REVISTA VEJA
Em dezembro, foram divulgados os resultados do Pisa, o mais importante teste de qualidade da educação do mundo, realizado a cada três anos com alunos de 15 anos. Como vem ocorrendo desde a primeira edição, no ano 2000, os resultados do Brasil foram péssimos. Ficamos em 58º lugar em matemática, 59º em ciências e 55º em leitura, entre os 65 países que participaram. Caímos no ranking nas três áreas, em relação à prova anterior. Como já havia acontecido em edições passadas, nem nossa elite se salvou: os 25% mais ricos entre os alunos brasileiros tiveram desempenho pior que os 25% mais pobres dos países desenvolvidos (437 pontosversus 452 pontos em matemática).
A Alemanha, assim como o Brasil, também participa do Pisa desde 2000. Quando os resultados daquele ano foram divulgados, os alemães descobriram que o país de Goethe, Hegel e Weber tinha ficado em 21º lugar entre os 31 participantes daquela edição, abaixo da média dos países da OCDE. Os dados caíram como uma bomba. A presidente da Comissão de Educação do Parlamento alemão disse que os resultados eram uma “tragédia para a educação alemã”. A Der Spiegel, a mais importante revista do país, refletiu a tragédia com a seguinte manchete na capa: “Os alunos alemães são burros?”. O alvoroço levou inclusive à criação de um game show na TV alemã.
No dia do anúncio dos resultados da última edição do Pisa, a reação brasileira foi bem diferente. Nosso ministro da Educação, Aloizio Mercadante, convocou uma coletiva de imprensa para declarar que o Pisa era uma “grande vitória” da educação brasileira e um sinal de que “estamos no caminho certo” (rumo ao fundo do poço?). Recorreu à mesma cantilena de seu antecessor, Fernando Haddad: “A foto é ruim, mas o filme é muito bom”. Ou seja, a situação atual ainda não é boa, mas o que importa é a evolução dos resultados. E nesse quesito Mercadante fez um corte bastante particular dos resultados (focando apenas matemática, e só de 2003 para cá) para afirmar que o Brasil era “o primeiro aluno da sala”, o país que mais havia evoluído. Sem mencionar, é claro, que evoluímos tanto porque partimos de uma base baixíssima. Quando se parte de quase nada, qualquer pitoco é um salto enorme.
Essas reações são tão previsíveis que escrevi um artigo, disponível em Veja.com, um dia antes da fala do ministro, não só prevendo o teor da resposta como até o recurso à sétima arte (todos os links disponíveis em twitter.com/gioschpe). Mas, apesar de esperada, a resposta do ministro me causa perplexidade e espanto. Ela é muito negativa para o futuro da educação brasileira.
Eis o motivo da minha perplexidade: Mercadante e seu MEC não administram as escolas em que estudam nossos alunos de 15 anos. Dos mais de 50 milhões de estudantes da nossa educação básica, mero 0,5% está na rede federal. No Brasil, a responsabilidade por alunos do ensino médio é fundamentalmente de estados (85% da matrícula) e da iniciativa privada (13%). O MEC administra as universidades federais e cria alguns balizamentos para a educação básica, além de pilotar programas de reforço orçamentário para questões como transporte e merenda escolar, entre outras funções. A tarefa de construir as escolas, contratar e treinar os professores e estruturar o sistema é dos estados. No ensino fundamental, dos municípios. Portanto, os resultados do Pisa não representam um atestado de incompetência do Ministério da Educação. A maior parte da responsabilidade está certamente com estados e municípios. Além do mais, a tolerância do brasileiro para indicadores medíocres na área educacional é sabida e, ao contrário da Alemanha em 2000, não havia nenhuma expectativa de que tivéssemos um desempenho estelar no Pisa. Por que, então, o ministro não pode vir a público e dizer a verdade: que nossa situação é desastrosa, e que enquanto não melhorarmos a qualidade do nosso ensino continuaremos a chafurdar no pântano do subdesenvolvimento e da desigualdade? Não haveria custo político para Mercadante nem para o PT, já que o problema da nossa educação vem de antes da era lulista, e estados administrados por partidos de oposição tiveram resultados tão ruins quanto os da situação. Até entendo que seu antecessor se valesse dessa patacoada, pois teve uma gestão sofrível e era um neófito político em busca de divulgação, mas Mercadante já é um político consagrado e está fazendo uma boa gestão, a melhor da era petista; não precisa disso.
Antes que os patrulheiros venham com suas pedras, eu me adianto: o ministro não mentiu em suas declarações, apenas tapou o sol com a peneira. Fez uma seleção de dados destinada a conferir uma pátina brilhante a um cenário que na verdade é calamitoso. E esse malabarismo político, longe de ser apenas mera questão de conveniência pessoal, é muito ruim para o país.
Vocês que me leem há algum tempo sabem que estou convencido de que o grande entrave para a melhoria da qualidade educacional brasileira é o fato de que nossa população está satisfeita com nossa escola (em pesquisa do Inep com amostra representativa de pais de alunos da escola pública, a qualidade do ensino da escola do filho teve uma inacreditável nota média de 8,6. Realidade africana, percepção coreana...). Enquanto a população não demanda nem apoia mudanças, os governantes não têm capital político para encarar a força obstrucionista dos sindicatos de professores e funcionários (um contingente absurdamente inchado de 5 milhões de pessoas). Excetuando VEJA, este colunista e mais meia dúzia de quixotes, toda a discussão nacional sobre o tema é dominada por mantenedores do status quo. Canais de TV buscam sempre alguma história de superação individual, para dar um contorno feliz a uma história triste. Rádios estão preocupadas com debates inflamados, a despeito da veracidade do que é discutido, quer o assunto seja educação, política ou futebol. Jornais acham que aprofundar um assunto é dar os dois lados da moeda, como se educação fosse questão de opinião, não de pesquisa. Empresários não querem falar nada que gere conflito; a maioria dos intelectuais é também professor e tem interesses pecuniários; políticos em geral querem se tornar prefeitos ou governadores. Nesse cenário, quem é que vai falar para o brasileiro aquilo que ele não quer ouvir? O candidato natural é o ministro da Educação. Imaginem que fantástico seria se Mercadante tivesse vindo a público para dizer: “O Brasil foi muito mal no Pisa. Nossos alunos não estão aprendendo o que precisam. Está na hora de encararmos essa realidade. Temos uma enorme crise educacional — o que, na Era do Conhecimento, significa que enfrentamos um gravíssimo problema. Para vencê-lo, todos teremos de arregaçar as mangas e trabalhar mais. Este ministério não administra nossas escolas, mas estamos à disposição de todos os prefeitos, governadores e secretários de Educação que querem melhorar”.
Essas palavras poderiam marcar o início de uma nova era. E isso não traria custo político ao ministro. Acho até que geraria benefícios. São palavras de um estadista, de alguém que se preocupa com o futuro dos milhões de alunos que hoje estão sendo massacrados por um sistema educacional inepto.
P.S.: Depois da comoção de 2000, a Alemanha deu um salto. Neste último Pisa, ficou bem acima da média obtida pelos países da OCDE, abocanhando o 12º lugar em ciências, o 16º em matemática e o 19º em leitura.
terça-feira, janeiro 14, 2014
A lição de Ariel Sharon - JOÃO PEREIRA COUTINHO
FOLHA DE SP - 14/01
Nenhum outro premiê israelense fez na Faixa de Gaza exatamente aquilo que os palestinos reclamavam
Morre Ariel Sharon. Há festejos na Faixa de Gaza. Fato: não esperava que os palestinos chorassem a morte de um homem que fez da segurança de Israel a sua eterna paixão.
Primeiro, combatendo nas principais guerras que o país travou desde 1948. E, depois, elegendo a Organização para a Libertação da Palestina (e Arafat) como inimigo número um --um ódio pessoal que o levou à invasão do Líbano em 1982 e aos massacres nos campos de refugiados de Sabra e Shatila. Sharon não ordenou essas matanças de palestinos?
Novo fato. Mas não é preciso ser um gênio militar para perceber que, depois do assassinato de Bashir Gemayel, o líder dos cristãos do Líbano, haveria vingança pesada dos Falangistas sobre os palestinos que eles consideravam responsáveis pelo homicídio. Fechar os olhos a essas atrocidades é também uma forma de cumplicidade lamentável.
Acontece que os festejos em Gaza soam estranho quando nenhum outro premiê israelense fez no território exatamente aquilo que os palestinos reclamavam: retirada unilateral do exército de Israel.
Hoje, quando se fala dos "territórios ocupados", a Cisjordânia e os Montes Golã (na Síria) fazem parte do pacote. Mas a Faixa de Gaza, desde 2005, pertence aos palestinos porque Ariel Sharon decidiu terminar com uma ocupação de quase 40 anos, desmantelando milhares de colonos judeus na região.
Os motivos não foram beneméritos. A ocupação representava um desgaste internacional para Israel. Mas a principal razão era pragmática: Sharon entendeu que o "processo de paz" chegara ao fim.
Cinco anos antes, em Camp David, Israel estava disposto a concessões históricas impensáveis: o reconhecimento de um Estado palestino independente em Gaza e na Cisjordânia; a divisão de Jerusalém como capital dos dois Estados; e até o retorno de uma parcela de refugiados palestinos a Israel e compensações financeiras para os restantes (que viveriam, logicamente, no futuro Estado palestino).
Arafat, em gesto dificilmente classificável, exigiu o retorno de todos os refugiados a Israel (4 milhões), uma forma elegante de convidar o estado judaico a suicidar-se demograficamente (Israel tem uma população de 8 milhões, com 6 milhões de judeus e 1,5 milhões de árabes).
Depois do fracasso de Camp David, seguiu-se Ariel Sharon --uma escolha democrática que representa bem a desilusão da sociedade israelense com as negociações de paz.
E Sharon limitou-se a seguir a velha recomendação do general Yigal Alon, que depois da Guerra dos Seis Dias de 1967 alertara para os perigos de uma ocupação sem fim em Gaza e na Cisjordânia. Melhor seria controlar os territórios (de fora) sem governar milhões de palestinos hostis (por dentro). Ninguém o escutou. Só Sharon, 40 anos depois.
Dito e feito: Israel se retira de Gaza em 2005 e, no ano seguinte, o Hamas vence as eleições no território. Na imprensa "mainstream", o Hamas é apresentado como um grupo que luta contra a ocupação israelense. É uma forma de ver as coisas.
Outra é dizer simplesmente que se trata de um grupo terrorista que nega a existência da "entidade sionista"; que passou a usar Gaza como rampa de lançamento de "rockets" para o interior de Israel a partir de 2005; e que, também a partir desse ano, elegeu a Autoridade Palestina da Cisjordânia como "inimiga" fraternal. Tudo por causa da "traição" de Mahmoud Abbas em dialogar com Israel.
Hoje, não existe mais uma Palestina. Existem, pelo menos, duas: uma em Gaza, outra na Cisjordânia. Falar de um Estado palestino independente é uma piada de mau gosto quando os próprios palestinos não se entendem entre si.
Contas feitas, o que fica na morte de Sharon? Sim, um legado militar com páginas notáveis (lembrar a campanha do Sinai em 1967 contra o Egito) e as páginas negras (os massacres de Sabra e Shatila).
Mas, depois da retirada unilateral de Gaza, Sharon mostrou ao mundo que o conflito israelense-palestino não é territorial; é puramente ideológico. E que é inútil trocar terra por paz quando o interlocutor nem sequer reconhece o nosso direito à existência.
Os festejos de Gaza expressam isso mesmo: os palestinianos já têm um território autônomo, que poderia ser a base de um futuro Estado palestino. Mas o problema central continua o mesmo: o fato de os judeus também terem o seu Estado ali ao lado.
Nenhum outro premiê israelense fez na Faixa de Gaza exatamente aquilo que os palestinos reclamavam
Morre Ariel Sharon. Há festejos na Faixa de Gaza. Fato: não esperava que os palestinos chorassem a morte de um homem que fez da segurança de Israel a sua eterna paixão.
Primeiro, combatendo nas principais guerras que o país travou desde 1948. E, depois, elegendo a Organização para a Libertação da Palestina (e Arafat) como inimigo número um --um ódio pessoal que o levou à invasão do Líbano em 1982 e aos massacres nos campos de refugiados de Sabra e Shatila. Sharon não ordenou essas matanças de palestinos?
Novo fato. Mas não é preciso ser um gênio militar para perceber que, depois do assassinato de Bashir Gemayel, o líder dos cristãos do Líbano, haveria vingança pesada dos Falangistas sobre os palestinos que eles consideravam responsáveis pelo homicídio. Fechar os olhos a essas atrocidades é também uma forma de cumplicidade lamentável.
Acontece que os festejos em Gaza soam estranho quando nenhum outro premiê israelense fez no território exatamente aquilo que os palestinos reclamavam: retirada unilateral do exército de Israel.
Hoje, quando se fala dos "territórios ocupados", a Cisjordânia e os Montes Golã (na Síria) fazem parte do pacote. Mas a Faixa de Gaza, desde 2005, pertence aos palestinos porque Ariel Sharon decidiu terminar com uma ocupação de quase 40 anos, desmantelando milhares de colonos judeus na região.
Os motivos não foram beneméritos. A ocupação representava um desgaste internacional para Israel. Mas a principal razão era pragmática: Sharon entendeu que o "processo de paz" chegara ao fim.
Cinco anos antes, em Camp David, Israel estava disposto a concessões históricas impensáveis: o reconhecimento de um Estado palestino independente em Gaza e na Cisjordânia; a divisão de Jerusalém como capital dos dois Estados; e até o retorno de uma parcela de refugiados palestinos a Israel e compensações financeiras para os restantes (que viveriam, logicamente, no futuro Estado palestino).
Arafat, em gesto dificilmente classificável, exigiu o retorno de todos os refugiados a Israel (4 milhões), uma forma elegante de convidar o estado judaico a suicidar-se demograficamente (Israel tem uma população de 8 milhões, com 6 milhões de judeus e 1,5 milhões de árabes).
Depois do fracasso de Camp David, seguiu-se Ariel Sharon --uma escolha democrática que representa bem a desilusão da sociedade israelense com as negociações de paz.
E Sharon limitou-se a seguir a velha recomendação do general Yigal Alon, que depois da Guerra dos Seis Dias de 1967 alertara para os perigos de uma ocupação sem fim em Gaza e na Cisjordânia. Melhor seria controlar os territórios (de fora) sem governar milhões de palestinos hostis (por dentro). Ninguém o escutou. Só Sharon, 40 anos depois.
Dito e feito: Israel se retira de Gaza em 2005 e, no ano seguinte, o Hamas vence as eleições no território. Na imprensa "mainstream", o Hamas é apresentado como um grupo que luta contra a ocupação israelense. É uma forma de ver as coisas.
