 35%, a taxa mais alta entre todos os candidatos. Cenário áspero, cada dia mais difícil para uma disputa eleitoral que há seis meses dava como certo um segundo mandato para a petista.

Desde o primeiro ano, 2011, a fragilidade do governo Dilma tem sido desordenadamente construída pelo vazio de um projeto para o País e por uma sucessão de erros na gestão econômica, que têm nas medíocres taxas de crescimento do PIB a inescapável resposta. Entre 2011 e 2013, a taxa média do PIB foi de 1,97% e, se conseguir alcançar 1% em 2014 (há apostas abaixo disso), Dilma terminará seu mandato com 1,7% - o terceiro pior desempenho econômico da história do País, depois dos presidentes Collor (-1,3%) e Floriano Peixoto (-7,5%).

Diferentemente de seu antecessor e padrinho: em oito anos de Lula, a expansão média do PIB ficou em 4%. Em 2010 a taxa subiu para 7,5% e ajudou (muito) a eleger Dilma. A situação agora se inverte e ela não consegue ajudar a si própria. É certo que Lula contou com a sorte de uma economia mundial próspera em seu primeiro mandato. E, no segundo, o País abalado com a crise financeira do mundo rico, Lula usou de artifícios para acelerar a economia e vencer a eleição em 2010, fez a sucessora, mas lhe entregou uma herança pesada que ela não soube desfazer e até aprofundou. Exemplo: o represamento de tarifas públicas e a preocupante situação financeira da Petrobrás.

Pesquisas recentes (retração de 0,18% na economia, medida pelo Banco Central, o BC; estagnação das vendas do comércio e serviços; desaceleração na geração de empregos) e outras antigas e renitentes (inflação colada no teto da meta; juros nas alturas; queda da produção industrial) não são surpresa para o governo Dilma. Elas têm sido captadas pelo Banco Central, para monitorar suas ações e decisões, e explicitadas em cada relatório trimestral da inflação que a diretoria do banco apresenta ao Senado. No último deles, no fim de junho, o BC manifestou preocupação com o baixo crescimento de todos os setores da economia e previu: em 2014 a agricultura vai despencar de 7% para 2,8%, a indústria retrocede 0,4% e serviços crescem só 2%. Depois das últimas pesquisas, certamente o BC está refazendo essas projeções.

Portanto, surpresa não é. Mas, a cada pesquisa de maus resultados, a equipe da presidente Dilma reage como avestruz: viu antes, mas finge que não viu, surpreende-se e descreve um mundo cor-de-rosa (e desacreditado) para o futuro, garantindo que o quadro será revertido nos meses seguintes. Na arte da ilusão o ministro Guido Mantega é campeão, mas a última foi do ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT): ao divulgar que a geração de 25,4 mil empregos em junho foi a pior desde 1998, ele reagiu: "Nos próximos meses vai expandir mais porque a presidente vai anunciar medidas de estímulo para as pequenas e médias empresas".

E tem sido assim. Se o emprego vai mal, se a indústria se retrai, se o consumo recua, o governo corre para tapar buracos. Desde 2006, quando Dilma venceu a disputa pelo comando da economia com o ex-ministro Palocci e a ordem passou a ser gastar mais, imediatamente surgiu a operação "tapa-buraco" em rodovias. Não se pensou em construir novas e carentes estradas, mas em queimar dinheiro cobrindo buracos nas existentes, que as chuvas e o desgaste do asfalto tratam de refazer.

A "mãe do PAC" fez um plano para o País acelerar o crescimento no presente e vencer disputas eleitorais, mas não se preocupou em desenhar estratégias e construir projetos para o futuro. E assim tem sido nestes quatro anos. Junte-se aí uma sucessão de erros de gestão (o represamento de tarifas de combustíveis e energia elétrica e os truques e mágicas nas contas públicas são os mais graves), e Dilma Rousseff colhe agora a descrença de quem pretende e tem potencial para investir, mas acaba adiando investimentos. E o mau desempenho da economia reflete isso.

Fantasmas de eleições passadas - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 20/07


Disputa difícil vai depender ainda mais de 'novidades' mostradas no horário eleitoral gratuito


O QUE ENSINAM pesquisas de voto para presidente em eleições passadas? Praticamente nada. Obviedades. Alguns contrastes. De mais importante, aprende-se que é muito cedo para dizer grande coisa, ainda mais quando se observa o estado paradoxal da disputa. Dilma Rousseff (PT) está tanto à beira da vitória no primeiro turno como da derrota caso tenha de enfrentar um segundo turno.

Obviedade esquecida em cada eleição: convém esperar o que acontece entre o início da campanha e o começo da propaganda em TV e rádio, a reação do eleitorado entre o final de julho e meados de agosto. Parece ser o momento em que o grosso do eleitorado acorda para a eleição.

O voto dos eleitores de renda mais baixa costuma mudar mais do que o do eleitorado "mais rico", de renda familiar superior a dez salários mínimos, de resto muito minoritário.

Não raro, algum acidente, escândalo ou derrapada feia de candidato importante acaba dando uma balançada temporária nos números das pesquisas.

Nas eleições de 2006 e 2010, a vantagem que Lula e Dilma tiveram no Nordeste foi decisiva para o resultado final. Em agosto, logo depois do início da propaganda na TV, a votação nordestina era maciçamente pró-PT (mais de 60%). Não vem muito ao caso lembrar as eleições de 1994, 1998 ou 2002. Trata-se de disputas muito antigas, entre personagens de lastro histórico e político maior; uma delas foi travada em situação de quase colapso econômico (2002). Não é o caso.

Nesta eleição, a vantagem de Dilma no Nordeste ainda é grande, mas a presidente domina menos votos. Por ora empata com Aécio Neves (PSDB) no Sudeste.

A presidente quase não tem mais vantagem em regiões mais ricas e em cidades maiores do país (com mais de 500 mil habitantes), muitas delas mais afetadas pelo esfriamento da economia e, em geral, menos dependentes de dinheiro público e mais do setor privado.

Dilma tirou dez pontos de diferença nas pesquisas e empatou com José Serra (PSDB) entre abril e maio de 2010, empate que durou até o final de julho. Com o início da campanha, Dilma deslanchou. Basicamente, foi quando o grosso do eleitorado mais pobre, da cidade pequena, do Nordeste, soube que ela era a "mulher do Lula", que beirava os 80% de avaliação "ótimo/bom".

Não sendo novidade e em crise de prestígio, Dilma terá de informar ou lembrar os eleitores do trunfo restante, e relevante, de seu governo, a expansão dos programas sociais. Se tal informação já "está no preço", se já é considerada pelo eleitor mais pobre, a presidente tem um problema sério.

Quanto à economia, o grosso do eleitorado não teme, por exemplo, perder o emprego, mas demonstra insegurança ou insatisfação mais difusa por meio do medo manifesto de inflação maior. Trata-se de uma espécie de voto de desconfiança mais genérico, não necessariamente ligado ao medo de carestia, a julgar pelo histórico de 20 anos de pesquisas.

Uma incógnita importante é o que dirão os candidatos de oposição (até agora, nada disseram de relevante). Aécio e Eduardo Campos (PSB) não animam muito; passam a ter muitas chances no segundo turno devido a uma coalizão anti-Dilma, não a seus méritos próprios, por ora ao menos.

Decida aí, seu juiz - CELSO MING

O ESTADÃO - 20/07


Mais vale um mau acordo do que uma boa briga. Esse velho princípio de sabedoria popular é ignorado e desafiado no Brasil para prejuízo das partes envolvidas quando se trata de questões trabalhistas. Nos cinco primeiros meses deste ano, a Justiça do Trabalho recebeu mais de 1,4 milhão de ações. Em 2013, foram 3,6 milhões (veja o gráfico).

“Não conheço outro caso no mundo que prestigie tanto o processo judicial. O caminho não pode ser esse. É preciso valorizar o contrato e a negociação direta entre as partes”, diz o ex-ministro do Trabalho e ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Almir Pazzianotto.

No estudo A dimensão econômica das decisões judiciais, os professores André Portela e Eduardo Zylberstajn, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), alertam não só para a escalada das despesas processuais, mas também para o chamado “passivo oculto”, que se refere aos custos enfrentados pelas empresas em consequência da insegurança jurídica associada à barafunda das leis trabalhistas.

“Vigora no Brasil a cultura da solução conflituosa. Mesmo os empregadores que cumprem a lei correm o risco de enfrentar processos, porque as regras do jogo podem mudar”, afirma Zylberstajn.

Como exemplo, ele citou a Lei 12.506, que regulamenta as condições do aviso prévio proporcional ao tempo de serviço. A partir da sua aprovação em 2011, ficou determinado que o aviso prévio seria de 30 dias para quem tivesse até um ano de empresa, acrescidos de três dias por ano de serviço prestado, até o máximo de 90 dias. Antes, independentemente do tempo de serviço, o aviso prévio era de 30 dias. “Uma empresa que contratou um funcionário há 20 anos não poderia ter planejado esse passivo”, diz.

Não são apenas os legisladores que mudam as coisas. Criam novidades de todo tipo também as súmulas vinculantes editadas pelo TST, a fim de definir parâmetros para instâncias inferiores. Nos últimos cinco anos, foram aprovadas 35 súmulas, 11 delas apenas em 2014.

É uma surpresa atrás da outra. “A desindustrialização do País e a questão trabalhista estão ligadas. O capital precisa de regras claras. As empresas começam a ter medo de empregar e isso prejudica o trabalhador”, adverte Pazzianotto.

