terça-feira, abril 01, 2014

Os vencedores - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 01/04

Nesse primeiro round pré-CPI da Petrobras, um dos destaques vai para o PMDB. O partido de Michel Temer e do presidente do Senado, Renan Calheiros, foi o maior vitorioso desse processo até agora. Em menos de um mês, eles conseguiram deixar a presidente e, por tabela, o PT, reféns das suas manobras na Câmara e no Senado. Não por acaso, até a leitura do pedido de CPI em plenário, marcada para hoje, na sessão do Congresso, a ordem no Poder Executivo é ainda tentar retirar as assinaturas e tirar o governo do canto em que ficou encolhido por conta da perspectiva de CPI da Petrobras.

Outro que “se deu bem” foi o PSDB. Ao sair na frente com as cobranças, Aécio Neves conseguiu colocar, pela primeira vez, na testa da presidente Dilma — não sem a ajuda dela própria — um forte arranhão na imagem de gestora. A partir de hoje, se sair a CPI, o jogo entra na segunda temporada: quem terá controle sobre o colegiado? Essa, entretanto, é outra história.

Tapete vermelho
A GDF Suez — uma megaempresa do setor de energia com sede na França e controladora da Tractebel, que doou recursos à campanha de Dilma Rousseff em 2010 — não esperava um segundo sequer quando precisava contatar as autoridades da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Um dos acionistas da companhia é o belga Albert Frère, o mesmo da Astra Oil.

Lá vem
Se o governo não conseguir juntar outros temas à CPI da Petrobras — e nada indica que conseguirá —, há outras formas em curso para que tente emparedar o PSDB. Faltam 20 assinaturas para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) completar as 171 para requerer a CPI da Alstom Siemens para investigar os trens de São Paulo.

Jogo triplo
Quem quiser ver como a realidade local fala mais alto do que o plano nacionalista, basta prestar atenção nos candidatos a vice-governador apresentados pelo PMDB. No DF, Tadeu Filippelli segue ao lado do petista Agnelo Queiroz, enquanto, em Pernambuco, o partido fará dobradinha com o PSB, de Eduardo Campos. Em Roraima, terra do ex-líder do governo Romero Jucá, os peemedebistas serão aliados do PSDB.

Refluiu
Diante da posse de Ricardo Berzoini, hoje, na Secretaria de Relações Institucionais (SRI), a turma do “volta, Lula” evita voos mais altos. Os maiores representantes têm dito que o momento é de “defesa do nosso governo”. Pela entonação com que dizem “nosso governo”, parece que passaram a tratar Dilma como da mesma turma. Pelo menos, até a próxima crise. Só tem um probleminha: Berzoini tem espaço no PT, não na base aliada.

CURTIDAS 
Coelhinho da Páscoa, Papai Noel…/ O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, garantiu ao deputado Cândido Vaccarezza, do PT-SP, que em maio votará a reforma política. Em ano eleitoral, dizem alguns, nem com a ajuda das fadas.

Por falar em Vaccarezza…/ Está na comissão de regulamentação dos artigos da Constituição de 1988, presidida por ele, um projeto para evitar que as greves paralisem todos os serviços essenciais à população. Há quem diga que, em alguns casos, mesmo sem greve, é preciso apertar nesse terreno. Hoje, se alguns serviços funcionarem 80% em períodos de normalidade, já é uma grande coisa. Quem precisa de atendimento sabe do que se trata.

Memória/ Paralelamente à sessão solene para marcar os 50 anos do golpe militar, a Câmara inaugura, às 17h, no hall da taquigrafia, o busto de Rubens Paiva, torturado e desaparecido em janeiro de 1971, durante o regime militar. As filhas dele, Vera e Beatriz, estarão presentes.

Enquanto isso, no marco civil…/ O PMDB promete não criar problemas para votar o Marco Civil da Internet a toque de caixa, mas os outros partidos querem discutir. Ou seja, este mês, dificilmente sai. Talvez em maio, mês das mães e das noivas.

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