Outra é dizer simplesmente que se trata de um grupo terrorista que nega a existência da "entidade sionista"; que passou a usar Gaza como rampa de lançamento de "rockets" para o interior de Israel a partir de 2005; e que, também a partir desse ano, elegeu a Autoridade Palestina da Cisjordânia como "inimiga" fraternal. Tudo por causa da "traição" de Mahmoud Abbas em dialogar com Israel.
Hoje, não existe mais uma Palestina. Existem, pelo menos, duas: uma em Gaza, outra na Cisjordânia. Falar de um Estado palestino independente é uma piada de mau gosto quando os próprios palestinos não se entendem entre si.
Contas feitas, o que fica na morte de Sharon? Sim, um legado militar com páginas notáveis (lembrar a campanha do Sinai em 1967 contra o Egito) e as páginas negras (os massacres de Sabra e Shatila).
Mas, depois da retirada unilateral de Gaza, Sharon mostrou ao mundo que o conflito israelense-palestino não é territorial; é puramente ideológico. E que é inútil trocar terra por paz quando o interlocutor nem sequer reconhece o nosso direito à existência.
Os festejos de Gaza expressam isso mesmo: os palestinianos já têm um território autônomo, que poderia ser a base de um futuro Estado palestino. Mas o problema central continua o mesmo: o fato de os judeus também terem o seu Estado ali ao lado.
Ano novo, vida nova? - ARNALDO JABOR
O Estado de S.Paulo - 14/01
Vivemos um momento histórico em que tudo parece desabar, o que pode nos levar ao chamado "delírio de ruína", como chamam os psiquiatras. No entanto, 2013 foi um ano didático e creio que as deficiências seculares de nossa formação estão vindo à tona. Assim, estamos evoluindo de costas, aprendendo com os horrores. Dos porões do atraso já surgem luzes, em nossa 'jornada de imbecis até o entendimento'. Isso. O título de uma peça de Plínio Marcos serve bem para descrever o caminho que trilhamos em 2013. Temos razões até para um desconfiado otimismo. Qual será a lista de nossas esperanças?
Por exemplo, finalmente a família Sarney está servindo para alguma coisa: o horror do Estado (que possuem há 50 anos) está vindo a furo, como um tumor. O povo do Maranhão está menos iludido em sua desgraça. A prisão dos mensaleiros já tinha alertado sobre o estado de nossas penitenciárias. O medo máximo dos 'dirceus' era cair perto da 'boca do boi', nas celas que matam milhares de desespero e de faca, estilete, decapitação.
Em seguida, estourou Pedrinhas, abrindo finalmente as cortinas de gente intocável, aliada com sua 'cordialidade' criminosa. Sarney sumiu e Dilma também, pois não pode perder o aliado para a reeleição. Mas, já sabemos mais sobre isso. Didático: Sarney pauta a Dilma. Será que ela vai ficar ofendida?
Aprendemos que detalhes explicam muito. Já sabemos que os cardápios de Roseana e Cid Gomes são parecidos. Cid gosta de escargot, caviar, salmão e outras iguarias, custando 3 milhões para o Ceará; Roseana já prefere grandes quantidades: 850 quilos de filé 'mignon', duas toneladas e meia de camarão, 200 quilos de salmão e 80 de lagostas. Dois menus que são uma aula de ciência política brasileira.
Já aprendemos que, além de 'esquerda' e 'direita', temos de pensar na qualidade da vida e do interesse público. Como dizia Marco Aurélio (não o Garcia nem o de Mello, claro, mas o imperador): "O que é bom para a abelha tem de ser bom para a colmeia".
Muitos já entendem que o Estado não é a 'solução', mas é o 'problema'. Já sabem que um Estado gigante suga como um vampiro a sociedade e não devolve em serviços e reformas o que nós emprestamos a ele. Já sabemos que a sociedade acordou, apesar de amedrontada pelos fascistas dos black blocs, como vimos em junho de 2013.
Entrou em nosso entendimento (ao menos para os que sabem ler e não são o 'estrume' das oligarquias) que a corrupção não é um pecado moral, mas uma forma de governo. Já aprendemos que não há um contrato sem aditamento superfaturado, já sabemos que ladrões e bolcheviques se unem por um mesmo fim: pilhar o Estado, em nome de uma ideologia oportunista.
Alguns (ou muitos?) intelectuais com má consciência já devem ter entendido que substituir o possível pelo imaginário, o presente por um 'futuro', o singular pelo geral destroem a administração da vida real. Somos um país sob anestesia, mas sem cirurgia, como dizia Simonsen.
Hoje, temos de aceitar a impossibilidade de uma harmonia final. Não há solução -, mas, 'processo'. Nunca teremos um país perfeito, resolvido, nunca chegaremos "lá". Devemos abandonar uma política "central, geral, total", como nos planos quinquenais da URSS ou nos "saltos para a frente" da China de Mao. Somente uma política econômica indutiva, imaginosa, descentrada e pragmática pode ir formando um tecido de parcialidades que acabem por mudar o conjunto.
Ao menos estamos mais no presente. A importância da internet, dos celulares, a interdependência com o vasto planeta nos livrou um pouco da alma de tupiniquim, de vira-latas paranoicos.
Já começamos também a entender a diferença entre causas e consequências. Miséria é consequência. A injustiça é endêmica e de tal modo paralisante que inviabilizou até agora uma real 'luta de classes'. Os excluídos já nasceram derrotados "desde Cabral".
Como dizem as avós: "Há males que vêm para o bem" - a ditadura nos trouxe a "fome de democracia"; a piração oligárquica e corrupta de Collor nos trouxe uma "fome de República", de modernização do País. O julgamento do STF e a dificuldade de sua realização durante oito anos nos mostrou a evidência de que o Judiciário tem de ser reformado urgentemente.
A falência fiscal do Estado nos deu uma espécie de "orfandade" diante do gigante quebrado, mas criou mais autonomia nos empreendedores.
Deixou claro que o Estado tem de existir para a sociedade e não o contrário, como ainda é hoje.
Aprendemos que a tal "mão invisível do mercado" pode nos dar bananas, claro. No entanto, o conceito de "mercado" dinamiza a autorregulação da vida social e econômica do País, sim. Mercado é um termômetro, um sensor dos desejos sociais, mercado relativiza certezas burras e poderes autoritários. Talvez já tenhamos aprendido que a culpa de nosso atraso não é de imperialistas e canalhas de fora. Mudar o País tem de ser uma luta contra os canalhas de dentro. Não precisamos de invasores e inimigos, com esta multidão de saúvas que nos corroem.
Infelizmente, muita gente hoje ainda acredita que um governo de estatizações e tardio desenvolvimentismo, governo que ainda trabalha em cima de categorias velhas como 'democracia burguesa', 'moralidade pequeno-burguesa', 'patrimônio nacional' e o novo sujo "bolivarianismo" esteja no caminho certo. Não conseguem aceitar o óbvio: o Brasil estava preparado pelo Plano Real e o governo de FHC para decolar. Veio o Lula e jogou tudo para trás, aliado principal de Sarney e até do Severino, lembram? Ele levava macarrão como propina no restaurante do Congresso. A continuar assim (se a Dilma vencer), teremos uma brutal recessão em 2014/15, e o aparelhamento descarado do Estado talvez impeça um retorno à racionalidade perdida. Aí, 2014 será um "ano interessante", como dizem os chineses: um ano de desgraças, erros crassos e teimosia burra.
E estará provada a maldição, a famosa praga chinesa: "Tomara que você viva em tempos interessantes". Só nos resta desejar ano novo, vida nova.
Mas, que vida?
Vivemos um momento histórico em que tudo parece desabar, o que pode nos levar ao chamado "delírio de ruína", como chamam os psiquiatras. No entanto, 2013 foi um ano didático e creio que as deficiências seculares de nossa formação estão vindo à tona. Assim, estamos evoluindo de costas, aprendendo com os horrores. Dos porões do atraso já surgem luzes, em nossa 'jornada de imbecis até o entendimento'. Isso. O título de uma peça de Plínio Marcos serve bem para descrever o caminho que trilhamos em 2013. Temos razões até para um desconfiado otimismo. Qual será a lista de nossas esperanças?
Por exemplo, finalmente a família Sarney está servindo para alguma coisa: o horror do Estado (que possuem há 50 anos) está vindo a furo, como um tumor. O povo do Maranhão está menos iludido em sua desgraça. A prisão dos mensaleiros já tinha alertado sobre o estado de nossas penitenciárias. O medo máximo dos 'dirceus' era cair perto da 'boca do boi', nas celas que matam milhares de desespero e de faca, estilete, decapitação.
Em seguida, estourou Pedrinhas, abrindo finalmente as cortinas de gente intocável, aliada com sua 'cordialidade' criminosa. Sarney sumiu e Dilma também, pois não pode perder o aliado para a reeleição. Mas, já sabemos mais sobre isso. Didático: Sarney pauta a Dilma. Será que ela vai ficar ofendida?
Aprendemos que detalhes explicam muito. Já sabemos que os cardápios de Roseana e Cid Gomes são parecidos. Cid gosta de escargot, caviar, salmão e outras iguarias, custando 3 milhões para o Ceará; Roseana já prefere grandes quantidades: 850 quilos de filé 'mignon', duas toneladas e meia de camarão, 200 quilos de salmão e 80 de lagostas. Dois menus que são uma aula de ciência política brasileira.
Já aprendemos que, além de 'esquerda' e 'direita', temos de pensar na qualidade da vida e do interesse público. Como dizia Marco Aurélio (não o Garcia nem o de Mello, claro, mas o imperador): "O que é bom para a abelha tem de ser bom para a colmeia".
Muitos já entendem que o Estado não é a 'solução', mas é o 'problema'. Já sabem que um Estado gigante suga como um vampiro a sociedade e não devolve em serviços e reformas o que nós emprestamos a ele. Já sabemos que a sociedade acordou, apesar de amedrontada pelos fascistas dos black blocs, como vimos em junho de 2013.
Entrou em nosso entendimento (ao menos para os que sabem ler e não são o 'estrume' das oligarquias) que a corrupção não é um pecado moral, mas uma forma de governo. Já aprendemos que não há um contrato sem aditamento superfaturado, já sabemos que ladrões e bolcheviques se unem por um mesmo fim: pilhar o Estado, em nome de uma ideologia oportunista.
Alguns (ou muitos?) intelectuais com má consciência já devem ter entendido que substituir o possível pelo imaginário, o presente por um 'futuro', o singular pelo geral destroem a administração da vida real. Somos um país sob anestesia, mas sem cirurgia, como dizia Simonsen.
Hoje, temos de aceitar a impossibilidade de uma harmonia final. Não há solução -, mas, 'processo'. Nunca teremos um país perfeito, resolvido, nunca chegaremos "lá". Devemos abandonar uma política "central, geral, total", como nos planos quinquenais da URSS ou nos "saltos para a frente" da China de Mao. Somente uma política econômica indutiva, imaginosa, descentrada e pragmática pode ir formando um tecido de parcialidades que acabem por mudar o conjunto.
Ao menos estamos mais no presente. A importância da internet, dos celulares, a interdependência com o vasto planeta nos livrou um pouco da alma de tupiniquim, de vira-latas paranoicos.
Já começamos também a entender a diferença entre causas e consequências. Miséria é consequência. A injustiça é endêmica e de tal modo paralisante que inviabilizou até agora uma real 'luta de classes'. Os excluídos já nasceram derrotados "desde Cabral".
Como dizem as avós: "Há males que vêm para o bem" - a ditadura nos trouxe a "fome de democracia"; a piração oligárquica e corrupta de Collor nos trouxe uma "fome de República", de modernização do País. O julgamento do STF e a dificuldade de sua realização durante oito anos nos mostrou a evidência de que o Judiciário tem de ser reformado urgentemente.
A falência fiscal do Estado nos deu uma espécie de "orfandade" diante do gigante quebrado, mas criou mais autonomia nos empreendedores.
Deixou claro que o Estado tem de existir para a sociedade e não o contrário, como ainda é hoje.
Aprendemos que a tal "mão invisível do mercado" pode nos dar bananas, claro. No entanto, o conceito de "mercado" dinamiza a autorregulação da vida social e econômica do País, sim. Mercado é um termômetro, um sensor dos desejos sociais, mercado relativiza certezas burras e poderes autoritários. Talvez já tenhamos aprendido que a culpa de nosso atraso não é de imperialistas e canalhas de fora. Mudar o País tem de ser uma luta contra os canalhas de dentro. Não precisamos de invasores e inimigos, com esta multidão de saúvas que nos corroem.
Infelizmente, muita gente hoje ainda acredita que um governo de estatizações e tardio desenvolvimentismo, governo que ainda trabalha em cima de categorias velhas como 'democracia burguesa', 'moralidade pequeno-burguesa', 'patrimônio nacional' e o novo sujo "bolivarianismo" esteja no caminho certo. Não conseguem aceitar o óbvio: o Brasil estava preparado pelo Plano Real e o governo de FHC para decolar. Veio o Lula e jogou tudo para trás, aliado principal de Sarney e até do Severino, lembram? Ele levava macarrão como propina no restaurante do Congresso. A continuar assim (se a Dilma vencer), teremos uma brutal recessão em 2014/15, e o aparelhamento descarado do Estado talvez impeça um retorno à racionalidade perdida. Aí, 2014 será um "ano interessante", como dizem os chineses: um ano de desgraças, erros crassos e teimosia burra.
E estará provada a maldição, a famosa praga chinesa: "Tomara que você viva em tempos interessantes". Só nos resta desejar ano novo, vida nova.
Mas, que vida?
Ueba! Cauã em Amores Pelados! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 14/01
E o Tufão é corno de novo?! O Murilo Benício devia mudar de nome pra MUGIDO Benício! Rarará!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E o rolezinho? Como diz o tuiteiro webtoc: "Quando for ao shopping JK nunca diga que vai comprar um rolexzinho". Aliás, em shopping algum. Seria pânico geral! Causa mais pânico que uma invasão de baratas carnívoras dilaceradoras de vísceras! Rarará!
E eu tô adorando a minissérie "Amores Roubados"! Ops, Amores Pelados! A história de um comelão! O Cauã Reymond é o sucessor do Zé Mayer! E o site noveludo traz o resumo de "Amores Roubados". É a foto do Cauã gritando: "EU VÔ TI CUMÊ!". Pronto, esse é o resumo da minissérie: "EU VÔ TI COMÊ!" E a mulherada: "PÓ COMÊ!".
Primeiro capítulo: "Eu vô ti come, pó comê!". Segundo capítulo: "Eu vô ti comê, pó comê!". Terceiro capítulo: "Eu vô ti comê", e a Cassia Kis: "Mas eu sou a sua mãe!". Rarará!