Paulo Sérgio João, professor de Direito do Trabalho da FGV, critica a desvalorização pela Justiça das negociações entre as partes. “As cláusulas contratuais podem ser reinterpretadas com base numa legislação historicamente protecionista”, afirma. Entre janeiro e maio de 2014, o TST recebeu 156 mil processos, volume 58 vezes maior do que o número de ações recebidas pelo Tribunal Federal do Trabalho na Alemanha em 2013.

Com a ressalva de que não cabe comparar países culturalmente tão distintos, Pazzianotto avisa que a escalada de processos trabalhistas mostra que o Brasil está no caminho errado. É uma conclusão quase consensual e, no entanto, se há assunto que os candidatos querem evitar nos debates eleitorais é o de reforma nas leis trabalhistas.

O bolivarianismo mágico MAC MARGOLIS

O ESTADO DE S.PAULO - 20/07


Para os venezuelanos, atordoados com os rumos do Socialismo do Século 21, o Aeroporto Internacional de Maiquetía em Caracas representa um bafo de ar puro. Por isso mesmo, os fiadores da República Bolivariana inventaram a última boa nova: um imposto para respirar.

No dia 1.º de julho, o governo do presidente Nicolás Maduro começou a recolher 127 bolívares, equivalente a US$20, de cada passageiro que embarcar no maior aeroporto do país. É que o sistema de ventilação de Maiquetía, construído em 1945, foi modernizado para zelar pelos pulmões da nação. Os companheiros engenheiros inventaram de injetar no ar condicionado doses concentradas de ozônio, para matar as bactérias aéreas e deixar impoluto o ambiente do portal principal do país.

Os venezuelanos taparam nariz. Há tempos, aprenderam a diferença entre inovação e perfumaria e sabem que a revolução não virá por imposto. Aliás, tão logo que nasceu, a taxa do ozônio já dobrou, chegando a 250 bolívares. "Logo devem começar a cobrar para atravessar a rua", tuitou um passageiro inconformado na semana passada.

Novas ideia, paridas por decreto, promessas de glória e vida renovada, tudo cortesia do pioneirismo bolivariano e do bolso do contribuinte. Os venezuelanos já conhecem esse roteiro. O governo Maduro congelou preços para tentar conter a inflação e, pronto, sumiu com o papel higiênico. Fez da petroleira PDVSA uma caixa eletrônica para custear miragens sociais e converteu bonança em rombo nacional.

Alquimia pelo avesso e exotismo são a marca do laboratório bolivariano, que nasceu com Hugo Chávez e hipertrofiou na mão de Maduro. Para distinguir sua proposta daquela do capitalismo "neocolonial", Hugo Chávez retalhou a iconografia nacional. Redesenhou a bandeira nacional para que o cavalo branco no seu escudo galopasse para a esquerda e não mais para a direita. Atrasou os relógios em meia hora para contrariar a cronometragem "imperialista" e ordenou aos ministros que fizessem o juramento erguendo a mão esquerda. Seu website preferido, aporrea.org, até fala em copyleft e não copyright.

Morto de câncer no ano passado, Chávez sempre encantou seus compatriotas misturando blagues e estripulias num grande teatro político. Sem a lábia nem a presença de palco do seu comandante, Maduro recorre à empulhação. Segundo ele, o líder falecido lhe teria visitado na forma de um pássaro e, depois, aparecido com o rosto esculpido nas escavações do metrô de Caracas.

Quando não está conjurando o comandante do além túmulo, Maduro se ocupa em remexer no organograma e no calendário. Criou o Ministério da Felicidade Social e, para capitalizar a comoção em torno do líder beato, decretou um novo feriado, o Dia de Lealdade e Amor ao Comandante Supremo Hugo Chávez. E para adoçar o suor dos trabalhadores, antecipou em três semanas a comemoração do Natal, adiantando o décimo terceiro para todos os companheiros do gigante setor público.

A moda arrisca pegar. Em junho, o presidente da Bolívia, Evo Morales, acólito do chavismo, mandou inverter os relógios, para que os ponteiros circulassem do número 1 ao 12, da direita para a esquerda. Segundo o chanceler boliviano, David Choquehuanca, a reforma é uma resposta ao imperialismo gringo e à cronocracia das nações do Hemisfério Norte, que querem mandar até no sol. "Afinal, comemoramos o solstício de inverno em junho", disse Choquehuanca.

Quem disse que o realismo mágico morreu?

A batalha de São Paulo - GAUDÊNCIO TORQUATO

O ESTADÃO - 20/07



Non ducor, duco. “Não sou conduzido, conduzo”. O lema do brasão da cidade de São Paulo, criado em 1916 pelo prefeito Washington Luiz, que veio a assumir, depois, a presidência da República, expressa de modo adequado a importância do Estado mais poderoso da Federação no pleito eleitoral deste ano. Ancorando a hipótese, há uma densa lista de superlativos: cerca de 32 milhões de eleitores; as mais populosas classes sociais, com destaque para três contingentes de classe média ( A, B e C) e super-povoadas margens sociais; os maiores conglomerados de categorias setoriais, abarcando o universo de trabalhadores e os núcleos de profissionais liberais; fortíssimas centrais sindicais e influentes entidades de áreas produtivas; movimentos organizados, que promovem intensa mobilização e abrem a locução das ruas; núcleos em defesa de direitos humanos, minorias e igualdade de gêneros; e, para dar vazão às demandas dessa gigantesca teia de representação, São Paulo dispõe de vigorosa tuba de ressonância, cujo eco se faz ouvir em todo o território nacional.

"O Estado exibe o maior grupamento de eleitores racionais, fator decisivo para avanços na esfera política.”

Mas a posição de liderança no processo eleitoral não pode ser entendida apenas em decorrência do poderio econômico do Estado que possui um PIB de R$ 1,5 trilhão, representando 31,2% do PIB nacional, que é de R$ 4,8 trilhões. A força de São Paulo vai além da liderança no ranking eleitoral, com seus 23% do eleitorado brasileiro. Outros parâmetros entram na abordagem. O Estado exibe o maior grupamento de eleitores racionais, fator decisivo para avanços na esfera política. A racionalidade transparece no voto ponderado, na comparação entre perfis, na cobrança aos governantes, nas mobilizações de setores e no desfile de movimentos reivindicatórios, a denotar a emergência de uma força centrípeta que se expande por todos os lados. Tal percepção provém da organicidade social. Ao longo dos últimos anos, a comunidade criou múltiplas ilhas no arquipélago do poder, tornando-as canais para fazer chegar demandas aos governantes e representantes, praticando, assim, exercícios de democracia direta. O epicentro dessa movimentação é a capital, São Paulo, com quase 9 milhões de eleitores, eleitorado maior do o que de 23 estados brasileiros, perdendo apenas para o próprio Estado, Minas Gerais(15.248.680), Rio de Janeiro(12.141.143) e Bahia (10.185.417).A metrópole impregna-se de vibração, com suas regiões (norte, sul, leste e oeste) exibindo identidades peculiares (polos habitacionais, industriais e de serviços) e incorporando os adereços estéticos dos espaços chiques.

Costuma-se dizer que o pleito será decidido pela passagem do transatlântico eleitoral pelo Triângulo das Bermudas, constituído por SP, MG e RJ, os três maiores colégios. Ou ainda que Minas é quem decide, sob o argumento de que o Estado do Sudeste é uma encruzilhada que representa a síntese do país. Ora, quando há na disputa dois candidatos mineiros (Aécio e Dilma), a tese parece fraquejar. O fato é que SP possui os maiores exércitos da guerra eleitoral. As ondas de seu mar costumam empurrar para longe os eventos que geram: protestos, denúncias, discursos positivos/negativos, avaliações de candidatos, percepções sobre o cotidiano. Na simbologia da pedra jogada no meio da lagoa (associada à classe media), o Estado é a força centrípeta que faz as marolas chegarem às margens.

As alavancas de empuxo são constituídas pelas classes médias, a emergente classe média C, com suas demandas em torno do “quero mais e melhor”; a tradicional classe B, onde os índices de racionalidade são altos; e a classe média A, de renda elevada. (A propósito, as classes médias somam, hoje, mais de 50% da população brasileira, cerca de 105 milhões de pessoas). Os discursos mais críticos e salientes provêm desses aglomerados, que se unem em cobranças e na disposição de votar contra o status quo. Tal posicionamento pode resultar nos chamados “não votos”, contabilizados hoje pelas pesquisas em cerca de 30%, soma de abstenção, votos nulos e brancos. Mas há uma forte coluna que jogará seus votos no continuísmo, particularmente os núcleos e as bases ancoradas nos vãos da administração pública.

Por isso mesmo, São Paulo viverá um disputado “cabo de guerra” entre as classes médias e os entrincheirados nos bastiões trabalhistas atrelados ao Estado, que tentarão segurar suas mãos nas alças do poder. A batalha eleitoral aponta, ainda, para dois territórios diferenciados: o da metrópole, onde o nível de insatisfação e angústia atinge índices elevados em decorrência dos problemas rotineiros (congestionamentos, violência, serviços públicos precários); e o do interior, habitado por populações menos estressadas, orgânicas e integradas aos valores de uma rotina mais harmônica. Nunca foi tão forte o clamor pela micro-política, programas e projetos destinados às melhorias da estrutura urbana. À frente das bandeiras, desfilam grupos organizados, categorias profissionais sob comandos de novas lideranças e movimentos que pregam ruptura. Em suma, o nível de conscientização- gerando um voto autônomo - é mais elevado.

