FOLHA DE SP - 27/03
BRASÍLIA - Motivos não faltam para investigar as águas profundas da Petrobras, mas daí me lembro do desânimo do presidente da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção, o deputado Francisco Praciano, do PT do Amazonas.
Na semana passada, num debate sobre corrupção no Congresso --no qual os deputados e senadores foram os grandes ausentes--, Praciano disse que ali não há interesse de fato em perseguir a ética na política.
E exemplificou: "Estou desiludido e doido para passar meu cargo adiante, mas ninguém quer...".
Segundo Praciano, há 388 projetos contra a corrupção dormitando no Congresso, mesmo aqueles que já estão prontinhos para voto em plenário. Um ou outro desses projetos só é sacudido e entra em pauta --inclusive na da imprensa-- por algum clamor popular.
Mais uma vez, exemplificou: depois das manifestações de junho de 2013, houve um bafafá danado em torno do projeto que transforma corrupção em crime hediondo. "Mas não durou duas semanas", lembrou.
Seu desabafo, porém, não se restringe ao Legislativo. Também a Justiça, os tribunais de contas e órgãos do Executivo, como a Polícia Federal, ou não têm empenho, ou não têm condições para o combate à corrupção, que rouba da cidadania milhões ou até bilhões de reais que seriam da saúde, da educação, da segurança...
E lá veio outro exemplo: 42% dos conselheiros dos TCEs (tribunais de contas estaduais) são denunciados por improbidade e 15% já respondem a processo. Qual o principal motivo? Segundo o deputado, em geral eles são políticos derrotados em eleições e não são escolhidos pelo "notório saber", mas por serem leais aos governos que deveriam investigar.
Por isso, os corruptos só se lascam quando a mídia escancara e não tem mais jeito. Conclusão: "O maior problema não é o corrupto, é o Estado. Todos os esforços contra a corrupção morrem... numa instituição".
CPI para quê?
Só resta dizer: Thomas Hobbes tinha razão!
ResponderExcluir"A natureza não colocou no homem o instinto de sociabilidade; o homem só busca companheiros por interesse; por necessidade; a sociedade política é o fruto artificial de um pacto voluntário, de um cálculo interesseiro".
Com o contrato o homem transfere a um terceiro (Estado) os seus interesses, que substituirá a vontade de todos. O contrato não é firmado com o detentor do poder, mas entre os homens que renunciam, em proveito desse senhor, a todo direito e toda liberdade nociva à paz.
Então, surge, novamente: "O LEVIATÃ !"
BRAZIL, PAÍS RICO...DE "LEVIATÃS"!!!