E sabe por que a minissérie tem intervalo? Pro pinto do Cauã esfriar! E o Tufão é corno de novo?! O Murilo Benício devia mudar de nome pra MUGIDO Benício! MÚUUUUgido Benício! Rarará! Estão todos INTERTREPANDO muito bem. E a fotografia é linda. E Patrícia Pillar e Dira Paes, sensacionais!
E atenção! Maranhão Urgente! Manchete do Piauí Herald: "Roseana Sarney manda beijinho no ombro para os recalcados". E a foto dela vestida de Valesca Popozuda? O tigre do clipe tem um bigodão! Rarará! E continuo fascinado pela quentinha da Roseana: lagosta, champanhe, uísque e caviar. Maranhão vira Lagostão! Rarará!
E a charge do Samuca: "E aí, filhona, apurando os crimes?". "Primeiro me passa o caviar." Rarará! E o Sarney: "Tudo culpa do meu antecessor". "Quem?" "Dom Pedro 2º." Ops, Pedro Álvares Cabral. O antecessor do Sarney foi Pedro Álvares Cabral, quando gritou: "Sarney à vista". Outros acham que o antecessor do Sarney foi Tupã!
E na França, em 1890, teve uma epidemia chamada Epidemia do Bigode. E aí nasceu a família Sarney. Família Sarney: os moribundos de fogo! Rarará! Donos do MYranhão!
É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Olha esse cartaz no poste: "Sumo com a pessoa amada durante o Carnaval. Devolvo na quarta-feira de cinzas. Ligue já!". E um amigo ficou numa pousada no Nordeste com a seguinte placa: "Quem quiser café na cama que vá dormir na cozinha". Rarará.
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
E o Tufão é corno de novo?! O Murilo Benício devia mudar de nome pra MUGIDO Benício! Rarará!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E o rolezinho? Como diz o tuiteiro webtoc: "Quando for ao shopping JK nunca diga que vai comprar um rolexzinho". Aliás, em shopping algum. Seria pânico geral! Causa mais pânico que uma invasão de baratas carnívoras dilaceradoras de vísceras! Rarará!
E eu tô adorando a minissérie "Amores Roubados"! Ops, Amores Pelados! A história de um comelão! O Cauã Reymond é o sucessor do Zé Mayer! E o site noveludo traz o resumo de "Amores Roubados". É a foto do Cauã gritando: "EU VÔ TI CUMÊ!". Pronto, esse é o resumo da minissérie: "EU VÔ TI COMÊ!" E a mulherada: "PÓ COMÊ!".
Primeiro capítulo: "Eu vô ti come, pó comê!". Segundo capítulo: "Eu vô ti comê, pó comê!". Terceiro capítulo: "Eu vô ti comê", e a Cassia Kis: "Mas eu sou a sua mãe!". Rarará!
E sabe por que a minissérie tem intervalo? Pro pinto do Cauã esfriar! E o Tufão é corno de novo?! O Murilo Benício devia mudar de nome pra MUGIDO Benício! MÚUUUUgido Benício! Rarará! Estão todos INTERTREPANDO muito bem. E a fotografia é linda. E Patrícia Pillar e Dira Paes, sensacionais!
E atenção! Maranhão Urgente! Manchete do Piauí Herald: "Roseana Sarney manda beijinho no ombro para os recalcados". E a foto dela vestida de Valesca Popozuda? O tigre do clipe tem um bigodão! Rarará! E continuo fascinado pela quentinha da Roseana: lagosta, champanhe, uísque e caviar. Maranhão vira Lagostão! Rarará!
E a charge do Samuca: "E aí, filhona, apurando os crimes?". "Primeiro me passa o caviar." Rarará! E o Sarney: "Tudo culpa do meu antecessor". "Quem?" "Dom Pedro 2º." Ops, Pedro Álvares Cabral. O antecessor do Sarney foi Pedro Álvares Cabral, quando gritou: "Sarney à vista". Outros acham que o antecessor do Sarney foi Tupã!
E na França, em 1890, teve uma epidemia chamada Epidemia do Bigode. E aí nasceu a família Sarney. Família Sarney: os moribundos de fogo! Rarará! Donos do MYranhão!
É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Olha esse cartaz no poste: "Sumo com a pessoa amada durante o Carnaval. Devolvo na quarta-feira de cinzas. Ligue já!". E um amigo ficou numa pousada no Nordeste com a seguinte placa: "Quem quiser café na cama que vá dormir na cozinha". Rarará.
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Fator Diego Costa - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 14/01
Lembra o caso do sergipano Diego Costa, do Atlético de Madrid, que optou jogar pela seleção da Espanha?
A CBF descobriu que, como ele, há pelo menos 35 jogadores que saíram do Brasil muito cedo e jogam no exterior em times de ponta. Deste total, sete são até selecionáveis.
Segue...
A CBF vai acompanhar mais de perto esses atletas.
Lei Rouanet
A juíza Aline Alves Miranda Araújo, da 7ª Vara Federal do Rio, anulou a assembleia de dezembro de 2012 que renovou o Conselho Nacional de Política Cultural, do MinC.
A ação foi proposta pelos advogados Flávio Mattos de Oliveira e Raul Teixeira, que apontaram irregularidades na escolha.
Esse conselho escolhe os projetos com direito a captar recursos via Lei Rouanet, dinheiro meu, seu, nosso.
Mas...
O que se diz na Rádio Corredor é que a formação atual do Conselho favoreceu o PCdoB.
Mãos ao alto!
A Operação Lapa Presente, do governo do Rio, deu fim a um “engana gringo” de anos.
Uma turma começava a tocar debaixo dos Arcos, e, quando os gringos chegavam para assistir, os assaltantes vinham e faziam a limpa.
Acabou em samba
Joaquim Barbosa acabou no bloco carioca Spanta Neném. O enredo este ano é “Brasil mostra sua cara”. Um trecho do samba:
“No país da bola/onde a impunidade deita e rola/na poesia vou pegar você/Sou seu Joaquim Barbosa/Vou te julgar/Vou te prender.”
Faz sentido.
Tradição e propriedade
A Montfort, de orientação católica ultraconservadora, saudou ontem a escolha de Dom Orani como novo cardeal.
No texto, a entidade fundada por Orlando Fedeli, falecido em 2010, lembra que o novo cardeal foi “o primeiro prelado brasileiro a haver concedido uma paróquia para o rito tridentino” (missa à moda antiga em latim).
Só que...
Em junho de 2007, Fedeli, que atuou por mais de 30 anos na TFP, escreveu que Dom Orani, na época em Belém, tentou impedir que ele fizesse palestras na capital do Pará.
No mais...
Viva Dom Orani!
Drible na Europa
“O drible”, de Sérgio Rodrigues, foi vendido para a França, numa negociação comandada por Lucia Riff. Vai ser publicado em março pelas Éditons du Seuil, com lançamento no Salão do Livro de Paris, em homenagem ao Brasil.
Em junho, o romance será lançado na Espanha e na América Latina pela Editora Anagrama.
Viva Candeia!
O Timoneiros da Viola, bloco de Madureira, vai homenagear Candeia no carnaval. A camisa, assinada pelo designer Ricardo Galhardo, tem, na parte de trás, um leopardo, animal que foi pintado na parede da Escola de Samba Quilombo, fundada por Candeia, nos anos 1970.
Down no soçaite
O caso está da 15ª DP (Gávea). Uma carioca, com os filhos e a babá, sábado, no Clube dos Macacos, no Horto, perguntou a uma mulher, deitada numa espreguiçadeira, se a cadeira ao lado estava vazia, e ouviu:
— Não. Tô usando para apoiar minha lata (de refrigerante).
Ela tentou argumentar, disse que era egoísmo. Mas o marido da outra chegou soltando palavrões. A babá pediu calma, e ele disparou: “Cala a boca, macaca!”
Deus castiga
A Igreja N. Sª. de Fátima, no Centro de Caxias, na Baixada Fluminense, foi assaltada pela quarta vez em dez dias.
A última foi na madrugada de domingo. Os ladrões, que entraram pelo telhado, levaram o sacrário, onde são guardados os objetos sagrados, como o cálice.
Melhor assim
O bueiro na Rua do Catete, mostrado aqui ontem, não oferece mais perigo.
A Cedae conta que a manutenção é responsabilidade do prédio em frente, mas colocou uma nova tampa no buraco.
Sem pança
De uma vovó, sábado, no intervalo de “Elis, a musical”, sobre o ator José Wilker, na plateia do Oi Casa Grande:
— Televisão engorda muito. Na TV, parece que ele tem uma pança enorme.
A CBF descobriu que, como ele, há pelo menos 35 jogadores que saíram do Brasil muito cedo e jogam no exterior em times de ponta. Deste total, sete são até selecionáveis.
Segue...
A CBF vai acompanhar mais de perto esses atletas.
Lei Rouanet
A juíza Aline Alves Miranda Araújo, da 7ª Vara Federal do Rio, anulou a assembleia de dezembro de 2012 que renovou o Conselho Nacional de Política Cultural, do MinC.
A ação foi proposta pelos advogados Flávio Mattos de Oliveira e Raul Teixeira, que apontaram irregularidades na escolha.
Esse conselho escolhe os projetos com direito a captar recursos via Lei Rouanet, dinheiro meu, seu, nosso.
Mas...
O que se diz na Rádio Corredor é que a formação atual do Conselho favoreceu o PCdoB.
Mãos ao alto!
A Operação Lapa Presente, do governo do Rio, deu fim a um “engana gringo” de anos.
Uma turma começava a tocar debaixo dos Arcos, e, quando os gringos chegavam para assistir, os assaltantes vinham e faziam a limpa.
Acabou em samba
Joaquim Barbosa acabou no bloco carioca Spanta Neném. O enredo este ano é “Brasil mostra sua cara”. Um trecho do samba:
“No país da bola/onde a impunidade deita e rola/na poesia vou pegar você/Sou seu Joaquim Barbosa/Vou te julgar/Vou te prender.”
Faz sentido.
Tradição e propriedade
A Montfort, de orientação católica ultraconservadora, saudou ontem a escolha de Dom Orani como novo cardeal.
No texto, a entidade fundada por Orlando Fedeli, falecido em 2010, lembra que o novo cardeal foi “o primeiro prelado brasileiro a haver concedido uma paróquia para o rito tridentino” (missa à moda antiga em latim).
Só que...
Em junho de 2007, Fedeli, que atuou por mais de 30 anos na TFP, escreveu que Dom Orani, na época em Belém, tentou impedir que ele fizesse palestras na capital do Pará.
No mais...
Viva Dom Orani!
Drible na Europa
“O drible”, de Sérgio Rodrigues, foi vendido para a França, numa negociação comandada por Lucia Riff. Vai ser publicado em março pelas Éditons du Seuil, com lançamento no Salão do Livro de Paris, em homenagem ao Brasil.
Em junho, o romance será lançado na Espanha e na América Latina pela Editora Anagrama.
Viva Candeia!
O Timoneiros da Viola, bloco de Madureira, vai homenagear Candeia no carnaval. A camisa, assinada pelo designer Ricardo Galhardo, tem, na parte de trás, um leopardo, animal que foi pintado na parede da Escola de Samba Quilombo, fundada por Candeia, nos anos 1970.
Down no soçaite
O caso está da 15ª DP (Gávea). Uma carioca, com os filhos e a babá, sábado, no Clube dos Macacos, no Horto, perguntou a uma mulher, deitada numa espreguiçadeira, se a cadeira ao lado estava vazia, e ouviu:
— Não. Tô usando para apoiar minha lata (de refrigerante).
Ela tentou argumentar, disse que era egoísmo. Mas o marido da outra chegou soltando palavrões. A babá pediu calma, e ele disparou: “Cala a boca, macaca!”
Deus castiga
A Igreja N. Sª. de Fátima, no Centro de Caxias, na Baixada Fluminense, foi assaltada pela quarta vez em dez dias.
A última foi na madrugada de domingo. Os ladrões, que entraram pelo telhado, levaram o sacrário, onde são guardados os objetos sagrados, como o cálice.
Melhor assim
O bueiro na Rua do Catete, mostrado aqui ontem, não oferece mais perigo.
A Cedae conta que a manutenção é responsabilidade do prédio em frente, mas colocou uma nova tampa no buraco.
Sem pança
De uma vovó, sábado, no intervalo de “Elis, a musical”, sobre o ator José Wilker, na plateia do Oi Casa Grande:
— Televisão engorda muito. Na TV, parece que ele tem uma pança enorme.
SÓ DÁ COROA NO VERÃO - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 14/01
Desde o Réveillon, o modismo foi desfilado por mulheres de todas as idades e estilos, entre elas a empresária Cristiana Arcangeli, a socialite Ana Paula Junqueira e a modelo Caroline Bittencourt.
"Minha tia fez a minha", diz a blogueira Thássia Naves, que começou a prestar atenção nas coroas quando visitou a Tailândia. "Lá, elas são naturais. É bem chamativo mesmo, a pessoa tem que se sentir bem usando."
A blogueira mineira aderiu a um modelo com flores maiores que a média. Ganhou muitos comentários positivos e negativos entre os seus 828 mil seguidores no Instagram.
A cantora americana Lana Del Rey foi uma das precursoras do uso do acessório. E levou um grande número de meninas vestidas a caráter para seu show no festival Planeta Terra, realizado em São Paulo, em novembro.
Democráticas, as coroas pode ser encontradas em shoppings de luxo e no varejo popular da rua 25 de Março, com preços que vão de R$ 15 a R$ 100. Ainda há blogs que ensinam como fazer o adereço gastando pouco.
Do pescoço para baixo, o crochê e a renda são os outros hits do verão. "Desde as mais magras até as mais cheinhas estão usando", constata Luis Fiod, stylist de famosas como a apresentadora Eliana.
Vestidos da estilista Martha Medeiros, especialista em renda, que vão de R$ 3.980 a R$ 28.980, foram onipresentes no Instagram de quem dita moda. O modelo usado por Thássia no Ano-Novo, por exemplo, sai por R$ 14.980. A modelo Cassia Avila também circulou por Trancoso com longo da marca Lilly Sarti de R$ 3.896. Todas fazendo a linha "hippie chique".
DEPOIS DE AMARILDO
A OAB-RJ tenta obter há três meses informações oficiais sobre número de desaparecidos e de autos de resistência (mortes em confronto) no Estado do Rio. A entidade ainda não recebeu os registros da Polícia Civil e do Tribunal de Justiça, essenciais para montar um banco de dados sobre violência policial. "É uma verdadeira caixa-preta", diz o presidente da Ordem, Felipe Santa Cruz.
AMARILDO 2
A mobilização da OAB-RJ em torno do tema começou em agosto, com o projeto Desaparecidos da Democracia --criado após a morte do pedreiro Amarildo. Segundo Cruz, conhecer o problema em detalhes é importante para entendê-lo e combatê-lo. "Todo dia recebo e-mail de alguém dizendo que conhece um novo caso Amarildo."