Isto posto, desponta a questão: a disputa paulista terá influência nas lutas eleitorais de outras regiões? Primeiro, urge dizer que tal influência se dá no plano de formação da opinião publica. O fragor da luta não começou agora com a abertura oficial da campanha de rua. Poucos se dão conta de que o rebuliço que toma conta do país, desde junho do ano passado, começou em São Paulo. E as ondas revoltas continuarão. Os tiroteios mais destrutivos saem da artilharia verbal de comandantes e líderes da região. Lula e Fernando Henrique que o digam. Basta ver as sabatinas a que se submeteram, esta semana, em São Paulo, dois candidatos da oposição, um atirando noutro e ambos atirando na candidata governista. O país acompanha o que se passa nesta praça de guerra. Não dá para acreditar que o velho axioma resista ao pleito de outubro: “entre mortos e feridos, todos se salvaram”. A batalha de São Paulo será decisiva.

Fragilidade externa - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 20/07


A economia brasileira aguarda, com um calcanhar de Aquiles, uma mudança importante no fluxo de capitais no mundo. Quando os juros americanos começarem a subir, os Estados Unidos atrairão mais dólares, e o Brasil está com 3,6% de déficit externo. Claro, temos o nosso colchão para amortecer eventuais choques, os US$ 380 bilhões de reservas, mas é bom se preparar para o inverno.

Os números não ajudam a atrair capitais de longo prazo. O PIB está em desaceleração e a inflação, alta demais. A conta-corrente, cálculo que engloba várias transações com o exterior além do comércio, tinha um superávit de 1,2% do PIB em 2006 e agora está com o déficit de 3,6%. Isso faz o Brasil ser mais vulnerável à mudança na política monetária americana. Ela está cada vez mais próxima. Já está avançada a fase de retirada dos estímulos monetários.

A presidente do Fed, Janet Yellen, foi duas vezes na semana passada ao Congresso americano. Sua fala deixou o mercado financeiro internacional dividido. Alguns economistas entenderam que o aumento dos juros só acontecerá no final de 2015, outros avaliaram que pode ser antes, já no primeiro semestre do ano que vem.

Na verdade, o que ela disse é o que os economistas adoram dizer: “depende”. Segundo Yellen, há bons indicadores econômicos, mas não há certeza de recuperação. O desemprego caiu, mas para ela não é 6,5% o alvo, e sim algo entre 5% e 5,5%. Admitiu que a dívida dos estudantes universitários é muito alta e um problema. Negou que haja sinais de bolha, apesar de o S&P 500 estar 30% acima do pico de 2007.

Os juros americanos estão zerados desde 2008, quando começou a crise internacional. Isso e as compras de títulos (Quantitative Easing) inundaram de dólares a economia mundial e facilitou a vida de alguns países, entre eles, o Brasil. Passamos a absorver mais poupança externa e o dólar mais barato ajudou a inflação.

A tendência é a moeda americana subir no ano que vem e o contexto brasileiro é de inflação acima da meta e preços represados. A boa notícia é que a diminuição do déficit em conta-corrente fica mais fácil com a desvalorização do real, porque o real mais fraco desestimula as importações e favorece as exportações. Entram mais dólares; saem menos. O problema é o efeito colateral na inflação. Quando o dólar sobe, os preços das commodities também se elevam.

Durante todo o depoimento no Senado, Janet Yellen demonstrou uma mistura de cautela com otimismo. Afirmou que acredita na recuperação da economia americana, mas lembrou que em vários momentos nos últimos anos o ritmo ficou abaixo do esperado. Explicou que o Fed não olha para apenas um indicador, como a taxa de desemprego, mas para um conjunto de números, que vão do mercado de trabalho, crescimento da renda, do PIB, mercado imobiliário, investimentos, balança comercial. Ou seja, quer ter absoluta certeza de que o crescimento é forte e sustentável, antes de começar a subir os juros. Sobre o tombo de 3% do PIB no primeiro trimestre, Yellen também atribuiu ao inverno rigoroso, que diminuiu as vendas do comércio e interrompeu a produção.

No mercado, há duas incertezas. Quando o Fed começará a subir a taxa de juros e qual será esse ritmo. O mais provável é ser gradual. O economista-chefe da Modal Asset, Alexandre de Ázara, acredita que o Fed vai adiar o quanto pode a alta, para então fazer uma mudança repentina.

— Não há consenso sobre isso, mas, na minha visão, a estratégia será adiar ao máximo o aumento, para ter certeza de que a recuperação está firme, para então provocar uma subida mais rápida dos juros — disse.

Ázara explicou que muitas previsões para a economia americana apontam para um crescimento entre 3% e 4% por um período de 18 meses. Um ritmo forte para um PIB de US$ 17,5 trilhões, quase oito vezes o tamanho da economia brasileira. Isso empurraria a inflação para acima da meta americana, que é de 2% e já está em 1,8%, e aumentaria o risco de bolhas.

“O inverno está chegando” é a frase que o mercado gosta de repetir prenunciando os riscos do futuro e parodiando uma famosa série de TV. Para a economia mundial, isso representa o aumento de juros por parte do Banco Central americano. O Brasil precisa se preparar para essa mudança de temperatura.

Paixões perigosas - HENRIQUE MEIRELLES

FOLHA DE SP - 20/07


Um dos aspectos mais relevantes em qualquer gestão --pública, privada ou esportiva-- é o processo de tomada de decisões. Os graves problemas enfrentados pela Argentina em consequência de seu calote, os prejuízos e multas bilionárias pagas por bancos americanos por erros na crise de 2008 e as espetaculares derrotas da seleção para a Alemanha e a Holanda têm dimensões, implicações e significados muito diversos. Mas, analisando os processos decisórios, concluímos que sucessos e desastres são gerados por sequência de decisões com características comuns.

As decisões bem-sucedidas têm, com frequência, duas características:

1) São tomadas com serenidade e análise rigorosa de dados e baseadas nos fatos e nas melhores evidências sobre o caminho a seguir.

2) O gestor monitora de perto o resultado das decisões e a evolução do cenário, sempre pronto para, a qualquer momento, mudar de curso ou revertê-lo se as medidas gerarem resultados negativos.

Um processo decisório tenderá ao fracasso quando o gestor tomar com frequência decisões passionais e egocêntricas, priorizando preferências pessoais, emocionais, ideológicas ou políticas. São fatores que contaminam a análise e causam perda de foco em relação aos dados da realidade.

Outro gerador de fracasso aparece quando o gestor adota postura de torcedor emocionado da própria decisão. Vemos isso na gestão de política econômica e de grandes instituições, que levam a crises nacionais de grande gravidade. O mesmo ocorre no esporte e em outros campos.

A recusa em reconhecer o fracasso e a necessidade de mudança caracterizam os processos decisórios baseados em ideias preconcebidas e posições ideológicas, que se sobrepõem à análise serena e realista dos fatos.

Na economia, por exemplo, temos hoje modelagens baseadas em extensas informações e séries históricas de dados, bem como pesquisas acadêmicas abundantes, que permitem decisões mais bem informadas. Muitos desses modelos já passaram por testes exaustivos.

Mas não existem verdades absolutas. As pesquisas trazem muitas vezes resultados diferentes e estão em revisão constante. Além disso, a realidade é complexa e mutante. Por isso, as decisões estão sempre sujeitas a erro e devem ter seus resultados monitorados continuamente, buscando reduzir aspectos passionais ao menor nível possível.

Cada um pode ser tão passional quanto desejar no seu processo de decisão somente quando o tomador da decisão arcar com as consequências. Mas é grave deixar decisões que influenciam grande número de pessoas serem tomadas de forma emocional, passional ou ideológica.

A vitória alemã - SACHA CALMON

CORREIO BRAZILIENSE - 20/07

Como último eco da Copa, estejamos certos de que o futebol não é uma caixinha de surpresas. Se procurarmos bem, sem paixão, o melhor sempre vence.
Vejamos o final da Copa. Kroos e Müller destroçaram a retaguarda abestalhada do Brasil.

Sabella, o técnico da Argentina, viu tudo e tirou suas conclusões. Reconheceu a superioridade tática do adversário e procurou vencê-lo na retranca e nos contra-ataques, contando com Messi e Higuain. Disciplinados, os argentinos cumpriram as instruções ao pé da letra e só não venceram pela incompetência de Higuain (um chute) e o azar de Messi  (outro chute), ambos raspando a trave,como goleiro alemão fora do posicionamento ideal.

Mascherano foi o maestro do time argentino.

Mereceu, com o incansável Schweinsteiger e o ganese naturalizado alemão Boateng, o título dos melhores em campo. Boateng parou Messi sem violência alguma. É da estirpe de Newton Santos. Desarma na marcação, a arte da antecipação, da travada e da tomada de bola.

Pelos números da Fifa, a Alemanha teve posse de bola 60% do tempo e executou impressionantes 64 ataques contra 27 da Argentina.

Isso posto, os teutões tiveram quase três vezes mais oportunidades de criar jogadas de gol. Então, por que não golearam? Pela retranca argentina, que só permitiu sete chutes a gol com reais chances de vazar o valente goleiro dos hermanos. A Argentina, portanto, cedeu espaço aos alemães e se protegeu, colocou a defesa e o meio de campo à altura de sua intermediária, com sete e, às vezes, oito jogadores.

Equivale a dizer que três quartos do campo estiveram sob a soberania alemã.

A Argentina, coisa que o Brasil não fez nem saberia fazer, confiava exclusivamente nos contra-ataques, que não ocorriam. Basta dizer que, no primeiro tempo do jogo, a seleção sul-americana deu apenas um chute em direção ao gol, assim mesmo porque Kroos, num momento de brasilidade, à moda do raçudo, mas esquentado, David Luiz, cabeceou para trás sem ver Higuain, frente a frente com um atônito Neuer. O argentino de cabelinho arrumado e sobrancelhas feitas errou o chute ridiculamente. Gol feito, gol perdido, fazer o quê? O ponteiro do relógio marcava 21 minutos de jogo.

