FOLHA DE SP - 12/12
O PSDB não se curvará inerte. Enquanto os responsáveis por mais essa fraude não forem afastados, não descansaremos
É fácil reconhecer que o caso Siemens segue o roteiro de praxe do PT para prejudicar seus adversários.
No enredo petista, sempre tem um dossiê com documentos falsos contra a oposição e, quando descoberta a fraude, nega-se até a morte. Coisa de artista.
O PT se especializou nessa arte. Começou na eleição de 1998, quando estimulou a divulgação do dossiê das Ilhas Cayman contra tucanos. Em 2005, em meio à CPI do Mensalão, surgiu a Lista de Furnas, encomendada por dois deputados petistas.
No episódio dos "aloprados", em 2006, dois petistas foram presos com mais de R$ 1 milhão para a compra de um dossiê contra o então candidato ao governo do Estado de São Paulo, José Serra.
Já na CPI dos Cartões Corporativos, em 2008, que avançava na investigação dos gastos do então presidente Lula, a imprensa descobriu um dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
E na campanha eleitoral de 2010, dados sigilosos da família de Serra foram encontrados num dossiê em posse da equipe da pré-campanha de Dilma Rousseff.
Agora, em meio às prisões dos mensaleiros, eis que o PT consegue engendrar mais uma fraude. O enredo, desta vez, não envolve mais o churrasqueiro preferido de Lula ou seu faz-tudo, como no episódio dos "aloprados", mas o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, seu subordinado, o presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Vinícius Carvalho, e um deputado estadual de alta patente no partido, Simão Pedro.
Carvalho havia sido chefe de gabinete de Simão Pedro, autor de denúncias de cartel em obras do PSDB de São Paulo, e, anos mais tarde, foi alçado à presidência do Cade. Chegou lá, registre-se, escondendo sua filiação ao PT. Depois de alguns encontros com seu ex-chefe, revelados pela imprensa, promoveu um acordo de leniência com a Siemens e abriu a investigação tão almejada por Simão Pedro.
A partir daí começaram a vazar documentos à imprensa tentando envolver membros do PSDB na denúncia de cartel e de recebimento de propina.
E como o ministro Cardozo entrou na trama? Pressionado pela imprensa, ele admitiu ter enviado uma carta-denúncia sem assinatura que citava três governadores de São Paulo e quatro secretários de Estado à Polícia Federal dois dias depois de o Cade negar tê-lo feito. E a história fugiu do script petista, assim como no caso dos aloprados.
Descobriu-se, primeiramente, que na carta-denúncia apócrifa, recebida pelo ministro em sua residência, o tal "denunciante" dizia que estava denunciando o malfeito, mas pedia em troca um cargo na Vale do Rio Doce.
Depois, descobriu-se que na tradução do inglês para o português da tal denúncia foram enxertados os nomes dos tucanos. Com a trama descoberta, o ministro Cardozo reuniu a imprensa para dizer que cumpre a lei e que não se tratava de uma tradução, mas de documentos diferentes, embora no índice do processo entregue à PF conste como sendo uma tradução.
O que o ministro alega que fez a mando da legislação não passou de uma estratégia para emplacar uma denúncia contra o PSDB.
Em um governo sério, o presidente do Cade e o ministro já teriam sido afastados e se daria celeridade às investigações sobre o cartel, sobre o qual o PSDB tem total interesse. Mas, infelizmente, estamos diante de um governo que nutre verdadeira paixão por dossiês fajutos.
O PSDB não se curvará inerte. Enquanto os responsáveis por mais essa fraude não forem afastados de seus cargos, não descansaremos.
O nosso papel será o de impedir que essa fraude prevaleça e que as investigações sobre o cartel sejam seletivas e então denunciar o uso de órgãos do governo com finalidades político-partidárias.
quinta-feira, dezembro 12, 2013
Sou de esquerda ou de direita? - CONTARDO CALLIGARIS
FOLHA DE SP - 12/12
Tenho repulsa por qualquer tipo de tutela. Por isso, sou libertário. Isso é de direita ou de esquerda?
Li a pesquisa do Datafolha publicada na Folha de domingo passado, e tentei entender se sou de esquerda ou de direita. Não consegui concluir. As frases propostas à apreciação dos entrevistados me deixam hesitante; sempre preciso completá-las (com adversativas e reservas) para poder concordar ou discordar.
Por exemplo, o "governo deve ser o maior responsável por investir para a economia crescer". É uma ideia que deveria seduzir meu lado esquerdo. Mas"¦ não sei se houve uma época da minha vida em que eu não desconfiasse da intervenção do Estado na vida da gente. No Brasil de hoje, então, nem se fala: qualquer aumento da presença do governo agita visões pavorosas de corrupções crônicas e de burocracias acomodadas e ineficientes.
Em geral, a geração à qual pertenço, a dos baby boomers, não gosta de Estados e governos. Alguns de nós (uma pequena minoria) cresceram e militaram num isolamento cultural que os deixou à margem da revolução libertária dos anos 60 --isso, sobretudo em países que, na época, eram dominados por ditaduras, como o Brasil. Mas, para a grande maioria dos baby boomers, sonhar com justiça e dignidade para todos nunca significou confiar em Estados, governos, entidades coletivas, partidos e opiniões dominantes.
Conheci de perto (apesar do cheiro) alguns moradores de rua de Paris e Nova York que não se deixam levar para um abrigo nem nas piores noites do inverno, porque não aceitam ter que ouvir um sermão ou uma missa em troca de calor, sopa e colchão. Eles são meus heróis. Nossa tendência é outra: aceitamos facilmente a tutela moral de Estados e governos, como se fosse normal retribuir assim os benefícios da social-democracia.
Regra: o Estado que parece pagar a conta (embora ele pague com nossos impostos) sempre se sente autorizado a expandir sua tutela moral sobre nós. E eu tenho repulsa por qualquer tipo de tutela. Nisso e por isso, sou libertário. Como isso funciona com direita e esquerda?
Houve uma época em que, nos EUA, a direita era libertária (como se espera da direita, ela não gostava que o governo se metesse na vida da gente). Por exemplo, a direita libertária podia detestar gays e lésbicas, mas não por isso reconheceria ao Estado o direito de dizer o que se pode e o que não se pode na vida sexual e afetiva das pessoas.
Isso acabou: a direita de hoje adora tutelar os cidadãos (todos vulneráveis e meio incapazes, não é?) e tenta promover leis que regrem o comportamento de todos segundo seus "princípios".
Será que a esquerda, então, herdou o antigo espírito libertário da direita? Nem um pouco. Quando a direita começou a querer transformar suas crenças em legislação, a esquerda fez a mesma coisa, com um agravante: ela se tornou hipócrita (ela sempre declara querer o bem de todos, até dos que ela persegue).
Um exemplo. Hoje o Brasil recebe François Hollande, presidente da França. O governo (de esquerda) de Hollande é responsável por uma recente proposta de lei pela qual 1) é preciso abolir a prostituição e 2) o jeito é penalizar os clientes das prostitutas, com multas e prisão (leis parecidas já foram tentadas na Suécia e na Noruega, com resultados pífios e sinistros para as prostitutas).
Sugiro que nossa presidente ofereça a seu colega francês o livro de Adriana Piscitelli, "Trânsitos "" Brasileiras nos Mercados Transnacionais do Sexo" (Uerj).
Além de ser um bom exemplo da qualidade de nossas pesquisas, o livro lembraria a Hollande que somos menos hipócritas que seu governo: sabemos que o verdadeiro problema que o governo francês quer resolver não é a prostituição (e ainda menos a prostituição forçada), mas a imigração de mulheres, que tentam ser livres trabalhadoras do sexo e que, em geral, não são vítimas nem de traficantes, nem de cafetões, nem de seus clientes.
Cher M. Hollande, bem-vindo ao Brasil. A França pode tomar decisões erradas, como todo mundo, mas, pela cultura e pelas ideias que ela representa sobretudo nos últimos dois séculos, ela não pode, não deve se permitir ser ridícula. Merci.
Agora, uma palavra, em aparte, a Dilma Rousseff: Presidente, pode ser que a gente já tenha decidido comprar os Rafales, mas os franceses não sabem disso. Será que poderíamos negociar? Vamos comprar seus caças, mas vocês deixem suas prostitutas em paz? Seria generoso, e alguns brasileiros e brasileiras na França agradeceriam.
Tenho repulsa por qualquer tipo de tutela. Por isso, sou libertário. Isso é de direita ou de esquerda?
Li a pesquisa do Datafolha publicada na Folha de domingo passado, e tentei entender se sou de esquerda ou de direita. Não consegui concluir. As frases propostas à apreciação dos entrevistados me deixam hesitante; sempre preciso completá-las (com adversativas e reservas) para poder concordar ou discordar.
Por exemplo, o "governo deve ser o maior responsável por investir para a economia crescer". É uma ideia que deveria seduzir meu lado esquerdo. Mas"¦ não sei se houve uma época da minha vida em que eu não desconfiasse da intervenção do Estado na vida da gente. No Brasil de hoje, então, nem se fala: qualquer aumento da presença do governo agita visões pavorosas de corrupções crônicas e de burocracias acomodadas e ineficientes.
Em geral, a geração à qual pertenço, a dos baby boomers, não gosta de Estados e governos. Alguns de nós (uma pequena minoria) cresceram e militaram num isolamento cultural que os deixou à margem da revolução libertária dos anos 60 --isso, sobretudo em países que, na época, eram dominados por ditaduras, como o Brasil. Mas, para a grande maioria dos baby boomers, sonhar com justiça e dignidade para todos nunca significou confiar em Estados, governos, entidades coletivas, partidos e opiniões dominantes.
Conheci de perto (apesar do cheiro) alguns moradores de rua de Paris e Nova York que não se deixam levar para um abrigo nem nas piores noites do inverno, porque não aceitam ter que ouvir um sermão ou uma missa em troca de calor, sopa e colchão. Eles são meus heróis. Nossa tendência é outra: aceitamos facilmente a tutela moral de Estados e governos, como se fosse normal retribuir assim os benefícios da social-democracia.
Regra: o Estado que parece pagar a conta (embora ele pague com nossos impostos) sempre se sente autorizado a expandir sua tutela moral sobre nós. E eu tenho repulsa por qualquer tipo de tutela. Nisso e por isso, sou libertário. Como isso funciona com direita e esquerda?
Houve uma época em que, nos EUA, a direita era libertária (como se espera da direita, ela não gostava que o governo se metesse na vida da gente). Por exemplo, a direita libertária podia detestar gays e lésbicas, mas não por isso reconheceria ao Estado o direito de dizer o que se pode e o que não se pode na vida sexual e afetiva das pessoas.
Isso acabou: a direita de hoje adora tutelar os cidadãos (todos vulneráveis e meio incapazes, não é?) e tenta promover leis que regrem o comportamento de todos segundo seus "princípios".
Será que a esquerda, então, herdou o antigo espírito libertário da direita? Nem um pouco. Quando a direita começou a querer transformar suas crenças em legislação, a esquerda fez a mesma coisa, com um agravante: ela se tornou hipócrita (ela sempre declara querer o bem de todos, até dos que ela persegue).
Um exemplo. Hoje o Brasil recebe François Hollande, presidente da França. O governo (de esquerda) de Hollande é responsável por uma recente proposta de lei pela qual 1) é preciso abolir a prostituição e 2) o jeito é penalizar os clientes das prostitutas, com multas e prisão (leis parecidas já foram tentadas na Suécia e na Noruega, com resultados pífios e sinistros para as prostitutas).
Sugiro que nossa presidente ofereça a seu colega francês o livro de Adriana Piscitelli, "Trânsitos "" Brasileiras nos Mercados Transnacionais do Sexo" (Uerj).
Além de ser um bom exemplo da qualidade de nossas pesquisas, o livro lembraria a Hollande que somos menos hipócritas que seu governo: sabemos que o verdadeiro problema que o governo francês quer resolver não é a prostituição (e ainda menos a prostituição forçada), mas a imigração de mulheres, que tentam ser livres trabalhadoras do sexo e que, em geral, não são vítimas nem de traficantes, nem de cafetões, nem de seus clientes.
Cher M. Hollande, bem-vindo ao Brasil. A França pode tomar decisões erradas, como todo mundo, mas, pela cultura e pelas ideias que ela representa sobretudo nos últimos dois séculos, ela não pode, não deve se permitir ser ridícula. Merci.