AMARILDO 3
A Polícia Civil informa, em nota, que o pedido da Ordem está em análise na assessoria jurídica, por causa do "caráter sigiloso dos dados", e uma resposta deve sair nos próximos dias. O Tribunal de Justiça declara ter solicitado critérios específicos para a consulta, "tendo em vista a abrangência e complexidade do pedido". As informações enviadas pelo Ministério Público, único órgão que atendeu à solicitação, estão sendo avaliadas pela OAB.
LANTERNA
A baixa produtividade da mão de obra na indústria deixa o Brasil entre os menos competitivos na comparação entre 14 países. Segundo o estudo Competitividade Brasil 2013, da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o Brasil está em 12º lugar, com PIB de US$ 31 mil por pessoa ocupada. O valor é metade da riqueza gerada pelo trabalhador do Chile e México (ambos com US$ 62 mil) e um quarto da Austrália, campeã em produtividade, com US$ 127 mil.
NO MUNDO
A produtora Coração da Selva fechou com a The Match Factory a distribuição mundial de "Praia do Futuro", primeiro filme internacional de Karim Aïnouz. A coprodução Brasil-Alemanha, rodada em Fortaleza e Berlim e estrelada por Wagner Moura, Jesuíta Barbosa e o alemão Clemens Schick, tem estreia prevista para este semestre. A distribuidora é a mesma dos filmes de Jim Jarmusch.
RIRI IN RIO
Rihanna trouxe ao Brasil dez pessoas, incluindo assistente pessoal, chef de cozinha, personal trainer, dois seguranças e agente. A cantora posa para ensaio da revista "Vogue Brasil" na casa da estilista Francesca Romana, em Angra dos Reis. RiRi --como é chamada pelos fãs-- pediu que o cenário do editorial fosse rústico e disse que queria posar como uma legítima brasileira, em um estilo "very sexy" (bem sensual).
NOVO CEP
Um dos primeiros a apostar no Meatpacking District, Carlos Miele pretende mudar o endereço de sua loja em Nova York em 2015. "Estou procurando um ponto na Madison", diz o estilista brasileiro, referindo-se à avenida que concentra lojas de grife na cidade. Vai se unir à debandada de marcas de luxo do antigo local de corte de carnes que virou point. "O perfil da área está mudando e atraindo marcas mais comerciais."
ELOGIO DA FEIURA
O ator Otávio Müller e a autora Claudia Trajes receberam convidados na estreia da peça "A Vida Sexual da Mulher Feia", na sexta, no Teatro Folha. Os atores Taumaturgo Ferreira, Vera Holtz e Odara Carvalho assistiram ao espetáculo, assim como o escritor Marcelo Rubens Paiva.
CURTO-CIRCUITO
O Inspiramais (Salão de Design e Inovação de Componentes) começa hoje, no shopping Frei Caneca. A ministra Marta Suplicy fará discurso na abertura.
As vitrines do restaurante Ritz da alameda Franca recebem obra dos artistas Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti a partir de hoje.
O prazo para inscrições no 5º Prêmio Lundbeck de Incentivo à Pesquisa termina amanhã.
Agora é Lula - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 14/01
O vice Michel Temer recebeu a missão ontem de tirar a candidatura do PT do caminho do vice do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB). O governador Sérgio Cabral foi taxativo: a presidente Dilma está abaixo de sua média nacional no estado e precisa da unidade dos aliados. O próximo passo de Temer será tratar da sucessão no Rio com o padrinho de Lindbergh Farias, o ex-presidente Lula.
Pego no contrapé
O candidato do PSDB, Aécio Neves, foi pego de surpresa com as declarações de Bernardinho. O esportista afirmou que não se vê concorrendo ao governo do Rio. Ontem, segundo um tucano, Aécio limitou-se a dizer que “não tenho novidade, o Bernardinho não falou comigo”. Pode ser que ele seja o último a ser informado? Mas os tucanos continuam apostando nele e vão aguardar mais tempo antes de procurar uma nova alternativa. O deputado Otávio Leite garante que o partido tem uma outra carta na manga e cita a ex-presidente do STF Ellen Gracie, filiada. Leite diz que ela tanto poderia concorrer ao Senado quanto ao governo. O DEM continua na fila de espera.
“Cada um dos ministros envolvidos com ações voltadas para Copa está fazendo um pente-fino para evitar transtornos”
Aguinaldo Ribeiro
Ministro das Cidades, que acompanha obras de mobilidade urbana e drenagem
Conspiração
A ala majoritária do PT quer assumir a liderança do governo na Câmara. A função está sendo exercida pelo deputado Arlindo Chinaglia (SP), integrante do Movimento PT. Os dois grupos são aliados no comando nacional do partido.
Ação preventiva
Para evitar o pior, o governador Jaques Wagner (BA) criou um Centro de Gestão de Emergências. Com carnaval, lavagem do Bonfim e Copa pela frente, foram adquiridas 400 câmeras de vídeo para monitoramento e aparelhos de comunicação para reforçar a segurança. A localização de todos os veículos da polícia ficará registrada.
Previsão do tempo
Os líderes da base aliada já detectaram a “bomba” do primeiro semestre. Trata-se de uma MP, editada em novembro, que faz uma verdadeira reforma tributária. A MP 627 altera o IR de pessoa jurídica e nas legislações de PIS-Pasep e Cofins.
Em pé de guerra
A bancada do PP na Câmara já avisou ao ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, que não aceita a indicação do secretário-executivo Carlos Vieira para assumir o comando da pasta. Ela está irritada com o comportamento do ministro na liberação de emendas no fim do ano, deixando de empenhar várias emendas do PP.
Mercadante tem a força
Dados do Siafi sobre os desembolsos dos restos a pagar, nos primeiros dias de 2014, mostram que o Ministério da Educação conseguiu a liberação de R$ 2,1 bilhões. Só perdeu para a Previdência, que paga os aposentados e benefícios assistenciais.
Caducou
Os advogados do deputado Romário (PSB-RJ) não foram ontem ao TRE para a sessão que trataria do pedido de afastamento do prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, que saiu do PSB por ser contra a candidatura socialista ao Planalto.
O PSB pretende vender seu candidato ao governo de Pernambuco como “o terceiro mandato do governador Eduardo Campos”.
O vice Michel Temer recebeu a missão ontem de tirar a candidatura do PT do caminho do vice do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB). O governador Sérgio Cabral foi taxativo: a presidente Dilma está abaixo de sua média nacional no estado e precisa da unidade dos aliados. O próximo passo de Temer será tratar da sucessão no Rio com o padrinho de Lindbergh Farias, o ex-presidente Lula.
Pego no contrapé
O candidato do PSDB, Aécio Neves, foi pego de surpresa com as declarações de Bernardinho. O esportista afirmou que não se vê concorrendo ao governo do Rio. Ontem, segundo um tucano, Aécio limitou-se a dizer que “não tenho novidade, o Bernardinho não falou comigo”. Pode ser que ele seja o último a ser informado? Mas os tucanos continuam apostando nele e vão aguardar mais tempo antes de procurar uma nova alternativa. O deputado Otávio Leite garante que o partido tem uma outra carta na manga e cita a ex-presidente do STF Ellen Gracie, filiada. Leite diz que ela tanto poderia concorrer ao Senado quanto ao governo. O DEM continua na fila de espera.
“Cada um dos ministros envolvidos com ações voltadas para Copa está fazendo um pente-fino para evitar transtornos”
Aguinaldo Ribeiro
Ministro das Cidades, que acompanha obras de mobilidade urbana e drenagem
Conspiração
A ala majoritária do PT quer assumir a liderança do governo na Câmara. A função está sendo exercida pelo deputado Arlindo Chinaglia (SP), integrante do Movimento PT. Os dois grupos são aliados no comando nacional do partido.
Ação preventiva
Para evitar o pior, o governador Jaques Wagner (BA) criou um Centro de Gestão de Emergências. Com carnaval, lavagem do Bonfim e Copa pela frente, foram adquiridas 400 câmeras de vídeo para monitoramento e aparelhos de comunicação para reforçar a segurança. A localização de todos os veículos da polícia ficará registrada.
Previsão do tempo
Os líderes da base aliada já detectaram a “bomba” do primeiro semestre. Trata-se de uma MP, editada em novembro, que faz uma verdadeira reforma tributária. A MP 627 altera o IR de pessoa jurídica e nas legislações de PIS-Pasep e Cofins.
Em pé de guerra
A bancada do PP na Câmara já avisou ao ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, que não aceita a indicação do secretário-executivo Carlos Vieira para assumir o comando da pasta. Ela está irritada com o comportamento do ministro na liberação de emendas no fim do ano, deixando de empenhar várias emendas do PP.
Mercadante tem a força
Dados do Siafi sobre os desembolsos dos restos a pagar, nos primeiros dias de 2014, mostram que o Ministério da Educação conseguiu a liberação de R$ 2,1 bilhões. Só perdeu para a Previdência, que paga os aposentados e benefícios assistenciais.
Caducou
Os advogados do deputado Romário (PSB-RJ) não foram ontem ao TRE para a sessão que trataria do pedido de afastamento do prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, que saiu do PSB por ser contra a candidatura socialista ao Planalto.
O PSB pretende vender seu candidato ao governo de Pernambuco como “o terceiro mandato do governador Eduardo Campos”.
Marina, a intocável - BERNANDO MELLO FRANCO
FOLHA DE SP - 14/01
O PT baixou ordem para evitar qualquer novo ataque a Marina Silva (PSB). O texto que chamou a ex-senadora de "ovo da serpente" no Facebook foi considerado desastroso pela cúpula do partido, que voltou ontem das férias. Os petistas até estudam escalar um emissário para se desculpar. A ideia é manter uma política da boa vizinhança e evitar que Marina retalie em São Paulo. O PT teme que ela volte atrás e desista de vetar o apoio do PSB à reeleição do tucano Geraldo Alckmin.
Pode vir quente A equipe que monitora as redes sociais para Marina diz que o ataque é bem-vindo. A reação geral, dizem, foi de repúdio aos petistas e de solidariedade à ex-senadora.
Fora do ar Dilma Rousseff acertou com assessores que até o fim de junho não aceitará convites para ir a eventos ou programas de TV que também tenham participação de Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo Campos (PSB).
Eu sozinha A estratégia é manter a presidente em "postura olímpica" antes do início oficial da campanha, adiando o confronto e o debate com seus principais adversários. "Quem precisa de palanque são eles'', alfineta um auxiliar da petista.
Elenco 1 Dirigentes da Rede em São Paulo fizeram reuniões na última semana para montar uma chapa de candidatos a deputado. Os aliados de Marina Silva terão direito a lançar até 15 nomes à Câmara na cota do PSB.
Elenco 2 Entre os concorrentes está o pastor Reinaldo Mota, da Igreja Casa Gospel, que foi candidato a prefeito de Osasco em 2012 pelo PMN. Outro candidato será o ambientalista Sergio Leitão, diretor do Greenpeace.
Água... A direção do PT indicou ontem que a prioridade em Pernambuco deve mesmo ser o apoio à candidatura de Armando Monteiro (PTB) a governador. Segundo os petistas, Dilma e o ex-presidente Lula têm defendido a aliança com o senador em conversas reservadas.
... fria Nesse desenho, o PT teria direito a indicar um candidato ao Senado na chapa de Monteiro. Parte dos petistas pernambucanos, entretanto, ainda tenta emplacar um candidato ao governo.
Amigo da onça Deputados do PT estão em fúria com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ele marcou para fevereiro uma reunião da Mesa para analisar a cassação de João Paulo Cunha (PT-SP).
Vai ter troco O partido ameaça se vingar com um boicote à campanha de Alves à reeleição, em 2015. "A única coisa que ele faz rápido é entregar a cabeça de deputados", vocifera um petista. Ele diz que o apoio ao peemedebista ficará "impossível".
Vaquinha 1 O artista plástico Enio Squeff doou um quadro para ajudar José Genoino (PT-SP), que continua em prisão domiciliar. A ideia é leiloar a obra para pagar parte da multa de R$ 667,5 mil imposta pelo STF.
Vaquinha 2 Ex-colega de Dilma na prisão, a mulher de Genoino, Rioco Kayano, também é artista. O coordenador jurídico do PT, Marco Aurélio Carvalho, quer que ela siga o exemplo e ofereça um de seus quadros para leilão.
Vale-refeição Os petistas ainda planejam organizar jantares de adesão para ajudar Genoino a quitar a multa.
Dança da pizza Angela Guadagnin (PT-SP) aderiu a um abaixo-assinado em defesa do petista. "Estamos aqui para dizer em alto e bom som que José Genoino é honesto", diz o texto. A ex-deputada é aquela que dançou no plenário ao comemorar a absolvição de outro mensaleiro.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"O site para ajudar Genoino é mais uma hipocrisia do PT. Um partido que arrecada milhões não precisa expor seus filiados a isso."
DO DEPUTADO BRUNO ARAÚJO (PSDB-PE), sobre o site criado para arrecadar fundos para pagar a multa aplicada a José Genoino no processo do mensalão.
contraponto
Getúlio, o valentão da Constituinte
Abatido pela deposição da Presidência, Getúlio Vargas foi uma figura apagada da Constituinte de 1946. Como senador do PSD gaúcho, não pedia a palavra e ouvia calado os ataques dos udenistas. Assim foi até o dia em que Aliomar Baleeiro (UDN-BA) apontou o dedo e o acusou de jogar golfe enquanto a inflação corroía o país.
--Se alguém tiver contra mim motivos de ordem pessoal, estarei à disposição fora desta Assembleia --disse.
A Constituinte foi poupada do pugilato, conta Lira Neto no 3º volume de "Getúlio", ainda inédito. O ex-presidente só reapareceu no Rio após a promulgação da Carta.
O PT baixou ordem para evitar qualquer novo ataque a Marina Silva (PSB). O texto que chamou a ex-senadora de "ovo da serpente" no Facebook foi considerado desastroso pela cúpula do partido, que voltou ontem das férias. Os petistas até estudam escalar um emissário para se desculpar. A ideia é manter uma política da boa vizinhança e evitar que Marina retalie em São Paulo. O PT teme que ela volte atrás e desista de vetar o apoio do PSB à reeleição do tucano Geraldo Alckmin.
Pode vir quente A equipe que monitora as redes sociais para Marina diz que o ataque é bem-vindo. A reação geral, dizem, foi de repúdio aos petistas e de solidariedade à ex-senadora.
Fora do ar Dilma Rousseff acertou com assessores que até o fim de junho não aceitará convites para ir a eventos ou programas de TV que também tenham participação de Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo Campos (PSB).
Eu sozinha A estratégia é manter a presidente em "postura olímpica" antes do início oficial da campanha, adiando o confronto e o debate com seus principais adversários. "Quem precisa de palanque são eles'', alfineta um auxiliar da petista.
