quinta-feira, janeiro 16, 2014

Crianças transtornadas ou mimadas? - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 16/01

Procurar as razões do déficit de atenção leva tempo, mas prescrever uma pílula leva um minuto


Nas áreas urbanas do mundo ocidental, entre 8 e 10% das crianças do primeiro ciclo são diagnosticadas com TDA/H (Transtorno do Déficit de Atenção --com ou sem Hiperatividade). O que significa, grosso modo, que elas não conseguem focar, são constantemente distraídas e, quando hiperativas, não param de se movimentar.

Sabe aquelas crianças que, na hora de ler ou estudar, são atormentadas por coceiras irresistíveis, rolam de um lado para o outro da cama, batucam, acham que a camiseta está apertada ou que é urgente abrir a janela (ou fechá-la)? Pois é, essas mesmo.

Elas atrapalham a classe inteira, exasperando pais e professores. E, de fato, o transtorno é, antes de mais nada, uma queixa dos adultos, os quais, às vezes, pedem que médicos, psicólogos e pedagogos façam "alguma coisa" --pelo amor de Deus.

Mas não só os adultos pagam a conta: as crianças com déficit de atenção e hiperativas não aprendem a metade do que aprenderiam se ficassem sentadas e focadas. Várias experiências mostram que só é possível combinar pensamento (ou aprendizado) com agitação física à condição de ser um pensador (ou um aluno) medíocre.

Alguns dizem que tudo isso acontece porque não sabemos mais disciplinar nossas crianças. Não queremos correr o risco de contrariá-las e de perder seu amor e, com isso, somos absurdamente permissivos; logo, insatisfeitos com nossa própria permissividade, tentamos corrigi-la com erupções de severidade descabida. Essa alternância piora a tensão e a agitação física e mental das crianças.

Enfim, diante do TDA/H, três estratégias possíveis:

1) sugerir mudanças no comportamento das crianças e dos adultos ao redor delas (há pequenos gestos que fazem uma diferença: organizar o trabalho escolar, acalmar e ordenar o ambiente familiar, desligar a TV durante as refeições...);

2) entender os conflitos internos que talvez se expressem na falta de atenção e na hiperatividade da criança e tentar intervir;

3) medicar (descobriu-se que os melhores remédios não eram calmantes, mas estimulantes como Ritalina ou Dexedrina).

No começo dos anos 1990, nos EUA, uma grande (e apressada) pesquisa chegou à conclusão de que medicar era o caminho mais eficiente --certamente, era o mais barato.

Hoje, vários autores daquela pesquisa duvidam de suas próprias conclusões. Lamentam, por exemplo, que a gente, apostando nos remédios, tenha deixado de se ocupar do resto, que talvez fosse mais importante a longo prazo ("New York Times" de 30/12/2013).

Mas o artigo do "NYT" não é uma novidade: numa matéria da "Der Spiegel" em 2012 (http://migre.me/hqR7i), Leon Eisenberg, um papa da psiquiatria norte-americana, encorajava os psiquiatras a voltar a se interessar pelas "razões psicossociais" que levariam a um "problema de comportamento", como o TDA/H. Infelizmente, ele comentava, o interesse por essas questões leva tempo, enquanto prescrever uma pílula é coisa de um minuto.

Nota aparte: para muitas crianças diagnosticadas com TDA/H, a falta de atenção depende da atividade na qual elas se engajam. Quase nunca falta a concentração exigida por um videogame, como não faltam a atenção esperada do goleiro ao longo de uma partida ou a paciência do surfista que aguarda uma onda, no fundo. Ou seja, o déficit de atenção não é uma inaptidão cerebral.

Mas a pesquisa dos anos 1990, abençoando o uso sistemático da medicação, atrasou o trabalho de todos, terapeutas comportamentais, psicanalistas etc.

Um artigo de 2007 (http://migre.me/hqROf) retoma uma tese antiga, que insiste desde os anos 1990, e que fala mais dos efeitos do TDA/H do que de sua origem: o TDA/H lutaria contra o sentimento de rejeição pelos pares, porque pensar é uma atividade solitária (com riscos de discórdia), enquanto é rápido e fácil se enturmar ao redor de ações e movimentações físicas.

Enfim, resta um círculo vicioso clássico. Tal criança morre de tédio assim que abre um livro ou entra num museu; agora, sem cultura para enriquecer a experiência, é a vida dela inteira que se tornará mortalmente chata --inclusive a agitação que deveria garantir a distração.

Aviso: vou tirar umas férias --jeito de falar: vai ser para focar melhor, não para me distrair (sempre acho bizarro querer se distrair - de quê?). A coluna volta no dia 6 de fevereiro. Bom começo de ano a todos.

Frio e fome em Nova York - MARIO SERGIO CONTI

O GLOBO - 16/01

As lições dos grandes mestres só encontram ressonância entre os velhos? O novo é o que restou?


Não havia quase ninguém na rua no dia mais frio de Nova York em 118 anos. A cidade amanheceu com -15°C na terça-feira da semana passada. Nas esquinas, onde o vento sopra com força, a sensação era de -29°C. A imprensa local chamou o recorde negativo de vórtice polar. Por mais camadas de roupa que se ponha sobre o corpo, a proteção é pouca. O ar glacial se infiltra. Exposto, o rosto arde. Os lábios ressecam. O incômodo é contínuo. Enquanto isso, no Rio a temperatura era de 40°C. Melhor o frio.

Porque é mais fácil se refugiar da espiral de ar glacial vinda do polo do que do calor carioca. Há cafés onde se aquecer em Nova York. Escritórios, lojas e apartamentos têm calefação. No Rio, o ar-condicionado é um luxo. Apesar de tropical, a cidade não está preparada para altas temperaturas. Nesse sentido — e só nele — ela é como Paris. Na canícula de há dez anos, que matou mais de 15 mil de franceses, as pessoas buscavam abrigo nas catedrais, onde a temperatura é sempre mais amena. As praias são as catedrais cariocas.

Não foi o maior frio já vivido. Em invernos na Islândia, na Ucrânia e na Rússia, a temperatura foi semelhante. Na Lapônia, o termômetro desceu a -37°C. Nas geleiras islandesas e no círculo polar lapão, contudo, as roupas eram adequadas e não houve problema. Já em Odessa o hotel da Intourist, recém-privatizado, não tinha calefação. O vidro da janela do quarto estava rachado, e o remendo fora feito com fita crepe. Era preciso dormir de casaco. Em São Petersburgo, museus e teatros não contavam com aquecimento. Ficava-se na rua, comprava-se vodca de camelôs em copos de plástico, fazia-se hora no saguão de hotéis caros, cheios de prostitutas lindíssimas. Era melhor que a Avenida Rio Branco num meio-dia de verão.

Em Nova York, vai-se a museus quentinhos. Pelas coleções egípcia, grega e do Renascimento, o melhor continua sendo o Metropolitan. Ele estava sem filas, dava para ver tudo de perto e com vagar. Havia muito mais gente no Museu de Arte Moderna, o que é difícil entender. Ou aceitar. O Metropolitan, além de ser de graça, tem umas 20 obras-primas reconhecidas. Já o MoMA é pago (25 dólares) e as peças de renome convivem com embustes — quando não são elas próprias empulhações. No primeiro, a maioria do público era de cinquentões. No MoMA, havia quase só jovens. Do pop em diante, a arte diz mais aos jovens? As lições dos grandes mestres só encontram ressonância entre os velhos? O novo é o que restou?

A obra de maior impacto à mostra em Nova York nem bem obra é. “Cabeça de uma jovem”, estudo de Leonardo da Vinci para a tela “Nossa Senhora dos Rochedos” está numa mostra da Morgan Library. É inacreditável como Leonardo capta a finura de um rosto, suas perturbações e calma interior, sua história e a do tempo. Bernard Berenson chamou o estudo de “uma das melhores realizações de toda a história do desenho”. E Kenneth Clark, hiperbólico, disse que era o “mais belo do mundo”. Nas afirmações, os dois críticos lidam implicitamente com os conceitos de reprodução do real, beleza, descoberta, iluminação. São coisas que ficaram para trás, ao que parece: havia só uns gatos-pingados contemplando o rascunho de Leonardo.

Outra grande surpresa também está na Morgan. São cartas de J. D. Salinger a uma aspirante às letras, a canadense Marjorie Sheard, não recolhidas em livro. A fama de “O apanhador no campo de centeio” é quase só americana; o romance diz menos a nosotros das colônias. Mas Salinger escreveu numa carta: “Estive relendo ‘Anna Karenina’. Não é um livro tão bom quanto ‘Guerra e paz’, mas um trabalho bem mais engenhoso. Esse cara, Tolstoy. Acho que ele vai longe”. Tem sua graça, sobretudo em inglês (This man Tolstoy. I think he will go places).

No frio, fica-se mais tempo em restaurantes. Seguem-se sugestões de alguns deles, baseados em cinco critérios nada sofisticados: a comida é boa; as porções são fartas; custam menos de 60 reais por pessoa; ficam numa mesma vizinhança; aceitam esfomeados sem reserva.