No segundo tempo, tivemos aquela investida do Messi, a passinhos curtos, e um chutaço com força, na transversal, raspando a trave. Tentou e errou. A Argentina ficava no zero, mas fechava a grande área.

Quem sabe na prorrogação a sorte lhes sorriria, depois de tanto sufoco? Ou Francisco lá em Roma os faria vencer nos pênaltis? Diga-se de passagem, que não vi nenhum alemão rezando, fazendo preces, se persignando ou elevando os olhos para o céu. Futebol não é coisa de santo, se não um lúdico jogo de homens, correndo em campo como crianças. O que fizeram depois da vitória foi imitar a dança ritual do desejo de ganhar dos índios pataxós, uma homenagem aos simpáticos silvícolas da região onde primeiro chegaram os portugueses e onde rezaram a 1ª Missa, em Santa Cruz Cabrália. Uns simpáticos meninões esses alemães, animados e brincalhões, porém sérios na hora de jogar, como convém! Em Berlim, encantados com e pelos pataxós, subiram em carro aberto, um atrás do outro, com a mão do detrás no ombro do que lhe ia à frente, como os índios fazem, a simbolizar (que simbiose) um espírito de equipe quase tribal. O mesmo faziam os jogadores brasileiros, mas sem treino eficaz. Mais uma vez agradeceram o apoio do simpático povo brasileiro, especialmente dos expansivos moradores de Porto Seguro. Havia um cartaz no carro dos alemães com os dizeres: "Obrigado, Brasil, pela Copa maravilhosa".

Em Berlim, fizeram uma humilhação aos gaúchos, como se intitulam, às vezes, os argentinos, andando estranhamente vergados, para logo dizerem: "Somos alemães, caminhamos erguidos". O jornal Olé, de Buenos Aires, sentiu o golpe, perdeu o bom humor (com que satirizavam os brasileiros) e os acusou de racistas. Achei de mau gosto equiparar os argentinos a homens-macacos.

Merece repúdio. Se a intenção foi essa, ficaram no mesmo plano dos argentinos que nos chamam de "macaquitos" e se autoproclamamos europeus da América Latina.

Os argentinos não entraram em campo vergados; nós entramos convencidos como sói acontecer neste país sem autocrítica e responsabilidade (levamos de 7 x 1).

Contudo, somos simpáticos, ao contrário dos hermanos, difíceis de serem estimados.

Qual a razão? Arrogância? Desrespeito aos outros? Seja lá como for, o orgulho alemão é sempre perigoso. O grito nacionalista "Alemanha acima de tudo" (Deutschland über alles) gerou o holocausto, este sim, um ato que envergonhará o povo alemão por toda a eternidade. Melhor o "ubuntu" sul-africano. "O homem só é homem quando se reconhece no outro homem." Por isso mesmo o massacre indiscriminado de crianças e civis em Gaza revolta a humanidade.

Somos uma só irmandade no Planeta Terra. Não podemos esquecer!

O tal mercado - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 20/07

O comportamento de regozijo do mercado financeiro, toda vez que uma pesquisa de opinião mostra a chance de derrota de Dilma na eleição presidencial, tem gerado críticas por parte dos petistas, inclusive do mais graduado deles, o ex-presidente Lula, que chegou a ironizar recentemente esse comportamento: Pelo que eu sei, esse tal de mercado internacional nunca votou em você (Dilma) e nunca votou em mim. Quem vota na gente é o povo, cujo único mercado que conhece é onde compra feijão .

Mas desde sempre a situação da economia não apenas influencia o resultado das eleições, como também a situação política interfere na economia, especialmente em anos eleitorais como o que vivemos. É a economia, estúpido , já advertiu o marqueteiro James Carville na campanha que elegeu Bill Clinton presidente dos Estados Unidos.

Lula sabe o que é isso. Já tivemos no mercado internacional o lulômetro, que o banco de investimentos americano Goldman Sachs criou na eleição de 2002 para medir a influência na cotação do dólar do risco de Lula vir a ser eleito presidente da República. O modelo matemático previa que o dólar chegaria a R$ 3 em outubro, e ele chegou a R$ 4, diante da realidade de Lula subindo a rampa do Palácio do Planalto.

E, diante da desconfiança do tal mercado, Lula teve que lançar a Carta aos Brasileiros para garantir que não mudaria a política econômica. Anos depois, Lula se confessaria arrependido de ter feito tal carta, o que só reforça a desconfiança atual dos mercados com o governo Dilma.

Depois de duas eleições em que reeleger Lula ou eleger Dilma não parecia perigoso para a economia do país, chegamos este ano a uma eleição diferente. O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que deve ser o principal nome da economia em um eventual governo do tucano Aécio Neves, já previra que a possibilidade de Dilma se reeleger no primeiro turno, como indicavam as pesquisas até pouco tempo, poderia ter o mesmo efeito que a vitória de Lula em 2002.

Em consequência, a possibilidade de haver segundo turno, com boa chance de derrota do PT, poderia fazer a Bolsa de Valores retomar o crescimento, depois de ter caído quase 40% nos anos Dilma.

Na semana passada, diante da pesquisa Datafolha que mostra um empate técnico entre Dilma e Aécio num segundo turno, o Ibovespa subiu, empurrado especialmente pelas ações das estatais. O que quer dizer que os investidores acreditam que num novo governo as estatais não serão mais usadas como instrumentos de política econômica, mas como empresas competitivas num mercado internacional cada vez mais difícil.

Isso porque o mercado, dizem os especialistas, é essencialmente um instrumento da democracia, como transmissor de informações e expressão da opinião pública. Lembrei-me de um debate, anos atrás, em que fiz a mediação entre dois dos pais do Real, os economistas Gustavo Franco e André Lara Resende, hoje atuando como assessor de Marina Silva, sobre o qual já escrevi na coluna.

Quando o assunto foi o mercado, os dois concordaram em que a sua impessoalidade sai sempre mais barata para o contribuinte. Goste-se ou não, o mercado é a forma mais eficiente e influente de expressão da opinião pública, e transparência é tudo quando se trata do funcionamento do mercado , disse Gustavo Franco.

Para ele, uma coisa é certa: quanto mais distantes do mercado estiverem as relações entre o público e o privado, quanto mais discricionárias as decisões, e quanto menor a transparência, maior será a corrupção .

André Lara Resende destacou que a contribuição mais relevante do economista austríaco liberal Friedrich Hayek é o seu papel de defensor dos mercados, como insuperável transmissor de informação e estimulador da criatividade, onde se pode encontrar a mais coerente e fundamentada análise dos riscos econômicos e sociais do aumento do papel do Estado .

Para Franco, quem vai terminar com a sociedade do privilégio é a economia de mercado, e não é outro o motivo pelo qual a estabilização, a abertura, a desregulamentação, e a privatização geraram tantas tensões . A economia de mercado, na definição de Franco, é subversiva numa sociedade do privilégio, pois propugna a competição, a impessoalidade e a meritocracia, e dispensa, tanto quanto possível, a interveniência de um Estado cheio de vícios .

Com bola e tudo - DORA KRAMER

O ESTADO DE S.PAULO - 20/07


A última pesquisa Datafolha, primeira depois da Copa do Mundo, trouxe um alerta ao governo que serve também aos demais candidatos: definitivamente o eleitorado não é um ajuntamento de seres imaturos permeáveis a manipulações de natureza barata.

Situação e oposição tentaram cada qual ao seu modo tirar proveito do Mundial. A presidente Dilma Rousseff tripudiando sobre as previsões dos "pessimistas" quis se beneficiar do sucesso fora do campo.

Seus principais adversários, Aécio Neves e Eduardo Campos, ensaiaram capitalizar o repúdio da plateia à governante nos estádios. Movimentos inúteis, conforme mostrou a pesquisa.

Com toda a euforia da Copa e o êxito da organização, Dilma viu suas intenções de votos oscilarem para baixo (de 38% para 36%), a rejeição subir de 32% para 35% e a avaliação negativa do governo aumentar de 26% para 29%.

A conclusão é óbvia e simplesinha: a eleição não depende de truques e o eleitorado não está disposto a transitar pelo terreno das realidades paralelas.

Há um dado objetivo que é o cenário do segundo turno, este sim muito preocupante para o governo. Em 15 dias a diferença entre a presidente Dilma e o candidato do PSDB se reduziu em sete pontos porcentuais. Período em tese bom para a presidente, pois estava todo mundo vivendo o encantamento dos turistas com o Brasil meio de fantasia.

No início de julho Dilma tinha 46% contra 39% de Aécio. Duas semanas depois, o quadro era de 44% contra 40%, praticamente um empate indicando possibilidade de ultrapassagem pelo candidato da oposição.

Uma questão de lógica, porque a candidata à reeleição não para de cair e seu oponente mais próximo sustenta a posição. Note-se ainda o seguinte: do primeiro para o segundo turno ela vai de 36% para 44%; acrescenta oito pontos ao seu capital enquanto ele dobra o patrimônio, subindo de 20% para 40%.

O terceiro colocado, com 8%, vai para 38% no segundo turno. De onde Eduardo Campos arrumou 30 pontos porcentuais? Da rejeição à presidente, claro. Um sentimento que aumenta e se consolida a cada pesquisa. A campanha do PT tem dois desafios, de imediato: estancar e inverter a tendência.

Não há uma fórmula mágica à vista e por enquanto a aposta é tradicional, a exposição no horário da propaganda de rádio e televisão, cujo tempo reservado à presidente é quase o triplo do segundo colocado. Não deixa de ser uma vantagem, mas a eficácia pode ser relativa.

Dilma já conta com exposição total nos veículos de comunicação e fica difícil perceber como a aplicação de novas e altas doses do mesmo remédio poderia resolver o problema. Ou seja, liquidar a eleição no primeiro turno.