Agora, uma palavra, em aparte, a Dilma Rousseff: Presidente, pode ser que a gente já tenha decidido comprar os Rafales, mas os franceses não sabem disso. Será que poderíamos negociar? Vamos comprar seus caças, mas vocês deixem suas prostitutas em paz? Seria generoso, e alguns brasileiros e brasileiras na França agradeceriam.
Esporte e identidade - MARTHA MEDEIROS
ZERO HORA - 11/12
Em 1994, Nelson Mandela tornou-se presidente de uma ainda problemática África do Sul. No ano seguinte, 1995, o país sediaria pela primeira vez a Copa Mundial de Rúgbi, conhecido como um esporte de brancos – tanto que a população negra sul-africana torcia contra sua própria seleção. Mandela percebeu que o evento poderia se tornar um importante aliado no processo de fim do apartheid e consequente pacificação da nação. Dedicou-se de corpo e alma a fazer com que a fraca seleção de seu país conquistasse o título, empurrada por negros e brancos unidos por patriotismo – uma utopia, na época.
O diretor de cinema Clint Eastwood contou essa história no filme Invictus, com Morgan Freeman no papel de Mandela. A epopeia teve um final feliz, bem ao gosto de Hollywood, com a vantagem de ter sido real: a seleção da África do Sul, pela primeira vez, sagrou-se campeã mundial de rúgbi, e a sabedoria de Mandela tornou-se ainda mais evidente ao conseguir unificar o país através do grito de uma torcida finalmente coesa.
Quando o filme estreou no Brasil, em 2009, Bernardo Buarque de Holanda escreveu uma resenha em que disse: “Estádios funcionam como uma caixa de ressonância por intermédio dos quais se exprimem, de alguma maneira ou em algum grau, as tensões constitutivas da sociedade a que pertencem”. Isso porque o esporte e a política sempre mantiveram laços.
Muitos ditadores usaram o esporte para impor a soberania de um povo sobre o outro, de uma raça sobre a outra, porém Mandela entendeu que o poder do esporte estava justamente em eliminar diferenças, agregando a população em torno de um único e salutar propósito. Fundou uma nova identidade nacional, minimizando as tensões advindas de brigas sem sentido e trocando-as por vidas com sentido.
No momento em que estamos de luto pela morte desse que foi um dos maiores humanistas do planeta, lamento que sua mensagem de paz não tenha se expandido até aqui. A julgar pelas cenas de demência vistas nas arquibancadas do jogo entre Vasco e Atlético-PR, seria preciso três dúzias de líderes com o poder de persuasão de Mandela para inibir brutamontes que chegaram a um nível de estupidez e ignorância alarmante, lesando nossa autoestima.
O que os leva a agir de forma tão extremada diante de um inimigo imaginário? A que ponto chega a provocação de uma torcida a outra para que o senso crítico seja totalmente banido e a selvageria se imponha? E, em termos menos filosóficos e mais práticos: por que não se resolve de vez a questão do policiamento nos estádios e não se punem rigorosamente esses animais?
Dias atrás o tabloide britânico Daily Mail publicou uma reportagem boba em que demonstrava preocupação com a possibilidade de a seleção inglesa ter que deparar com jacarés circulando pelas ruas de Manaus. Jacaré não é nada, gringos.
Em 1994, Nelson Mandela tornou-se presidente de uma ainda problemática África do Sul. No ano seguinte, 1995, o país sediaria pela primeira vez a Copa Mundial de Rúgbi, conhecido como um esporte de brancos – tanto que a população negra sul-africana torcia contra sua própria seleção. Mandela percebeu que o evento poderia se tornar um importante aliado no processo de fim do apartheid e consequente pacificação da nação. Dedicou-se de corpo e alma a fazer com que a fraca seleção de seu país conquistasse o título, empurrada por negros e brancos unidos por patriotismo – uma utopia, na época.
O diretor de cinema Clint Eastwood contou essa história no filme Invictus, com Morgan Freeman no papel de Mandela. A epopeia teve um final feliz, bem ao gosto de Hollywood, com a vantagem de ter sido real: a seleção da África do Sul, pela primeira vez, sagrou-se campeã mundial de rúgbi, e a sabedoria de Mandela tornou-se ainda mais evidente ao conseguir unificar o país através do grito de uma torcida finalmente coesa.
Quando o filme estreou no Brasil, em 2009, Bernardo Buarque de Holanda escreveu uma resenha em que disse: “Estádios funcionam como uma caixa de ressonância por intermédio dos quais se exprimem, de alguma maneira ou em algum grau, as tensões constitutivas da sociedade a que pertencem”. Isso porque o esporte e a política sempre mantiveram laços.
Muitos ditadores usaram o esporte para impor a soberania de um povo sobre o outro, de uma raça sobre a outra, porém Mandela entendeu que o poder do esporte estava justamente em eliminar diferenças, agregando a população em torno de um único e salutar propósito. Fundou uma nova identidade nacional, minimizando as tensões advindas de brigas sem sentido e trocando-as por vidas com sentido.
No momento em que estamos de luto pela morte desse que foi um dos maiores humanistas do planeta, lamento que sua mensagem de paz não tenha se expandido até aqui. A julgar pelas cenas de demência vistas nas arquibancadas do jogo entre Vasco e Atlético-PR, seria preciso três dúzias de líderes com o poder de persuasão de Mandela para inibir brutamontes que chegaram a um nível de estupidez e ignorância alarmante, lesando nossa autoestima.
O que os leva a agir de forma tão extremada diante de um inimigo imaginário? A que ponto chega a provocação de uma torcida a outra para que o senso crítico seja totalmente banido e a selvageria se imponha? E, em termos menos filosóficos e mais práticos: por que não se resolve de vez a questão do policiamento nos estádios e não se punem rigorosamente esses animais?
Dias atrás o tabloide britânico Daily Mail publicou uma reportagem boba em que demonstrava preocupação com a possibilidade de a seleção inglesa ter que deparar com jacarés circulando pelas ruas de Manaus. Jacaré não é nada, gringos.
Inspiradores - LUIS FERNANDO VERISSIMO
O GLOBO - 12/12
Mais do que qualquer outra personalidade parecida, Mandela reforçaria a tese de que são os grandes homens que fazem as grandes mudanças históricas
Velha questão: são os líderes providenciais que fazem a História ou é a História que providencia os líderes necessários? O apartheid resistiria por muito mais tempo se não existisse o Mandela ou fatalmente acabaria mesmo sem ele? A pergunta também serve para Gandhi e Martin Luther King, só para ficar em líderes inspiradores — ou convenientes — recentes.
Mandela preso transformou-se num símbolo que catalisou a reação internacional ao odioso sistema sul-africano e motivou o boicote econômico que puniu e finalmente derrotou o racismo oficial do país, e sua atitude conciliadora depois da prisão facilitou a transição para uma democracia, pelo menos de fachada. Mais do que qualquer outra personalidade parecida, Mandela reforçaria a tese de que são os grandes homens que fazem as grandes mudanças históricas. E o corolário inevitável: são os grandes bandidos que enegrecem a História com sua ambição ou loucura. Outra velha questão: o nazismo foi um surto de irracionalidade nacional personificada num maluco de bigodinho ou uma consequência mais ou menos lógica da história europeia até então, uma convulsão só esperando para acontecer, com ou sem o bigodinho?
Precisamos de heróis. Precisamos que eles tenham cara, biografia, retórica e martírio. Gostamos de pensar que os discursos de Luther King apressaram a dessegregação racial nos Estados Unidos, que a rebeldia de Gandhi correu com os ingleses da Índia e que foi o sacrifício de Mandela que acabou com o apartheid. E se isto não for verdade, se concluirmos que eles foram heróis de ocasião e as mudanças aconteceriam mesmo sem sua inspiração, restam os exemplos de coragem que legam. Não a nada tão grandiloquente quanto a história das nações, mas, pessoalmente, a cada um de nós.
Mais do que qualquer outra personalidade parecida, Mandela reforçaria a tese de que são os grandes homens que fazem as grandes mudanças históricas
Velha questão: são os líderes providenciais que fazem a História ou é a História que providencia os líderes necessários? O apartheid resistiria por muito mais tempo se não existisse o Mandela ou fatalmente acabaria mesmo sem ele? A pergunta também serve para Gandhi e Martin Luther King, só para ficar em líderes inspiradores — ou convenientes — recentes.
Mandela preso transformou-se num símbolo que catalisou a reação internacional ao odioso sistema sul-africano e motivou o boicote econômico que puniu e finalmente derrotou o racismo oficial do país, e sua atitude conciliadora depois da prisão facilitou a transição para uma democracia, pelo menos de fachada. Mais do que qualquer outra personalidade parecida, Mandela reforçaria a tese de que são os grandes homens que fazem as grandes mudanças históricas. E o corolário inevitável: são os grandes bandidos que enegrecem a História com sua ambição ou loucura. Outra velha questão: o nazismo foi um surto de irracionalidade nacional personificada num maluco de bigodinho ou uma consequência mais ou menos lógica da história europeia até então, uma convulsão só esperando para acontecer, com ou sem o bigodinho?
Precisamos de heróis. Precisamos que eles tenham cara, biografia, retórica e martírio. Gostamos de pensar que os discursos de Luther King apressaram a dessegregação racial nos Estados Unidos, que a rebeldia de Gandhi correu com os ingleses da Índia e que foi o sacrifício de Mandela que acabou com o apartheid. E se isto não for verdade, se concluirmos que eles foram heróis de ocasião e as mudanças aconteceriam mesmo sem sua inspiração, restam os exemplos de coragem que legam. Não a nada tão grandiloquente quanto a história das nações, mas, pessoalmente, a cada um de nós.
Ueba! Obama causa em funeral! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 12/12
E essa piada pronta: 'Deputado é vítima de ladrões em Brasília'. Isso é restituição, não é furto
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Oba! Oba! Obama! O Obama causou no funeral do Mandela! Como disse um amigo: "O Obama estava igual ao arroz da minha mãe, soltinho, soltinho". E o grande babado: o Obama arrastando a asa pra loira, a primeira ministra da Dinamarca! Riram, tiraram foto no celular e aí a Michelle rodou a baiana.
Fotomontagem da samara7days: o Obama azarando a loira, e a Michelle: "Vou matar essa vadia". E o fã-clube da Michelle no Twitter: "Dá na cara da perua, Michelle". "O Obama vai dormir de couro quente!". "Hoje o Obama dorme no tanque". "Vai dormir no tapete do Salão Oval com aquele w de welcome estampado na bochecha!". "Hoje o negão apanha!". Rarará! Depois cumprimentou o Raúl Castro! Primeiro milagre do Mandela! Cumprimentou o Raúl Castro e deixou o mundo estarrecido. Ué, eles são civilizados. Não é Vasco e Atlético-PR.
E sabe o que os caras postaram no meu Twitter? "Civilizado, um cara que joga bomba e mata criança no Oriente Médio?". E outro: "Civilizado só o Obama, os Castro são uns animais". Esses não poderiam estar no funeral do Mandela. E nem em estádio de futebol! Rarará!
E teve americano no Twitter da "Time" xingando o Obama de muçulmano comunista. O Obama é muçulmano comunista. Rarará!
Ou seja, o Obama se comportou como se deve num funeral: cumprimentou o adversário, beijou a Dilma, azarou a loira e contou piada! Pior um amiga minha que foi a um velório e deixou o celular cair dentro do caixão. Rarará!
E essa piada pronta: "Deputado é vítima de ladrões em Brasília". Isso é restituição, não é furto. Os ladrões, em vez de gritarem "passa o seu dinheiro", gritaram: "devolve o nosso dinheiro". Rarará!
E essa, direto da China: "Homem se cansa de acompanhar namorada em lojas do shopping e se joga do sétimo andar". Isso é Natal! Quando a namorada ameaçou entrar na 18ª loja, ele se atirou do oitavo andar! É mole? É mole, mas sobe!
O Brasileiro é Cordial! Olha essa placa em Campos, cidade do Garotinho: "Proibido jogar lixo! Raça do cão gerada nos infernos". Então deve ser o Garotinho, gerado nos infernos! Rarará! E eu gosto dessas placas bem básicas: "Favor não mijar no chão, vá mijar no chão da sua casa". Rarará! Hoje, só amanhã.