De Robertis, pasticceria italiana onde há um canoli de se comer de joelhos, está vazio desde 1904, apesar de Kubrick ter filmado ali (1st Av, esquina com 11). Hanjoo, de churrasco coreano, serve tripas de sabores ignotos e intensos (St Marks Place). Só com a gordura do pato do Peking Duck House dá para enfrentar uma semana gélida na rua (Mott St). Mamoun’s é uma biboca onde um falafel divino sai por 15 reais (St Marks Place). O burrito com feijão preto do Dos Toros vale por um almoço e um jantar (4st Av com 13). No Yakitori Taisho vão apenas jovens da colônia nipo-americana, e sai-se de lá defumado da cabeça aos pés, como convém aos bons estabelecimentos do ramo dos espetinhos (St Marks Place).

Tudo lixo — e uma pérola - CORA RÓNAI

O GLOBO - 16/01

A poda ao estilo Comlurb não favorece nada, nem as plantas, nem o prazer de quem se encanta com elas


Uma noite dessas, quando cheguei em casa, abri a mailbox e encontrei duas mensagens desesperadas de uma amiga, enviadas à tarde e acompanhadas de fotos, em que ela me pedia socorro: havia uma equipe da Comlurb em frente à sua casa, “podando” uma árvore que, via-se pelo que ainda não havia sido destroçado, costumava ser linda e frondosa. O “podando” vai entre aspas, é óbvio, porque se pode chamar o que a Comlurb faz de qualquer coisa, menos de poda — algo que, segundo dicionários e botânicos, favorece as plantas.

A poda ao estilo Comlurb não favorece nada, nem as plantas, nem o prazer de quem se encanta com elas. A ferocidade e a inconsequência com que a empresa ataca as árvores é comparável ao ímpeto assassino de um serial killer que mata a esmo, sem ao menos saber quem está atingindo — vide o caso do açacu da Pompeu Loureiro, uma das árvores notáveis da cidade, que só não veio inteiramente abaixo porque alguns vizinhos, alarmados, impediram o crime. O coitado está se recuperando, e até ganhou nota festiva com direito a foto na coluna do querido Ancelmo, mas sabe-se lá quantas décadas ainda serão necessárias até que volte a ser o que era.

A Comlurb não age sozinha. Ela é o braço armado, por assim dizer, da Fundação Parques e Jardins, a verdadeira culpada, em última instância, pela poda calamitosa das árvores do Rio.

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Para saber como a prefeitura cuida dos nossos parques e jardins, aliás, recomendo uma visita ao Campo de Santana, onde funciona a sede da fundação. Tomado por pivetes, drogados, mendigos, assaltantes e catadores de lixo, o campo tem um policiamento tão ineficaz que não consegue conter sequer o abandono rotineiro de animais.

Escrevi uma crônica sobre o estado lastimável do campo em junho de 2011. Mais ou menos pela mesma época me encontrei, por acaso, com o prefeito, e aproveitei para reforçar as queixas que havia feito aqui no jornal. Ele me ouviu com atenção e chegou a tomar notas num Blackberry. Quem visse a cena de fora poderia até imaginar que alguma providência seria afinal tomada. Pois sim! Passados quase quatro anos, tudo continua na mesma.

O mais triste é que o Campo de Santana é um dos jardins mais bonitos do país. Em qualquer cidade mais ou menos civilizada, seria tratado como a joia que é, com suas árvores centenárias e seu sofisticado paisagismo do século XIX. Ele tem esculturas, grutas e lagos, fontes francesas de ferro fundido, elevações gramadas e pequenas pontes, mas é impossível curtir qualquer dessas belezas.

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E o Aterro? Lá a destruição sistemática dos jardins conta com o beneplácito e a colaboração ativa das autoridades, que permitem Bailinhos nos jardins tombados do MAM, estacionamento de bicicletas de aluguel em áreas onde já nem cresce a grama (em contraste com outras onde a grama sequer é cortada) e a realização de toda a sorte de eventos de massa para os quais não foi projetado. Os jardins estão detonados — e, como os do Campo de Santana, entregues a assaltantes e moradores de rua.

Ao contrário do Campo de Santana, porém, o Aterro tem, pelo menos, uma vaga esperança: é o grupo Aterro Vivo, organizado por aguerridos moradores da vizinhança. Cansados de serem assaltados na sua área de lazer e de vê-la entregue a todo tipo de baratas, metafóricas ou não, eles têm se mobilizado para chamar as autoridades às falas. Tomara que sejam ouvidos.

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Sinceramente? Eu adoro o Rio e não conseguiria viver em outro lugar, mas, a contragosto, começo a reconhecer que a nossa cidade anda muito difícil. Salvo poucas e honrosas exceções, para onde quer que se olhe está tudo feio, tudo mal conservado, tudo um lixo. E a tal da “paisagem humana” vai pelo mesmo caminho. Os serviços nunca estiveram tão caros, tão ruins, tão desaforados. Já temos até restaurante a quilo cobrando dez por cento!

Tenho muita pena dos turistas mal aconselhados que, com tantos destinos amáveis, escolhem vir logo para cá. Tenho também muita vergonha de ver a minha cidade tratar tão mal os seus visitantes. Tudo o que eu queria é que as pessoas saíssem daqui maravilhadas, tristes de ir embora e certas de que passaram as férias num dos melhores lugares do mundo.

É que conheço bem a amargura de ser maltratada como turista. Em que pese a beleza da cidade, nunca mais ponho os pés em Praga, onde fui tão sistematicamente roubada em táxis, hotéis e restaurantes que por pouco não desisti do resto da viagem. A lembrança daqueles dias miseráveis contaminou, para sempre, todo o carinho que eu tinha pela cultura tcheca.

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Mas nunca consigo ficar de mal com o Rio por muito tempo. Fiz as pazes com a minha cidade na segunda-feira, assistindo à estreia do novo espetáculo da imbatível dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, “Todos os musicais de Chico Buarque em 90 minutos” — a história de uma trupe mambembe costurada por canções que fazem parte da história de todos nós.

Esse musical nascido de outros musicais é denso, engraçado, comovente — numa palavra, imperdível. Gostei de tudo: da luz linda, do cenário que não pesa, dos figurinos quase irônicos. O elenco é ótimo e afinadíssimo em todos os sentidos, mas eu nem esperava outra coisa de um autêntico Möeller & Botelho, ainda mais com a diva Soraya Ravenle na escalação. Mas gostei, sobretudo, de ver Claudio Botelho em cena, provando que ninguém precisa ter um vozeirão quando tem tanto carisma e inteligência.

Nosso herói - LUIS FERNANDO VERISSIMO

O ESTADÃO - 16/01

Acho que falo por todos os gordinhos sem graça do mundo, por todos os homens por quem ninguém dá nada, todos os com cara daqueles tios que nas festas de família ficam num canto e nem os cachorros lhes dão atenção, ou fazem xixi no seu sapato, todos os que se apaixonam, mas não têm coragem de se aproximar da mulher amada, quanto mais declarar sua paixão, todos os que são chamados de “chuchu”, mas não é um termo carinhoso, é uma referência ao legume sem gosto, todos os sem sal, os sem encanto, os sem carisma, os sem traquejo, os sem lábia — enfim, os sem chance — do mundo se disser que o François Hollande é o nosso herói. Ele é tudo que nós somos e não somos. É um dos nossos, mas com uma diferença: no caso dele era disfarce.

A companheira de Hollande, Valerie Trierweiler, que mora com ele no palácio presidencial e o acompanha em eventos oficiais e viagens, e que também é chamada de Rottweiler pela ferocidade canina da sua dedicação ao presidente, está internada com uma crise nervosa provocada pela revelação de que François tem uma amante, a atriz Julie Gayet, com quem costuma se encontrar num apartamento perto do palácio. Hollande já teve como companheira uma das mulheres mais interessantes da França, Ségolène Royal, com quem a fera teve quatro filhos. A pergunta que se faz na França é: o que exatamente esse homem tem que explique seu sucesso com as mulheres? A questão não tem nada a ver com direito à privacidade. Trata-se de uma curiosidade científica. Se o que ele tem, e disfarça com aquela cara, puder ser reproduzido em laboratório será um alento para a nossa categoria.

E nossa admiração só aumenta com os detalhes das escapadas de Hollande. Ele vai para seus encontros com Julie numa motocicleta. O Hollande vai para seus encontros com a amante montado numa motocicleta! Pintado no seu capacete, quem sabe, um galo, símbolo ao mesmo tempo da França e do seu próprio vigor. Ainda há esperança, portanto. Se ele pode, nós também podemos. Pois se François Hollande nos ensina alguma coisa é que biologia não é, afinal, destino.