Já para os oponentes, muito menos conhecidos, qualquer acréscimo de ocupação de espaço é vantajoso, porque têm margem para crescer, o que não ocorre com a presidente conhecida por 99% e rejeitada por 35% do eleitorado.

A disputa no segundo turno ocorre na base do mano a mano: há obrigação de comparecer aos debates, os tempos de televisão são divididos de forma igualitária entre um e outro e é na etapa final que a rejeição tem um peso fatal. Daí a urgência de vencer no primeiro turno, o que não parece uma hipótese à disposição de Dilma Rousseff.

Corda bamba. A entrada de Lula na campanha de Alexandre Padilha ao governo de São Paulo é um teste para a popularidade do ex-presidente. Deu certo com Fernando Haddad, que em 2012 tinha índices sofríveis de intenções de votos e deslanchou com a ajuda de Lula.

Embora improvável, não é impossível de se repetir a cena nessa tentativa de tirar Padilha dos 4% rumo a uma situação de competitividade com o governador Geraldo Alckmin e seus 54% de intenções de votos na pesquisa do Datafolha.

Caso não surta o efeito esperado, porém, o ex-presidente terá explicitado que seu prestígio junto ao eleitorado já não é o mesmo de outrora.

CONSULTEM O PCC - PERCIVAL PUGGINA

ZERO HORA - 20/07


Somos caça. Diariamente, ao colocarmos o pé na calçada, ao sairmos de nossa humilde toca ou de nosso bunker familiar, viramos caça. Se tudo correr bem, retornamos sãos e salvos por não termos sido alvo dos predadores. Nem por isso teremos deixado de ser caça. Tão caça quanto qualquer lebre corredeira. Saiba: no mundo civilizado não é assim.
O notório agravamento da insegurança socialmente percebida tem profundas raízes ideológicas. Aliás, no Brasil (e no RS mais do que em qualquer outra parte), tudo é desgraçadamente ideologizado. Da religião ao chimarrão. Então, algo que deveria merecer consistente unanimidade por urgente interesse público, ou seja, o combate ao crime e à impunidade, o encarceramento dos bandidos, o cumprimento das penas, a extinção da farsa do semiaberto, a redução da maioridade penal, a ampliação das forças humanas e materiais das corporações policiais, é travado por argumentos ideológicos. Quais? Ora, não ensinava Proudhon que a propriedade é um roubo? Não frisaram, Marx e Engels, que abolir a propriedade é o resumo do comunismo? Não creem os que abraçam essa doutrina que a criminalidade ou se confunde inteiramente com a luta de classes, ou é um subproduto dela? Quando tratava da luta de classes, não abraçou-se Marx à frase de George Sand _ “Vitória ou morte! Guerra sangrenta ou nada!”? Como pode um país saturado de marxismo entusiasmar-se com a tarefa de sustar qualquer instrumento da “reformulação da sociedade”?
Há poucos dias, assisti na tevê a entrevista feita com uma senhora cuja atividade econômica consistia em garimpar e revender rejeitos de um lixão. Com isso, cuidava dos filhos, comprou um automóvel e traçava projetos para cursar faculdade. Na perspectiva da luta de classes, essa admirável pessoa é uma burguesa alienada, ao passo que o assaltante de nossas ruas é um militante da justiça social, um soldado da causa. E merece toda a leniência que lhe é proporcionada pelas nossas instituições. Não veem elas o criminoso como um filho bastardo e infeliz da economia de mercado e do sistema de livre empresa? É exatamente por isso que as instituições, maculadas por uma ideologia insana, são tão indulgentes com os criminosos enquanto assimetricamente, relegam ao mais tenebroso abandono as suas vítimas.
Qualquer líder do PCC ou do Comando Vermelho, consultado sobre nossas leis penais, instituições policiais e sistema penitenciário, dirá: “Melhorem a hotelaria. E não mexam no resto que está bom demais”. Ou não?


Gastando cartuchos - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP - 20/07


BRASÍLIA - Sabe o dado mais importante do Datafolha? Eduardo Campos, que só tem 8% de intenções de voto, dá um salto espetacular para 38% num eventual segundo turno entre ele e a presidente Dilma Rousseff. Como assim?

A única explicação é que as pessoas não votariam a favor dele, mas contra Dilma e o PT. A rejeição dela bate em 35%, o dobro da de Aécio (17%) e mais que o dobro da de Campos (12%); e a avaliação ruim/péssimo do governo bate em 29%.

Vai ficando cada vez mais evidente que a grande chance de Dilma ser reeleita é arrancar a vitória no primeiro turno. O que, pelo andar da carruagem, parece bastante improvável. Ela vai mal em São Paulo e caiu no Nordeste, entre as mulheres e nas maiores cidades, que são irradiadoras de votos.

Dilma ainda é favorita (36%), mas, se a eleição for para o segundo turno, a coisa pode ficar feia. A diferença entre ela e Campos é de apenas sete pontos (45% a 38%). Entre ela e Aécio, que já foi de 27 pontos em fevereiro, caiu para irrisórios 4 pontos (44% a 40%) em cinco meses. Considerando a margem de erro de dois pontos, há empate técnico entre Dilma e Aécio, que tem muito menos exposição.

A situação da candidatura Dilma acirra os ânimos do PT e do seu grande líder, Lula, que vive hoje um triplo pesadelo: Geraldo Alckmin com mais de 50% para o governo e José Serra na dianteira para o Senado em São Paulo e Dilma gastando todos os seus cartuchos sem acertar o alvo para a reeleição.

Se Dilma está assim com Copa, Brics, presidentes da Rússia, da China e da América do Sul e uma série de entrevistas, como poderá evoluir bem daqui em diante?

Ela tem mais que o dobro do tempo de TV de Aécio e Campos na campanha, mas TV e marketing não fazem milagre. Talvez a economia fizesse, mas os ventos internacionais não induzem ao otimismo. Nem o desempenho do governo Dilma até aqui.

O teatrinho de Xi Jinping no Congresso - ELIO GASPARI

O GLOBO - 20/07


A diplomacia chinesa tem obsessão pelo ritual, e a do comissariado gosta de brincar com eventos. Durante a ida do presidente Xi Jinping ao Congresso, juntaram-se os dois num episódio constrangedor. Xi falaria na quinta-feira, mas temeu-se que não houvesse plateia e antecipou-se o evento para a quarta. Metade das poltronas ficaram vazias. Esse foi o problema de forma, mas haveria também o de conteúdo.

Esperar um discurso claro ou informativo de um dirigente chinês é ilusão democrática. Xi repetiu palavras simpáticas, até o momento em que, cripticamente, entrou na questão do controle da internet:

"Não há espaço para duplo critério na área de informática, onde todos os países têm o direito de defender a sua própria segurança informática. Não é aceitável que um ou alguns países fiquem seguros e outros não, para já não dizer obter a chamada segurança absoluta de um país à custa da segurança dos outros."

"Hoje em dia, o desenvolvimento da internet traz novos desafios para a defesa da soberania e interesses do desenvolvimento. Todos os países têm o direito de se defender. A comunidade internacional deve atuar com base nos princípios de respeito e confiança mútua, e estabelecer um sistema multilateral, democrático e transparente de administração sobre a internet."

À primeira vista, o presidente chinês condenou a espionagem do companheiro Obama. Lendo-se de novo, vê-se que defendeu a sua. Serão necessários mais 20 séculos para saber o que a China entende como "sistema multilateral, democrático e transparente de administração" da internet.

Por enquanto, a China é um modelo futurista de censura e espionagem na rede. Estima-se que sua polícia cibernética tenha um exército de dois milhões de pessoas. Bloqueiam palavras e sites, multam e prendem quem sai da linha. Um texto repassado mais de 500 vezes e lido por mais de 5.000 pessoas pode custar até três anos de prisão. A astúcia com que a China expandiu sua rede, tornando-a a maior do mundo ao mesmo tempo em que conseguiu controlá-la, é um exemplo da competência tecnológica. O companheiro Xi acha que esse modelo é bom para o seu país. Tudo bem, mas não devia tentar exportá-lo com raciocínios empulhadores.

Exposta, a espionagem eletrônica americana é discutida em todo o mundo, inclusive nos Estados Unidos. Já a chinesa está protegida pela ditadura de vitrine que governa o país. Cinco comandantes militares chineses foram denunciados pelo governo dos Estados Unidos por atividades de espionagem eletrônica. Não vai dar em nada, mas foram identificados.

Os discursos de chefes de Estado em visitas oficiais ao Brasil são negociados durante a preparação das cerimônias. O Itamaraty poderia ter sugerido ao companheiro Xi que tirasse as referências à internet de seu discurso no Congresso. Não se trataria de censura, mas apenas de boas maneiras.

Viagens presidenciais envolvem cuidados, e os chineses cuidam de sua parte, mas a diplomacia brasileira não cuida da sua. Em 2004, quando o presidente Hu Jintao veio ao Brasil, disse que em seis anos esperava aumentar o comércio do seu país com a América Latina para US$ 100 bilhões anuais. O tradutor terceirizado trocou comércio por investimento. Todos os embaixadores e cônsules chineses no Brasil falam português. Nenhum dos brasileiros fala mandarim. Em 2011, a doutora Dilma foi ao Império do Meio, e sua comitiva anunciou um investimento de US$ 12 bilhões da empresa Foxconn. Era lorota. Na volta, ela trouxe apenas uma gripe.

DILMÊS

No que se refere à ligeireza e à confusão das falas da doutora Dilma, ela deu uma boa amostra quando tratou da derrubada do jato da Malaysia Airlines:

"Acho prudente a gente tomar cuidado porque, ao mesmo tempo, tem um segmento da imprensa que diz que este avião que foi derrubado estava na rota da volta do presidente Putin, que coincidiu a hora."