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
E essa piada pronta: 'Deputado é vítima de ladrões em Brasília'. Isso é restituição, não é furto
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Oba! Oba! Obama! O Obama causou no funeral do Mandela! Como disse um amigo: "O Obama estava igual ao arroz da minha mãe, soltinho, soltinho". E o grande babado: o Obama arrastando a asa pra loira, a primeira ministra da Dinamarca! Riram, tiraram foto no celular e aí a Michelle rodou a baiana.
Fotomontagem da samara7days: o Obama azarando a loira, e a Michelle: "Vou matar essa vadia". E o fã-clube da Michelle no Twitter: "Dá na cara da perua, Michelle". "O Obama vai dormir de couro quente!". "Hoje o Obama dorme no tanque". "Vai dormir no tapete do Salão Oval com aquele w de welcome estampado na bochecha!". "Hoje o negão apanha!". Rarará! Depois cumprimentou o Raúl Castro! Primeiro milagre do Mandela! Cumprimentou o Raúl Castro e deixou o mundo estarrecido. Ué, eles são civilizados. Não é Vasco e Atlético-PR.
E sabe o que os caras postaram no meu Twitter? "Civilizado, um cara que joga bomba e mata criança no Oriente Médio?". E outro: "Civilizado só o Obama, os Castro são uns animais". Esses não poderiam estar no funeral do Mandela. E nem em estádio de futebol! Rarará!
E teve americano no Twitter da "Time" xingando o Obama de muçulmano comunista. O Obama é muçulmano comunista. Rarará!
Ou seja, o Obama se comportou como se deve num funeral: cumprimentou o adversário, beijou a Dilma, azarou a loira e contou piada! Pior um amiga minha que foi a um velório e deixou o celular cair dentro do caixão. Rarará!
E essa piada pronta: "Deputado é vítima de ladrões em Brasília". Isso é restituição, não é furto. Os ladrões, em vez de gritarem "passa o seu dinheiro", gritaram: "devolve o nosso dinheiro". Rarará!
E essa, direto da China: "Homem se cansa de acompanhar namorada em lojas do shopping e se joga do sétimo andar". Isso é Natal! Quando a namorada ameaçou entrar na 18ª loja, ele se atirou do oitavo andar! É mole? É mole, mas sobe!
O Brasileiro é Cordial! Olha essa placa em Campos, cidade do Garotinho: "Proibido jogar lixo! Raça do cão gerada nos infernos". Então deve ser o Garotinho, gerado nos infernos! Rarará! E eu gosto dessas placas bem básicas: "Favor não mijar no chão, vá mijar no chão da sua casa". Rarará! Hoje, só amanhã.
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Calma, gente - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 12/12
Tem uma turma séria, ligada à luta contra a ditadura, que considera precipitada esta conclusão da
Comissão da Verdade da Câmara de Vereadores de São Paulo de que JK foi assassinado.
Não que a hipótese de crime seja descartada. Mas as provas, por enquanto, são tênues.
Veja só...
Maria de Lourdes Ribeiro, filha do motorista Geraldo Ribeiro, que teria, segundo o relatório, levado um tiro antes de o carro que levava JK bater, procurou gente da área de direitos humanos para manifestar dúvidas.
Aviso aos puxa-sacos
Dilma faz aniversário sábado.
Mas deve fugir da bajulação oficial de Brasília. Tende a se refugiar em Porto Alegre, só com a família.
Vida que segue
Dois filhos de Amarildo, morto por policiais na Rocinha, conseguiram tocar a vida depois da tragédia.
Além de Anderson, que é modelo e hoje estará em “Amor & sexo”, na TV Globo, Amarildo Júnior virou assistente da apresentadora Xuxa.
Greve no Natal
A ameaça se repete sempre que chega dezembro.
O Sindicato Nacional dos Aeroviários fará, amanhã, assembleias nos aeroportos, indicando greve no dia 20.O pessoal de terra pede 8% de reajuste para todos e 10% para quem ganha o piso. As voadoras só topam dar a inflação, em torno de 5,5%.
O Rio virou um rio I
Os passageiros que estavam ilhados em um ônibus na Avenida Brasil, ontem, foram resgatados por rapazes em botes infláveis.
A “passagem” até um lugar seguro custava R$ 4 por cabeça.
Chove processo
Veja como tem algo errado com a Justiça brasileira. A ministra Cármen Lúcia, do STF, alcançou, quinta da semana passada, a marca de 2.978 ações analisadas só este ano.
Em dez anos, como ministro do Supremo, Epitácio Pessoa (ele mesmo, que depois foi presidente da República entre 1919 e 1922) decidiu... 81 processos.
Aliás...
Cármen Lúcia, desde que assumiu o cargo em 2006, proferiu quase 80 mil decisões.
Anarquia pura
Domingos Oliveira, o diretor de 77 anos, está escrevendo sua biografia. Não seguirá os moldes tradicionais do gênero.
Será uma narrativa um tanto anárquica, misturando memória e ficção. Sai em abril, pela Record.
Clã Dauelsberg
A Dellarte fechou contrato para a quinta turnê do Ballet Kirov, do Teatro Marinsky, de São Petersburgo, pelo Brasil.
A mais importante companhia russa de balé clássico passará por diversas capitais em novembro de 2014 e trará “Corsário” no programa.
Leilão da Natan
A 7ª Vara Empresarial do Rio determinou a realização imediata do leilão de todos os bens arrecadados, inclusive pedras preciosas, da Natan Joias, que está em recuperação judicial.
A data será definida. A marca foi fundada em 1956 e chegou a ter 11 lojas espalhadas pelo país.
Touch é o cacete!
A João Fortes lançou, terça, o Touch, prédio comercial que será erguido na Rua Jardim Botânico, em frente ao Hospital da Lagoa, sabe?
Pois bem. Moradores do bairro, que temem o aumento do trânsito na região, farão novo protesto contra a construção, sábado agora, às 11h, na Praça Pio XI.
Diário de Justiça
A 10ª Turma do TRT do Rio condenou o Bradesco a indenizar uma ex-gerente em R$ 355 mil. Em 2009, ela foi cercada por bandidos quando chegava em casa, após o trabalho.
Os ladrões mantiveram a família dela como refém e só soltaram quando a gerente, na manhã seguinte, pegou o dinheiro que havia na agência.
Caos na Gama Filho
Alunos e professores do campus Piedade da Universidade Gama Filho, no Rio, têm sido assaltados dentro das salas.
A situação é tão grave que, segunda passada, os estudantes tiveram aula de anatomia com a porta da sala trancada.
A volta da portelense
Glória Pires vai interromper uma ausência de 20 anos e, neste sábado, voltará à Portela, sua escola do coração.
Estará no show que Paulinho da Viola e Marisa Monte farão na quadra.
O Rio virou um rio II
A decolagem de um voo Rio-Miami, da American Airlines, ontem, no aeroporto Galeão-Tom Jobim, atrasou 40 minutos.
É que a tripulação ficou retida num engarrafamento causado pela chuva.
Tem uma turma séria, ligada à luta contra a ditadura, que considera precipitada esta conclusão da
Comissão da Verdade da Câmara de Vereadores de São Paulo de que JK foi assassinado.
Não que a hipótese de crime seja descartada. Mas as provas, por enquanto, são tênues.
Veja só...
Maria de Lourdes Ribeiro, filha do motorista Geraldo Ribeiro, que teria, segundo o relatório, levado um tiro antes de o carro que levava JK bater, procurou gente da área de direitos humanos para manifestar dúvidas.
Aviso aos puxa-sacos
Dilma faz aniversário sábado.
Mas deve fugir da bajulação oficial de Brasília. Tende a se refugiar em Porto Alegre, só com a família.
Vida que segue
Dois filhos de Amarildo, morto por policiais na Rocinha, conseguiram tocar a vida depois da tragédia.
Além de Anderson, que é modelo e hoje estará em “Amor & sexo”, na TV Globo, Amarildo Júnior virou assistente da apresentadora Xuxa.
Greve no Natal
A ameaça se repete sempre que chega dezembro.
O Sindicato Nacional dos Aeroviários fará, amanhã, assembleias nos aeroportos, indicando greve no dia 20.O pessoal de terra pede 8% de reajuste para todos e 10% para quem ganha o piso. As voadoras só topam dar a inflação, em torno de 5,5%.
O Rio virou um rio I
Os passageiros que estavam ilhados em um ônibus na Avenida Brasil, ontem, foram resgatados por rapazes em botes infláveis.
A “passagem” até um lugar seguro custava R$ 4 por cabeça.
Chove processo
Veja como tem algo errado com a Justiça brasileira. A ministra Cármen Lúcia, do STF, alcançou, quinta da semana passada, a marca de 2.978 ações analisadas só este ano.
Em dez anos, como ministro do Supremo, Epitácio Pessoa (ele mesmo, que depois foi presidente da República entre 1919 e 1922) decidiu... 81 processos.
Aliás...
Cármen Lúcia, desde que assumiu o cargo em 2006, proferiu quase 80 mil decisões.
Anarquia pura
Domingos Oliveira, o diretor de 77 anos, está escrevendo sua biografia. Não seguirá os moldes tradicionais do gênero.
Será uma narrativa um tanto anárquica, misturando memória e ficção. Sai em abril, pela Record.
Clã Dauelsberg
A Dellarte fechou contrato para a quinta turnê do Ballet Kirov, do Teatro Marinsky, de São Petersburgo, pelo Brasil.
A mais importante companhia russa de balé clássico passará por diversas capitais em novembro de 2014 e trará “Corsário” no programa.
Leilão da Natan
A 7ª Vara Empresarial do Rio determinou a realização imediata do leilão de todos os bens arrecadados, inclusive pedras preciosas, da Natan Joias, que está em recuperação judicial.
A data será definida. A marca foi fundada em 1956 e chegou a ter 11 lojas espalhadas pelo país.
Touch é o cacete!
A João Fortes lançou, terça, o Touch, prédio comercial que será erguido na Rua Jardim Botânico, em frente ao Hospital da Lagoa, sabe?
Pois bem. Moradores do bairro, que temem o aumento do trânsito na região, farão novo protesto contra a construção, sábado agora, às 11h, na Praça Pio XI.
Diário de Justiça
A 10ª Turma do TRT do Rio condenou o Bradesco a indenizar uma ex-gerente em R$ 355 mil. Em 2009, ela foi cercada por bandidos quando chegava em casa, após o trabalho.
Os ladrões mantiveram a família dela como refém e só soltaram quando a gerente, na manhã seguinte, pegou o dinheiro que havia na agência.
Caos na Gama Filho
Alunos e professores do campus Piedade da Universidade Gama Filho, no Rio, têm sido assaltados dentro das salas.
A situação é tão grave que, segunda passada, os estudantes tiveram aula de anatomia com a porta da sala trancada.
A volta da portelense
Glória Pires vai interromper uma ausência de 20 anos e, neste sábado, voltará à Portela, sua escola do coração.
Estará no show que Paulinho da Viola e Marisa Monte farão na quadra.
O Rio virou um rio II
A decolagem de um voo Rio-Miami, da American Airlines, ontem, no aeroporto Galeão-Tom Jobim, atrasou 40 minutos.
É que a tripulação ficou retida num engarrafamento causado pela chuva.
A PENSÃO DE PELÉ - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 12/12
Dois netos de Pelé conseguiram, na Justiça, obrigá-lo a pagar pensão de sete salários mínimos para cada um (ou R$ 4.746). Eles são filhos de Sandra Arantes do Nascimento Felinto, que travou batalha judicial para ser reconhecida pelo ex-jogador. Ela morreu em 2006 e o pai dos garotos alega não ter condições, sozinho, de prover o sustento das crianças.
COMO TODOS
Os advogados disseram que os netos não conseguiam, sem a ajuda, comprar "uma roupa melhor", morar em casa "confortável", ter alimentação "adequada" nem viajar, ir a um clube e ter médicos e dentistas razoáveis. Ao apoiar o pleito, os desembargadores consideraram que os jovens "passam privações não suportadas pelos outros netos" de Pelé. A assessoria do ex-jogador afirma que ele não pretende se manifestar.
CASTELO
O caso de Pelé foi analisado por três desembargadores. Um deles, num voto divergente, e derrotado, considerou que o dinheiro pedido pelos netos não se destinará à subsistência, mas, sim, à melhoria de suas "condições sociais". Frisou a insistência deles em obter ajuda para "conhecer a Disney".