Ueba! Rodízio de rolezinhos! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 16/01

Moda rolezinho: bermuda Cyclone, boné Quick Silver e tênis Mizuno de mil contos. Aí não entra no shopping!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Facebook Urgente! Represália! Agendado um rolezinho de coxinhas em Heliópolis. No bar do Russo. Com manobrista e transmissão ao vivo pelo "Cidade Alerta"! E um participante: "Como é o asfalto lá? Meu Fusion é rebaixado". Rarará!

E agora, no shopping, só entra de polo com gola levantada! A Folha publicou a moda rolezinho: bermuda Cyclone, boné Quick Silver aba reta e tênis Mizuno de mil contos. Aí não entra! "Dress code" pra ser barrado! Agora é ao contrário: tem "dress code" pra ser barrado!

E adorei a charge do Pelicano com um PM segurando um cara pela gola: "Pegamos um suspeito de rolezinho, tava circulando pelo shopping sem qualquer cartão no bolso".

E o chargista Ota revela: família Sarney faz rolezinho no inferno. O diabo: "O que vocês estão fazendo aqui? Ainda não chegou a hora de vocês!". E a família Sarney: "Só viemos dar um rolezinho no inferno". Tumultuar o inferno! Rarará! E todos de bigode, criança, velha!

E a manchete do Piauí Herald: "Juventude tucana marca rolezinho no Capão Redondo". E já estão com um outro rolezinho agendado no Facebook: periferia de Miami! Rarará!

E o Alckmin vai lançar o rodízio de rolezinhos! E o Haddad vai criar faixa exclusiva pra rolezinhos dentro dos shoppings! Picolé de Chuchu, sempre antenado, lança o rodízio de rolezinhos! Isso mesmo! Alckmin lança rodízio de rolezinhos. E o Haddad vai criar faixas exclusivas pra rolezinhos dentro dos shoppings!

E eu já disse que a PM chama bala de borracha de "munição elastômera". Já imaginou? "Cuidado, lá vem uma munição elastômera." PUNF! Rarará!

E já tem rolezinho gospel: "Jovens fazem rolezinho evangélico em shopping de Cascavel". Todos com Bíblia na mão, ocuparam as mesas da praça de alimentação e ficaram lendo por uma hora!

É mole? É mole, mas sobe!

E vai ter rolezinho em desagravo à repressão ao rolezinho. Rolezinho do rolezinho! Rolezinho de gente consciente. Rolezinho cabeça! Rarará! Então temos três tipos de rolezinho: rolezinho dos manos, rolezinho dos coxinhas e rolezinho cabeça! E o Cauã Reymond tá fazendo uma ROLAZINHA na Globo! Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje, só amanhã!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

A lula gigante e Julie - GILLES LAPOUGE

O Estado de S.Paulo - 16/01

Na praia de Santa Monica, na Califórnia, apareceu recentemente uma lula gigante, entre 3,5 metros e 15,38 metros de comprimento. A hedionda criatura estava, além de tudo, contaminada pelas radiações de Fukushima. A única desculpa deste bicho abominável é que ele não existe; não passa de besteira que algum idiota, de tempos em tempos, coloca na internet.

E o ventre de Julie Gayet, a amiga do presidente francês, François Hollande, não será, como a lula californiana, um mero boato? Os fatos andam rápido: há uma semana, uma revista de badalação nos informava, com fotos e tudo, que o presidente, nos crepúsculos parisienses, costumava pegar uma moto e, acompanhado por seus guarda-costas, visitava a atriz Julie Gayet.

Na sexta-feira, a informação, ainda não confirmada oficialmente, assumia o colorido da verdade: a companheira de Hollande, Valérie Trierweiler, fora hospitalizada em razão de uma "crise de depressão". Hoje, pior ainda, os boatos voltaram com estardalhaço na internet: Julie estaria grávida de quatro meses e meio. Na França, os sites dos jornais diminuíram a cobertura do caso, mas a imprensa internacional enlouqueceu. O Daily Mail anuncia a gravidez de Julie. "Espetáculo lamentável", é o título de Le Temps, da Suíça. The Times fala do "presidente libidinoso".

Diante desta avalanche, a primeira reação de um jornalista consciencioso é "duvidar". Pois é! Mas, o mesmo jornalista teve de engolir, algumas horas antes, "o impensável": o plácido e prosaico Hollande camuflava na realidade um terrível "serial lover" colecionador de mulheres: Ségolène Royal, Valérie Trierweiler e agora Julie Gayet. Além disso, existiria em Hollande um impulso paternal extremamente vigoroso: com Ségolène, ele tem quatro filhos. Com a "primeira-dama" Valérie, tem três. Em outra aventura atribuída ao presidente, há alguns anos, com a atual candidata socialista à prefeitura de Paris, Madame Hidalgo, também teria tido um filho. E para coroar a obra, as alcovas tórridas com Julie explicariam a gravidez que inflama a internet.

Portanto, há muitos boatos. Mas, há também uma verdade. Há alguns dias, antes portanto da revelação do "romance" do presidente com a atriz, ficamos sabendo que ela fora escolhida pela ministra da Cultura, Aurélie Filipetti, para fazer parte do júri extremamente seleto e extremamente fechado encarregado de designar os moradores da Villa Medici de Roma - lugar de grande prestígio da cultura francesa no qual se hospedam jovens artistas. Quando os franceses souberam da nomeação, ficaram perplexos: por que milagre a bela Gayet, uma simples atriz de TV de 41 anos, teria sido nomeada para um cargo tão cobiçado e disputado?

Depois, falou-se que o "milagre" em questão tinha um nome e que este nome era "Hollande" e sua ministra da Cultura, Filipetti. E que Julie tinha um currículo que justificava sua ascensão surpreendente ao firmamento da cultura francesa: meses de colóquios crepusculares com o presidente da República, na Rue du Cirque (nome bem curioso!) sob a proteção de alguns guardas do Palácio do Eliseu, encarregados, entre outras coisas, de transportar com suas motos alguns croissants no caso de o casal, depois da ação, sentir uma "fomezinha". Ontem de manhã, a ministra Filipetti repentinamente mudou de ideia. E, imediatamente, divulgou o nome de outra mulher - esta sim, absolutamente qualificada, para ocupar o posto.

A ministra explicou também que foi o diretor de Villa Medici que cometeu o engano, divulgando a informação há alguns dias. Mas que diretor idiota! Pobre Julie. Mas a ministra também cometeu um engano. Não teria se mostrado bem mais inspirada se tivesse nomeado para a Villa Medici, no lugar da pobre Julie (a "segunda" primeira-dama), a pobre Valérie Trierweiler, (a "primeira" primeira-dama), à saída do hospital?

Porque, afinal de contas, Valérie sofre de uma profunda depressão e será preciso encontrar uma solução para ela se, como temos o direito de temer, ela tiver de devolver, dentro de alguns dias, o escritório e as várias secretárias que o Palácio do Eliseu colocou a sua disposição? Seria um gesto delicado da parte de Hollande, porque bem sabemos o que é uma mulher ciumenta. Não é uma mulher de trato fácil. Ora, Valérie não é apenas uma mulher ciumenta em razão dos crepúsculos da Rue du Cirque. É também, como ela mesma disse às amigas, uma "mulher humilhada". E uma mulher humilhada...

Tal é o romance no qual a imprensa internacional - a britânica em primeiro lugar -, evidentemente, tripudia, chafurda e se lambuza há uma semana. Como são maldosos os jornalistas estrangeiros! Como se Hollande não estivesse sendo suficientemente crucificado por sua leviandade, pelo efeito das pulsões que muitas vezes tornam este ser tão doce, tão racional e tão plácido, um indivíduo incontrolável, talvez sob o efeito do luar que inunda a alcova da Rue du Cirque. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

Acabou em samba - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 16/01

A banda carioca Choque do Magriça, do ator George Sauma, o Jonas de “Lado a lado”, acabou de lançar um CD com uma música em “homenagem” a Sarney. Diz assim:
“Tu reclamas da vida/Um dia ela te pega/Só não pega o Sarney que deve tá jogando uma sueca.”

Depois da Copa
Eduardo Paes confirma a reabertura do Engenhão até o final do ano. Provavelmente em novembro.

A estrela sobe
Tatá Werneck faz tanto sucesso como a Valdirene de “Amor à vida” que está em alta também no mundo publicitário.
A atriz fechou contrato com o Banco do Brasil e será a nova garota-propaganda da grife Mercatto, substituindo Sabrina Sato.

Teste de honestidade
Veja só a pegadinha do taxista carioca José Luiz Albuquerque, 20 anos de praça. Ele colocou, semana passada, no banco de trás da sua Zafira uma caixa embrulhada para presente. Dentro, só papéis velhos.
Quatro passageiros entregaram a caixa achando que alguém tinha esquecido.

Até que...
Um senhor todo engravatado, que entrou no táxi na Avenida Rio Branco, saiu levando o “presente” na maior cara de pau.

No mais
Essa crise do sistema penitenciário também precisa de uma mãozinha da Justiça.
Em 2008, seis agentes de Bangu 8 foram indiciados acusados de ajudarem na fuga do miliciano Ricardo Teixeira da Cruz, o Batman.
Cinco anos depois, ninguém foi sequer julgado.