Elenco 1 Dirigentes da Rede em São Paulo fizeram reuniões na última semana para montar uma chapa de candidatos a deputado. Os aliados de Marina Silva terão direito a lançar até 15 nomes à Câmara na cota do PSB.
Elenco 2 Entre os concorrentes está o pastor Reinaldo Mota, da Igreja Casa Gospel, que foi candidato a prefeito de Osasco em 2012 pelo PMN. Outro candidato será o ambientalista Sergio Leitão, diretor do Greenpeace.
Água... A direção do PT indicou ontem que a prioridade em Pernambuco deve mesmo ser o apoio à candidatura de Armando Monteiro (PTB) a governador. Segundo os petistas, Dilma e o ex-presidente Lula têm defendido a aliança com o senador em conversas reservadas.
... fria Nesse desenho, o PT teria direito a indicar um candidato ao Senado na chapa de Monteiro. Parte dos petistas pernambucanos, entretanto, ainda tenta emplacar um candidato ao governo.
Amigo da onça Deputados do PT estão em fúria com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ele marcou para fevereiro uma reunião da Mesa para analisar a cassação de João Paulo Cunha (PT-SP).
Vai ter troco O partido ameaça se vingar com um boicote à campanha de Alves à reeleição, em 2015. "A única coisa que ele faz rápido é entregar a cabeça de deputados", vocifera um petista. Ele diz que o apoio ao peemedebista ficará "impossível".
Vaquinha 1 O artista plástico Enio Squeff doou um quadro para ajudar José Genoino (PT-SP), que continua em prisão domiciliar. A ideia é leiloar a obra para pagar parte da multa de R$ 667,5 mil imposta pelo STF.
Vaquinha 2 Ex-colega de Dilma na prisão, a mulher de Genoino, Rioco Kayano, também é artista. O coordenador jurídico do PT, Marco Aurélio Carvalho, quer que ela siga o exemplo e ofereça um de seus quadros para leilão.
Vale-refeição Os petistas ainda planejam organizar jantares de adesão para ajudar Genoino a quitar a multa.
Dança da pizza Angela Guadagnin (PT-SP) aderiu a um abaixo-assinado em defesa do petista. "Estamos aqui para dizer em alto e bom som que José Genoino é honesto", diz o texto. A ex-deputada é aquela que dançou no plenário ao comemorar a absolvição de outro mensaleiro.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"O site para ajudar Genoino é mais uma hipocrisia do PT. Um partido que arrecada milhões não precisa expor seus filiados a isso."
DO DEPUTADO BRUNO ARAÚJO (PSDB-PE), sobre o site criado para arrecadar fundos para pagar a multa aplicada a José Genoino no processo do mensalão.
contraponto
Getúlio, o valentão da Constituinte
Abatido pela deposição da Presidência, Getúlio Vargas foi uma figura apagada da Constituinte de 1946. Como senador do PSD gaúcho, não pedia a palavra e ouvia calado os ataques dos udenistas. Assim foi até o dia em que Aliomar Baleeiro (UDN-BA) apontou o dedo e o acusou de jogar golfe enquanto a inflação corroía o país.
--Se alguém tiver contra mim motivos de ordem pessoal, estarei à disposição fora desta Assembleia --disse.
A Constituinte foi poupada do pugilato, conta Lira Neto no 3º volume de "Getúlio", ainda inédito. O ex-presidente só reapareceu no Rio após a promulgação da Carta.
War - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 14/01
No jogo de conquista de territórios, cada um tem um objetivo secreto a ser cumprido. O do PT, nessa fase, é “destruir Eduardo Campos” e os exércitos dele. Para isso, o editorial petista chamando o governador de Pernambuco de “tolo” extrapolou o mundo virtual e começa a tomar conta dos estados.
“Há um movimento claro do PT no sentido de tentar empurrar a candidatura de Eduardo Campos para a direita. E isso evidencia o temor deles (dos petistas) de que Eduardo avance sobre um eleitorado do qual eles se julgam proprietários, o eleitorado de esquerda”, diz o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral. Antes, era apenas Pernambuco, mas, agora, Sergipe, Bahia e Rio Grande do Sul já registraram mal-estar entre os dois partidos. Ou seja, não tem mais volta.
“Irremovível”
Assim, os peemedebistas definiram a candidatura de Luiz Fernando Pezão ao governo do Rio de Janeiro. E não aceitam palanque duplo. Isso significa que não dão opção ao PT que não seja retirar a candidatura de Lindbergh Farias. Eles não se importam com Anthony Garotinho (PR) ou Marcelo Crivella (PRB). Mas é simbólico que o PT permaneça aliado do PMDB no Rio.
Cacife
As exigências dos peemedebistas têm uma razão básica: os dados da economia, até aqui, não permitem ao PT o luxo de dispensar aliados ou fazer muitas exigências em termos eleitorais. Para completar, esta semana ainda tem reunião do Copom, com perspectiva de alta de juros e, em Brasília, muitos postos subiram um pouquinho mais o preço da gasolina. Se continuar nesse ritmo, outros “irremovíveis” aparecerão.
Faroeste nacional
Os senadores que visitaram o presídio de Pedrinhas, no Maranhão, descobriram até mesmo presos que já terminaram de cumprir a pena e continuam por lá, porque a decisão de soltura ainda não foi expedida. Enquanto isso, policiais eram feitos reféns em Rondônia. É a panela de pressão do sistema prisional brasileiro explodindo.
O nome de Roseana
Se a governadora Roseana Sarney (PMDB-MA) decidir ficar no cargo até o fim do ano, ela dará preferência ao ministro do Turismo, Gastão Vieira, para concorrer ao Senado. Falta combinar com ele, que tem a reeleição certa para deputado federal.
Aécio e a CEF
O presidente do PSDB, Aécio Neves, pré-candidato a presidente da República, passou parte do dia ontem estudando a possibilidade de acionar o governo na Justiça devido à manobra da Caixa Econômica Federal de contabilizar como lucro o salto de contas inativas da poupança.
CURTIDAS
Tá na chuva…/ …É para se molhar. É assim que o vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas (foto), do PT do Paraná, se refere à bronca de Eduardo Campos com o texto publicado em uma rede social criticando o governador de Pernambuco. “A política é polêmica. Todos os dias, Eduardo Campos bate na Dilma descaradamente. Ele bateu, bateu e, de repente, caiu no salão e agora fica reclamando.”
Tá ligado/ O presidente do PT, Rui Falcão, tem dedicado esses dias a reuniões internas para avaliar a situação nos estados. Ontem, conversou com o deputado João Paulo Lima, de Pernambuco.
O chamado/ O vice-presidente Michel Temer saiu de almoço no Rio ontem direto para o gabinete da presidente em Brasília. Não teve tempo nem sequer de passar na própria sala.
Viva dom Orani!/ A presidente Dilma Rousseff e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, gravaram uma saudação especial pela indicação de dom Orani Tempesta para integrar o cardinalato da Igreja Católica. A mensagem foi exibida ontem na Rede Vida, uma das emissoras ligadas à Igreja.
No jogo de conquista de territórios, cada um tem um objetivo secreto a ser cumprido. O do PT, nessa fase, é “destruir Eduardo Campos” e os exércitos dele. Para isso, o editorial petista chamando o governador de Pernambuco de “tolo” extrapolou o mundo virtual e começa a tomar conta dos estados.
“Há um movimento claro do PT no sentido de tentar empurrar a candidatura de Eduardo Campos para a direita. E isso evidencia o temor deles (dos petistas) de que Eduardo avance sobre um eleitorado do qual eles se julgam proprietários, o eleitorado de esquerda”, diz o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral. Antes, era apenas Pernambuco, mas, agora, Sergipe, Bahia e Rio Grande do Sul já registraram mal-estar entre os dois partidos. Ou seja, não tem mais volta.
“Irremovível”
Assim, os peemedebistas definiram a candidatura de Luiz Fernando Pezão ao governo do Rio de Janeiro. E não aceitam palanque duplo. Isso significa que não dão opção ao PT que não seja retirar a candidatura de Lindbergh Farias. Eles não se importam com Anthony Garotinho (PR) ou Marcelo Crivella (PRB). Mas é simbólico que o PT permaneça aliado do PMDB no Rio.
Cacife
As exigências dos peemedebistas têm uma razão básica: os dados da economia, até aqui, não permitem ao PT o luxo de dispensar aliados ou fazer muitas exigências em termos eleitorais. Para completar, esta semana ainda tem reunião do Copom, com perspectiva de alta de juros e, em Brasília, muitos postos subiram um pouquinho mais o preço da gasolina. Se continuar nesse ritmo, outros “irremovíveis” aparecerão.
Faroeste nacional
Os senadores que visitaram o presídio de Pedrinhas, no Maranhão, descobriram até mesmo presos que já terminaram de cumprir a pena e continuam por lá, porque a decisão de soltura ainda não foi expedida. Enquanto isso, policiais eram feitos reféns em Rondônia. É a panela de pressão do sistema prisional brasileiro explodindo.
O nome de Roseana
Se a governadora Roseana Sarney (PMDB-MA) decidir ficar no cargo até o fim do ano, ela dará preferência ao ministro do Turismo, Gastão Vieira, para concorrer ao Senado. Falta combinar com ele, que tem a reeleição certa para deputado federal.
Aécio e a CEF
O presidente do PSDB, Aécio Neves, pré-candidato a presidente da República, passou parte do dia ontem estudando a possibilidade de acionar o governo na Justiça devido à manobra da Caixa Econômica Federal de contabilizar como lucro o salto de contas inativas da poupança.
CURTIDAS
Tá na chuva…/ …É para se molhar. É assim que o vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas (foto), do PT do Paraná, se refere à bronca de Eduardo Campos com o texto publicado em uma rede social criticando o governador de Pernambuco. “A política é polêmica. Todos os dias, Eduardo Campos bate na Dilma descaradamente. Ele bateu, bateu e, de repente, caiu no salão e agora fica reclamando.”
Tá ligado/ O presidente do PT, Rui Falcão, tem dedicado esses dias a reuniões internas para avaliar a situação nos estados. Ontem, conversou com o deputado João Paulo Lima, de Pernambuco.
O chamado/ O vice-presidente Michel Temer saiu de almoço no Rio ontem direto para o gabinete da presidente em Brasília. Não teve tempo nem sequer de passar na própria sala.
Viva dom Orani!/ A presidente Dilma Rousseff e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, gravaram uma saudação especial pela indicação de dom Orani Tempesta para integrar o cardinalato da Igreja Católica. A mensagem foi exibida ontem na Rede Vida, uma das emissoras ligadas à Igreja.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 14/01
Varejista de SC investe R$ 160 mi em lojas
Décimo maior grupo de supermercados do país, com faturamento ao redor de R$ 2,35 bilhões, o Angeloni instalará quatro novas unidades neste ano.
Juntos, os empreendimentos demandarão cerca de R$ 160 milhões. Serão duas lojas maiores, com 30 mil metros quadrados de área construída cada uma, no Paraná e duas menores em Santa Catarina --Estado-sede da rede.
As unidades de grande porte deverão ter, em média, 25 lojas de apoio e receber R$ 50 milhões em investimentos. Elas serão construídas em Curitiba e em Londrina.
"Nosso modelo é de supermercados maiores voltados para as classe A e B", diz José Augusto Fretta, presidente da empresa.
Com esses dois empreendimentos, a companhia passará a ter seis pontos no Paraná. Para atendê-los, planeja um centro de distribuição em Curitiba.
"O início das obras do centro de logística dependerá da abertura dessas novas lojas", afirma o executivo.
A partir de 2015, o Paraná deverá ser o foco de expansão do grupo.
"A avaliação que fazemos é que há muito espaço para crescer no Estado nos próximos anos."
Em Santa Catarina, os planos para 2014 são uma unidade em São José, na região de Florianópolis, com 25 mil metros quadrados de área construída, e outra em Itapema (cerca de 70 km ao norte da capital), com 18 mil.
Aplicações com isenção de IR têm alta de 45,7% em estoque, diz Cetip
O estoque de ativos que oferecem isenção de imposto de renda para pessoa física fechou 2013 com alta de 45,7% na Cetip, companhia que atua com serviços de registro, central depositária, negociação e liquidação de títulos.
O volume total passou de R$ 118 bilhões em dezembro de 2012 para R$ 172 bilhões no último mês de 2013.
O montante inclui a soma de CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário).
A isenção de imposto de renda representa um ganho significativo para os investidores em um cenário de juros menores, diz Ricardo Magalhães, executivo da empresa.
"Embora os juros tenham aumentado um pouco recentemente, se observa cada vez mais uma busca por diversificação e por melhores alternativas de investimento."
"A Bolsa não teve um bom desempenho nos últimos tempos e isso também ajudou [a impulsionar a renda fixa]."
NAVIO ATRACADO
A movimentação de contêineres na Portonave, terminal portuário da Triunfo Participações em Santa Catarina, aumentou 13,8% no ano passado.
As importações foram responsáveis por puxar esse crescimento, com alta de 18,5%. Plásticos e cerâmicas foram os principais produtos desembarcados.
As cargas que saíram do porto para outros países registraram elevação de 11,4%. Carnes congeladas representam a maior parte das mercadorias exportadas.
13,8%
foi o crescimento na movimentação de contêineres no porto
705.790
é o número de TEUs (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés) movimentados em 2013
620.026
haviam sido movimentados no ano anterior
41%
das exportações do terminal foram de cargas refrigeradas
RECUPERAÇÃO AMERICANA
A confiança do consumidor americano atingiu seu patamar mais elevado dos últimos sete meses, de acordo com pesquisa da Ipsos.
Neste mês, o indicador da empresa chegou a 51,5 pontos --1,8 ponto a mais que o registrado em dezembro.
Em junho, último recorde do índice, a confiança havia alcançado 51,8 pontos.
O levantamento da companhia mostra também que os americanos estão mais propensos a realizar investimentos --o índice que mensura a probabilidade de aportar recursos passou de 41,5 pontos em dezembro para 44,7.
Entre os cinco quesitos que compõem o indicador, o relacionado às expectativas foi o único a registrar baixa --de 58,9 no mês anterior para 57,8 em janeiro.
A pesquisa aponta ainda que 25% dos entrevistados conhecem alguma pessoa que perdeu o emprego nos últimos seis meses. Essa foi a menor parcela desde 2007.
Foram entrevistadas cerca de mil pessoas.
PROJETOS PARA 2014
O percentual de empresas que pretendem ampliar o número de funcionários é o mais alto dos últimos dois anos, segundo pesquisa feita pela EIU (Economist Intelligence Unit) a pedido da consultoria EY. Foram ouvidos 1.600 executivos de 72 países.
Quase a metade deles (48%) afirmou que pretende contratar. Cortes na folha estão entre os planos de 11% dos entrevistados.