É POSSÍVEL
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, tem negado, sempre que perguntado, a intenção de se candidatar a qualquer cargo em 2014. Já não diz o mesmo sobre 2018.
SOBRE RODAS
Pesquisa recente a que o prefeito Fernando Haddad teve acesso, e que fala das áreas críticas e das que são bem avaliadas na administração, traz uma informação que causou espanto: nenhum entrevistado apontou a corrupção como um problema da cidade.
CIRCUITO
Os brasileiros que viajaram para SP para assistir ao GP de Fórmula 1, no mês passado, ficaram 2,3 dias na capital e gastaram R$ 2.444 no período, em média. Os estrangeiros permaneceram 3,58 dias e deixaram R$ 3.786 na cidade, entre hospedagem, alimentação, compras, lazer e transporte. Os dados são de pesquisa feita pela SPTuris e pela organização do evento com 983 entrevistados, procedentes de 18 países e 266 municípios.
CIRCUITO 2
Entre os itens bem avaliados pelos turistas estão "opções de compras" e "gastronomia", com 70% de notas positivas. Já "limpeza urbana" teve aprovação regular.
ALARME
Os problemas que culminaram no incêndio do Memorial da América Latina ficaram evidentes na entrega do Prêmio Vladimir Herzog, em outubro. Os equipamentos pifaram depois de um curto-circuito. O evento só foi realizado porque foi providenciado um gerador.
TRÊS VEZES
Nathalia Timberg está ensaiando novo espetáculo que marcará sua volta aos palcos paulistas. No ar em "Amor à Vida", a atriz vai encenar "Tríptico Samuel Beckett", com estreia prevista para 21 de janeiro, no Centro Cultural Banco do Brasil.
Ela dividirá o palco com Juliana Galdino e Paula Spinelli. As três interpretarão a mesma personagem na infância, maturidade e velhice.
NADA DE CHOCOLATE
Stevie Wonder, que toca no próximo sábado no Circuito Banco do Brasil, em SP, já avisou que vai precisar de um umidificador de ar com cheiro de eucalipto e dez toalhas em seu camarim.
DE PARAR O TRÂNSITO
O visual platinado que Giovanna Ewbank, 27, adotou para atuar em "Joia Rara" (Globo) faz sucesso com o marido, o ator Bruno Gagliasso.
"Se dependesse do Bruno, eu ficaria assim para sempre", diz ela à revista "Boa Forma" deste mês. "O cabelo superloiro chama muito a atenção. Estão buzinando mais para mim na rua."
A atriz, que fez aulas de ritmos variados para interpretar uma dançarina, afirma que o exercício é uma alternativa à academia. "Queima calorias, ajuda a definir o abdômen e as pernas."
NOITE DOS BOÊMIOS
A escritora Patrícia Melo e o diretor de teatro Jorge Takla estiveram na estreia da ópera "La Bohème", anteontem, no Theatro Municipal. O diretor-geral da instituição, José Luiz Herencia, o secretário municipal de Comunicação, Nunzio Briguglio, com a mulher, Rejane, o publicitário André Gustavo e a diretora do Instituto Brasileiro de Gestão Cultural, Isabela Galvez, também assistiram ao espetáculo.
UM RIO QUE PASSOU EM MINHA VIDA
O artista plástico Bené Fonteles e o jornalista Marcelo Delduque, com o filho, Martim, receberam convidados no lançamento do livro "Prata - São Francisco - Amazonas", anteontem, na Livraria da Vila da alameda Lorena. A cantora Tetê Espíndola, o diretor de arte Gustavo Godoy e a produtora cultural Veridiana Aleixo cumprimentaram os autores.
CURTO-CIRCUITO
Boni e Ricardo Amaral autografam "O Guia dos Guias", na Livraria Cultura do shopping Iguatemi, hoje, às 19h.
Ignácio de Loyola Brandão conta histórias, com trilha sonora de Rita Gullo e Edson José Alves, hoje, às 20h30, no Tatu Bar & Palco, nos Jardins. Livre.
A Câmara Portuguesa comemora 101 anos com jantar hoje, às 19h30, no hotel Unique.
Victor & Leo iniciam temporada de quatro shows no Citibank Hall, hoje, às 21h30. 14 anos.
O hotel Emiliano lança hoje CD com coletânea de músicas selecionadas pelo DJ Tony Montana, às 20h30, na galeria Renot, nos Jardins.
COMO TODOS
Os advogados disseram que os netos não conseguiam, sem a ajuda, comprar "uma roupa melhor", morar em casa "confortável", ter alimentação "adequada" nem viajar, ir a um clube e ter médicos e dentistas razoáveis. Ao apoiar o pleito, os desembargadores consideraram que os jovens "passam privações não suportadas pelos outros netos" de Pelé. A assessoria do ex-jogador afirma que ele não pretende se manifestar.
CASTELO
O caso de Pelé foi analisado por três desembargadores. Um deles, num voto divergente, e derrotado, considerou que o dinheiro pedido pelos netos não se destinará à subsistência, mas, sim, à melhoria de suas "condições sociais". Frisou a insistência deles em obter ajuda para "conhecer a Disney".
É POSSÍVEL
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, tem negado, sempre que perguntado, a intenção de se candidatar a qualquer cargo em 2014. Já não diz o mesmo sobre 2018.
SOBRE RODAS
Pesquisa recente a que o prefeito Fernando Haddad teve acesso, e que fala das áreas críticas e das que são bem avaliadas na administração, traz uma informação que causou espanto: nenhum entrevistado apontou a corrupção como um problema da cidade.
CIRCUITO
Os brasileiros que viajaram para SP para assistir ao GP de Fórmula 1, no mês passado, ficaram 2,3 dias na capital e gastaram R$ 2.444 no período, em média. Os estrangeiros permaneceram 3,58 dias e deixaram R$ 3.786 na cidade, entre hospedagem, alimentação, compras, lazer e transporte. Os dados são de pesquisa feita pela SPTuris e pela organização do evento com 983 entrevistados, procedentes de 18 países e 266 municípios.
CIRCUITO 2
Entre os itens bem avaliados pelos turistas estão "opções de compras" e "gastronomia", com 70% de notas positivas. Já "limpeza urbana" teve aprovação regular.
ALARME
Os problemas que culminaram no incêndio do Memorial da América Latina ficaram evidentes na entrega do Prêmio Vladimir Herzog, em outubro. Os equipamentos pifaram depois de um curto-circuito. O evento só foi realizado porque foi providenciado um gerador.
TRÊS VEZES
Nathalia Timberg está ensaiando novo espetáculo que marcará sua volta aos palcos paulistas. No ar em "Amor à Vida", a atriz vai encenar "Tríptico Samuel Beckett", com estreia prevista para 21 de janeiro, no Centro Cultural Banco do Brasil.
Ela dividirá o palco com Juliana Galdino e Paula Spinelli. As três interpretarão a mesma personagem na infância, maturidade e velhice.
NADA DE CHOCOLATE
Stevie Wonder, que toca no próximo sábado no Circuito Banco do Brasil, em SP, já avisou que vai precisar de um umidificador de ar com cheiro de eucalipto e dez toalhas em seu camarim.
DE PARAR O TRÂNSITO
O visual platinado que Giovanna Ewbank, 27, adotou para atuar em "Joia Rara" (Globo) faz sucesso com o marido, o ator Bruno Gagliasso.
"Se dependesse do Bruno, eu ficaria assim para sempre", diz ela à revista "Boa Forma" deste mês. "O cabelo superloiro chama muito a atenção. Estão buzinando mais para mim na rua."
A atriz, que fez aulas de ritmos variados para interpretar uma dançarina, afirma que o exercício é uma alternativa à academia. "Queima calorias, ajuda a definir o abdômen e as pernas."
NOITE DOS BOÊMIOS
A escritora Patrícia Melo e o diretor de teatro Jorge Takla estiveram na estreia da ópera "La Bohème", anteontem, no Theatro Municipal. O diretor-geral da instituição, José Luiz Herencia, o secretário municipal de Comunicação, Nunzio Briguglio, com a mulher, Rejane, o publicitário André Gustavo e a diretora do Instituto Brasileiro de Gestão Cultural, Isabela Galvez, também assistiram ao espetáculo.
UM RIO QUE PASSOU EM MINHA VIDA
O artista plástico Bené Fonteles e o jornalista Marcelo Delduque, com o filho, Martim, receberam convidados no lançamento do livro "Prata - São Francisco - Amazonas", anteontem, na Livraria da Vila da alameda Lorena. A cantora Tetê Espíndola, o diretor de arte Gustavo Godoy e a produtora cultural Veridiana Aleixo cumprimentaram os autores.
CURTO-CIRCUITO
Boni e Ricardo Amaral autografam "O Guia dos Guias", na Livraria Cultura do shopping Iguatemi, hoje, às 19h.
Ignácio de Loyola Brandão conta histórias, com trilha sonora de Rita Gullo e Edson José Alves, hoje, às 20h30, no Tatu Bar & Palco, nos Jardins. Livre.
A Câmara Portuguesa comemora 101 anos com jantar hoje, às 19h30, no hotel Unique.
Victor & Leo iniciam temporada de quatro shows no Citibank Hall, hoje, às 21h30. 14 anos.
O hotel Emiliano lança hoje CD com coletânea de músicas selecionadas pelo DJ Tony Montana, às 20h30, na galeria Renot, nos Jardins.
O berço e o resto - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 12/12
Na véspera do congresso do PT, petistas de outros estados registravam os movimentos do ex-presidente Lula no sentido de buscar novas lideranças apenas dentro do diretório paulista, onde ele incensa o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, da mesma forma que alavancou o atual prefeito da capital, Fernando Haddad. Ninguém até agora viu gestos semelhantes em outras unidades da Federação. Por isso, muitos estão com a ideia de que Lula não quer ver o PT paulista perder a primazia do comando partidário nacional para outros estados. Segue assim a filosofia dos sindicalistas, onde a prioridade sempre foi a aldeia. No caso do PT, a aldeia é o berço do partido, São Paulo.
Explica-se aí também a corrida de Lula para a filiação de Josué Alencar, filho do falecido vice-presidente José Alencar, ao PMDB de Minas Gerais. Ali, o empresário passa a servir de contrapeso para evitar o fortalecimento das lideranças petistas do estado, inclusive do ministro de Indústria e Comércio, Fernando Pimentel. Sabe-se hoje que, lideranças fortes do PT, num estado como Minas Gerais, poderiam levar a um deslocamento do eixo de poder petista. Isso Lula não quer. O que vale hoje ali é todo poder à aldeia, no caso, São Paulo.
Em campanha
O atual líder do PT, José Nobre Guimarães, deixa o cargo no ano que vem e já começa a se movimentar para substituir Arlindo Chinaglia (PT-SP) na liderança do governo na Câmara. Em várias reuniões ele tem dito que a articulação do Planalto na Casa é falha.
Pressão total
O alto comando do PT de Minas Gerais baixou em peso na presidência da Confederação Nacional do Transporte (CNT) para um jantar com o senador Clésio Andrade na terça-feira. Foram tentar buscar o apoio do peemedebista para a candidatura de Fernando Pimentel ao governo do estado. Como bom mineiro, Clésio não fechou a porta, mas deixou claro que a prioridade do PMDB é lançar um candidato próprio.
Mãos atadas
O vice-presidente Michel Temer conversou, mas evitou assumir compromissos que permitissem a votação do Orçamento da União. Não quis fechar nada que pudesse ser, posteriormente, desfeito pela presidente Dilma Rousseff.
Conversa dos presidentes
Nas 10 horas de voo dos presidentes até a África do Sul, Lula, de saída, cortou as conversas mais sérias: “Estamos numa posição em que não podemos censurar ninguém, nem discutir assuntos controversos. Estamos todos representados”. Assim, a conversa foi light. Na ida, a vida de Mandela. Fernando Henrique Cardoso puxou assunto sobre a Academia Brasileira de Letras, da qual é integrante, assim como José Sarney. Dilma, uma amante da literatura, logo se interessou. Lula e Fernando Collor entraram depois.
“O prazo para votação do Orçamento é 17 de dezembro. Falta, entretanto, combinar com os russos, gregos, alemães, enfim, todos” - Lobão Filho (MA), senador e presidente da Comissão Mista de Orçamento, ao comentar as dificuldades de aprovar a lei orçamentária na última semana de funcionamento do Congresso.