Petróleo não é nosso
Lula até bateu bumbo para celebrar a “autossuficiência” de petróleo.
Mas, pelas contas de Adriano Pires, consultor que é uma espécie de cri-cri da Petrobras, a importação de petróleo em volume, de 2003, quando Lula assumiu, a 2013, cresceu 14% e a de derivados, 127%. Em dispêndio, a importação de petróleo aumentou 317% e a de derivados, 757%.

O equilibrista
Benedicto Barbosa da Silva Junior, presidente da Odebrecht Infraestrutura, recebe dia 29, no Hotel Sofitel, no Rio, o Troféu O Equilibrista — homenagem do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef).

Torcida pela paz
A Rádio Globo está lançando uma campanha pela paz no Campeonato Carioca. “Não leve raiva, não leve rancor... Leve cartazes com mensagens de paz aos estádios”, diz a convocação da emissora.

Grande mansão
Chiquinho Scarpa nega informação publicada aqui de que a família teria vendido a mansão em São Paulo.

Tô fora...
O evento é inspirado no movimento World Naked Bike Ride, criado em 2004 e que já teve edições nas principais capitais do mundo.
A nudez total ou parcial é encorajada. Aliás, até a noite de ontem, mais de 200 pessoas confirmaram presença.

Repensando a segurança
Lembra que o Disque-Denúncia recebeu, como saiu aqui sábado, informações sobre uma possível invasão ao Fórum de Duque de Caxias, no dia 23, quando haverá audiência de um processo contra Fernandinho Beira-Mar?
Pois bem, a audiência foi adiada.

Aliás...
Não seria melhor fazer uma videoconferência entre o juiz e o perigoso?

Esqueceram a conta
O Rio festejou, em 2011, o centenário de Mário Lago, o grande compositor, ator, poeta.
Mas a turma da produção do evento reclama que até hoje a prefeitura do Rio não pagou o combinado.

Pedalando peladão
Uma turma está marcando pela internet — veja acima a imagem usada na página do evento no Facebook — a I Bicicletada Pelada, no Rio. No convite diz: “Tire o tanto de roupa que seu calor permitir” e “Use seu corpo a fim de buscar mais visibilidade nesse trânsito indecente”.
Será dia 24 agora, na Cinelândia, com concentração marcada para as 18h30m.

UM NOVO PINHEIRINHO - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 16/01

Dois anos após a ação de reintegração de posse do Pinheirinho, a construção de 1.700 casas para as famílias que viviam na área em São José dos Campos (SP) será anunciada nas próximas semanas. A assinatura do convênio entre os governos federal, estadual e municipal depende da agenda da presidente Dilma Rousseff. O empreendimento, que faz parte do Minha Casa Minha Vida, deverá ter investimento de R$ 129,2 milhões da União e R$ 34 milhões do programa Casa Paulista, do governo estadual.

PINHEIRINHO 2
A prefeitura dará a infraestrutura. O conjunto habitacional terá escola, creche, área de lazer e comércio. A construção está prevista para começar em março e terminar em 15 meses. "Para a gente, o mais importante não é a cerimônia com as autoridades. É a obra começar logo", diz Valdir Martins, o Marrom, líder das famílias que foram retiradas em uma operação policial marcada pela violência.

HOMENAGEM
Cada família recebe auxílio mensal de R$ 500 para aluguel. Futuros moradores serão recrutados para trabalhar nas obras. O novo bairro vai se chamar Pinheirinho dos Palmares, em referência ao quilombo da era colonial e também a uma praça com o nome de Zumbi dos Palmares que existia na antiga comunidade. "Queremos ainda manter os nomes de ruas em homenagem a ícones como Dorothy Stang, Santo Dias, Nelson Mandela", diz Marrom.

BOLA FORA
Alexandre Pato rescindiu o contrato com a marca Triton. O jogador, que estrelaria a próxima campanha, já havia feito as fotos do catálogo, mas desistiu da empreitada dias antes do Natal. De acordo com assessoria da grife, o corintiano não deu justificativa para a rescisão. O valor do contrato não foi informado. Procurados pela coluna, o agente e os assessores de Pato e do Corinthians não se manifestaram sobre o caso.

BOLA FORA 2
O jogador cancelou participação em um desfile da Triton na SPFW, após perder um pênalti decisivo na Copa do Brasil, em outubro do ano passado, e ser bastante criticado pela torcida. Ao participar do ensaio ao lado da atriz Fiorella Mattheis e da modelo Yasmin Brunet, Pato fez comentários empolgados no Instagram sobre sua experiência como modelo. Agradeceu à marca e elogiou o profissionalismo das duas.

O CARA
Pelé será anunciado hoje, em Dubai, como o embaixador global da Emirates Airline neste ano. A companhia aérea, uma das patrocinadoras oficiais da Copa do Mundo, vai explorar a imagem do Rei do Futebol em suas campanhas publicitárias.

Para ir de Zurique, na Suíça, onde recebeu homenagem no prêmio Bola de Ouro, à capital dos Emirados Árabes, Pelé viajou pela empresa em um A380, a maior aeronave de passageiros em operação no mundo.

DIGA QUE VALEU
Bell Marques fará o último show de palco como vocalista do Chiclete com Banana no dia 27 de fevereiro, no Camarote Salvador. Após o Carnaval baiano, o cantor vai seguir carreira solo. Foi no mesmo local, no ano passado, que a banda se apresentou pela primeira vez fora de trios elétricos durante a folia.

MARCA REGISTRADA
Quando o stylist Luis Fiod, 38, abriu sua agência de comunicação especializada em moda, em 2000, o nicho era novidade. "Ninguém entendia o que eu estava fazendo. Hoje, é normal tudo ser segmentado."

Ele está por trás do figurino da apresentadora Eliana, faz consultoria para marcas de luxo e editoriais para revistas. "Imprimo meu estilo sofisticado e global em tudo, mas sempre levo em consideração o que o cliente quer."

Também publicitário, Fiod diz que ser stylist é menos glamour e "mais trabalho duro".

MOBÍLIA DE GRIFE
Os empresários Esther e Murillo Schattan fizeram coquetel anteontem para lançar coleção da Ornare. O chef de cozinha Emmanuel Bassoleil e a arquiteta Maite Maiani compareceram. Também foram ao evento a arquiteta Patricia Anastassiadis e o designer Zanini de Zanine, dois dos profissionais que desenvolveram a nova linha de móveis.

RIR É O REMÉDIO
O ator Ricardo Blat, indicado ao Prêmio Shell 2013, e o diretor Sergio Módena receberam convidados na estreia do espetáculo "A Arte da Comédia", no teatro do Sesc Santana. A atriz Neyde Veneziano esteve na plateia.

CURTO-CIRCUITO
Tiago Abravanel canta hoje com a Big Time Orchestra, às 22h30, no Bourbon Street. 18 anos.

A ONG Ampara Animal lança calendário com fotos de famosos e bichos. Hoje, às 19h, na Fnac da Paulista.

A missa de sétimo dia de Marly Marley será hoje, às 19h30, na Igreja Imaculada Conceição, na Bela Vista.

Soltando o verbo - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 16/01

Para o PMDB, a presidente Dilma é injusta. “O PMDB que elegeu Dilma tinha prestígio, comandava a Saúde, a Integração e as Comunicações”, desabafa o presidente da Câmara, Henrique Alves. “O da reeleição tem visibilidade menor. Diante da força do partido, nossa participação é diminuta. Isso estimula a dissidência e gera uma tensão que nós temos de administrar”, acrescenta.

Abrindo o coração
Um dos participantes da reunião do PMDB ontem no Jaburu, Henrique Alves bate duro: “O PROS, com 18 parlamentares, tem Integração com Sudam, Sudene e Codevasf. O PP, com 45 parlamentares, tem Cidades e toca o Minha Casa Minha Vida, obras de mobilidade e saneamento. O PT, com cem parlamentares, está na Educação e na Saúde. E o PMDB? Somos 97 parlamentares. Temos Turismo, sem Embratur. A Agricultura, sem Conab. A pasta foi mutilada com o programa de distribuição de implementos agrícolas sendo executado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.” Mesmo expondo o desconforto e as razões do partido, reconhece: “A decisão é dela.”


“Louvo a preocupação do Aécio, mas cada um no seu quadrado. Nós temos o nosso tempo. Quem tem que interpretar se é bom para o PSB, ou não, somos nós”
Beto Albuquerque
Líder do PSB na Câmara, sobre o apoio ou não dos socialistas à reeleição do governador Geraldo Alckmin (SP)

Sem marola
Independentemente de convite para ocupar ministério agora, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, garante que “está fechado o apoio à reeleição da Dilma”. Ele diz que o alvo é o segundo mandato, mas que, se houver convite agora, “o PSD aceita”.