A maioria dos consultados (85%) aposta em algum crescimento neste ano. Apenas 2% acreditam em retração.
Os chineses são os mais confiantes (82%), seguidos pelos franceses (80%). Próximos da média mundial (65%), estão os americanos (66%), os japoneses (68%) e os alemães (68%).
Quando perguntados sobre a meta para este ano da companhia que dirigem, 58% dos executivos responderam que miram no crescimento. Aproximadamente um terço (32%) quer reduzir gastos e aumentar a eficiência das operações, e 2% planejam sobreviver.
Expansão em curso Com foco no Sudeste e no Nordeste, a rede de cursos profissionalizantes Cebrac quer chegar a 500 unidades até 2018. A empresa paranaense deve abrir 50 escolas neste ano --hoje são 143.
Intercâmbio A rede de intercâmbio e turismo CI pretende abrir mais dez lojas em 2014. O objetivo é ampliar em 20% o faturamento, que em 2013 foi de R$ 242 milhões. Hoje, são 73 pontos.
Bolsa de couro A Couro&Cia, de bolsas e acessórios, abrirá dez novas lojas neste ano. O plano é dobrar a produção e chegar a 24 mil unidades por mês.
Varejista de SC investe R$ 160 mi em lojas
Décimo maior grupo de supermercados do país, com faturamento ao redor de R$ 2,35 bilhões, o Angeloni instalará quatro novas unidades neste ano.
Juntos, os empreendimentos demandarão cerca de R$ 160 milhões. Serão duas lojas maiores, com 30 mil metros quadrados de área construída cada uma, no Paraná e duas menores em Santa Catarina --Estado-sede da rede.
As unidades de grande porte deverão ter, em média, 25 lojas de apoio e receber R$ 50 milhões em investimentos. Elas serão construídas em Curitiba e em Londrina.
"Nosso modelo é de supermercados maiores voltados para as classe A e B", diz José Augusto Fretta, presidente da empresa.
Com esses dois empreendimentos, a companhia passará a ter seis pontos no Paraná. Para atendê-los, planeja um centro de distribuição em Curitiba.
"O início das obras do centro de logística dependerá da abertura dessas novas lojas", afirma o executivo.
A partir de 2015, o Paraná deverá ser o foco de expansão do grupo.
"A avaliação que fazemos é que há muito espaço para crescer no Estado nos próximos anos."
Em Santa Catarina, os planos para 2014 são uma unidade em São José, na região de Florianópolis, com 25 mil metros quadrados de área construída, e outra em Itapema (cerca de 70 km ao norte da capital), com 18 mil.
Aplicações com isenção de IR têm alta de 45,7% em estoque, diz Cetip
O estoque de ativos que oferecem isenção de imposto de renda para pessoa física fechou 2013 com alta de 45,7% na Cetip, companhia que atua com serviços de registro, central depositária, negociação e liquidação de títulos.
O volume total passou de R$ 118 bilhões em dezembro de 2012 para R$ 172 bilhões no último mês de 2013.
O montante inclui a soma de CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário).
A isenção de imposto de renda representa um ganho significativo para os investidores em um cenário de juros menores, diz Ricardo Magalhães, executivo da empresa.
"Embora os juros tenham aumentado um pouco recentemente, se observa cada vez mais uma busca por diversificação e por melhores alternativas de investimento."
"A Bolsa não teve um bom desempenho nos últimos tempos e isso também ajudou [a impulsionar a renda fixa]."
NAVIO ATRACADO
A movimentação de contêineres na Portonave, terminal portuário da Triunfo Participações em Santa Catarina, aumentou 13,8% no ano passado.
As importações foram responsáveis por puxar esse crescimento, com alta de 18,5%. Plásticos e cerâmicas foram os principais produtos desembarcados.
As cargas que saíram do porto para outros países registraram elevação de 11,4%. Carnes congeladas representam a maior parte das mercadorias exportadas.
13,8%
foi o crescimento na movimentação de contêineres no porto
705.790
é o número de TEUs (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés) movimentados em 2013
620.026
haviam sido movimentados no ano anterior
41%
das exportações do terminal foram de cargas refrigeradas
RECUPERAÇÃO AMERICANA
A confiança do consumidor americano atingiu seu patamar mais elevado dos últimos sete meses, de acordo com pesquisa da Ipsos.
Neste mês, o indicador da empresa chegou a 51,5 pontos --1,8 ponto a mais que o registrado em dezembro.
Em junho, último recorde do índice, a confiança havia alcançado 51,8 pontos.
O levantamento da companhia mostra também que os americanos estão mais propensos a realizar investimentos --o índice que mensura a probabilidade de aportar recursos passou de 41,5 pontos em dezembro para 44,7.
Entre os cinco quesitos que compõem o indicador, o relacionado às expectativas foi o único a registrar baixa --de 58,9 no mês anterior para 57,8 em janeiro.
A pesquisa aponta ainda que 25% dos entrevistados conhecem alguma pessoa que perdeu o emprego nos últimos seis meses. Essa foi a menor parcela desde 2007.
Foram entrevistadas cerca de mil pessoas.
PROJETOS PARA 2014
O percentual de empresas que pretendem ampliar o número de funcionários é o mais alto dos últimos dois anos, segundo pesquisa feita pela EIU (Economist Intelligence Unit) a pedido da consultoria EY. Foram ouvidos 1.600 executivos de 72 países.
Quase a metade deles (48%) afirmou que pretende contratar. Cortes na folha estão entre os planos de 11% dos entrevistados.
A maioria dos consultados (85%) aposta em algum crescimento neste ano. Apenas 2% acreditam em retração.
Os chineses são os mais confiantes (82%), seguidos pelos franceses (80%). Próximos da média mundial (65%), estão os americanos (66%), os japoneses (68%) e os alemães (68%).
Quando perguntados sobre a meta para este ano da companhia que dirigem, 58% dos executivos responderam que miram no crescimento. Aproximadamente um terço (32%) quer reduzir gastos e aumentar a eficiência das operações, e 2% planejam sobreviver.
Expansão em curso Com foco no Sudeste e no Nordeste, a rede de cursos profissionalizantes Cebrac quer chegar a 500 unidades até 2018. A empresa paranaense deve abrir 50 escolas neste ano --hoje são 143.
Intercâmbio A rede de intercâmbio e turismo CI pretende abrir mais dez lojas em 2014. O objetivo é ampliar em 20% o faturamento, que em 2013 foi de R$ 242 milhões. Hoje, são 73 pontos.
Bolsa de couro A Couro&Cia, de bolsas e acessórios, abrirá dez novas lojas neste ano. O plano é dobrar a produção e chegar a 24 mil unidades por mês.
Caixa se explica - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 14/01
A Caixa Econômica, ontem, corria atrás do prejuízo para explicar a confusão gerada pelo encerramento de contas. Informou que no próximo balanço a ser divulgado, no começo de fevereiro, haverá a anulação dessa apropriação do dinheiro das contas encerradas. Garantiu também que não prescreve o direito do portador da conta sobre o seu patrimônio, mesmo que ela tenha sido encerrada.
Em outras palavras: a qualquer momento que o dono do dinheiro aparecer, o dinheiro poderá ser sacado. Conversei ontem
com o vice-presidente de Finanças da Caixa, Márcio Percival, e ele esclareceu que as contas não foram encerradas por inatividade, mas porque os documentos eram irregulares.
— Por inatividade, nenhuma conta pode ser encerrada. Se ela ficar 100 anos sem movimentação, terá que continuar lá. O que nos levou a encerrar essas 496 mil contas foi o fato de que elas tinham CPFs ou CNPJs irregulares, e isso está respaldado por resolução do Conselho Monetário Nacional e Circular do Banco Central — disse. A notícia da “IstoÉ” falava em 525 mil contas, mas ele afirmou que o número final foi 496 mil.
Segundo o vice-presidente, a auditoria externa dizia que aquele valor (R$ 719 milhões, segundo a revista) não poderia
continuar no passivo da Caixa já que as contas teriam que ser encerradas de acordo com a regulamentação.
Perguntei a Percival se em algum momento eles comunicaram ao Banco Central que o dinheiro das contas seria apropriado como ativo da Caixa. Ele admitiu que não comunicou ao Banco Central.
O que é um CPF irregular? Segundo Percival, é CPF inexistente, que não bate com a base da Receita, de contribuinte que não faz declaração há muito tempo ou que teve documento roubado, tirou outro. Ou até — disse ele — números simplesmente inventados, como 99999.
Na gigantesca base de clientes da Caixa, há milhões de brasileiros que não estão no mercado de trabalho formal, têm baixa instrução ou baixa renda e, por isso, não fazem declaração de renda. Esse tipo de falha cadastral era de se esperar.
Segundo a direção da instituição, foi por isso que eles ficaram anos tentando corrigir os dados. Segundo ele, não foram três, mas mais de 10 anos tentando contatar esses poupadores. Tanto que no início do trabalho eram 853 mil e esse número foi reduzido para os atuais 496 mil contas.
A Caixa tinha várias formas de se comunicar com os detentores das contas com CPFs irregulares. Poderia, por exemplo, convocar uma coletiva e explicar aos jornalistas que estava sem contato com esses milhares de poupadores. Os caminhos para fazer a coisa certa são muitos. Mas ela escolheu o errado: o de considerar seus os recursos das contas e inflar seu lucro.
O jornalismo de economia sabe muito bem fazer reportagens de serviço. A tecnologia foi desenvolvida nos anos da hiperinflação e dos planos econômicos que alteravam as muitas regras e fórmulas que regem a vida econômica do devedor, poupador, contribuinte, consumidor. Isso, certamente, teria destaque nos jornais, nos telejornais, nas rádios. Os comentaristas tentariam entender para explicar.
E o que a CEF fez? Sem comunicar sequer à autoridade monetária, considerou que, se o distinto poupador tem um número errado no seu cadastro e não aparece, o dinheiro é dela, Caixa. E lançou como lucro e pagou impostos.
Quem agiu certo? A Controlado ria- Geral da União, que descobriu, achou estranho, informou ao Banco Central. A “IstoÉ” publicou a reportagem, e, mesmo com as correções que a Caixa tentava fazer, o banco não negava o fato de que, ao encerrar as contas, indevidamente transferira o dinheiro para o seu patrimônio. No próximo balanço, vai desfazer essa contabilidade.
A grande dúvida é se o imposto de renda pago em cima desse lucro que não houve será devolvido pela Receita à Caixa. O melhor seria que tudo tivesse sido comunicado ao Banco Central e ao distinto público desde o começo. Teria evitado esse enorme confusão.
A Caixa Econômica, ontem, corria atrás do prejuízo para explicar a confusão gerada pelo encerramento de contas. Informou que no próximo balanço a ser divulgado, no começo de fevereiro, haverá a anulação dessa apropriação do dinheiro das contas encerradas. Garantiu também que não prescreve o direito do portador da conta sobre o seu patrimônio, mesmo que ela tenha sido encerrada.
Em outras palavras: a qualquer momento que o dono do dinheiro aparecer, o dinheiro poderá ser sacado. Conversei ontem
com o vice-presidente de Finanças da Caixa, Márcio Percival, e ele esclareceu que as contas não foram encerradas por inatividade, mas porque os documentos eram irregulares.
— Por inatividade, nenhuma conta pode ser encerrada. Se ela ficar 100 anos sem movimentação, terá que continuar lá. O que nos levou a encerrar essas 496 mil contas foi o fato de que elas tinham CPFs ou CNPJs irregulares, e isso está respaldado por resolução do Conselho Monetário Nacional e Circular do Banco Central — disse. A notícia da “IstoÉ” falava em 525 mil contas, mas ele afirmou que o número final foi 496 mil.
Segundo o vice-presidente, a auditoria externa dizia que aquele valor (R$ 719 milhões, segundo a revista) não poderia
continuar no passivo da Caixa já que as contas teriam que ser encerradas de acordo com a regulamentação.
Perguntei a Percival se em algum momento eles comunicaram ao Banco Central que o dinheiro das contas seria apropriado como ativo da Caixa. Ele admitiu que não comunicou ao Banco Central.
O que é um CPF irregular? Segundo Percival, é CPF inexistente, que não bate com a base da Receita, de contribuinte que não faz declaração há muito tempo ou que teve documento roubado, tirou outro. Ou até — disse ele — números simplesmente inventados, como 99999.
Na gigantesca base de clientes da Caixa, há milhões de brasileiros que não estão no mercado de trabalho formal, têm baixa instrução ou baixa renda e, por isso, não fazem declaração de renda. Esse tipo de falha cadastral era de se esperar.
Segundo a direção da instituição, foi por isso que eles ficaram anos tentando corrigir os dados. Segundo ele, não foram três, mas mais de 10 anos tentando contatar esses poupadores. Tanto que no início do trabalho eram 853 mil e esse número foi reduzido para os atuais 496 mil contas.
A Caixa tinha várias formas de se comunicar com os detentores das contas com CPFs irregulares. Poderia, por exemplo, convocar uma coletiva e explicar aos jornalistas que estava sem contato com esses milhares de poupadores. Os caminhos para fazer a coisa certa são muitos. Mas ela escolheu o errado: o de considerar seus os recursos das contas e inflar seu lucro.
O jornalismo de economia sabe muito bem fazer reportagens de serviço. A tecnologia foi desenvolvida nos anos da hiperinflação e dos planos econômicos que alteravam as muitas regras e fórmulas que regem a vida econômica do devedor, poupador, contribuinte, consumidor. Isso, certamente, teria destaque nos jornais, nos telejornais, nas rádios. Os comentaristas tentariam entender para explicar.
E o que a CEF fez? Sem comunicar sequer à autoridade monetária, considerou que, se o distinto poupador tem um número errado no seu cadastro e não aparece, o dinheiro é dela, Caixa. E lançou como lucro e pagou impostos.
Quem agiu certo? A Controlado ria- Geral da União, que descobriu, achou estranho, informou ao Banco Central. A “IstoÉ” publicou a reportagem, e, mesmo com as correções que a Caixa tentava fazer, o banco não negava o fato de que, ao encerrar as contas, indevidamente transferira o dinheiro para o seu patrimônio. No próximo balanço, vai desfazer essa contabilidade.
A grande dúvida é se o imposto de renda pago em cima desse lucro que não houve será devolvido pela Receita à Caixa. O melhor seria que tudo tivesse sido comunicado ao Banco Central e ao distinto público desde o começo. Teria evitado esse enorme confusão.
Carga pesada - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 14/01
O ano começa carregado de heranças malditas de 2013 e de antes. As mais notórias são o baixo ritmo de crescimento econômico, provavelmente inferior a 2%, e a elevada inflação, que volta a saltar para a casa dos 6%.