Ganha uma viagem a Kiev quem souber o que é "um segmento da imprensa".

De qualquer forma, logo se soube que, mais ou menos à mesma hora do comentário de Dilma, Vladimir Putin tratou do assunto e não mencionou a suspeita. A doutora poderia verificar qual foi o segmento de sua assessoria que sugeriu a fala imprudente.

EREMILDO, O IDIOTA

Eremildo é um idiota e soube que 89% das escolas públicas têm computadores, mas só em 6% as máquinas são usadas pelos alunos nas salas de aula.

O cretino sabe que, se os computadores ficarem nas salas, poderão ser roubados. Ainda assim, ficou com a impressão de que, para um gestor do dinheiro da Viúva, é fácil comprar equipamentos, ganhando a simpatia dos fornecedores e engordando estatísticas. Duro mesmo é trabalhar na segurança e na manutenção das escolas.

TÁXI DO POVO

Para quem quer saber mais sobre o delicado quebra-cabeça da política interna chinesa e não tem paciência para ler sobre Confúcio, Mao Tse-tung ou até mesmo Deng Xiaoping, há um bom livro na rede. É "The New Emperors", de Kerry Brown, professor da Universidade de Sydney. Sai por US$ 15,12.

Nele aprende-se que Xi Jinping tenta popularizar-se deixando circular a história de que um dia tomou um táxi.

O MENSALÃO COMEÇOU ASSIM

Na tarde de quarta-feira, o deputado José Augusto Maia foi à tribuna da Câmara e denunciou que foi destituído da presidência do Pros de Pernambuco e excluído da lista de candidatos "por não aceitar uma proposta indecorosa e vergonhosa do presidente nacional do partido, Euripedes Junior (...), para me coligar ao PSB".

O Pros efetivamente coligou-se com o PSB. Há alguns meses, numa reunião do Pros ocorrida em Brasília, Euripedes Junior defendeu a necessidade de lutar pela nomeação de um ministro porque isso permitiria a obtenção de financiamentos de fornecedores e sua canalização para as campanhas. Nessa ocasião, houve um pequeno mal-estar. Se as doações fossem formais, não haveria por que falar em "proposta indecorosa e vergonhosa". Numa segunda reunião, numa narrativa de Maia, o assunto voltou a ser tratado, com mais detalhes.

Maia foi prefeito de Santa Cruz do Capibaribe, esteve no PMDB e no PTB. Teve suas contas rejeitadas quatro vezes e, no último dia 6, anunciou que desistia de se candidatar à reeleição. Se ele era um barra brava, o Pros correu risco ao aceitá-lo, entregando-lhe a presidência da seção pernambucana. De qualquer forma, fica a esperança de que especifique a proposta "indecorosa e vergonhosa" que recebeu. Afinal, o deputado Roberto Jefferson, que detonou o mensalão, também passara pelo MDB e pelo PTB, além de ter sido um dos coronéis da tropa de choque do presidente Fernando Collor no Congresso.

Sem anestesia - JOÃO BOSCO RABELLO

O ESTADÃO - 20/07


Primeira após a Copa do Mundo, a pesquisa Datafolha confirmou a previsão de que o torneio não afetou o discernimento do eleitor que, embora satisfeito com o evento, não concede ao governo o mérito pelo seu êxito, como tinha esperança o PT.

Essa constatação agrava a situação da presidente, por ser um ponto a seu favor que se mostrou insuficiente para impedir nova queda na intenção de voto e aprovação de governo.

Mais que isso, o índice de rejeição da presidente, em viés de alta agora também na região Nordeste, reduto histórico de vitórias do PT, causa vertigem na coordenação da campanha. De fato, a pesquisa é muito ruim para Dilma quando se sublinha certos aspectos.

Em queda desde que a economia entrou em baixa e perdeu seu efeito anestésico, o governo viu também que a Copa não funcionou como sedativo capaz de ajudar a empurrar o senso crítico do eleitor para depois de outubro.

Conhecida por 100% do eleitorado, ao contrário de seus oponentes, Dilma tem apoio apenas de 36% dos consultados, dois pontos a menos que na última aferição, reduzindo o poder de sua maior visibilidade.

Nesse contexto, a equação é perversa para a presidente: enquanto seus adversários ganham na medida em que ampliam sua visibilidade, ela cai na proporção inversa. Tal constatação indica que a exposição na propaganda de televisão favorecerá a oposição em proporção bem maior que a candidata governista.

Outro fator negativo é o índice de rejeição da presidente. Em São Paulo, é de 47%, e no cômputo geral, de 35%, porcentuais muito próximos.

Os índices de avaliação de governo também caíram e a candidata hoje tem seu governo reprovado por 29% - o pior resultado desde 2011, segundo o instituto Datafolha.

Os números de pesquisas são fotografias de momentos, o que recomenda sempre cautela na sua associação com previsões de derrota ou vitória.

Mas o alerta da pesquisa está na consistência da queda da presidente, que se mostra refratária ao esforço empreendido pelo seu governo na reversão do quadro.

A situação da candidata do PT, partido a que deve seguramente o maior porcentual de sua rejeição, nos Estados é outro complicador. A dissidência na base aliada subtraem viço à campanha nacional, sobretudo porque foi habilmente explorada por Aécio Neves, como prova o cenário do Rio de Janeiro, terceiro maior colégio eleitoral.

Em política não se despreza o imponderável. Mas o registro presente mostra a candidatura oficial com dificuldade persistente e parca em recursos para virar o jogo, que lhe é desfavorável.

Raposa felpuda - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S.PAULO - 20/07


Como velho político, Lula parece ter entendido o recado de que a população quer outra política. Mudou, então, a sua prática política? Não. Simplesmente mudou o discurso, mantendo a sua velha estratégia. Falar mal da política, mas continuar atuando como uma felpuda raposa política.

Em recente vídeo para jovens, divulgado pelo seu instituto - que é um dos polos coordenadores da campanha da reeleição de Dilma -, o ex-presidente propôs uma reforma política feita por iniciativa popular que acabe com "partidos laranja" e "partidos de aluguel". Ele deseja "um projeto de lei que possa mudar substancialmente a política brasileira, ter partidos mais sérios, acabar com os partidos laranjas, os partidos de aluguel, acabar com partidos que utilizam seu tempo para fazer negócio". Nem parece ser ele quem manda no Partido dos Trabalhadores (PT), partido que, nos últimos meses, promoveu uma das mais profícuas trocas entre cargos de confiança no governo federal por tempo de propaganda política na TV. A população está cansada é dessa hipocrisia: o maior promotor - e maior beneficiário - do sistema político atual pregando virtuosamente a sua reforma.

Com o mesmo descaramento, como se o PT não tivesse sido o partido que mais recebeu doações de empresas privadas nos últimos anos, Lula afirmou que é "radicalmente" contra o financiamento privado de campanha. E ainda expôs os seus motivos. Segundo o político Lula, o financiamento público "é a forma mais honesta na face da terra de financiar uma campanha para não permitir que os empresários tenham influência na eleição da pessoa". No site do Instituto Lula, ao lado do vídeo, está ainda a notícia de que empresários organizaram um jantar em homenagem "às realizações de seu governo" em 2011. Vê-se que o homenageado muito se orgulha desse tributo, mantendo-o em destaque durante anos.

Como se o seu governo não tivesse produzido o maior escândalo de corrupção do Brasil contemporâneo, defendeu a fiscalização para garantir a transparência no uso dos recursos pelo partido. Quer também um projeto de lei de iniciativa popular "que possa mudar substancialmente a política brasileira". Se houvesse de fato essa disposição, bastaria pedir ao seu partido, que conta com ampla maioria no Congresso, para que a realize. Mas isso nem de longe é a sua intenção. No vídeo, ele simplesmente atua como o mais político dos políticos, e ainda trata o espectador como um ignorante da realidade política nacional.

Num esforço por se mostrar próximo da população, o ex-presidente Lula reconheceu que não são apenas os jovens que estão desencantados com a política, mas toda a sociedade. E afirmou: "A política está apodrecida, aqui no Brasil e em várias partes do mundo, porque há uma negação, uma rejeição a político". A política está apodrecida não pela rejeição da população. Isso é um dos efeitos do problema. A política está apodrecida porque políticos, como o ex-presidente, que se dizem "modernos", continuam fazendo o que faziam os coronéis que condenam.

Para completar coerentemente a miríade de incoerências, Lula disse ainda que, numa eventual reforma política, apoiará o voto em lista. Cada eleitor votaria no partido, e não em candidatos específicos. Segundo o ex-presidente, seria um avanço, já que "o deputado não pode ser um deputado avulso, tem que ser um deputado do partido". Ora, o mais personalista dos políticos diz que prefere voto no partido? E diz isso na mesma semana em que Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, afirmou que é candidato a deputado federal pelo PT simplesmente por causa da insistência de Lula, que conta com Sanchez para alavancar outros candidatos petistas, já que os tradicionalmente "bons de voto" do PT em São Paulo estão na cadeia.

A incoerência de Lula não é nova, mas há um ponto que preocupa especialmente. Dilma falou em assembleia constituinte para uma reforma política quando começou a perder o jogo na opinião pública, após as manifestações de junho de 2013. Lula volta agora ao mesmo tema, numa época em que a cada semana a popularidade da candidata é abalada. Seria isso um sinal de que o lulo-dilmismo quer mudar as regras do jogo justamente no momento em que o seu time começa a ficar atrás no placar?