Parecia anfitrião/ Quem chegava à casa de Eunício Oliveira na noite de terça-feira via logo na primeira mesa, a principal, o senador Aécio Neves, do PSDB. Sentado ao lado do senador e primo Francisco Dornelles (PP); de Vital do Rêgo, do PMDB; e do ex-deputado Geddel Vieira Lima, ele recebia todos distribuindo simpatia. E não tinha jeito, era passar por ele ou cair na piscina.
Parecia incomodada/ Eis que, de repente, chega a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Ela cumprimenta o senador tucano, mas não consegue esconder a expressão de desconforto. Vai para uma mesa ao fundo. E assim seguiu o jantar. Aécio solto. Ideli com ares de incômodo. Gleisi Hoffmann, entretanto, não passou recibo.
Todo mundo notou/ …Que o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o da Câmara, Henrique Eduardo Alves, conversaram pouco na festa de confraternização na casa de Eunício Oliveira, na noite de terça-feira. Para completar, os dois fizeram ontem recepções distintas de fim de ano para as bancadas do partido.
Observadores/ Convidado a acompanhar o segundo turno das eleições presidenciais no Chile, no próximo domingo, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Aurélio Mello, designou para a missão o vice-presidente, Dias Toffoli, e o assessor internacional do TSE, o diplomata Tarcísio Costa. Disputam o pleito a ex-presidente Michelle Bachelet e a candidata governista, Evelyn Matthei.
Explica-se aí também a corrida de Lula para a filiação de Josué Alencar, filho do falecido vice-presidente José Alencar, ao PMDB de Minas Gerais. Ali, o empresário passa a servir de contrapeso para evitar o fortalecimento das lideranças petistas do estado, inclusive do ministro de Indústria e Comércio, Fernando Pimentel. Sabe-se hoje que, lideranças fortes do PT, num estado como Minas Gerais, poderiam levar a um deslocamento do eixo de poder petista. Isso Lula não quer. O que vale hoje ali é todo poder à aldeia, no caso, São Paulo.
Em campanha
O atual líder do PT, José Nobre Guimarães, deixa o cargo no ano que vem e já começa a se movimentar para substituir Arlindo Chinaglia (PT-SP) na liderança do governo na Câmara. Em várias reuniões ele tem dito que a articulação do Planalto na Casa é falha.
Pressão total
O alto comando do PT de Minas Gerais baixou em peso na presidência da Confederação Nacional do Transporte (CNT) para um jantar com o senador Clésio Andrade na terça-feira. Foram tentar buscar o apoio do peemedebista para a candidatura de Fernando Pimentel ao governo do estado. Como bom mineiro, Clésio não fechou a porta, mas deixou claro que a prioridade do PMDB é lançar um candidato próprio.
Mãos atadas
O vice-presidente Michel Temer conversou, mas evitou assumir compromissos que permitissem a votação do Orçamento da União. Não quis fechar nada que pudesse ser, posteriormente, desfeito pela presidente Dilma Rousseff.
Conversa dos presidentes
Nas 10 horas de voo dos presidentes até a África do Sul, Lula, de saída, cortou as conversas mais sérias: “Estamos numa posição em que não podemos censurar ninguém, nem discutir assuntos controversos. Estamos todos representados”. Assim, a conversa foi light. Na ida, a vida de Mandela. Fernando Henrique Cardoso puxou assunto sobre a Academia Brasileira de Letras, da qual é integrante, assim como José Sarney. Dilma, uma amante da literatura, logo se interessou. Lula e Fernando Collor entraram depois.
“O prazo para votação do Orçamento é 17 de dezembro. Falta, entretanto, combinar com os russos, gregos, alemães, enfim, todos” - Lobão Filho (MA), senador e presidente da Comissão Mista de Orçamento, ao comentar as dificuldades de aprovar a lei orçamentária na última semana de funcionamento do Congresso.
Parecia anfitrião/ Quem chegava à casa de Eunício Oliveira na noite de terça-feira via logo na primeira mesa, a principal, o senador Aécio Neves, do PSDB. Sentado ao lado do senador e primo Francisco Dornelles (PP); de Vital do Rêgo, do PMDB; e do ex-deputado Geddel Vieira Lima, ele recebia todos distribuindo simpatia. E não tinha jeito, era passar por ele ou cair na piscina.
Parecia incomodada/ Eis que, de repente, chega a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Ela cumprimenta o senador tucano, mas não consegue esconder a expressão de desconforto. Vai para uma mesa ao fundo. E assim seguiu o jantar. Aécio solto. Ideli com ares de incômodo. Gleisi Hoffmann, entretanto, não passou recibo.
Todo mundo notou/ …Que o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o da Câmara, Henrique Eduardo Alves, conversaram pouco na festa de confraternização na casa de Eunício Oliveira, na noite de terça-feira. Para completar, os dois fizeram ontem recepções distintas de fim de ano para as bancadas do partido.
Observadores/ Convidado a acompanhar o segundo turno das eleições presidenciais no Chile, no próximo domingo, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Aurélio Mello, designou para a missão o vice-presidente, Dias Toffoli, e o assessor internacional do TSE, o diplomata Tarcísio Costa. Disputam o pleito a ex-presidente Michelle Bachelet e a candidata governista, Evelyn Matthei.
Cruzando os dedos - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 12/12
O Palácio do Planalto monitorou ontem o julgamento no Supremo Tribunal Federal sobre doações de empresas para campanhas eleitorais. A expectativa de auxiliares de Dilma Rousseff é que a regra de proibição do financiamento seja aprovada, e a dúvida é se ela valerá já para 2014. A avaliação dos assessores é que a vedação, na prática, favorecerá candidatos que estão no poder, como a petista. Os adversários terão menos recursos para viabilizar a tarefa de se tornar conhecidos.
Vai que cola O governo ainda vai tentar "vender" a proibição como fruto dos cinco pactos lançados por Dilma após os protestos de junho.
Olho... O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Marco Aurélio Mello, indicou os ministros auxiliares que vão fiscalizar propaganda antecipada de pré-candidatos à Presidência.
... na tela Dois são do STJ: os ministros Maria Thereza e Humberto Martins. O terceiro é Admar Gonzaga, que foi advogado do PSD e hoje é ministro substituto.
Agrega valor Eduardo Campos (PSB) falou por telefone na terça-feira com José Luiz Penna, presidente nacional do PV. O presidenciável, que busca o apoio dos verdes, combinou de conversar com o dirigente pessoalmente.
Noivado Roberto Freire vai ao Recife na segunda-feira para anunciar a decisão do PPS de indicar seu apoio ao governador pernambucano. Freire quer que o partido ajude a elaborar o programa de governo de PSB e Rede.
Ponto final O presidente do PPS responde às críticas feitas por tucanos à indicação de apoio a Campos, em detrimento de Aécio Neves: "O PPS tem independência e faz o que bem entender. Não precisamos dar satisfação a outros partidos".
Aleluia 1 O líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), procurou deputados da bancada evangélica para negar que Campos, se eleito, vai acabar com a imunidade tributária das igrejas.
Aleluia 2 O boato foi difundido nas redes sociais a partir de proposta feita por um eleitor no site Mudando o Brasil, que recolhe ideias para o plano de governo.
Tá... José Eduardo Cardozo ofereceu queixa-crime anteontem no Tribunal Regional Federal da 3ª Região contra José Anibal (PSDB-SP), por ter utilizado "expressões injuriosas" sobre ele para rebater denúncias de corrupção em licitações de metrô do governo de São Paulo.
... registrado Anibal chamou o ministro da Justiça de "vigarista" e o acusou de falsificar documentos. A queixa, a cargo do escritório Bottini e Tamasauskas, pede condenação criminal do secretário de Energia paulista.
Chega mais Dilma vai convidar Joaquim Barbosa para o coquetel de fim de ano com líderes partidários, no Palácio do Alvorada, que acontece semana que vem.
Em tempo O gesto é interpretado como uma tentativa de desfazer o mal-estar com o presidente do STF, que não foi chamado para compor a comitiva brasileira no funeral de Nelson Mandela.
Cérebro Gilberto Kassab (PSD) incentiva, nos bastidores, a aproximação de PSB e Rede com o pré-candidato do PMDB ao governo paulista, Paulo Skaf. O plano inclui lançar Walter Feldman como vice de Skaf. Tudo para atrapalhar a aliança de Geraldo Alckmin (PSDB) à reeleição.
Lado B Pessebistas que negociam com Alckmin já admitem aderir a Skaf como opção. O receio é que Michel Temer (PMDB) intervenha para evitar dar palanque a Eduardo Campos em São Paulo.
Visita à Folha Celso Lafer, presidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Carlos Eduardo Lins da Silva, consultor em Comunicação e ouvidor da Fapesp.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"A nova Executiva do PT quebra a lógica do colegiado e retoma o hegemonismo que foi a razão das nossas crises recentes."
DO DEPUTADO PAULO TEIXEIRA (PT-SP), candidato derrotado à presidência do partido, sobre o predomínio do campo majoritário na nova direção petista.
contraponto
A má educação
Em sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, ontem, Esperidião Amin (PP-SC) se posicionou contra a realização de um seminário para debater financiamento de campanha. Chico Alencar (PSOL-RJ) brincou:
--Esperidião, me admira você, católico praticante, ser contra seminário.
--Só estive por dois anos em seminário, Chico, ainda menino. Não tenho compromisso de ser a favor deles pelo resto da vida! --respondeu Amin, rindo.
O Palácio do Planalto monitorou ontem o julgamento no Supremo Tribunal Federal sobre doações de empresas para campanhas eleitorais. A expectativa de auxiliares de Dilma Rousseff é que a regra de proibição do financiamento seja aprovada, e a dúvida é se ela valerá já para 2014. A avaliação dos assessores é que a vedação, na prática, favorecerá candidatos que estão no poder, como a petista. Os adversários terão menos recursos para viabilizar a tarefa de se tornar conhecidos.
Vai que cola O governo ainda vai tentar "vender" a proibição como fruto dos cinco pactos lançados por Dilma após os protestos de junho.
Olho... O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Marco Aurélio Mello, indicou os ministros auxiliares que vão fiscalizar propaganda antecipada de pré-candidatos à Presidência.
... na tela Dois são do STJ: os ministros Maria Thereza e Humberto Martins. O terceiro é Admar Gonzaga, que foi advogado do PSD e hoje é ministro substituto.
Agrega valor Eduardo Campos (PSB) falou por telefone na terça-feira com José Luiz Penna, presidente nacional do PV. O presidenciável, que busca o apoio dos verdes, combinou de conversar com o dirigente pessoalmente.
Noivado Roberto Freire vai ao Recife na segunda-feira para anunciar a decisão do PPS de indicar seu apoio ao governador pernambucano. Freire quer que o partido ajude a elaborar o programa de governo de PSB e Rede.
Ponto final O presidente do PPS responde às críticas feitas por tucanos à indicação de apoio a Campos, em detrimento de Aécio Neves: "O PPS tem independência e faz o que bem entender. Não precisamos dar satisfação a outros partidos".
Aleluia 1 O líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), procurou deputados da bancada evangélica para negar que Campos, se eleito, vai acabar com a imunidade tributária das igrejas.
Aleluia 2 O boato foi difundido nas redes sociais a partir de proposta feita por um eleitor no site Mudando o Brasil, que recolhe ideias para o plano de governo.
Tá... José Eduardo Cardozo ofereceu queixa-crime anteontem no Tribunal Regional Federal da 3ª Região contra José Anibal (PSDB-SP), por ter utilizado "expressões injuriosas" sobre ele para rebater denúncias de corrupção em licitações de metrô do governo de São Paulo.
... registrado Anibal chamou o ministro da Justiça de "vigarista" e o acusou de falsificar documentos. A queixa, a cargo do escritório Bottini e Tamasauskas, pede condenação criminal do secretário de Energia paulista.
Chega mais Dilma vai convidar Joaquim Barbosa para o coquetel de fim de ano com líderes partidários, no Palácio do Alvorada, que acontece semana que vem.
Em tempo O gesto é interpretado como uma tentativa de desfazer o mal-estar com o presidente do STF, que não foi chamado para compor a comitiva brasileira no funeral de Nelson Mandela.
Cérebro Gilberto Kassab (PSD) incentiva, nos bastidores, a aproximação de PSB e Rede com o pré-candidato do PMDB ao governo paulista, Paulo Skaf. O plano inclui lançar Walter Feldman como vice de Skaf. Tudo para atrapalhar a aliança de Geraldo Alckmin (PSDB) à reeleição.