O governo Dilma inicia o quarto ano de administração sem ter conseguido entregar nenhuma das suas metas mais importantes de política econômica. Até mesmo seus eventuais sucessos vêm sendo apontados como fonte adicional de problemas. Um deles é o nível sem precedentes de pleno-emprego: apenas 4,6% não conseguiam trabalho em novembro. Não é a oposição, é o próprio Banco Central que identifica aí uma das principais fontes de custos e de alta de preços.
Resultados ruins não apenas se repetem por três anos consecutivos (2011, 2012 e 2013), como, também, são projetados para 2014 (veja o gráfico). Deveria ser indicador mais do que suficiente para levar o governo a rever sua política econômica enquanto não for tarde demais para mudar.
Em 2013, a inflação só não furou os 7% porque o governo recorreu a represamentos artificiais de tarifas, especialmente da energia elétrica, dos combustíveis e dos transportes urbanos. Como foi apontado aqui na edição de sábado, em 2013, enquanto os preços livres subiram 7,27%, os preços administrados não evoluíram mais do que 1,52%.
As distorções que daí provieram já são tão fortes que fica difícil continuar com essas práticas de segurar os preços a muque. Por outro lado, os juros básicos (Selic) subiram 2,75 pontos porcentuais ao ano desde abril e muito provavelmente subirão mais meio ponto na reunião do Copom prevista para amanhã. Até onde o Banco Central precisaria puxar a Selic para evitar novas esticadas da inflação? E o que custará essa alta de juros em despesas extras do Tesouro Nacional com o serviço da dívida pública?
Também está mais do que demonstrado que a política fiscal (contas públicas) não está calibrada o suficiente para evitar efeitos inflacionários. Naquela linguagem do Banco Central, a política fiscal não está suficientemente apertada para garantir sua neutralidade em relação à inflação. Ao contrário, a falta de transparência na administração da economia é, por si só, fator de perda de credibilidade, o que piora tudo porque leva empresários e outros formadores de preços a remarcar exageradamente mercadorias e serviços de maneira a se defender de riscos futuros.
Neste início de ano, não é só o baixo crescimento e a inflação alta que aumentam a carga e azedam o ambiente. Também pesa o rombo crescente nas contas externas, fator responsável pelas pressões de procura por moeda estrangeira, que também produzem desconfiança.
O governo Dilma parece determinado a evitar correções que possam prejudicar seus objetivos eleitorais. O problema é que chega ao ponto em que a falta de soluções também produz custos políticos. Além disso, hoje já é difícil de distinguir problemas meramente administrativos dos problemas de credibilidade, porque ambos se reforçam e acentuam as distorções. Não basta mudar; é preciso agora principalmente convencer.
O ano começa carregado de heranças malditas de 2013 e de antes. As mais notórias são o baixo ritmo de crescimento econômico, provavelmente inferior a 2%, e a elevada inflação, que volta a saltar para a casa dos 6%.
O governo Dilma inicia o quarto ano de administração sem ter conseguido entregar nenhuma das suas metas mais importantes de política econômica. Até mesmo seus eventuais sucessos vêm sendo apontados como fonte adicional de problemas. Um deles é o nível sem precedentes de pleno-emprego: apenas 4,6% não conseguiam trabalho em novembro. Não é a oposição, é o próprio Banco Central que identifica aí uma das principais fontes de custos e de alta de preços.
Resultados ruins não apenas se repetem por três anos consecutivos (2011, 2012 e 2013), como, também, são projetados para 2014 (veja o gráfico). Deveria ser indicador mais do que suficiente para levar o governo a rever sua política econômica enquanto não for tarde demais para mudar.
Em 2013, a inflação só não furou os 7% porque o governo recorreu a represamentos artificiais de tarifas, especialmente da energia elétrica, dos combustíveis e dos transportes urbanos. Como foi apontado aqui na edição de sábado, em 2013, enquanto os preços livres subiram 7,27%, os preços administrados não evoluíram mais do que 1,52%.
As distorções que daí provieram já são tão fortes que fica difícil continuar com essas práticas de segurar os preços a muque. Por outro lado, os juros básicos (Selic) subiram 2,75 pontos porcentuais ao ano desde abril e muito provavelmente subirão mais meio ponto na reunião do Copom prevista para amanhã. Até onde o Banco Central precisaria puxar a Selic para evitar novas esticadas da inflação? E o que custará essa alta de juros em despesas extras do Tesouro Nacional com o serviço da dívida pública?
Também está mais do que demonstrado que a política fiscal (contas públicas) não está calibrada o suficiente para evitar efeitos inflacionários. Naquela linguagem do Banco Central, a política fiscal não está suficientemente apertada para garantir sua neutralidade em relação à inflação. Ao contrário, a falta de transparência na administração da economia é, por si só, fator de perda de credibilidade, o que piora tudo porque leva empresários e outros formadores de preços a remarcar exageradamente mercadorias e serviços de maneira a se defender de riscos futuros.
Neste início de ano, não é só o baixo crescimento e a inflação alta que aumentam a carga e azedam o ambiente. Também pesa o rombo crescente nas contas externas, fator responsável pelas pressões de procura por moeda estrangeira, que também produzem desconfiança.
O governo Dilma parece determinado a evitar correções que possam prejudicar seus objetivos eleitorais. O problema é que chega ao ponto em que a falta de soluções também produz custos políticos. Além disso, hoje já é difícil de distinguir problemas meramente administrativos dos problemas de credibilidade, porque ambos se reforçam e acentuam as distorções. Não basta mudar; é preciso agora principalmente convencer.
Um rolê pelo rolezinho - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 14/01
'Movimento' está sendo adotado por militantes, mas tem algo de 'footing' e molecagem de férias
O ROLEZINHO está prestes a se tornar uma grande causa célebre dos combatentes das efêmeras guerras culturais que têm transbordado das ruas para as "redes sociais" e vice-versa.
Ou talvez a polêmica e o movimento já tenham chegado ao seu ápice. Teriam sido paixões transitórias como os confrontos em torno do deputado Feliciano e a "cura gay", do grande resgate de beagles, da irrupção do movimento ciclista, de cotas raciais etc.
O rolezinho tornou-se motivo de outro conflito estereotipado entre "esquerda" e "direita". Seu "sentido é disputado", como se dizia dos protestos de junho, por comentaristas e ideólogos.
De molecagem, no bom e no mau sentido, o "rolê" está sendo "ressignificado" como "Occupy Shopping" (como o protesto iniciado em Nova York contra a finança) ou como um paralelo de protestos que se ensaiam contra a Copa ("Não vai ter shopping", "Não vai ter Copa").
Claro que a iniciativa significante não parte dos garotos do rolê, mas de gente de esquerda. Para essa vaga esquerda, a repressão do rolê, ilegal, é evidência de racismo e do apartheid informal do Brasil, outro momento em que a elite branca ruim revela seu horror a pobres e crioulos.
Para a "direita", o movimento seria um transtorno ao comércio e à paz pública. Para transeuntes menos reflexivos, um proto-arrastão, coisa de "maloqueiros", típico insulto racista paulistano, adotado por todas as classes.
O rolê que deu origem à série, em Itaquera, teria juntado (incríveis) 6.000 garotos num sábado, 7 de dezembro; teve momentos de tumulto e uns poucos furtos. Outros foram marcados e realizados em shoppings da periferia.
Parecem juntar meninos que estudam numa Escola Estadual Professor Lonjura da Silva, adeptos de "street fashion" funk, "pardos" como a maioria de nós, em especial os mais pobres.
As convocatórias dos rolês sugerem que a intenção dos adolescentes não difere muito daquela de quem fazia o "footing", o passeio rotatório nas praças de quase qualquer cidade entre os anos 1930 e 1960: namorar e fazer uma onda.
"Vamos colar no shop amanhã gente tem nada memo pra fazer, meninas levar as amiguinhas e os mlk a mema fita vamo cata mulher, fuma uns beck ve quem nunca viu pessoalmente é isso", dizia a página do Facebook que convidava para um rolê.
"Ai vamo colar, no shop sem esses arrastão ai sem maldade, colar pra fikar suave tirar foto pegar mulher fumar maconha, bebe, e é isso, vamo que vamo."
"Catá mulher" e "fumá uns beck" não têm o ar provinciano e reprimido do "footing". Esses meninos são desencantados e cínicos em relação a suas expectativas reduzidas. Mas a ideia é a mesma, reciclada com os meios de um "flash mob" de 2003 ou de "primavera" política.
À parte discussões legais, o fato é que o rolê ameaçou cruzar fronteiras definidas na "limpeza étnica" que reservou o centro paulistano para os mais ricos, "zoando" costumes exclusivistas, o que dá combustível para o típico confronto político destes dias, comportamental, que passa longe de economia e de "questões de Estado". Sabe-se lá se decola a "aliança" entre inconscientes de classe e ideólogos de esquerda. Mas desde 2013 há disposição para "causar".
'Movimento' está sendo adotado por militantes, mas tem algo de 'footing' e molecagem de férias
O ROLEZINHO está prestes a se tornar uma grande causa célebre dos combatentes das efêmeras guerras culturais que têm transbordado das ruas para as "redes sociais" e vice-versa.
Ou talvez a polêmica e o movimento já tenham chegado ao seu ápice. Teriam sido paixões transitórias como os confrontos em torno do deputado Feliciano e a "cura gay", do grande resgate de beagles, da irrupção do movimento ciclista, de cotas raciais etc.
O rolezinho tornou-se motivo de outro conflito estereotipado entre "esquerda" e "direita". Seu "sentido é disputado", como se dizia dos protestos de junho, por comentaristas e ideólogos.
De molecagem, no bom e no mau sentido, o "rolê" está sendo "ressignificado" como "Occupy Shopping" (como o protesto iniciado em Nova York contra a finança) ou como um paralelo de protestos que se ensaiam contra a Copa ("Não vai ter shopping", "Não vai ter Copa").
Claro que a iniciativa significante não parte dos garotos do rolê, mas de gente de esquerda. Para essa vaga esquerda, a repressão do rolê, ilegal, é evidência de racismo e do apartheid informal do Brasil, outro momento em que a elite branca ruim revela seu horror a pobres e crioulos.
Para a "direita", o movimento seria um transtorno ao comércio e à paz pública. Para transeuntes menos reflexivos, um proto-arrastão, coisa de "maloqueiros", típico insulto racista paulistano, adotado por todas as classes.
O rolê que deu origem à série, em Itaquera, teria juntado (incríveis) 6.000 garotos num sábado, 7 de dezembro; teve momentos de tumulto e uns poucos furtos. Outros foram marcados e realizados em shoppings da periferia.
Parecem juntar meninos que estudam numa Escola Estadual Professor Lonjura da Silva, adeptos de "street fashion" funk, "pardos" como a maioria de nós, em especial os mais pobres.
As convocatórias dos rolês sugerem que a intenção dos adolescentes não difere muito daquela de quem fazia o "footing", o passeio rotatório nas praças de quase qualquer cidade entre os anos 1930 e 1960: namorar e fazer uma onda.
"Vamos colar no shop amanhã gente tem nada memo pra fazer, meninas levar as amiguinhas e os mlk a mema fita vamo cata mulher, fuma uns beck ve quem nunca viu pessoalmente é isso", dizia a página do Facebook que convidava para um rolê.
"Ai vamo colar, no shop sem esses arrastão ai sem maldade, colar pra fikar suave tirar foto pegar mulher fumar maconha, bebe, e é isso, vamo que vamo."
"Catá mulher" e "fumá uns beck" não têm o ar provinciano e reprimido do "footing". Esses meninos são desencantados e cínicos em relação a suas expectativas reduzidas. Mas a ideia é a mesma, reciclada com os meios de um "flash mob" de 2003 ou de "primavera" política.
À parte discussões legais, o fato é que o rolê ameaçou cruzar fronteiras definidas na "limpeza étnica" que reservou o centro paulistano para os mais ricos, "zoando" costumes exclusivistas, o que dá combustível para o típico confronto político destes dias, comportamental, que passa longe de economia e de "questões de Estado". Sabe-se lá se decola a "aliança" entre inconscientes de classe e ideólogos de esquerda. Mas desde 2013 há disposição para "causar".
A política externa e as eleições - RUBENS BARBOSA
O Estado de S.Paulo - 14/01
As convenções partidárias que confirmarão os candidatos a presidente da República serão realizadas em junho, pouco antes da Copa do Mundo. A partir de agosto, todas as atenções estarão voltadas para as eleições. Haverá pouco tempo para um efetivo debate sobre os temas maiores que afetarão a economia, políticas sociais, meio ambiente e políticas externa e de comércio exterior no próximo governo, a partir de 2015.
Por isso, parece oportuno que alguns temas comecem a ser discutidos para influir nos programas dos futuros candidatos. Um dos temas que mais suscitaram controvérsia nos últimos 12 anos foi o da formulação e execução da política externa e a condução do Itamaraty, que era considerada uma das instituições de excelência na vida pública brasileira.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato provável da oposição em outubro, foi o primeiro a apresentar suas ideias sobre áreas que considera prioritárias para discussão durante a campanha eleitoral. Dentre os temas ressaltados em sua cartilha e que se espera sejam desdobrados em propostas concretas para consideração da sociedade brasileira, está o papel do Itamaraty, os desdobramentos da política externa e suas implicações para a política de comércio exterior. Como reintegrar o Brasil no mundo e aumentar sua credibilidade e projeção externa são os desafios.
Segundo Aécio Neves, "o viés ideológico imposto à nossa política externa nos últimos anos está isolando o Brasil do mundo. Demos as costas para importantes nações democráticas e abraçamos regimes de clara inclinação totalitária, em flagrante contraste com as melhores tradições da nossa diplomacia. Com visão de futuro, o compromisso é conquistar um lugar privilegiado para o Brasil no mundo. É necessário abandonar a política externa de alinhamento ideológico adotada nos últimos anos e resgatar a tradição de competência e a atuação independente da diplomacia brasileira. O Itamaraty deve servir ao Brasil e defender o interesse nacional, acima de todo e qualquer interesse partidário. Nossa diplomacia deve, também, recuperar no exterior os compromissos que defendemos internamente, como o repúdio às tiranias, o direito à paz, a solidariedade internacional em defesa da democracia, o respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente".
A cartilha ressalta ainda que "a partidarização da política externa tem consequências severas na política de comércio exterior: acentua o isolamento, ao invés de ampliar a integração; produz atritos, em lugar de cooperação produtiva; empobrece nossa pauta de comércio, ao invés de dinamizar trocas e oportunidades. As decisões equivocadas de política externa fizeram com que, nos últimos anos, o Brasil não negociasse acordos com as principais economias e os principais blocos, de forma a dinamizar nossas relações de comércio. A integração regional está se desfazendo e o Brasil continua a reboque dos acontecimentos. Deixamos de abrir mercados para os produtos brasileiros e de ampliar a modernização da estrutura produtiva interna, pela falta de acesso à inovação e à tecnologia de ponta".
