quinta-feira, abril 03, 2014

Mobilidade na rodovia - ANTÔNIO CARLOS BOECHAT

O GLOBO - 03/04

Estradas não estão preparadas para demanda


Obras de caráter social e urbano, com impacto no dia a dia da população, estão na mira da presidente Dilma Rousseff, que prepara a terceira etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 3) para ser executada já em 2015, tendo como ponto central a melhoria da mobilidade urbana em grandes e médias cidades.

A mobilidade urbana, que, na verdade, deve ser pensada como humana, vai ao encontro do conjunto de propostas incluídas no Projeto 2022, lançado em 2012 pelo Sistema Firjan para alavancar, sobretudo, os setores de infraestrutura e logística.

Em virtude de investimentos governamentais já previstos ou em andamento em determinadas regiões do país, várias cidades, sobretudo as de menor porte, terão o fluxo rodoviário drasticamente impactado. É o caso dos municípios que compõem o Noroeste Fluminense. A região é o corredor de ligação natural entre o Centro-Oeste do país e os litorais Norte Fluminense e Sul do Espírito Santo, regiões que terão esse fluxo naturalmente ampliado com a operação de investimentos na área portuária. No entanto, assim como acontece no resto do país, nossas rodovias não estão preparadas para atender a essa demanda adicional.

Para se ter ideia, hoje os caminhões chegam a transportar cargas 750% mais pesadas que no passado. O volume de veículos também aumentou assustadoramente: foram fabricados nos últimos dez anos mais caminhões que nos últimos cem anos. No entanto, isso não foi acompanhado por condições adequadas de infraestrutura. Nossas rodovias continuam as mesmas, com pistas simples, suportando de forma precária a tonelagem, a potência e a frenagem dos veículos modernos.

Por isso, entre as propostas compiladas no projeto estão a duplicação e a pavimentação de importantes rodovias que cortam nossos municípios, permitindo a melhoria da qualidade operacional, diminuição do tempo de viagem e elevação do nível de segurança do corredor natural. Desafogar o trânsito de cargas pesadas dos centros de nossas cidades é outro grande desafio ao se pensar em crescimento ordenado. Assim, o Projeto 2022 também inclui criação de arcos que interligam, em pontos estratégicos, importantes rodovias federais e estaduais, o que contribui ainda para o melhor escoamento da produção regional e o aumento de áreas comercialmente interessantes face ao novo fluxo.

Em nível nacional, a essência do Projeto 2022 defende que o crescimento de pequenas cidades ocorra de maneira ordenada e planejada, de forma a preservar a qualidade de vida, que é o maior diferencial do interior. As ações para o desenvolvimento do interior devem ser pensadas com agilidade simultânea aos investimentos em grandes e médias cidades, e não como consequência disso. Enquanto as cidades inseridas no projeto governamental já sofrem com os impactos do crescimento desordenado, e por isso demandam adequações para contornar seus problemas de mobilidade, é fundamental pontuar a necessidade de preservar e lapidar as potencialidades do interior enquanto ainda há tempo.

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