Daqui não saio
Daqui ninguém me tira. É tró-ló-ló pra cá. É ti-ti-ti pra lá. Mas o chefe de gabinete da presidente Dilma, o ministro Gilberto Carvalho, vai permanecer no governo e no Planalto. Pelo menos, até o final do mandato da presidente. Gilberto comentou ontem, para vários interlocutores, que notícia sobre sua eventual saída do Palácio “é pura bobagem”.

Batido o martelo
Ainda será oficializado, mas o candidato do PSB para suceder Eduardo Campos, em Pernambuco, será o chefe da Casa Civil, Tadeu Alencar. Além de maior apoio político, pesquisas qualitativas o apontaram como a melhor estampa na TV.

Empurrando com a barriga
O PT nacional não quer saber dos petistas do Maranhão apoiando o candidato da oposição à governadora Roseana Sarney (PMDB), o presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB). Para evitar que isso ocorra, a cúpula vai aceitar, no máximo, que o PT tenha candidato próprio.

No departamento de cobrança
O apoio do PCdoB ao candidato de Eduardo Campos (PSB) para governar Pernambuco está atravessado na garganta da direção do PT. Eles querem saber se os comunistas farão campanha para a presidente Dilma ou para o socialista.

Reforço no caixa
O PT publicou em seu site recomendações sobre a contribuição dos 1.074 petistas que têm cargos de comissão no governo Dilma. O partido quer que ela seja feita diretamente na conta nacional para não se perder nos escalões inferiores.

CONTAM no PMDB que o senador Vital do Rêgo, preterido para a Integração, negocia aliança com o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) na Paraíba.

Apartheid no shopping - BERNARDO MELLO FRANCO - PAINEL

FOLHA DE SP - 16/01

A ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros (PT), acusa a polícia e os frequentadores de shoppings de discriminar jovens negros nos "rolezinhos". "As manifestações são pacíficas. Os problemas são derivados da reação de pessoas brancas que frequentam esses lugares e se assustam com a presença dos jovens." Para ela, a liminar que autorizou os shoppings a barrar clientes "consagra a segregação racial" e dá respaldo ao que a PM "faz cotidianamente": associar negros ao crime.

Incômodo A ministra diz que parte da elite brasileira se incomoda ao encontrar jovens negros no shopping. "Uma parcela da sociedade não quer a presença deles em determinados lugares."

Conselheira Luiza Bairros integrou o grupo seleto de três ministros convocados para aconselhar Dilma Rousseff sobre os "rolês" na terça-feira. Também participaram José Eduardo Cardozo (Justiça) e Marta Suplicy (Cultura).

Abusados O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP), diz que shopping não é lugar de manifestação. "Esse negócio de rolezinho' é um abuso. Precisamos ter civilidade nas relações, ou a vida fica insuportável."

Cavalões "Levei meus netos ao Morumbi Shopping domingo", conta o senador. "Imagine como eu e outros avós reagiríamos caso um bando de cavalões cismasse em dar um rolê' por lá."

Bárbaros O tucano se diz incomodado com o tom do debate sobre o fenômeno. "Ir ao shopping barbarizar não é um ato de esquerda. Tem gente saudosa de uma revolução que não fez e não fará."

Pagantes Para o líder do PSDB, a defesa dos "rolês" é causa de "bacaninhas e politicamente corretos". Ele acrescenta que os lojistas "pagam caro" pelo ponto e podem ser prejudicados durante a correria dos jovens.

Doutrina O governo paulista recomendou que a PM evite "excessos", mas autorizou que siga a doutrina que prevê o "uso progressivo da força" para conter tumultos.

Efeito moral Na prática, isso significa que não está descartado o uso de bombas de efeito moral em áreas externas de centros comerciais.

Elite branca O ex-governador Cláudio Lembo (PSD) critica a reação aos "rolês". "Isso não é problema de polícia. Os jovens não estão fazendo nada de errado", diz.

Constituição Lembo afirma que o shopping é um espaço de acesso público e que sua administração não pode escolher quem entra. "Está na Constituição."

Beijoqueiros O ex-governador se divertiu ontem com o jovem que disse à Folha ter beijado 16 meninas num "rolê". "Isso passa. E os jovens vão continuar a ir ao shopping para beijar."

Tô fora Luiza Erundina disse ontem a Marina Silva que não aceita ser candidata ao governo de São Paulo pelo PSB. A deputada avisou que concorrerá à reeleição.

Plano Y Com o "não", Marina fica com opções de menos peso eleitoral. Deve escolher entre Walter Feldman (PSB) e Ricardo Young (PPS), cuja sigla quer apoiar Geraldo Alckmin (PSDB).

Tertius Insatisfeita com a guerra no PT pelo Ministério da Saúde, Dilma tem uma carta na manga: Arthur Chioro, secretário em São Bernardo do Campo. O prefeito Luiz Marinho (PT) já foi avisado.

Visita à Folha José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Bárbara Lobato, assessora de comunicação.

com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN

tiroteio
"Casamento só pode existir se as duas partes quiserem. Se o PT do Rio não quiser continuar casado com o PMDB, paciência."

DO DEPUTADO EDUARDO CUNHA (PMDB-RJ), sobre a intenção do PT de lançar Lindbergh Farias ao governo fluminense, contra Luiz Fernando Pezão (PMDB).

contraponto


O velho e o careca
A velha amizade entre os tucanos Fernando Henrique Cardoso e José Serra sempre foi permeada por provocações. Ao deixar o Ministério do Planejamento para disputar a Prefeitura de São Paulo, em 1996, Serra virou alvo de "bullying" presidencial. A uma plateia de engravatados, FHC afirmou que considerava o aliado "um irmão".

--Mas eu me sinto como se fosse um irmão mais velho dele... --disse, na posse do ministro Antonio Kandir.

--O Serra não gosta que eu diga que eu sou mais velho. Mas ele é careca! --emendou Fernando Henrique, provocando gargalhadas no Palácio do Planalto.

Nem vem, Dilma! - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 16/01

O PMDB tem na manga uma resolução que serve como luva para evitar que a presidente Dilma Rousseff queira colocar Josué Alencar como seu ministro na quota do PMDB. O documento foi aprovado na convenção do partido em fevereiro do ano passado e diz que ninguém com menos de seis meses de filiação partidária pode ocupar um cargo em nome do PMDB. O empresário ingressou na legenda em 3 de outubro. Ou seja, antes de meados de março (isso se o PMDB não disser que esses seis meses são de dias úteis), Josué não pode ocupar um cargo em nome de seu partido. Se for ministro agora, portanto, não será na cota da sigla.

Os peemedebistas não engolem a história da nomeação de José Gomes Temporão para o Ministério da Saúde no passado como se fosse um representante do PMDB e fizeram a resolução justamente para evitar um “Temporão II”. Josué é visto como o nome de Dilma para substituir o ministro da Indústria e Comércio, Fernando Pimentel. Se Pimentel permanecer no cargo até abril, a indicação de Josué talvez cole. Ainda que a contragosto do partido.

De saída
Com Roberto Jefferson fora de combate, uma parte do PTB planeja meios de tirar o partido da coligação de Geraldo Alckmin em São Paulo. A intenção é seguir em direção ao apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff e, por tabela, de Alexandre Padilha ao governo.

Videogame
Os peemedebistas estão convencidos de que o PT prepara a “lógica da maldade” em relação a eles. A primeira é reduzir o poder do PMDB no governo, o que está em curso agora. Esse enfraquecimento terá como reflexo redução do combustível eleitoral do partido. E, tirando o gás na eleição, o PMDB estará menor em 2015, quando Dilma, se reeleita, fará uma recomposição ministerial. E, nesse caso, a legenda menor terá menos cacife para negociar. Eis o resumo da conversa de ontem no partido.

Ao prefeito, tudo
Fernando Haddad não tem o que reclamar do governo federal em termos de recursos em seu primeiro ano de governo. Só do Turismo foram R$ 261 milhões destinados à reforma de Interlagos, do Anhembi e, ainda, um troco para a Cidade do Samba. Já o governo estadual, a cargo do PSDB, ficou com R$ 10 milhões para o museu Pelé, em Santos, no litoral.

Desidratado e disponível
O Ministério de Portos virou o objeto do desejo de todos os partidos, inclusive do PMDB, por causa dos grandes negócios concentrados no setor, mas quem entende do traçado garante que o maior poder hoje está na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). E essa, a Dilma não abre.

CURTIDAS 
Périplo/ O presidente do PT, Rui Falcão, faz por esses dias um giro pelo Nordeste para avaliar os cenários eleitorais do partido na região. Começa por Fortaleza, depois, segue para Maceió e, finalmente, Salvador. Na primeira parada, a tendência do PT é acompanhar o que desejarem os irmãos Ferreira Gomes, Cid e Ciro.

Por falar no governador do Ceará…/ Cid Gomes (foto) está disposto a ficar no governo até o fim e, de lá, conseguir uma indicação para o Banco Mundial, o BIRD.