"Especificamente em relação ao Mercosul, o bloco precisa voltar a ser o que era quando da sua concepção: uma área voltada à liberalização do comércio e à abertura de mercados. O Brasil deve assumir a efetiva liderança regional e propor as mudanças que se fazem necessárias para o crescimento do nosso comércio internacional e o desenvolvimento de nossa economia. A negociação de um acordo abrangente e equilibrado entre Mercosul e União Europeia deve ser concluída, mesmo que, para tanto, o Brasil avance mais rapidamente que outros membros do bloco, para deles não ficar refém. O Brasil precisa voltar a integrar-se num mundo em que, cada vez mais, as relações são interdependentes. Nossas empresas produzem com qualidade, mas com cada vez menos competitividade, dados os altos custos internos. É preciso criar condições para ajudá-las a se integrar nas cadeias produtivas globais, por meio de profunda melhoria, racionalização e simplificação do ambiente econômico interno".
A cartilha, em três parágrafos, lança o debate envolvendo questões que interessam aos empresários, aos trabalhadores e à sociedade em geral. O principal objetivo é a recuperação do prestígio do Itamaraty e de sua centralidade no processo decisório interno. O trabalho da Chancelaria deveria ter como meta apenas o interesse nacional, acima de plataformas de partidos políticos. Entre outros temas, caberia discutir como aperfeiçoar sua gestão para evitar situações equivocadas e para responder aos desafios atuais; como voltar a projetar o Brasil no mundo por meio de políticas sem preconceitos ideológicos; como ampliar o relacionamento com nossos vizinhos sul-americanos e a integração regional, hoje os maiores problemas da política externa; como voltar a dar prioridade às relações com os países desenvolvidos de onde poderá vir a cooperação para a inovação e tecnologia; como reexaminar a estratégia de negociação comercial externa, paralisada pelo isolamento do Brasil, que em 12 anos negociou apenas três acordos de livre-comércio; como aprofundar os acordos de comércio com Peru, Colômbia e México; como iniciar conversações tendentes a associar o Brasil aos acordos regionais e bilaterais com países desenvolvidos para integrar as empresas nacionais nas cadeias produtivas globais; como completar a negociação com a União Europeia, que se arrasta há mais de 12 anos; como aperfeiçoar o processo decisório interno para fortalecer a Câmara de Comércio Exterior (Camex) e dar mais relevância e apoio ao setor externo, que só conseguiu apresentar superávit em 2013 em razão de manobras petroleiras contábeis.
Esses são alguns dos temas que o futuro governo deverá enfrentar e que em boa hora começamos a debater.
As convenções partidárias que confirmarão os candidatos a presidente da República serão realizadas em junho, pouco antes da Copa do Mundo. A partir de agosto, todas as atenções estarão voltadas para as eleições. Haverá pouco tempo para um efetivo debate sobre os temas maiores que afetarão a economia, políticas sociais, meio ambiente e políticas externa e de comércio exterior no próximo governo, a partir de 2015.
Por isso, parece oportuno que alguns temas comecem a ser discutidos para influir nos programas dos futuros candidatos. Um dos temas que mais suscitaram controvérsia nos últimos 12 anos foi o da formulação e execução da política externa e a condução do Itamaraty, que era considerada uma das instituições de excelência na vida pública brasileira.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato provável da oposição em outubro, foi o primeiro a apresentar suas ideias sobre áreas que considera prioritárias para discussão durante a campanha eleitoral. Dentre os temas ressaltados em sua cartilha e que se espera sejam desdobrados em propostas concretas para consideração da sociedade brasileira, está o papel do Itamaraty, os desdobramentos da política externa e suas implicações para a política de comércio exterior. Como reintegrar o Brasil no mundo e aumentar sua credibilidade e projeção externa são os desafios.
Segundo Aécio Neves, "o viés ideológico imposto à nossa política externa nos últimos anos está isolando o Brasil do mundo. Demos as costas para importantes nações democráticas e abraçamos regimes de clara inclinação totalitária, em flagrante contraste com as melhores tradições da nossa diplomacia. Com visão de futuro, o compromisso é conquistar um lugar privilegiado para o Brasil no mundo. É necessário abandonar a política externa de alinhamento ideológico adotada nos últimos anos e resgatar a tradição de competência e a atuação independente da diplomacia brasileira. O Itamaraty deve servir ao Brasil e defender o interesse nacional, acima de todo e qualquer interesse partidário. Nossa diplomacia deve, também, recuperar no exterior os compromissos que defendemos internamente, como o repúdio às tiranias, o direito à paz, a solidariedade internacional em defesa da democracia, o respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente".
A cartilha ressalta ainda que "a partidarização da política externa tem consequências severas na política de comércio exterior: acentua o isolamento, ao invés de ampliar a integração; produz atritos, em lugar de cooperação produtiva; empobrece nossa pauta de comércio, ao invés de dinamizar trocas e oportunidades. As decisões equivocadas de política externa fizeram com que, nos últimos anos, o Brasil não negociasse acordos com as principais economias e os principais blocos, de forma a dinamizar nossas relações de comércio. A integração regional está se desfazendo e o Brasil continua a reboque dos acontecimentos. Deixamos de abrir mercados para os produtos brasileiros e de ampliar a modernização da estrutura produtiva interna, pela falta de acesso à inovação e à tecnologia de ponta".
"Especificamente em relação ao Mercosul, o bloco precisa voltar a ser o que era quando da sua concepção: uma área voltada à liberalização do comércio e à abertura de mercados. O Brasil deve assumir a efetiva liderança regional e propor as mudanças que se fazem necessárias para o crescimento do nosso comércio internacional e o desenvolvimento de nossa economia. A negociação de um acordo abrangente e equilibrado entre Mercosul e União Europeia deve ser concluída, mesmo que, para tanto, o Brasil avance mais rapidamente que outros membros do bloco, para deles não ficar refém. O Brasil precisa voltar a integrar-se num mundo em que, cada vez mais, as relações são interdependentes. Nossas empresas produzem com qualidade, mas com cada vez menos competitividade, dados os altos custos internos. É preciso criar condições para ajudá-las a se integrar nas cadeias produtivas globais, por meio de profunda melhoria, racionalização e simplificação do ambiente econômico interno".
A cartilha, em três parágrafos, lança o debate envolvendo questões que interessam aos empresários, aos trabalhadores e à sociedade em geral. O principal objetivo é a recuperação do prestígio do Itamaraty e de sua centralidade no processo decisório interno. O trabalho da Chancelaria deveria ter como meta apenas o interesse nacional, acima de plataformas de partidos políticos. Entre outros temas, caberia discutir como aperfeiçoar sua gestão para evitar situações equivocadas e para responder aos desafios atuais; como voltar a projetar o Brasil no mundo por meio de políticas sem preconceitos ideológicos; como ampliar o relacionamento com nossos vizinhos sul-americanos e a integração regional, hoje os maiores problemas da política externa; como voltar a dar prioridade às relações com os países desenvolvidos de onde poderá vir a cooperação para a inovação e tecnologia; como reexaminar a estratégia de negociação comercial externa, paralisada pelo isolamento do Brasil, que em 12 anos negociou apenas três acordos de livre-comércio; como aprofundar os acordos de comércio com Peru, Colômbia e México; como iniciar conversações tendentes a associar o Brasil aos acordos regionais e bilaterais com países desenvolvidos para integrar as empresas nacionais nas cadeias produtivas globais; como completar a negociação com a União Europeia, que se arrasta há mais de 12 anos; como aperfeiçoar o processo decisório interno para fortalecer a Câmara de Comércio Exterior (Camex) e dar mais relevância e apoio ao setor externo, que só conseguiu apresentar superávit em 2013 em razão de manobras petroleiras contábeis.
Esses são alguns dos temas que o futuro governo deverá enfrentar e que em boa hora começamos a debater.
Dilma e os tigres do mercado - DAVID FRIEDLANDER
FOLHA DE SP - 14/01
SÃO PAULO - No filme "As aventuras de Pi", um sucesso no ano passado, um garoto é forçado a dividir um bote com um tigre-de-bengala para se salvar de um naufrágio. Foram 227 dias à deriva, iniciados com medo e desconfiança de parte a parte. Ao longo da jornada, os dois conseguiram estabelecer uma trégua, que os salvou. O Fórum Econômico Mundial, na próxima semana em Davos, na Suíça, é o bote da presidente Dilma e dos tigres do mercado.
Dilma não está indo pela primeira vez a Davos por ter sido capturada pelas forças do mercado. É uma tentativa de acalmar as feras. Lá estarão os empresários e investidores mais ricos do mundo. A maioria tem um pé atrás em relação a ela.
Descrevem seu governo como um repelente contra investidores: intervencionista, estatizante e fraco em matéria econômica. Alguns começam a dizer que ela vai radicalizar esse modelo, caso vença a eleição. E o sentimento negativo pode ficar ainda pior se o país vier a ser rebaixado pelas agências de risco.
Dilma e sua equipe agora reconhecem que sem a confiança do setor privado não há política econômica que dê certo. Já subiram os juros para combater a inflação, ajeitaram as regras de concessões do jeito que o mercado queria, mas nada surtiu efeito. Por isso, apostam alto em Davos para quebrar a tensão. Acham que a força da estratégia não está na mensagem, mas na mensageira.
A primeira vez da presidente em Davos seria um sinal de atenção para com o mercado. Ela vai falar de seu compromisso com o combate à inflação, o equilíbrio das contas públicas e com a continuidade das concessões. Tudo isso já foi dito várias vezes pelos ministros e não adiantou.
O que pode fazer a diferença, espera Dilma, é que ela tem as concessões de estradas e aeroportos do fim do ano passado para apresentar. Mais do que isso: o recado desta vez será dado pela própria presidente --que tem enormes chances de continuar no cargo por outros quatro anos.
SÃO PAULO - No filme "As aventuras de Pi", um sucesso no ano passado, um garoto é forçado a dividir um bote com um tigre-de-bengala para se salvar de um naufrágio. Foram 227 dias à deriva, iniciados com medo e desconfiança de parte a parte. Ao longo da jornada, os dois conseguiram estabelecer uma trégua, que os salvou. O Fórum Econômico Mundial, na próxima semana em Davos, na Suíça, é o bote da presidente Dilma e dos tigres do mercado.
Dilma não está indo pela primeira vez a Davos por ter sido capturada pelas forças do mercado. É uma tentativa de acalmar as feras. Lá estarão os empresários e investidores mais ricos do mundo. A maioria tem um pé atrás em relação a ela.
Descrevem seu governo como um repelente contra investidores: intervencionista, estatizante e fraco em matéria econômica. Alguns começam a dizer que ela vai radicalizar esse modelo, caso vença a eleição. E o sentimento negativo pode ficar ainda pior se o país vier a ser rebaixado pelas agências de risco.
Dilma e sua equipe agora reconhecem que sem a confiança do setor privado não há política econômica que dê certo. Já subiram os juros para combater a inflação, ajeitaram as regras de concessões do jeito que o mercado queria, mas nada surtiu efeito. Por isso, apostam alto em Davos para quebrar a tensão. Acham que a força da estratégia não está na mensagem, mas na mensageira.
A primeira vez da presidente em Davos seria um sinal de atenção para com o mercado. Ela vai falar de seu compromisso com o combate à inflação, o equilíbrio das contas públicas e com a continuidade das concessões. Tudo isso já foi dito várias vezes pelos ministros e não adiantou.
O que pode fazer a diferença, espera Dilma, é que ela tem as concessões de estradas e aeroportos do fim do ano passado para apresentar. Mais do que isso: o recado desta vez será dado pela própria presidente --que tem enormes chances de continuar no cargo por outros quatro anos.
Mérito? Não é aqui - J. R. GUZZO
REVISTA VEJA
E se em lugar de Flying Dutchman falassem de "um país chamado Brasil"? Em 1- de janeiro de 2003, sob o comando do almirante de esquadra Lula da Silva, ele levantou ferros do Lago Paranoá falando em vencer mares nunca dantes navegados e em edificar um novo reino social. Hoje, onze anos após a partida e já sob o comando da imediata Dilma Rousseff, a nau continua a procurar o reino que tinha prometido. Ao contrário do barco holandês, o navio brasiliense está abarrotado de gente; só de ministros são quase quarenta, e contando os subs, mais os subs dos subs, a coisa vai para a faixa dos milhares de tripulantes. Mas está na cara que os fantasmas do Flying Dutchman levam o seu barco muito melhor que os humanos de Dilma; pelo menos sabem o que estão fazendo. Já o nosso navio — bem, é certo que algo deu fabulosamente errado com ele. Não navega para lugar nenhum. A tripulação não sabe distinguir proa de popa, e acha que o contrário de bombordo é mau bordo. A nau não perdeu o rumo — na verdade, nunca chegou a saber que rumo era esse.
Como poderia saber alguma coisa, se a esta altura da viagem o presidente do Senado, Renan Calheiros, ainda requisita um avião militar para levá-lo de Brasília ao Recife, onde foi implantar 10 000 fios de cabelo numa clínica para carecas? O problema, é óbvio, não está com Renan; ele é assim mesmo. O problema é de quem manda nos aviões — a cadeia de comando da Aeronáutica, que só em 2013 já deixou o senador lhe passar a perna duas vezes. Nesta última, foi ao extremo de soltar uma nota oficial dizendo que não iria avaliar "o mérito" da viagem, e que sua função se limita a fornecer "a aeronave" solicitada. Como assim? Se os senhores brigadeiros não avaliam o mérito — e a legalidade — de seus próprios atos, que raio estão fazendo nos seus postos? Estamos falando da Força Aérea Brasileira, santo Deus. A lei diz que os aviões da FAB só podem ser utilizados por autoridades em atos de serviço, questões de segurança e emergência médica. Em qual caso se encaixariam, aí, os 10 000 fios de cabelo do senador? A lei diz também que desrespeitar essa norma é "infração administrativa grave", passível de punições "civis e penais". O comandante da FAB que serviu de piloto particular para Renan poderia perfeitamente ter pedido ao senador, com toda a educação, que lhe fizesse uma curta descrição por escrito, assinada embaixo, contando que serviço iria fazer no Recife — "mera formalidade, doutor, só isso". Por que não agiu assim? Porque tem certeza, como toda a tripulação, de que está numa nau sem rumo onde cumprir a regra só dá confusão.
O navio Brasil está precisando de muita coisa. Uma delas é um oficial macho, que tenha entre os seus valores a decência comum, e que um belo dia diga algo assim: "Sinto muito, Excelência, mas a lei me impede de atender à sua solicitação". Iríamos ver, aí, quem entre os seus superiores hierárquicos teria a coragem de prendê-lo por "insubordinação", enquanto Sua Excelência ficaria livre, contando vantagem do tipo "comigo ninguém brinca". Nesse dia abrirá falência o Táxi Aéreo FAB — e nosso navio, talvez, comece a encontrar seu rumo.