Candidatos põem UPP em risco - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO - 20/07


Diante do êxito da política de Segurança, concorrentes ao Palácio Guanabara desejam ampliá-la; mas, com isso, podem desestabilizar a própria política



Até pelo seu peso na própria história da segurança pública do Rio de Janeiro, embora ainda não tenha uma existência longa, a política das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) teria grande destaque nos debates na campanha eleitoral para o governo do estado. Com início em 2008, quando a primeira UPP foi instalada, no morro Dona Marta, em Botafogo — escolhido por ser uma favela pequena — acumula grande saldo positivo (o que não significa que não haja impasses, retrocessos, necessidade de aperfeiçoamentos). Entre outros, as UPPs têm o mérito de ter acabado com o sobe e desce, o entra e sai da polícia nas chamadas comunidades, operações sempre muito arriscadas, principalmente para os moradores. Veio daí o uso recorrente do termo “bala perdida” para explicar a morte de inocentes.

A decisão da Secretaria de Segurança, sob o comando de José Mariano Beltrame, de entrar e ficar pode ser comparado ao “ovo de Colombo”. Era óbvio, mas ninguém fez. Hoje, são quase 40 UPPs, sob a proteção direta das quais está uma população superior a 700 mil pessoas — se considerarmos a proteção indireta, o número mais que dobra. Os índices de criminalidade caíram, e algumas regiões da cidade gozam de uma tranquilidade não usufruída há muito tempo.

No início da semana, O GLOBO ouviu os principais candidatos sobre o tema: Anthony Garotinho (PR), Marcelo Crivella (PRB), Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Lindbergh Farias (PT)Até por terem sido curtos, os textos com a posição de cada trazem a sua essência, e nela tem-se uma notícia boa e outra ruim. A boa é que ninguém contesta mais as UPPs. A ruim está na visível ânsia de todos de explorar ao máximo o que dá certo, e isto é arriscado.

Garotinho deseja instituir o Batalhão de Defesa Social, para suprir deficiências das UPPs na atuação direta junto ao morador. A ideia não é nova, e basta fazer uma boa coordenação de todos os órgãos do poder público que atuam nesta direção nas comunidades. Crivella, Pezão e Lindbergh querem ampliar bastante a área de cobertura da polícia. É acertado, mas como? Os três tocam em aspectos essenciais: melhor formação do policial, impedir que a UPP vire coisa de “Zona Sul” (já não é, pois dos mais de 700 mil moradores de comunidades beneficiados ‘diretamente, menos de 120 mil são da Zona Sul) e que se acabe com o desguarnecimento de batalhões na Região Metropolitana, incapazes de enfrentar a migração da violência para a Baixada. O candidato petista frisa que “só ocupação policial não resolve”.

Está tudo certo, mas como implementar as corretas propostas com escassez de recursos e baixa qualificação, em geral, de quem se candidata a soldado da PM? Mesmo numa favela-vitrine, a Rocinha, PMs da UPP desapareceram com Amarildo. Os candidatos precisam fazer propostas realistas, para que, numa ampliação voluntariosa, as UPPs não caiam em descrédito. Seria ruinoso

Trupes eleitorais - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 20/07


Há uma regra não escrita da política segundo a qual todo candidato competitivo trabalha com pelo menos duas agendas em sua campanha. Uma, oculta, diz respeito ao que pretende de fato fazer caso seja eleito; outra, pública, destina-se a angariar votos sem parecer um apanhado de mentiras.

Buscando equilibrar-se nessa ambivalência, Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB) participaram, na terça e na quarta-feira, respectivamente, de sabatina realizada por esta Folha, pelo portal UOL, pelo SBT e pela rádio Jovem Pan --a presidente Dilma Rousseff (PT) manifestou interesse em ser entrevistada, mas ainda não confirmou data para o evento.

Como seria de esperar, os dois oposicionistas aproveitaram a ocasião para exibir seu rol de críticas à administração federal. Nenhum governo está livre de reproches, afinal; no caso de Dilma, as pesquisas indicam elevadíssimos níveis de insatisfação dos eleitores, o que sem dúvida facilita a vida de quem se dispõe a confrontá-la.

Eduardo Campos, porém, ainda não se mostra confortável nessa posição. Não que não saiba apontar deficiências da atual gestão. Seu problema é outro: ministro no primeiro mandato do presidente Lula, rompeu com o governo petista há menos de um ano. Por causa disso, nem sempre soa tão assertivo quanto gostaria.

Aécio Neves não enfrenta esse tipo de restrição. À vontade para estender seus ataques pelos últimos 12 anos, veste com naturalidade o figurino de quem faz oposição às administrações petistas, e não somente à presidente Dilma.

O tucano, no entanto, nem por isso se permite enfrentar com franqueza as perguntas mais difíceis --mesmo quando sua resposta terminaria por acentuar diferenças em relação ao governo atual.

É o caso dos comentários acerca da economia. Aécio, e nisso não há distinção em relação a Campos, não lista todos os ajustes que decerto considera necessários para o país voltar a crescer. Não é simples para um político, mesmo que de oposição, defender arrocho salarial, mais desemprego e reformas na Previdência, por exemplo.

Ainda que a própria dinâmica das urnas exija certa teatralidade, fica para o eleitor a sensação de que os candidatos, todos eles, estão escondendo o jogo. Medidas impopulares, assim, surgirão de surpresa --talvez como contraponto às promessas de campanha que não passam de promessas.

Acordos com a China vão rumo à modernidade - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 20/07

Os 40 anos de relações bilaterais Brasil-China mereceram comemoração de gala. Em encontro com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília, o líder máximo do gigante asiático, Xi Jinping, assinou 32 acordos de cooperação, entre os quais sobressai a venda de 40 aeronaves e 20 jatos da Embraer. A transação, que envolveu o item mais sofisticado da pauta de exportações nacionais, atingiu o montante de US$ 2,9 bilhões.
Também merece destaque a retirada do embargo à carne bovina brasileira imposto em 2012, depois do registro de um caso isolado de vaca louca no Paraná. A retomada das compras implica dois avanços. De um lado, o reconhecimento da qualidade do produto verde-amarelo. De outro, o aumento das exportações de carne em torno de 20%. Traduzido em cifras, o valor do negócio oscila entre US$ 800 milhões e US$ 1,2 bilhão.

Não só. Estão previstos investimentos em setores estratégicos, como energia e petróleo. Xi Jinping ofereceu fundos e linhas de crédito. São US$ 35 bilhões destinados não só ao Brasil, mas também à América Latina para levar avante projetos sobretudo de infraestrutura.

No âmbito privado, 22 acordos incrementarão as relações comerciais entre as duas nações. O Banco do Brasil, por exemplo, marcará presença em Xangai, cidade cuja modernização da zona franca deve servir de exemplo para o mundo. Além de abrir-se para o setor serviços, a área especial modernizou a burocracia (uma empresa se instala lá em 24 horas) e os trâmites bancários.

Em breve, a mais importante cidade chinesa será o maior centro mundial de comercialização de commodities - a ser feita em yuan. O yuan caminha, assim, para se tornar moeda de troca no comércio internacional. Ocupará o lugar que, até há pouco, se pensava fosse destinado ao euro.

Os acertos sino-brasileiros, que somam US$ 30 bilhões, vão ao encontro da tendência internacional. Ao se tornar eixo do mundo, o Pacífico promove deslocamento de interesses. Os Estados Unidos retiraram parte da frota do Mediterrâneo para instalá-la na Ásia. Novo canal, que rivalizará com o do Panamá, ligará o Caribe ao Pacífico passando pela Nicarágua. A América Latina participa do movimento por meio da Aliança para o Pacífico, que engloba Chile, Peru, Colômbia e México. Os países do Mercosul precisam acompanhar a onda. O Brasil parece ter-se dado conta do atraso.

A inflação bate à porta - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S.PAULO - 20/07


O governo vem se esforçando para mostrar que a inflação, nas palavras da presidente Dilma Rousseff, está "completamente sob controle". A vida real dos brasileiros, porém, revela uma situação bem menos segura. Conforme mostrou o Estado no domingo passado, a classe média já começa a refazer as contas para lidar com a atual escalada inflacionária e, principalmente, para enfrentar a futura alta dos chamados preços administrados, represados em razão do calendário eleitoral.

Os consumidores consultados na reportagem demonstram um comportamento-padrão ante as perspectivas sombrias. A maioria diz que reduziu as idas ao supermercado e que passou a evitar compras a prazo. Despesas foram cortadas e viagens foram adiadas. Precavidos, alguns entrevistados revelam que começaram a guardar dinheiro por medo do que acontecerá depois das eleições. "Decidi economizar porque achei que o governo está escondendo muita coisa", disse uma administradora de 36 anos, para quem os preços "vão subir bastante" assim que a eleição passar.

Esse tipo de reação indica que o discurso otimista do governo sobre a saúde da economia nacional, sempre pontuado pelas alardeadas conquistas da classe média, perdeu força ante as evidências cotidianas de que o poder de compra dessa mesma classe vem se deteriorando mês a mês.

Para um país que acordou apenas muito recentemente do pesadelo da inflação galopante, qualquer sinal de descontrole é logo visto com apreensão. É claro que não se vive a mesma situação daqueles tempos, em que a alta dos preços era diária, mas a atual administração parece empenhada em aumentar a desconfiança em sua capacidade de enfrentar o problema.

Não passa dia sem que se revele mais alguma manobra do governo para dar às contas públicas uma aparência de normalidade. Além disso, o discurso oficial fez do teto da meta de inflação a meta em si, para alegar que a alta dos preços está "dentro da meta". Esse é o mais claro indicativo da indisposição do governo de conter de fato a inflação, pois, como se sabe, o teto da meta é apenas uma margem de tolerância para enfrentar um choque de alguns preços derivado de situações temporárias, como quebra de safra. O que deveria ser excepcional se tornou normal, mostrando uma clara leniência com a inflação.

