domingo, dezembro 21, 2014

Cenário sombrio - VERA MAGALHÃES

FOLHA DE SP - 21/12

O Palácio do Planalto já dá como certo que a Petrobras terá a nota de crédito rebaixada e perderá o grau de investimento no ano que vem devido à crise provocada pelo escândalo de corrupção na estatal. Para auxiliares de Dilma Rousseff, nem a troca de toda a diretoria da empresa será capaz de evitar esse impacto, mas uma escolha acertada é considerada essencial para dar um sinal positivo às agências de classificação de risco. O temor é que o rebaixamento da estatal afete a nota do Brasil.


Currículo
 
A busca por um administrador de empresas experiente para comandar a estatal --e não um especialista em petróleo-- se justifica porque, para o governo, a missão será provar a saúde financeira da empresa, e não sua excelência técnica.

Estabilidade 
Com a Operação Lava Jato em temperatura máxima, Dilma bateu o martelo de que o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, fica no cargo no segundo mandato.

Dupla dinâmica 
Daiello tem a confiança total de José Eduardo Cardozo, que também fica por pelo menos um ano no Ministério da Justiça.

Tensão total 
Advogados dos presos da Lava Jato relatam que seus clientes estariam sendo submetidos a pressão psicológica para aderir à delação premiada.

A senha 
Uma das ameaças feitas pelos integrantes da força-tarefa, segundo os criminalistas, é: "Vocês vão para Piraquara", numa referência ao maior complexo penitenciário paranaense.

Veja bem 
Questionados sobre por que, diante disso, não denunciam a prática à OAB, advogados dizem que é difícil provar a coação, que seria velada e nunca praticada diante de testemunhas.

Rei morto 
A citação de Henrique Alves (PMDB-RN) na delação de Paulo Roberto Costa deu fôlego à defesa feita por parte da bancada do partido de que seja indicado um deputado com mandato para o ministério de Dilma.

Rei posto 
Nesse plano, ganhou força o lobby em favor do deputado Pedro Paulo, que contemplaria tanto a bancada quanto o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, queridinho da presidente.

Novo hit... 
Marcela Temer repetiu na diplomação de Dilma e do vice-presidente Michel Temer, na semana passada, o efeito que provocou na posse de ambos, em 2010: atraiu todas as atenções para seu novo penteado.

... dos salões 
Se há quatro anos a vice-primeira-dama lançou a moda da trança lateral, desta vez apareceu mais loira e com um rabo de cavalo com topete "moicano chique". A expectativa agora é para o look da nova posse.

Tá difícil 1 
Um dos motivos que fizeram o PSDB aderir à candidatura de Julio Delgado (PSB-MG) à presidência da Câmara foi o relato feito aos tucanos pelo presidente pessebista, Carlos Siqueira.

Tá difícil 2 
O dirigente da sigla disse que os governadores do PSB estavam sofrendo forte assédio do Planalto para voltar ao governo e que as bases do partido corriam risco real de cooptação.

Férias frustradas 
A cúpula do Congresso trabalha com a possibilidade de convocar sessão extraordinária em janeiro para votar o Orçamento de 2015. A tentativa de aprovar o texto nesta segunda-feira tem chances remotas de vingar, segundo líderes.

Saldão de verão 
Para tentar garantir quórum em pleno recesso, governo e líderes tentarão convencer deputados e senadores que não se reelegeram de que a ajuda pode ser a última oportunidade de empenhar suas emendas.

>> com BRUNO BOGHOSSIAN e PAULO GAMA

TIROTEIO

"Alckmin perdeu a oportunidade de reduzir a violência policial contra manifestantes. Fica a marca de um governo pouco democrático."

DO VEREADOR PAULO FIORILO, presidente do diretório paulistano do PT, sobre decisão do governador de vetar a proibição do uso de balas de borracha pela PM.

CONTRAPONTO

Dança da chuva

Muitos caciques políticos ficaram com medo dos índios que foram à Câmara acompanhar a votação da PEC 215. Barrados na portaria, os índios não arredaram pé e fizeram danças e fogueiras. Na noite de terça-feira, o temporal que caiu em Brasília deixou parta da Casa sem energia até o dia seguinte. Isso provocou até o cancelamento da sessão da comissão que discutia a PEC.

--Foi a pajelança dos índios --comentou um ruralista.

--É, eles têm uma relação com a natureza mais íntima do que a nossa --explicou o deputado Padre Ton (PT), presidente da Frente Parlamentar Indigenista.

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