Lado B Pessebistas que negociam com Alckmin já admitem aderir a Skaf como opção. O receio é que Michel Temer (PMDB) intervenha para evitar dar palanque a Eduardo Campos em São Paulo.
Visita à Folha Celso Lafer, presidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Carlos Eduardo Lins da Silva, consultor em Comunicação e ouvidor da Fapesp.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"A nova Executiva do PT quebra a lógica do colegiado e retoma o hegemonismo que foi a razão das nossas crises recentes."
DO DEPUTADO PAULO TEIXEIRA (PT-SP), candidato derrotado à presidência do partido, sobre o predomínio do campo majoritário na nova direção petista.
contraponto
A má educação
Em sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, ontem, Esperidião Amin (PP-SC) se posicionou contra a realização de um seminário para debater financiamento de campanha. Chico Alencar (PSOL-RJ) brincou:
--Esperidião, me admira você, católico praticante, ser contra seminário.
--Só estive por dois anos em seminário, Chico, ainda menino. Não tenho compromisso de ser a favor deles pelo resto da vida! --respondeu Amin, rindo.
Ciro Gomes vem aí - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 12/12
Os petistas estão contrariados, mas não há muito mais o que fazer. Eles perderam a batalha para escalar o secretário-executivo Mozart Sales para suceder a Alexandre Padilha na Saúde. A presidente Dilma deu sinais de que quer um ministro do tamanho do cargo, do maior orçamento da Esplanada, e que tenha estofo para enfrentar o debate político com a oposição no ano eleitoral.
Mandela fez milagre
Os ex-presidentes, e gladiadores em público, Fernando Henrique e Lula trocaram gentilezas e conversaram civilizadamente nas mais de 30 horas de voo, ida e volta, para o funeral de Nelson Mandela, na África do Sul. Sentados na cabine da presidente Dilma, o ambiente ficou descontraído no começo da viagem quando Lula definiu, brincando, as regras do jogo: "Aqui ninguém pode tratar de assuntos controversos, porque estão todos representados". Já que não podiam falar mal uns dos outros, passaram o tempo recordando seus encontros com Mandela, a grandiosidade do funeral, o peso diplomático da cerimônia e o papel e a popularidade do ex-presidente africano.
Dividindo o mesmo teto
Para chegar aos carros que os levaria do funeral de Mandela para o aeroporto, a presidente Dilma e o ex-presidente Fernando Henrique dividiram o mesmo guarda-chuva. Em outro, estavam lado a lado os ex-presidentes Lula e José Sarney.
"A candidatura do Pezão é inegociável. Ninguém tenha ilusão em relação a isso. Ele assume o governo em abril"
Sérgio Cabral
Governador (RJ), sobre a candidatura do vice Luiz Fernando Pezão ao Palácio Guanabara
Cochicho
Em recente viagem à China, o vice Michel Temer ouviu do vice chinês, Li Yuanchao, a promessa de que o seu país vai reduzir a compra de soja dos Estados Unidos para ampliar a importação do grão do Brasil. "Só espero que o Obama não esteja ouvindo a gente combinar isso", brincou o chinês, sobre o escândalo da arapongagem americana.
Quando pimenta vira colírio
A crença no governo Dilma é que o escândalo Siemens/Alstom, em São Paulo, vai ganhar asas e voar agora que a Polícia Federal assumiu o caso. Um ministro resume: "Pau que dá em Chico bate em Francisco". O caso foi batizado de "tremsalão".
Figurinha carimbada
Cassada pelo TRE de seu estado, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) é velha conhecida no TSE. Quando foi eleita senadora, em 2006, e governadora, em 2010, dois pedidos de cassação chegaram ao TSE. Em ambos ela foi absolvida. O relator e voto vencido, nos dois casos, foi o atual presidente do Tribunal, Marco Aurélio Mello.
A palavra final
Mesmo os mais ardorosos defensores da candidatura do senador petista Lindbergh Farias ao governo do Rio reconhecem que é preciso deixar as portas abertas. Um deles explica a posição do PT: "Vai depender muito do Lula".
As grifes
O DEM faz suas apostas para 2014. No programa de TV que será exibido hoje, brilham o senador José Agripino (RN), o ex-governador Paulo Souto (BA) e os deputados Ronaldo Caiado (GO), Onyx Lorenzoni (RS) e Mendonça Filho (PE).
CAFUNÉ. A presidente Dilma só se refere ao líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), chamando-o carinhosamente de "meu indiozinho".
Mandela fez milagre
Os ex-presidentes, e gladiadores em público, Fernando Henrique e Lula trocaram gentilezas e conversaram civilizadamente nas mais de 30 horas de voo, ida e volta, para o funeral de Nelson Mandela, na África do Sul. Sentados na cabine da presidente Dilma, o ambiente ficou descontraído no começo da viagem quando Lula definiu, brincando, as regras do jogo: "Aqui ninguém pode tratar de assuntos controversos, porque estão todos representados". Já que não podiam falar mal uns dos outros, passaram o tempo recordando seus encontros com Mandela, a grandiosidade do funeral, o peso diplomático da cerimônia e o papel e a popularidade do ex-presidente africano.
Dividindo o mesmo teto
Para chegar aos carros que os levaria do funeral de Mandela para o aeroporto, a presidente Dilma e o ex-presidente Fernando Henrique dividiram o mesmo guarda-chuva. Em outro, estavam lado a lado os ex-presidentes Lula e José Sarney.
"A candidatura do Pezão é inegociável. Ninguém tenha ilusão em relação a isso. Ele assume o governo em abril"
Sérgio Cabral
Governador (RJ), sobre a candidatura do vice Luiz Fernando Pezão ao Palácio Guanabara
Cochicho
Em recente viagem à China, o vice Michel Temer ouviu do vice chinês, Li Yuanchao, a promessa de que o seu país vai reduzir a compra de soja dos Estados Unidos para ampliar a importação do grão do Brasil. "Só espero que o Obama não esteja ouvindo a gente combinar isso", brincou o chinês, sobre o escândalo da arapongagem americana.
Quando pimenta vira colírio
A crença no governo Dilma é que o escândalo Siemens/Alstom, em São Paulo, vai ganhar asas e voar agora que a Polícia Federal assumiu o caso. Um ministro resume: "Pau que dá em Chico bate em Francisco". O caso foi batizado de "tremsalão".
Figurinha carimbada
Cassada pelo TRE de seu estado, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) é velha conhecida no TSE. Quando foi eleita senadora, em 2006, e governadora, em 2010, dois pedidos de cassação chegaram ao TSE. Em ambos ela foi absolvida. O relator e voto vencido, nos dois casos, foi o atual presidente do Tribunal, Marco Aurélio Mello.
A palavra final
Mesmo os mais ardorosos defensores da candidatura do senador petista Lindbergh Farias ao governo do Rio reconhecem que é preciso deixar as portas abertas. Um deles explica a posição do PT: "Vai depender muito do Lula".
As grifes
O DEM faz suas apostas para 2014. No programa de TV que será exibido hoje, brilham o senador José Agripino (RN), o ex-governador Paulo Souto (BA) e os deputados Ronaldo Caiado (GO), Onyx Lorenzoni (RS) e Mendonça Filho (PE).
CAFUNÉ. A presidente Dilma só se refere ao líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), chamando-o carinhosamente de "meu indiozinho".
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 12/12
Ocupação de hotéis termina ano estagnada
A taxa de ocupação do setor hoteleiro do país fechará 2013 em 66,5% --alta de 0,24 ponto percentual ante 2012, de acordo com dados do Fohb ( Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil).
A estabilidade é decorrente de uma maior oferta de apartamentos. "Mas o PIB também não tem ajudado muito", diz o presidente da entidade, Roberto Rotter.
"A hotelaria acompanha o desempenho da economia de forma mais acentuada. Quando a produção cresce, o setor avança mais. Quando se retrai, também tem quedas maiores", afirma.
Em algumas cidades, como Porto Alegre e Salvador, a ocupação diminuiu 6%. "Ocorreu uma substituição de destinos dos eventos, que costumam circular por cidades diferentes a cada ano."
A receita por quarto, porém, cresceu em média 6% em todo o país, na comparação com o ano anterior. Os hotéis de luxo puxaram essa elevação, segundo Rotter.
"Os segmentos médio e econômico devem conseguir apenas um incremento que reponha a inflação."
O executivo se diz preocupado com o futuro da indústria hoteleira nos próximos anos, quando obras de novos projetos serão entregues.
Até o fim de 2015, deverão haver mais 200 empreendimentos em operação --hoje são 600 ligados ao Fohb.
"Hotéis planejados há cinco anos estão em fase de conclusão. Estamos investindo, mas como vamos preencher todos esses quartos? A tendência é que a ocupação caia. Nesse caso, poderá atingir um cenário mais crítico."
Para o ano que vem, Rotter projeta um crescimento de 6% na ocupação e de 8% na receita (sem descontar a inflação). "Estou sendo otimista", acrescenta.
Crescem acordos de conta de luz atrasada, afirma empresa
A AES Eletropaulo dobrou o número de negociações de débitos pendentes neste ano, na comparação com 2012.
O resultado é atribuído a um projeto embrionário que oferece atendimento ao público aos sábados por meio de feirões, segundo José Carlos Reis, gerente da empresa.
"Às vezes, as pessoas deixam de quitar seus débitos conosco porque não têm tempo para se dirigir a uma unidade em horário comercial durante a semana", diz.
Nos 20 eventos realizados em 2013 --de um a dois sábados por mês--, foram feitos 4.000 acordos, um montante de R$ 6 milhões.
Para o próximo ano, será desenvolvida uma tecnologia que permitirá a negociação de débitos pela internet.
Hoje, é possível discutir as contas pela internet, mas de maneira pouco flexível, de acordo com o gerente.
"Projetamos uma alta de 20% no número de acordos e nos valores."
Os devedores negociam, em média, quatro a cinco contas em atraso. As dívidas variam entre R$ 500 e R$ 800, em parcelas de até seis vezes.
"Em casos excepcionais, como em perda de emprego, o desconto chega a 50%."
FROTA DE ÔNIBUS RUMO À COLÔMBIA
A multinacional Scania fechou um contrato para o fornecimento de 269 chassis de ônibus para o sistema de transporte público de Bogotá, na Colômbia, em um negócio de US$ 32 milhões (cerca de R$ 75 milhões).
Os veículos serão produzidos no Brasil, na fábrica de São Bernardo do Campo (SP).
Essa é a maior comercialização de ônibus urbanos feita de uma só vez na história da empresa na América Latina, segundo o grupo sueco.
Além da venda, fechada com o consócio Tranzit SAS, o acordo prevê um plano de manutenção dos equipamentos pelo período de 12 anos.
"É algo inédito em negócios desse tipo. Geralmente, os contratos [de manutenção] são para até cinco [anos]", diz Enrique Enrich, executivo responsável pelas operações da companhia na Colômbia.
Hoje, outros 230 ônibus da montadora circulam no sistema de transporte de Bogotá. "Estamos no país há apenas três anos, mas com negócios crescentes", diz.
CAUTELA BRITÂNICA
O índice de confiança do consumidor britânico caiu um ponto em novembro em relação ao mês anterior, segundo a consultoria GfK.
O indicador passou de -11 em outubro para -12 no mês passado --a escala varia entre -100 e 100 (quanto mais alto o valor, maior a confiança do consumidor).
Três dos cinco critérios que compõem o índice recuaram no período. O patamar mais baixo ficou com a avaliação da economia nos últimos 12 meses: -26 pontos.
Foram ouvidas para o estudo 2.014 pessoas acima dos 16 anos de idade.
Foco no... O IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação) abre em fevereiro um escritório em São Paulo para atender o setor automotivo. Serão investidos R$ 4 milhões na filial, que será chefiada por Cristiano Lisboa Yazbek.
...automotivo Com 21 anos de existência, o IBPT tem dois escritórios no Paraná.
Ocupação de hotéis termina ano estagnada
A taxa de ocupação do setor hoteleiro do país fechará 2013 em 66,5% --alta de 0,24 ponto percentual ante 2012, de acordo com dados do Fohb ( Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil).
A estabilidade é decorrente de uma maior oferta de apartamentos. "Mas o PIB também não tem ajudado muito", diz o presidente da entidade, Roberto Rotter.