Depois do Copom…/ A oposição não tem mais dúvidas de que o discurso para 2014 é o bolso do brasileiro. E não se surpreenda, leitor, se você encontrar Aécio Neves ou Eduardo Campos nos supermercados em breve. É que ambos estão convencidos de que aqueles familiares responsáveis pelo abastecimento da casa estarão longe da campanha pela reeleição da presidente.

Sonho de consumo/ De saída do Planalto depois de longas reuniões, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, desabafou com um amigo: “Índios, presídios, rolezinho, Copa do Mundo… Só as minhas férias é que não chegam”. Ele está há um ano e meio sem aquela parada estratégica dos afazeres governamentais.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 16/01

Cai número de queixas contra quatro bancos em São Paulo, segundo Procon
A Caixa Econômica Federal foi o único banco cujo número de reclamações de usuários aumentou na cidade de São Paulo em 2013, segundo a Fundação Procon-SP.

O número de atendimentos de queixas contra o banco registradas na entidade cresceu 16,7% e atingiu 1.952 no ano passado.

Com a alta, a instituição deixou de ser a com o menor número de reclamações na cidade --posição agora ocupada pelo Banco do Brasil, com 1.526 ocorrências.

"Apesar do número pequeno de reclamações, adotamos medidas que nos garantiram uma grande redução", diz Carlos Decezaro, do BB.

Uma delas foi a redução dos pacotes de serviços de 31 para sete, para esclarecer as taxas cobradas e facilitar as comparações.

"Nas instituições em que houve redução, constatamos um maior investimento em seus canais de atendimento", afirma Renan Ferraciolli, do Procon-SP.

Mesmo registrando a maior redução de queixas no período (-30,1%), o Itaú Unibanco permanece no topo da lista.

"Reduzimos o volume de falhas do sistema e investimos na eficiência dos canais de atendimento", diz Rogério Taltassori, do Itaú Unibanco.

As maiores reclamações são contra cobranças indevidas (38%) e problemas com contratos (21,5%).

A Caixa Econômica não quis se pronunciar.

SEGURANÇA CIBERNÉTICA
Quase a metade das empresas ouvidas no Brasil aumentou os investimentos em segurança da informação no ano passado, de acordo com pesquisa feita pela EY (antiga Ernst & Young).

Do total de companhias entrevistadas no país, 48,8% relataram que houve ampliação no aporte de recursos para combater a ameaça de ataques cibernéticos.

Outras 41,4% mantiveram os mesmos níveis de investimentos, enquanto apenas 9,7% dos grupos reduziram os valores aplicados.

A maioria das empresas brasileiras (54,2%) também informou que ocorreu uma elevação de riscos externos durante os últimos 12 meses.

Para um terço das corporações, os recursos destinados à proteção ficaram entre US$ 500 mil e US$ 2 milhões.

No universo de 1.900 executivos que foram consultados para o estudo em 64 países, 93% disseram que houve crescimento ou manutenção nos montantes gastos com segurança cibernética.

DESCONTO AMPLIADO
As empresas mineiras MGPX e Atuante Business & Partners estão com um projeto de expansão de R$ 70 milhões para seu outlet, localizado em Belo Horizonte.

Com as obras, o BH Outlet Plus Shopping passará a ter 140 lojas --hoje são 40.

O faturamento deverá avançar dos R$ 150 milhões registrados em 2013 para R$ 450 milhões, segundo estimativa de Aroldo Soraggi, sócio da Atuante.

"Quando inauguramos a primeira parte do empreendimento, em 2011, a ideia era fazer um teste. Agora, estamos concluindo o plano inicial", diz.

A estratégia das companhias passa pela fixação, em contrato, de preços tetos para as mercadorias vendidas pelos lojistas.

"Se uma mesma linha de produto está no outlet e em um outro shopping da cidade, no nosso estabelecimento, precisa ser pelo menos 40% mais barata."

O desconto no preço de peças que são de coleções antigas chega a 80%, de acordo com Soraggi.

AUMENTO BATE À PORTA
A alta nos custos de produção poderá encarecer as portas de madeira em até 13,1%, segundo cálculo da Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente).

As despesas maiores com folha de pagamento e a elevação dos gastos com transporte estão entre as causas, de acordo com a associação.

No Paraná e em Santa Catarina, onde está grande parte das indústrias do setor, o salário mínimo regional subiu 12,69% e 9,26%, respectivamente, diz a entidade.

As tarifas de pedágio em rodovias que compõem o anel de integração do Paraná, por sua vez, registraram acréscimo médio de 5,72%, ainda segundo a Abimci.

O reajuste no preço do combustível é outra preocupação.

Luz... A empresa Gerdau, do setor de aço, pretende cortar em 2,5% seu consumo de energia neste ano, na comparação com 2012, quando o programa de redução foi implementado no Brasil.

...apagada Em valores, a economia, até o fim de 2014, deve ser de R$ 38,8 milhões. O projeto também está sendo aplicado nos Estado Unidos e será colocado em prática no México e na Colômbia.

Cadeira O executivo Ricardo Hutter assumiu a superintendência do Hospital São José, do grupo Beneficência Portuguesa. Hutter atuou por duas décadas como executivo do Hospital São Luiz.

Aprendiz O programa Aprendiz Cooperativo, do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo, atendeu 590 jovens em 2013, aumento de 650% em relação a 2010.

ACIMA DA MÉDIA
O faturamento de empresas que adotam o Modelo de Excelência da Gestão cresceu 114,3% entre 2000 e 2012, segundo pesquisa realizada pela Serasa Experian feita a pedido da Fundação Nacional da Qualidade.

As companhias que não utilizam o método avançaram 96,8% no mesmo período.

O levantamento foi realizado a partir dos demonstrativos financeiros de 245 organizações do país que usam o modelo, comparando-os com a média dos resultados das empresas dos mesmos setores de atuação.

Os grupos que seguem os preceitos também realizam mais investimento, ainda de acordo com a pesquisa.

No setor industrial, eles aportam 12,4% de seu faturamento. Entre as companhias que não adotam a metodologia, a média é de 7,4%.

A margem Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) sobre o faturamento líquido das indústrias usuárias foi de 23%, contra 12,5%.

Simpatias em Davos para o azar não crescer - MARCO ANTONIO ROCHA

O Estado de S.Paulo - 16/01

No último artigo escrito para esta página (19/12/2013), sugeri que o maior desafio que a presidente Dilma Rousseff tem pela frente talvez não se resuma em ser reeleita, e, sim, na obrigação de bem conduzir o Brasil a partir de 2015. Esse desafio tem grande probabilidade de tornar sua reeleição uma vitória de Pirro e de levar o seu segundo mandato ao desastre. O pior é que uma boa parte do que possa dissipar o nevoeiro da economia e da política, no horizonte pós-eleitoral, depende mais da sorte do que da presidente e da equipe do governo.

Dilma parece ter percebido que a sorte precisa lhe sorrir - como sorriu em 2008 para o seu antecessor e padrinho - e decidiu embarcar para Davos, na Suíça, na semana que vem, à frente de luzida equipe de governo.

O Fórum Econômico de Davos tornou-se, ao longo de anos, o maior palco de exibição, de negociação, de consultas ou de simples auscultação da nata do capitalismo privado mundial e da nata dos administradores de políticas públicas dos governos mais poderosos. No seu tempo, Lula estimulou, do Brasil, a realização de um outro fórum, no mesmo local, um fórum de desenvolvimento social, arrebanhando lideranças de "movimentos" os mais diversos. É difícil de saber exatamente o que de proveitoso resultou daquilo, mas, aparentemente, nada.

A presidente Rousseff nunca se importou com Davos nem compareceu nos três conclaves realizados durante o seu mandato. Ao que parece, estava mais empenhada e preocupada com a extinção da miséria do que com a promoção da riqueza. Mandava representantes. Um deles, o eminente ministro Antonio Patriota, tentou justificar a ausência de Dilma dizendo que "a Davos só vai quem procura promoção pessoal".

Supomos, então, que neste "4.º Davos" do seu mandato ela tenha resolvido "procurar promoção pessoal". Tanto assim que o sr. Antonio Patriota não vai - provavelmente para não fazer sombra.

Mas, longe de apenas promoção pessoal, o que ela vai procurar é promoção para o seu governo, seus ministros e para o Brasil em geral. Em resumo, vai dizer para os ouvidos capitalistas do mundo ali reunidos aquilo que Stephen Zweig dizia nos anos 30: que "o Brasil é o país do futuro!". Vai procurar provar que é um grande equívoco a desconfiança em relação ao Brasil e seu futuro, que tem tido espaço na imprensa e em muitos ambientes de negócios internacionais - inversamente ao que aconteceu no segundo mandato de Lula, quando o Brasil chegou a ser quase um xodó dos fazedores de dinheiro em proveito próprio -, e que aqui é que realmente pode estar o novo eldorado capitalista, e não na China ou nos países árabes.