Assim, a classe média, sobre cujos ombros costumam recair as consequências dos erros do governo, parece já ter se dado conta de que está sozinha na luta contra a inflação. "Agora é o momento de segurar as despesas. É uma poupança forçada", disse a este jornal um gerente de compras de 68 anos.

Essa precaução se reflete na temperatura do comércio. Números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o consumo das famílias no primeiro trimestre deste ano foi 0,1% inferior ao do trimestre anterior. Em abril, as vendas no varejo recuaram 0,4% ante março, descontados os efeitos sazonais.

Os consumidores demonstram igual indisposição para gastar no terceiro trimestre. A Pesquisa Trimestral de Intenção de Compras, da Fundação Instituto de Administração, mostra que apenas 46,6% dos pesquisados pretendem comprar algum bem durável ou semidurável entre julho e setembro. É o menor porcentual para o período em 12 anos.

Esse comportamento ressabiado é plenamente justificado ante as expectativas de que a economia cresça menos de 1% neste ano e ante a necessidade urgente de majorar os preços dos combustíveis, das passagens de ônibus e da energia elétrica, entre outros preços administrados que foram congelados para atender a interesses eleitoreiros.

A combinação de inflação alta com crescimento baixo tende a prejudicar a geração de empregos, algo que a classe média já percebeu. "Tenho medo do desemprego", disse outra entrevistada pelo Estado, resumindo o humor desses brasileiros que começam a se dar conta de que o paraíso prometido pelo governo não é tão bonito quanto na propaganda.

O inverno chegou - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 20/07


Governo Dilma Rousseff foi leniente por muito tempo em suas contas, e agora diversos indicadores econômicos apontam para uma recessão


Não cessa a onda de dados econômicos negativos. Os últimos índices de confiança, produção, vendas e, agora, emprego apontam para uma recessão. O quadro fica cada vez pior para o governo Dilma Rousseff (PT), preso a um discurso otimista que em nada reflete o desalento disseminado pelo país.

Os sinais são inequívocos. O indicador mensal do PIB divulgado pelo Banco Central teve nova queda em maio, de 0,2%. A julgar pela conhecida redução da produção industrial e da atividade em outros setores, a retração em junho deve ser mais acentuada.

Se confirmada essa expectativa, será possível falar em recessão quando o IBGE divulgar o PIB oficial do segundo trimestre, o que fará no final de agosto. Analistas já revisam a projeção de 2014 para uma alta inferior a 1%.

Nos últimos meses, o governo tem procurado se esquivar lembrando que as pessoas não comem PIB. Puerilidade à parte, a afirmação soa infeliz num momento em que também o emprego engrossa o coro de notícias ruins --e, neste caso, trata-se de economia bem real.

Foram criadas 25 mil vagas formais em junho, o pior saldo desde 1998. Ajustado pela sazonalidade (nesse mês normalmente são gerados mais postos do que na média do ano), o número retrata o desaparecimento de 30 mil empregos. É a quarta redução consecutiva.

Todos os setores apresentam desempenho fraco. O pior, como esperado, é o industrial, que fez 28 mil demissões em junho e 60 mil no segundo trimestre.

Quanto às vendas no varejo, houve diminuição de 0,3% em maio, a despeito do forte aumento de atividade em eletrodomésticos, provavelmente devido à Copa do Mundo. Em junho, a situação deve piorar. O colapso no setor de automóveis é o principal destaque.

Um pedaço da trajetória em queda livre descrita pelos indicadores no período de maio a julho decorre, sem dúvida, do menor número de dias úteis e da paralisação provocada pelo Mundial. Mas o pano de fundo não muda: a economia está estacionando, e nada indica mudança de humor no curto prazo.

A inflação, tudo o mais sugere, terminará o ano perto do teto do regime de metas, 6,5%. Não há alívio, portanto, o que complica o cenário para o Banco Central.

A decisão de manter a taxa básica de juros em 11% "neste momento" era esperada, mas analistas interpretaram o comunicado do BC como um sinal de que em breve poderá haver recuo da Selic, apesar da contínua pressão nos preços.

A mistura atual de PIB estagnado e inflação em alta é a pior em muitos anos. O governo surfou a onda do consumo e do crédito fácil por tempo demais e foi leniente com suas próprias contas, entre outras estripulias econômicas. Não se preparou enquanto o clima era bom, e agora o país paga por isso.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

“Não sei se Dilma tem condição de olhar nos olhos daqueles que nela confiaram”
Presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG), durante ato de campanha no Rio de Janeiro


‘LAVA JATO’ PODE GANHAR UM NOVO PERSONAGEM

Nedson Micheleti (PT) tem mais poder do que sugere seu cargo de assessor do presidente da Caixa, Jorge Hereda. Fonte do Planalto diz ter sido dele a escolha de Hermínio Basso como diretor Corporativo da Caixa. Amigo de André Vargas (ex-PT-PR), com quem morou em Brasília, Micheleti pode virar personagem da Operação Lava Jato, por supostas reuniões, na Caixa, com Alberto Youssef.

LAVANDERIA YOUSSEF

Preso pela PF, o doleiro Alberto Youssef pagou até jatinhos para André Vargas. É suspeito de “lavar” cerca de R$ 10 bi em dinheiro sujo.

PODER PARANAENSE

O assessor Nedson Micheleti, quando prefeito de Londrina, teve como assessores o ministro Paulo Bernardo e a mulher, Gleisi Hoffmann.

PROJETO POLÍTICO

A ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann disputa este ano o governo do Paraná, partido daqueles que, de fato, têm poder da Caixa.

NÃO CONFIRMA

Assessoria da Caixa Econômica declarou que “não confirma a informação” de que Hermínio Basso teria sido indicado por Micheleti.

CAMPOS PRIORIZA PE

Com medo de perder tanto a disputa à Presidência quanto o comando do governo de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) tem deixado de lado sua campanha nacional para tentar fazer o socialista Paulo Câmara seu sucessor. Campos participou da inauguração de comitês e de eventos em municípios do Sertão que sequer são considerados de médio porte, como Araripina e Afogados da Ingazeira.

PRIORIDADE OFICIAL

Ontem (19), Campos confirmou participação na agenda de Paulo Câmara (PSB) em Palmares e Escala, na Zona da Mata Sul.

NÃO SAIU DO LUGAR

Campos aparece com apenas 8% das intenções de voto contra Dilma com 36% e o tucano Aécio Neves, com 20%, segundo Datafolha.

SOB HOLOFOTE

Equipe de Eduardo Campos aposta que ele deverá crescer nas pesquisas a partir de agosto, quando ganhará espaço nos jornais e na TV.

TÔ NEM AÍ

É mesmo de indiferença a relação de Dilma com o presidente das duas CPIs da Petrobras, Vital do Rêgo (PMDB-PB), candidato ao governo. Preterido para ministro, o senador agora foi jogado pra escanteio pelo PT, que apoiará a reeleição do governador Ricardo Coutinho (PSB).

AGENTE FIFA

O deputado Romário (PSB-RJ) desceu a lenha em sua página nas redes sociais nos “ratos do Marin e Del Nero” pela escolha de Gilmar Rinaldi para coordenar seleções: “Ele vai fazer da CBF um banco de negócios”.

TAMO JUNTO

O senador Magno Malta (PR-ES) afirmou que será responsável, junto ao pastor Silas Malafaia, pela coordenação-geral da campanha do pastor Everaldo Pereira (PSC-RJ) à Presidência da República.

VACAS MAGRAS

A oposição tem se queixado (e muito!) da dificuldade para obter grana para campanha. Além da insegurança gerada pelo STF, que não julgou se a doação é legal, pesa nas empresas medo de acabar no noticiário.

PROTEÇÃO DIVINA

Os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB-MG) e Eduardo Campos (PSB-PE) invadem o Cariri cearense neste fim de semana para pedir as bênçãos do Padim Ciço, nas solenidades de 80 anos de sua morte.

O TROCO

O PMDB discute a melhor reação para o desprezo que vem recebendo do Planalto. Do jeito que está, não pode continuar. Essa é a opinião unânime dos caciques, que só se dirigem a Dilma por duros apelidos.

SEM PRESSA

Antônio Reguffe (PDT-DF) declarou ao TSE previsão de gastos de até R$ 3,5 milhões, mas alega não ter recursos nem estrutura para organizar a sua campanha. “Não comecei. Mas quando começar, vou só sair panfletando nos comércios, nos colégios, como sempre fiz”, afirmou.

MENSAGEM

Liliane Roriz foi a única candidata que conseguiu do ex-governador e pai, Joaquim Roriz (PRTB), gravação pedindo votos para distrital. Na peça, feita de forma amadora em sua mesa de jantar, o político pede para os seus eleitores desconfiarem se alguém pedir votos em nome dele.

PENSANDO BEM...

... em tempos de eleição disputada cabeça a cabeça, o eleitor deve ter cuidado para não eleger Pinóquio por um nariz de vantagem.


PODER SEM PUDOR

CAFEZINHO ABUSADO

Jornalista tão combativo quanto satírico, Aparício Torelli, o "Barão de Itararé", foi preso em 1935 e levado à presença do juiz Castro Nunes.

- A que o sr. atribui a sua prisão, seu Aparício?

- Tenho pensado muito, excelência, e só posso atribuí-lo ao cafezinho.

- Como assim? - o juiz ficou intrigado.

- Vou explicar. Eu estava sentado no Café Belas Artes, na Avenida Barão do Rio Branco, tomando o meu oitavo cafezinho e pensando em minha mãe, que sempre me advertiu contra o excessivo consumo de café. Nesse momento, chegaram os policiais e me deram voz de prisão. Só pode ser um castigo pelo abuso do cafezinho.