"A hotelaria acompanha o desempenho da economia de forma mais acentuada. Quando a produção cresce, o setor avança mais. Quando se retrai, também tem quedas maiores", afirma.
Em algumas cidades, como Porto Alegre e Salvador, a ocupação diminuiu 6%. "Ocorreu uma substituição de destinos dos eventos, que costumam circular por cidades diferentes a cada ano."
A receita por quarto, porém, cresceu em média 6% em todo o país, na comparação com o ano anterior. Os hotéis de luxo puxaram essa elevação, segundo Rotter.
"Os segmentos médio e econômico devem conseguir apenas um incremento que reponha a inflação."
O executivo se diz preocupado com o futuro da indústria hoteleira nos próximos anos, quando obras de novos projetos serão entregues.
Até o fim de 2015, deverão haver mais 200 empreendimentos em operação --hoje são 600 ligados ao Fohb.
"Hotéis planejados há cinco anos estão em fase de conclusão. Estamos investindo, mas como vamos preencher todos esses quartos? A tendência é que a ocupação caia. Nesse caso, poderá atingir um cenário mais crítico."
Para o ano que vem, Rotter projeta um crescimento de 6% na ocupação e de 8% na receita (sem descontar a inflação). "Estou sendo otimista", acrescenta.
Crescem acordos de conta de luz atrasada, afirma empresa
A AES Eletropaulo dobrou o número de negociações de débitos pendentes neste ano, na comparação com 2012.
O resultado é atribuído a um projeto embrionário que oferece atendimento ao público aos sábados por meio de feirões, segundo José Carlos Reis, gerente da empresa.
"Às vezes, as pessoas deixam de quitar seus débitos conosco porque não têm tempo para se dirigir a uma unidade em horário comercial durante a semana", diz.
Nos 20 eventos realizados em 2013 --de um a dois sábados por mês--, foram feitos 4.000 acordos, um montante de R$ 6 milhões.
Para o próximo ano, será desenvolvida uma tecnologia que permitirá a negociação de débitos pela internet.
Hoje, é possível discutir as contas pela internet, mas de maneira pouco flexível, de acordo com o gerente.
"Projetamos uma alta de 20% no número de acordos e nos valores."
Os devedores negociam, em média, quatro a cinco contas em atraso. As dívidas variam entre R$ 500 e R$ 800, em parcelas de até seis vezes.
"Em casos excepcionais, como em perda de emprego, o desconto chega a 50%."
FROTA DE ÔNIBUS RUMO À COLÔMBIA
A multinacional Scania fechou um contrato para o fornecimento de 269 chassis de ônibus para o sistema de transporte público de Bogotá, na Colômbia, em um negócio de US$ 32 milhões (cerca de R$ 75 milhões).
Os veículos serão produzidos no Brasil, na fábrica de São Bernardo do Campo (SP).
Essa é a maior comercialização de ônibus urbanos feita de uma só vez na história da empresa na América Latina, segundo o grupo sueco.
Além da venda, fechada com o consócio Tranzit SAS, o acordo prevê um plano de manutenção dos equipamentos pelo período de 12 anos.
"É algo inédito em negócios desse tipo. Geralmente, os contratos [de manutenção] são para até cinco [anos]", diz Enrique Enrich, executivo responsável pelas operações da companhia na Colômbia.
Hoje, outros 230 ônibus da montadora circulam no sistema de transporte de Bogotá. "Estamos no país há apenas três anos, mas com negócios crescentes", diz.
CAUTELA BRITÂNICA
O índice de confiança do consumidor britânico caiu um ponto em novembro em relação ao mês anterior, segundo a consultoria GfK.
O indicador passou de -11 em outubro para -12 no mês passado --a escala varia entre -100 e 100 (quanto mais alto o valor, maior a confiança do consumidor).
Três dos cinco critérios que compõem o índice recuaram no período. O patamar mais baixo ficou com a avaliação da economia nos últimos 12 meses: -26 pontos.
Foram ouvidas para o estudo 2.014 pessoas acima dos 16 anos de idade.
Foco no... O IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação) abre em fevereiro um escritório em São Paulo para atender o setor automotivo. Serão investidos R$ 4 milhões na filial, que será chefiada por Cristiano Lisboa Yazbek.
...automotivo Com 21 anos de existência, o IBPT tem dois escritórios no Paraná.
Maconheiro estatal - CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O GLOBO - 12/12
A ideia de legalizar é, na origem, liberal. Melhor deixar a escolha por conta do cidadão livre, o mercado para a livre iniciativa
Legalizar a maconha não é uma boa ideia. Mas pode levar a uma situação menos ruim que a atual. Os usuários continuariam aí — e necessitando de cuidados —, mas os traficantes perderiam o mercado e, pois, o dinheiro com o qual ganham a guerra, assassinando desde adversários até usuários inadimplentes, intimidando e corrompendo policiais, juízes e governantes. O Estado economizaria bilhões hoje torrados em operações policiais.
E por que legalizar só a maconha ou inicialmente a maconha? Porque é a menos prejudicial das drogas e porque forma a maior parte do mercado.
A tese não é nova. Tem sido debatida por um grupo de ex-presidentes, incluindo Fernando Henrique Cardoso. Nos EUA, os estados de Colorado e Washington aprovaram há um ano o “uso recreativo da maconha”, sob regras, agora estabelecidas, que organizam a produção e a venda. No Uruguai, o Congresso acaba de legalizar a maconha, prevendo normas que ainda serão explicitadas por ato do presidente José “Pepe” Mujica.
É curioso. A ideia de legalizar é, na origem, liberal. Melhor deixar a escolha por conta do cidadão livre, o mercado para a livre iniciativa. Decisão polêmica, certamente, e mais ainda para o esquerdista Mujica. Consequência: o governo uruguaio tenta dar à ideia uma aparência de política pública de esquerda. Quer sair das sombras do tráfico para o controle total do Estado.
Acreditem: nas primeiras discussões, Mujica e seus seguidores falaram em estatizar tudo, desde as fazendas de cannabis até as fábricas de cigarros e as redes de varejo. A lei aprovada nesta semana não foi assim explícita. Prevê, por exemplo, o licenciamento de produtores, mas não diz como isso será feito, nem quais empresas poderão se habilitar. Fica claro, porém, que todo o processo, inclusive a importação de sementes e eventual exportação de maconha, será controlado diretamente pelo Estado.
Entre “entregar” o negócio ao capital privado que só busca lucro e criar uma superestatal agroindustrial e comercial, no que o leitor apostaria?
Os consumidores, esses serão estatizados. Para comprar os cigarros, a pessoa, maior de 18 anos, precisa se cadastrar em um órgão governamental. Terá assim uma carteirinha de maconheiro, com a qual poderá comprar até 40 cigarros por mês.
O preço será tabelado pelo governo. Talvez um dólar por cigarro, para competir com o tráfico, dizem as autoridades, e também para não se tornar uma atividade muito lucrativa. Ora, se não for lucrativa, terá que ser assumida ou subsidiada pelo Estado.
Usuários poderão plantar e processar sua própria erva, em casa. Isso com licença do governo, limitada a seis plantas por domicílio, sob rigorosa fiscalização, claro.
Então, vamos reparar? É ou não é uma das melhores ideias de jerico já produzidas pela esquerda latino-americana? Estatizar e subsidiar o barato é uma proeza.
Mas, dirão, a maconha estatizada deve ser melhor que um mercado dominado pelo tráfico. Seria, se a estatizada não estivesse prontinha para cair nas mãos dos traficantes.
Começa pela carteirinha de maconheiro. Digamos que uma minoria de militantes da droga tope isso, para marcar posição. Mas o maconheiro, digamos, normal, não vai querer manchar seu nome.
Não é por que terá sido legalizada que a maconha ganhará aprovação social e absolvição médica. Todos sabem que a droga é nociva, vicia e prejudica o desempenho das pessoas.
Assim, companhias aéreas, empresas de ônibus, construtoras, fábricas com equipamentos complexos têm um bom argumento para recusar os maconheiros oficiais. Isso cria uma questão jurídica. Se a maconha é legal, como a empresa pode discriminar o usuário? Por outro lado, admitindo que tudo esteja montado, forma-se um baita mercado. Cada maconheiro oficial tem direito a 40 cigarros/mês. Eis um novo emprego. Os traficantes vão mobilizar “funcionários” que ganharão algum dinheiro sem trabalhar, apenas se registrando como maconheiros.
Na verdade, a produção estatizada vai dispensar o tráfico de boa parte do plantio, produção e distribuição. Se os traficantes hoje compram até juízes, não conseguirão seduzir um funcionário de uma lojinha oficial? Ou convencer moradores a plantar e vender o excedente? Vão financiar a produção doméstica.
Finalmente, todo o complexo estatal da maconha será um grande negócio. Ou seja, muitos cargos — e dinheiro — para serem disputados pelos políticos.
Quem defende a legalização da maconha reconhece que a maior dificuldade é justamente o processo. A estatização à Uruguai é a pior proposta. As regras dos estados americanos? Próximo assunto.
A ideia de legalizar é, na origem, liberal. Melhor deixar a escolha por conta do cidadão livre, o mercado para a livre iniciativa
Legalizar a maconha não é uma boa ideia. Mas pode levar a uma situação menos ruim que a atual. Os usuários continuariam aí — e necessitando de cuidados —, mas os traficantes perderiam o mercado e, pois, o dinheiro com o qual ganham a guerra, assassinando desde adversários até usuários inadimplentes, intimidando e corrompendo policiais, juízes e governantes. O Estado economizaria bilhões hoje torrados em operações policiais.
E por que legalizar só a maconha ou inicialmente a maconha? Porque é a menos prejudicial das drogas e porque forma a maior parte do mercado.
A tese não é nova. Tem sido debatida por um grupo de ex-presidentes, incluindo Fernando Henrique Cardoso. Nos EUA, os estados de Colorado e Washington aprovaram há um ano o “uso recreativo da maconha”, sob regras, agora estabelecidas, que organizam a produção e a venda. No Uruguai, o Congresso acaba de legalizar a maconha, prevendo normas que ainda serão explicitadas por ato do presidente José “Pepe” Mujica.
É curioso. A ideia de legalizar é, na origem, liberal. Melhor deixar a escolha por conta do cidadão livre, o mercado para a livre iniciativa. Decisão polêmica, certamente, e mais ainda para o esquerdista Mujica. Consequência: o governo uruguaio tenta dar à ideia uma aparência de política pública de esquerda. Quer sair das sombras do tráfico para o controle total do Estado.
Acreditem: nas primeiras discussões, Mujica e seus seguidores falaram em estatizar tudo, desde as fazendas de cannabis até as fábricas de cigarros e as redes de varejo. A lei aprovada nesta semana não foi assim explícita. Prevê, por exemplo, o licenciamento de produtores, mas não diz como isso será feito, nem quais empresas poderão se habilitar. Fica claro, porém, que todo o processo, inclusive a importação de sementes e eventual exportação de maconha, será controlado diretamente pelo Estado.
Entre “entregar” o negócio ao capital privado que só busca lucro e criar uma superestatal agroindustrial e comercial, no que o leitor apostaria?
Os consumidores, esses serão estatizados. Para comprar os cigarros, a pessoa, maior de 18 anos, precisa se cadastrar em um órgão governamental. Terá assim uma carteirinha de maconheiro, com a qual poderá comprar até 40 cigarros por mês.
O preço será tabelado pelo governo. Talvez um dólar por cigarro, para competir com o tráfico, dizem as autoridades, e também para não se tornar uma atividade muito lucrativa. Ora, se não for lucrativa, terá que ser assumida ou subsidiada pelo Estado.
Usuários poderão plantar e processar sua própria erva, em casa. Isso com licença do governo, limitada a seis plantas por domicílio, sob rigorosa fiscalização, claro.
Então, vamos reparar? É ou não é uma das melhores ideias de jerico já produzidas pela esquerda latino-americana? Estatizar e subsidiar o barato é uma proeza.
Mas, dirão, a maconha estatizada deve ser melhor que um mercado dominado pelo tráfico. Seria, se a estatizada não estivesse prontinha para cair nas mãos dos traficantes.
Começa pela carteirinha de maconheiro. Digamos que uma minoria de militantes da droga tope isso, para marcar posição. Mas o maconheiro, digamos, normal, não vai querer manchar seu nome.
