sexta-feira, março 21, 2014

A gênese do mensalão - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 21/03

Quem entende do traçado do petróleo no governo avisa que o parecer “técnica e juridicamente falho” é apenas uma pontinha da montanha de sujeira no motor da Petrobras. Tem ainda a compra da refinaria do Japão, realizada com um passivo ambiental e licenças vencidas e, ainda, a operação de venda dos ativos da empresa brasileira na África ao banco BTG Pactual sem licitação ou qualquer forma de oferta pública. Essas duas pérolas prometem ampliar o tabuleiro aberto com as declarações da presidente sobre o parecer que permitiu a compra de Pasadena — que colocou a confusão da empresa no seio do Planalto.

Para completar o clima de tempestade à vista, a prisão do ex-diretor de Refino da Petrobras Paulo Roberto Costa dentro da Operação Lava-Jato (que investiga lavagem de dinheiro) foi recebida por parlamentares como um recado aos partidos aliados que patrocinaram a indicação dele, PP e PMDB, para que não insistam em afrontar o governo e o PT com um pedido de CPI da Petrobras. Costa foi demitido por Dilma em 2012, e quem acompanhou de perto a exoneração lembra que os caciques desses partidos não gostaram da substituição.

Vale recordar que a briga do mensalão começou com um funcionário dos Correios recebendo propina, o que funcionou como uma bomba de efeito retardado para azedar as relações entre o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o presidente do PTB à época, Roberto Jefferson. Deu no que deu.

Toma que o filho é teu!
Petistas, peemedebistas e pepistas começaram um verdadeiro jogo de empurra sobre os padrinhos de Paulo Roberto Costa nos tempos em que ele exerceu o cargo de diretor da Petrobras. Até os petistas entraram na onda, ao dizer que o ex-executivo tinha sido herança do governo Fernando Henrique Cardoso.

Pisca-alerta ligado
O fato de a pesquisa Ibope ter apresentado a presidente Dilma Rousseff com os mesmos 43% do último levantamento e a perspectiva de vitória no primeiro turno vai segurar a base por um período. No entanto, muitos alertam que os 64% que pedem mudança, combinados com o desconhecimento que a população tem tanto de Aécio Neves quanto de Eduardo Campos, tiram qualquer comemoração mais eufórica neste momento.

A mãe é de todos, já o pai…

A reunião do PT de ontem serviu para explicitar aquilo que o partido ensaiava havia tempos: a ideia de fazer palanques de Dilma em todos os estados, independentemente das campanhas estaduais. Significa que, nas visitas a estados onde houver dois ou mais candidatos aliados ao governo federal, todos serão convidados a participar do evento da campanha presidencial pela reeleição. Lula, entretanto, é outra conversa. O ex-presidente será o garoto-propaganda do PT, e disso o partido não abre.

CURTIDAS 

Se Lula pedir…/ Até aqui, nenhum partido do Rio de Janeiro largou o projeto de lançar candidato próprio a governador em prol de alianças. Até o PCdoB, hoje o maior aliado de esquerda dos petistas, tem colocada a pré-candidatura da deputada Jandira Feghali (foto) ao governo estadual. Jandira lidera a bancada na Câmara e, se for chamada a compor uma aliança com o PT, por exemplo, está aberta a conversar.

Chamou a atenção/ Os embaixadores estrangeiros recém-chegados ao Brasil não escondem a curiosidade a respeito dos movimentos políticos dos últimos dias, em especial, o blocão. Conversa vai, conversa vem, eles, invariavelmente, saem com essa: “E o ‘big block’”?

A culpa é do líder!!!/ Sabe aquele menino da escola que termina culpado por todas as ações de rebeldia na aula da “tia”? Pois é. No caso do líder do PMDB, Eduardo Cunha, já virou até piada. Bastou ele passar por Veneza antes do carnaval para os deputados dizerem, em tom de brincadeira, que ele é o responsável pelo plebiscito em curso por lá para saber se os cidadãos da região de Vêneto querem se emancipar da Itália. A votação termina neste sábado no site plebiscito.eu. Ok, o plebiscito é apenas simbólico, mas em tempos de Crimeia, chama a atenção.

Bons companheiros/ Em meio aos riscos de investigações sobre a Petrobras, a presidente Dilma aproveita as viagens para afagar os aliados, especialmente, aqueles com influência no Senado. Ontem, em Belém, foi a vez do senador Jader Barbalho, com promessas de reforço à candidatura de Helder Barbalho ao governo paraense, em aliança com o PT.

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