Como uma Branca de Neve de vermelho, levará consigo alguns dos mais sábios dos seus anões, que tentarão convencer os "nervosinhos" e "pessimistas" do mundo inteiro de que as incongruências e inconsistências de política econômica interna, nos resultados fiscais, monetários, creditícios e fiscais - causadores de pressões inflacionárias, insegurança entre investidores e incertezas na população -, são apenas naturais e "parte do processo".

Ao Mestre, por exemplo, caberia explicar que "contabilidade criativa" é um novo olhar sobre a realidade, e esta é muito saudável. Ao Feliz incumbiria falar do perfeito estado do Tesouro; ao Soneca, dos rumos do PAC; ao Dunga, dos transportes. Branca de Neve dirá que não teme o Lobo Mau.

A missão é da maior importância, pois, no SMD (Segundo Mandato Dilma), a economia brasileira precisa retomar uma taxa de crescimento decente e sair deste brejo do PIB do PMD (Primeiro Mandato Dilma). A retomada exige forte aporte de investidores privados internacionais, já que os nacionais estão curtos de grana e do superávit primário do governo pouco se espera, pois só existe na "contabilidade criativa".

Erva-de-bicho, guiné, arruda-macho, espada-de-são-jorge, tudo fervido em 3 litros d'água. E muita fé.

Vã filosofia - CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O GLOBO - 16/01

Em todas as pesquisas sobre felicidade, o francês aparece no fim da lista. Já os brasileiros aparecem nas primeiras colocações


Os franceses obviamente vivem melhor que os brasileiros. Têm mais renda, empregos bem remunerados, boas aposentadorias, saúde e escola públicas de qualidade, transporte público entre os melhores da Europa e, pois, do mundo, belas estradas. Além disso, os franceses inventaram e cultivam com cuidado e inovação algumas das melhores coisas da vida: a velha e a nova cozinha, os vinhos, os queijos, a moda e o estilo das mulheres. Em resumo: civilização, arte, cultura.

Mas em todas as pesquisas sobre felicidade pessoal — o modo como cada um percebe sua vida e seu futuro — o francês aparece no fim da lista. Declara-se infeliz e, não raro, muito infeliz. Já os brasileiros aparecem nas primeiras colocações.

Na ultima edição do Barômetro Global de Otimismo, do Ibope Inteligência em parceria com a Worldwide Independent Network of Market Research (WIN), entre os moradores de 65 países, o brasileiro aparece como o decimo mais feliz. Nada menos que 71% dos brasileiros se declararam satisfeitos com a própria vida.

É verdade que piorou um tanto. Em 2012, 81% se consideravam de bem com a vida. Mas os 71% da ultima pesquisa ainda superam a média mundial.

Aliás, houve aqui um movimento invertido. Se o número de brasileiros felizes caiu no ano passado, no mundo, a porcentagem de felicidade aumentou, de 53% para 60%.

Já na França, apenas 25% dos entrevistados se declararam felizes; 33% consideram-se infelizes; 42% nem uma coisa nem outra, o restante nem respondeu.

Pode-se dizer que a França ainda passa por uma crise longa e dolorosa, com aumento do desemprego. Mas isso ocorreu em praticamente toda a Europa e não cresceu da mesma maneira o número de infelizes.

Na Inglaterra, um país parecido com a França, tirante a comida e os vinhos, 53% se consideram felizes. Na Grécia, onde a crise foi mais devastadora, 30% dos habitantes se consideram felizes, número maior que os infelizes (23%).

E, para complicar de vez a questão, reparem nestes dados: afegãos felizes, 59%; sudaneses do Sul, 53%; palestinos em seus territórios, 20% (só aqui um número menor do que na França).

E então? Na edição especial de fim de ano, a revista “Economist” trouxe um excepcional ensaio sobre a malaise francesa. Tem a ver com a situação atual, mas pouco. Tem também algo a ver com a perda da importância global, inclusive a língua. E muito a ver com a cultura que forma e desenvolve um estado de espírito miserável.

Invertendo os termos, talvez se possa entender por que tantos países emergentes aparecem na ponta do ranking da felicidade. Além do Brasil, estão entre os dez mais animados: Colômbia (86% de moradores felizes), Arábia Saudita (80%), Argentina (78%), México (75%), Índia (74%) e Indonésia (74%).

Os emergentes, com poucas exceções, tiveram desempenho extraordinário desde o inicio deste século. Equilibraram suas economias, eliminaram velhos fantasmas, como a inflação, cresceram, ganharam renda e reduziram o número de pobres. E passaram com menores danos pela crise global justamente porque suas economias estavam com os fundamentos arrumados.

O sentimento geral é de melhora constante, o que deixa o pessoal mais animado em relação ao futuro. A vida normal nos emergentes, digamos assim, é de crescimento e melhora. Há de tudo por fazer e consumir: de metrôs a mais comida; de residências a celulares; de usinas hidrelétricas a motos. Mesmo em um ano fraco, permanece a sensação de que há muita coisa por fazer — e, pois, muitas oportunidades.

Já na Europa rica, parece que está tudo feito e que, daqui em diante, só pode piorar. O pessoal precisa se esforçar para manter o que tem e não sabe se isso é possível. Ou seja, é forte o sentimento de que se perderá algo, inevitavelmente, e que as novas gerações não serão tão ricas quanto a de seus pais.

Resumindo: nos emergentes, os habitantes estão em condições econômicas piores, mas vêm melhorando e mantêm a expectativa de melhora. Nos ricos, a sensação seria a de que a festa está acabando.

Entre os dez de mais bom astral, há apenas dois países ricos, FinIândia (com 78% de felizes) e Dinamarca (74%). Em comum: pequenas nações, pequenas populações, mais fácil de manter o padrão. Explica?

E quem são os mais felizes?

Os 88% dos 890 mil moradores das ilhas de Fiji, no Pacífico Sul. Têm um PIB per capita de 4.500 dólares, o que os classifica como pobres, numa economia dominantemente de subsistência. Passaram por uma sequência de golpes militares, o atual governo é ditadura. O lugar é lindo.

Vai saber.

'Mentira institucional' - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 16/01

O presidente do Uruguai, José Mujica, passou a criticar abertamente o Mercosul. Sábado, no Canal 4 da TV de Montevidéu, afirmou em tom de queixa que "o Mercosul vive uma mentira institucional".

Em fevereiro de 2012, já advertira que o Mercosul se deformava tanto que se transformara em um "chicletão", que pegava o jeito de cada mastigada. Em junho daquele ano, os dirigentes do Mercosul decidiram suspender o Paraguai pelo afastamento do então presidente Fernando Lugo, processo que não transgredira nenhum dispositivo democrático, para admitir a Venezuela sem o cumprimento dos trâmites previstos nos tratados. Mujica foi então conivente com essas arbitrariedades produzidas pelas presidentes Cristina Kirchner, da Argentina, e Dilma Rousseff, do Brasil. Chegou mesmo a aprovar o que chamou então de "primazia do político sobre o jurídico" que passou a prevalecer nas decisões de cúpula.

Agora, diante de novos desrespeitos aos tratados comerciais dentro do bloco perpetrados pelo governo da Argentina que prejudicam o Uruguai, Mujica voltou a reclamar das transgressões jurídicas. Independentemente dos seus vaivéns, o que ele está dizendo agora é que o Mercosul não passa segurança para ninguém. Não é suficientemente confiável nem para terceiros países eventualmente interessados em fechar acordos comerciais nem para os próprios sócios membros do grupo.

Seus dirigentes podem sempre inventar mais lambanças que contrariem acordos internacionais. A rigor, não é preciso nem reuniões de cúpula. A qualquer momento um governo qualquer, como agora está fazendo o da Argentina, pode perfurar a Tarifa Externa Comum (TEC), a tabela de tarifas aduaneiras (teoricamente) adotada pelos membros do bloco, sem que nada disso seja depois cobrado pelos responsáveis.

Mujica prega "um ajuste da parte jurídica no possível que somos hoje e não ao que sonhamos que deveríamos ser".

Isso parece implicar o rebaixamento do Mercosul do grau de união aduaneira, que nunca foi, ao grau de união de livre-comércio, que também nunca foi. Essa revisão ao menos liberaria seus membros para acordos comerciais fora do bloco, que uma união aduaneira não permite.

A questão de fundo consiste em saber o quanto o restabelecimento da verdade institucional sugerido por Mujica interessaria aos principais membros do Mercosul, especialmente à Argentina, que mais está tirando proveito dos seguidos desrespeitos aos contratos.

Do ponto de vista do Brasil, esta não é apenas uma questão de governo. Embora reclamem episodicamente das travas comerciais arbitrárias impostas pela Argentina, os empresários brasileiros representados na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e na Confederação Nacional da Indústria (CNI) nunca defenderam uma plataforma firme de revisão do Mercosul. Ao contrário, parecem conformados à atual atitude do governo brasileiro de aceitar bovinamente os desrespeitos dos hermanos e esperar pela sempre improvável recuperação de sua economia. Isso parece indicar que os problemas precisam piorar muito para que se crie disposição para mudanças mais profundas.

