segunda-feira, janeiro 27, 2014

Ecos de Davos - PAULO GUEDES

O GLOBO - 27/01
A fala de Dilma atesta que, mesmo em ciências tão inexatas quanto a economia, o bom desempenho exige respeito aos seus fundamentos
A presidente Dilma assegurou no Fórum Econômico Mundial que tem compromissos com a responsabilidade fiscal, as metas de inflação e um ambiente institucional favorável aos investimentos. Uma política fiscal frouxa e uma política monetária hesitante foram responsáveis por expectativas inflacionárias adversas. E o controle de preços nas áreas de energia e petróleo bem como a indefinição de marcos regulatórios em setores de infraestrutura desestimularam os investimentos.
A ida e a fala de Dilma em Davos indicam que a presidente percebeu a importância do compromisso com políticas públicas de qualidade para uma coordenação bem-sucedida das expectativas que movimentam toda a engrenagem econômica.

"A vitória sobre a natureza só pode ser obtida pelo respeito às suas leis fundamentais", alertava o filósofo inglês Sir Francis Bacon, um dos pioneiros do pensamento científico moderno. O homem precisaria se libertar de falácias, ídolos e ilusões, descobrindo por métodos empíricos as leis necessárias para o domínio e o uso da natureza em seu proveito.

"Em política, ainda não encontramos esse caminho.

De todos os mitos humanos, os mais perigosos e duradouros são os ídolos políticos, como indica a súbita ascensão desses mitos no século XX. Na política, a crença na magia ainda prevalece, com pequenos grupos impondo suas ideias fantásticas sobre as grandes massas. Mas esses triunfos são efêmeros, pois existe uma lógica no mundo das relações sociais, assim como existe uma lógica no mundo físico. Existem certas leis que não podem ser violadas impunemente", registra o filósofo alemão Ernst Cassirer, em seu formidável "O mito do Estado" (1946).

Pois bem, ardem nas labaredas do inferno criado por eles mesmos os socialistas bolivarianos e peronistas do século XXI. A idolatria a Perón, mais do que obsoleta, tem sido desastrosa para a Argentina. E não haveria um mito mais crível para idolatrar o libertador Bolívar do que associá-lo a Karl Marx, que o chamou de "canalha, covarde, brutal e miserável"? Aprendem agora a duras penas que, mesmo em ciências tão inexatas quanto a economia, o bom desempenho também exige conhecimento e respeito aos fundamentos.

Pois, parafraseando Bacon, a conquista dos mercados só pode ser obtida pelo conhecimento de suas leis.

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