Economia morna, sociedade quente - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 16/01

País vive inédita calmaria econômica com crescimento baixo, mas nervos sociais estão eletrizados


OS HUMORES SOCIAIS têm flutuado tanto ou mais que o preço do dólar desde o ano passado. A associação não é tão disparatada assim. Tanto "a rua" como o câmbio podem ter efeitos importantes na política e na economia deste ano. Desta vez, mais a rua do que o câmbio. De resto, a rua parece mais inescrutável do que mumunhas da finança.

Há calmaria no mundo econômico "real", cotidiano, do povo miúdo, uma tranquilidade pantanosa, uma relativa satisfação em relação ao nível de consumo e emprego em tempos de crescimento baixo, algo inédito pelo menos desde os anos 1950 (desde sempre?) neste país de euforias e crises cataclísmicas. O dito do "povo vai bem, a economia vai mal" já é repetido sem sarcasmo até por "formadores de opinião".

Mas uma insatisfação está solta nas ruas. Várias insatisfações, aliás, muitas delas esquecidas até que um grupo manifestante ou desmandos da polícia incentivem o retorno do reprimido, o desgosto com a vida mais ou menos horrível nas cidades, a depender do bairro do freguês.

De modo inesperado, a terra treme mais ou menos; de modo imprevisível, a casa por vezes cai, outras não.

Está claro que se trata aqui dos protestos, que receberam adesão maciça; de black blocs e "vândalos", que surpreendentemente dividiram opiniões; do rolezinho que enrola até o Planalto, ainda de desdobramento insondável. Há o ensaio de tumultos para a Copa, que começa no dia 25. Há quebra-quebras aleatórios, mas recorrentes.

Tão impossível de prever quanto a adesão aos protestos de junho de 2013, porém, é a resistência do ânimo protestante ao longo deste ano. O clima social quente desde o inverno do ano passado pode mesmo passar a ter efeitos inversos, uma saudade de "ordem" por excesso de tensão. Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria.

Ainda assim, parece que a conversa deste ano eleitoral é um tanto diferente. Óbvio que renda, inflação e emprego mudam humores eleitorais. Até pode haver algum abalo econômico, a depender do dólar, do efeito dos juros que o Banco Central elevou a passo rápido mais uma vez ontem, de equívocos adicionais da política econômica. No entanto, em condições normais, não há tanto tempo para obrar um desastre.

Os nervos sociais é que parecem mais irritáveis, politicamente sensíveis a uma gama muito maior de impressões do que de costume.

Os nervos estão eletrizados por causa de trânsito, ônibus, cor da pele, desmando policial, do posto de saúde sem médico ou com médico cubano, do jatinho do senador, da proibição do pancadão funk, da Copa, o que seja e o que vier.

Tudo isso sempre foi problema e motivo de queixa. Mas parece que essa irritação está dando um "rolezaum".

ERRO, "CRIMINOSO"

Na coluna de ontem, "Fogo nos ônibus, clima quente", este colunista cometeu um erro. No subtítulo, escreveu: "Em São Paulo, incêndio de ônibus se torna protesto' mais comum, nem sempre criminoso". Incendiar ônibus, porém, sempre é crime. A intenção, no caso, era dizer que nem todos os ônibus têm sido incendiados por criminosos contumazes. Em alguns casos, os ônibus são queimados durante protestos de natureza variada, que não são promovidos por bandidos. Ainda assim, trata-se de crime.

Remédio forte - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 16/01

Juros incomodam, mas a inflação incomoda muito mais. Essa pode ter sido a convicção do Banco Central ao decidir manter o mesmo ritmo de alta, apesar de a maioria do mercado apostar que ele reduziria a dose. As apostas em redução do ritmo tinham mais a ver com a falta de confiança na autonomia do BC do que na análise da conjuntura. A inflação permanece alta e as expectativas pioraram.

A inflação do final do ano surpreendeu todo mundo. Até o BC. Natural que a ação continuasse sendo forte. Com a alta de ontem, esse ciclo de aperto já produziu um aumento de 3,25 pontos percentuais nos juros. A Selic começou a subir em abril, quando foi de 7,25% para 7,50%. De lá para cá, o Banco Central elevou a taxa sete vezes. É um forte aumento, mas a situação está mesmo complicada. E os juros ainda estão abaixo do ponto em que estavam quando o Copom começou a reduzi-los, em julho de 2011, quando estavam em 12,25%.

O remédio é amargo, vai sofrer críticas internas e externas, porém a inflação permanece resistente e só não estourou o teto da meta porque o governo reprimiu preço. Sem a queda da energia, o controle da gasolina do governo federal e a revogação dos aumentos de ônibus e metrô nos principais estados e cidades, o IPCA teria superado o teto. Inflação prorrogada um dia encontra o índice.

Portanto, o Banco Central fez bem, mas receberá agora as críticas de praxe. Num ano eleitoral, no entanto, o maior risco era deixar a inflação subir. E risco, bem entendido, não apenas para a presidente- candidata, mas para o país. A inflação está alta, alguns itens estão com a taxa reprimida, o dólar está subindo e deve continuar com essa tendência ao longo do ano.

O Bank of America projeta uma inflação em 6% este ano pelas várias fontes de pressão. Além do dólar alto, as outras pressões são: o mercado de trabalho, que tem mantido os salários mesmo com baixo crescimento da economia, os preços administrados que terão que se recuperar um pouco este ano, a falta de espaço fiscal para o governo conceder reduções de impostos que poderiam baixar preços.

A Selic é instrumento com o qual o Banco Central faz política monetária. É remédio amargo, mas pode ter como resultado uma desaceleração da inflação. O que é difícil de aguentar é o spread. A taxa de juros média para pessoas físicas, com recursos livres, subiu de 34,2% em abril de 2013 para 38,5%. Linhas para aquisição de veículos estão em 21% ao ano, uma taxa que parece pequena perto da cobrada na aquisição de outros bens, que foram de 68,3% para 72,6%. O cheque especial é sempre uma taxa punitiva em qualquer país, mas no Brasil é de matar o devedor: saiu de 136% para 146% nesse tempo em que a Selic está em alta.

A boa notícia é que mesmo com juros em alta — e juros do mercado em níveis escorchantes — a inadimplência das pessoas físicas caiu nesse período de 7,5% para 6,7% entre abril de 2013 até novembro de 2013.

Os preços dos alimentos subiram neste começo de ano, mas não tanto quanto no ano passado. Pelo índice da GO Associados, eles subiram 2,3% em dezembro, e, neste começo de janeiro, 0,7%. Segundo Fábio Silveira, carnes de frango, boi, suína, milho, café e laranja subiram. O tomate caiu 5% em dezembro e na primeira semana do ano despencou 31%.

Se o país atravessar esse período mais difícil da inflação com a alta de alimentos sazonal mais comportada poderá ter um ano mais tranquilo. Até porque essa dose forte de juros tenderá a fazer efeito nos próximos meses. Um deles é na confiança do compromisso do Banco Central em reduzir a inflação.

Ciclo de altas pode ser mais longo e mais agressivo - JOSÉ PAULO KUPFER

O Estado de S.Paulo - 16/01

A inflação de dezembro veio bem mais alta do que o projetado e o próprio Banco Central, na ocasião, reconheceu o fato. Por isso, o quase consenso de que o Copom decidiria por iniciar 2014 com uma elevação de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juros sofreu uma quebra.

Nos últimos dias e, principalmente, nas vésperas da primeira reunião do ano, aumentou o número dos que apostavam numa alta de 0,5 ponto na taxa Selic. Mas, ainda assim, quase 70% dos analistas consultados pela 'Agência Estado', mantiveram a preferência por uma elevação mais suave dos juros básicos.

O cálculo dessa maioria, que acabou não prevalecendo, se sustentava em duas âncoras, ambas registradas na ata da reunião do Copom, de fins de novembro. A primeira mencionava o fato de que o ciclo de altas da Selic já era longo, tendo começado em abril. A outra lembrava que a ação cumulativa da política monetária sobre a inflação se dá com defasagens no tempo. A combinação das duas declarações foi lida pela maior parte dos analistas como uma indicação de que o ciclo de altas, além de estar perto do fim, passaria por uma suavização antes de se encerrar.

As pressões previstas para a trajetória da inflação em 2014, sobretudo depois da surpresa negativa de dezembro, no entanto, acenderam luzes amarelas no painel de comando do Copom. As projeções conhecidas, de fato, indicam que a inflação mensal rondará 6% na maior parte do ano, podendo ultrapassar o teto da meta em alguns meses.

Com isso, a ideia de que o colegiado moderaria o passo dos juros básicos, ainda que indicando estar pronto a intensificar as altas, mas preferindo primeiro observar a evolução das condições macroeconômicas, foi substituída por outra menos acomodatícia. O lacônico comunicado divulgado no fim da reunião, ressaltando que as altas tiveram início em abril, transmite a mensagem de que o atual ciclo promete não só ser mais longo, mas com altas mais agressivas do que antes previsto.