Não é por que terá sido legalizada que a maconha ganhará aprovação social e absolvição médica. Todos sabem que a droga é nociva, vicia e prejudica o desempenho das pessoas.
Assim, companhias aéreas, empresas de ônibus, construtoras, fábricas com equipamentos complexos têm um bom argumento para recusar os maconheiros oficiais. Isso cria uma questão jurídica. Se a maconha é legal, como a empresa pode discriminar o usuário? Por outro lado, admitindo que tudo esteja montado, forma-se um baita mercado. Cada maconheiro oficial tem direito a 40 cigarros/mês. Eis um novo emprego. Os traficantes vão mobilizar “funcionários” que ganharão algum dinheiro sem trabalhar, apenas se registrando como maconheiros.
Na verdade, a produção estatizada vai dispensar o tráfico de boa parte do plantio, produção e distribuição. Se os traficantes hoje compram até juízes, não conseguirão seduzir um funcionário de uma lojinha oficial? Ou convencer moradores a plantar e vender o excedente? Vão financiar a produção doméstica.
Finalmente, todo o complexo estatal da maconha será um grande negócio. Ou seja, muitos cargos — e dinheiro — para serem disputados pelos políticos.
Quem defende a legalização da maconha reconhece que a maior dificuldade é justamente o processo. A estatização à Uruguai é a pior proposta. As regras dos estados americanos? Próximo assunto.
Quanto antes, melhor - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 12/12
O Banco Central gostaria de que a operação monetária global mais temida começasse o quanto antes.
Foi o que afirmou o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em depoimento na terça-feira na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Ele se referiu ao programado desmonte da megaoperação de emissões de dólares do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Nada menos que US$ 85 bilhões são injetados todos os meses pelo Fed no mercado por meio da recompra de títulos, política denominada afrouxamento quantitativo (quantitative easing). E é esse movimento que agora deve ser lentamente revertido.
Duas são as questões levantadas pela declaração de Tombini: quais são as principais consequências de um eventual apressamento da operação de desmonte, que os americanos vêm chamando de tapering (afunilamento)? E por que o Banco Central do Brasil está interessado na rápida reversão desse jogo?
Para respostas adequadas a essas perguntas é preciso antes entender quais são os riscos que podem ser provocados por essa injeção gigantesca de dólares nos mercados. O primeiro é o de que as fortes emissões de moeda produzam hiperinflação. Outro risco é o de que, mal habituados à abundância de recursos, os mercados percam racionalidade. Um terceiro risco é que o excesso de dólares e a relativa escassez de ativos nos mercados encareçam demais os títulos do Tesouro dos Estados Unidos (e reduzam seu rendimento) e criem problemas para a administração das contas públicas e da dívida. E há ainda o risco de que, mal acostumadas ao excesso de moeda, as empresas norte-americanas reduzam suas aplicações mais ousadas.
Esse conjunto de riscos parece suficiente para criar relativa urgência na reversão da política de grandes emissões. Mas, se não for gradual e cuidadosa, essa reversão poderia provocar novos perigos. Um deles é o de que a relativa escassez de moeda provoque uma excessiva valorização do dólar em relação às demais moedas, o que ficou mais ou menos claro a partir de maio, quando o Fed anunciou que estudava o novo passo.
Além disso, a forte valorização do dólar poderá provocar deflação (queda constante dos preços) nos Estados Unidos, uma vez que tenderia a reduzir em dólares as cotações das commodities e os preços dos produtos importados pela economia americana. A deflação seria ruim na medida em que reduziria a arrecadação e, assim, alargaria os problemas fiscais dos Estados Unidos.
Do ponto de vista do Banco Central, quanto antes essa reversão comece, melhor: removeria forte elemento de incerteza e daria certo horizonte à condução da sua política cambial, sobretudo na oferta de proteção (hedge) para quem opera em reais (que deverão se desvalorizar) e tem compromissos em dólares. E, ainda, porque as desvalorizações relativas das outras moedas, desde que ocorram de forma ordenada, poderiam aumentar as importações de produtos brasileiros na Europa e na Ásia.
Na próxima quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Fed se reúne pela última vez neste ano e se esperam novas indicações dos seus próximos passos.
O Banco Central gostaria de que a operação monetária global mais temida começasse o quanto antes.
Foi o que afirmou o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em depoimento na terça-feira na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Ele se referiu ao programado desmonte da megaoperação de emissões de dólares do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Nada menos que US$ 85 bilhões são injetados todos os meses pelo Fed no mercado por meio da recompra de títulos, política denominada afrouxamento quantitativo (quantitative easing). E é esse movimento que agora deve ser lentamente revertido.
Duas são as questões levantadas pela declaração de Tombini: quais são as principais consequências de um eventual apressamento da operação de desmonte, que os americanos vêm chamando de tapering (afunilamento)? E por que o Banco Central do Brasil está interessado na rápida reversão desse jogo?
Para respostas adequadas a essas perguntas é preciso antes entender quais são os riscos que podem ser provocados por essa injeção gigantesca de dólares nos mercados. O primeiro é o de que as fortes emissões de moeda produzam hiperinflação. Outro risco é o de que, mal habituados à abundância de recursos, os mercados percam racionalidade. Um terceiro risco é que o excesso de dólares e a relativa escassez de ativos nos mercados encareçam demais os títulos do Tesouro dos Estados Unidos (e reduzam seu rendimento) e criem problemas para a administração das contas públicas e da dívida. E há ainda o risco de que, mal acostumadas ao excesso de moeda, as empresas norte-americanas reduzam suas aplicações mais ousadas.
Esse conjunto de riscos parece suficiente para criar relativa urgência na reversão da política de grandes emissões. Mas, se não for gradual e cuidadosa, essa reversão poderia provocar novos perigos. Um deles é o de que a relativa escassez de moeda provoque uma excessiva valorização do dólar em relação às demais moedas, o que ficou mais ou menos claro a partir de maio, quando o Fed anunciou que estudava o novo passo.
Além disso, a forte valorização do dólar poderá provocar deflação (queda constante dos preços) nos Estados Unidos, uma vez que tenderia a reduzir em dólares as cotações das commodities e os preços dos produtos importados pela economia americana. A deflação seria ruim na medida em que reduziria a arrecadação e, assim, alargaria os problemas fiscais dos Estados Unidos.
Do ponto de vista do Banco Central, quanto antes essa reversão comece, melhor: removeria forte elemento de incerteza e daria certo horizonte à condução da sua política cambial, sobretudo na oferta de proteção (hedge) para quem opera em reais (que deverão se desvalorizar) e tem compromissos em dólares. E, ainda, porque as desvalorizações relativas das outras moedas, desde que ocorram de forma ordenada, poderiam aumentar as importações de produtos brasileiros na Europa e na Ásia.
Na próxima quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Fed se reúne pela última vez neste ano e se esperam novas indicações dos seus próximos passos.
Em busca da credibilidade perdida - MARCELO CURADO
GAZETA DO POVO - PR - 12/12
Em 2003, muitos analistas ficaram surpresos com a adoção pelo novo governo do modelo de gestão da política econômica baseado no tripé meta de inflação, flutuação cambial e ajuste fiscal. Lula fez o certo ao manter praticamente intacto o modelo de gestão herdado de Fernando Henrique. Ganhou credibilidade do mercado e reduziu as incertezas na economia, ingredientes fundamentais, em conjunto com o ótimo ambiente externo, para a geração do ciclo de crescimento com estabilidade entre 2004 e 2008.
Em 2009, no contexto da crise financeira global, o governo implementou, assim como a maioria dos países, uma política macroeconômica anticíclica tipicamente keynesiana. A queda na taxa de juros e a redução do superávit primário do setor público foram fundamentais, em conjunto com as políticas conduzidas pelo Banco Central no interbancário, para manter o nível de demanda e de emprego, reduzindo os impactos da crise sobre a economia brasileira.
A recuperação de 2010 é a evidência dos acertos do Ministério da Fazenda e do Banco Central na condução da economia no contexto da crise, mas é justamente neste contexto de sucesso que deu-se o nascimento dos principais erros da gestão da política econômica recente. O governo brasileiro simplesmente vem mantendo nos últimos anos o mesmo padrão de gastos utilizado no contexto da crise financeira, ou seja, vem praticando uma política anticíclica num contexto de normalidade.
Aqueles que realmente leram Keynes, o pai da política anticíclica, sabem que seu uso deve ser limitado aos períodos de crise e que nos momentos de normalidade o superávit fiscal deve ser ampliado. A condução recente da política fiscal não pode ser classificada como ortodoxa ou keynesiana; trata-se simplesmente de uma irresponsabilidade. Ao mesmo tempo, o Banco Central demonstrou-se mais tolerante com a inflação, já que de fato desistiu de perseguir o centro da meta e passou a contentar-se em atingir o teto de 6,5% ao ano, o que na prática se traduziu numa elevação das expectativas de inflação, sem efeitos sobre o crescimento.
A falta de clareza na condução da política econômica e a adoção de intervencionismos inexplicáveis, tais como a política de maquiagem do preço da gasolina pela Petrobras, são fatores que ajudam a entender a rápida deterioração no estado de confiança e os baixos níveis de investimento produtivo, elementos centrais para entender o reduzido crescimento econômico dos últimos anos.
A solução para o impasse, ao contrário do que pensam alguns analistas, é reforçar o tripé da política macroeconômica vigente entre 1999 e 2008. O superávit primário precisa voltar a flutuar entre 4% e 5% do PIB e o centro da meta de inflação, de 4,5% ao ano, deve voltar a ser perseguido, o que implica, no curto prazo, na adoção de uma taxa de juro real mais elevada.
A solução é amarga e especialmente difícil de ser implementada num contexto pré-eleitoral, sobretudo a revisão da atual política fiscal. No entanto, o não enfrentamento das dificuldades pode ter um preço alto, entre os quais reavivar teses reacionárias que culpam, de forma equivocada, a política de distribuição da renda pelo baixo crescimento. A esperança é que Dilma ainda em 2014 olhe para o exemplo de Lula em 2003 e corrija os rumos da política econômica.
Em 2003, muitos analistas ficaram surpresos com a adoção pelo novo governo do modelo de gestão da política econômica baseado no tripé meta de inflação, flutuação cambial e ajuste fiscal. Lula fez o certo ao manter praticamente intacto o modelo de gestão herdado de Fernando Henrique. Ganhou credibilidade do mercado e reduziu as incertezas na economia, ingredientes fundamentais, em conjunto com o ótimo ambiente externo, para a geração do ciclo de crescimento com estabilidade entre 2004 e 2008.
Em 2009, no contexto da crise financeira global, o governo implementou, assim como a maioria dos países, uma política macroeconômica anticíclica tipicamente keynesiana. A queda na taxa de juros e a redução do superávit primário do setor público foram fundamentais, em conjunto com as políticas conduzidas pelo Banco Central no interbancário, para manter o nível de demanda e de emprego, reduzindo os impactos da crise sobre a economia brasileira.
A recuperação de 2010 é a evidência dos acertos do Ministério da Fazenda e do Banco Central na condução da economia no contexto da crise, mas é justamente neste contexto de sucesso que deu-se o nascimento dos principais erros da gestão da política econômica recente. O governo brasileiro simplesmente vem mantendo nos últimos anos o mesmo padrão de gastos utilizado no contexto da crise financeira, ou seja, vem praticando uma política anticíclica num contexto de normalidade.
Aqueles que realmente leram Keynes, o pai da política anticíclica, sabem que seu uso deve ser limitado aos períodos de crise e que nos momentos de normalidade o superávit fiscal deve ser ampliado. A condução recente da política fiscal não pode ser classificada como ortodoxa ou keynesiana; trata-se simplesmente de uma irresponsabilidade. Ao mesmo tempo, o Banco Central demonstrou-se mais tolerante com a inflação, já que de fato desistiu de perseguir o centro da meta e passou a contentar-se em atingir o teto de 6,5% ao ano, o que na prática se traduziu numa elevação das expectativas de inflação, sem efeitos sobre o crescimento.
A falta de clareza na condução da política econômica e a adoção de intervencionismos inexplicáveis, tais como a política de maquiagem do preço da gasolina pela Petrobras, são fatores que ajudam a entender a rápida deterioração no estado de confiança e os baixos níveis de investimento produtivo, elementos centrais para entender o reduzido crescimento econômico dos últimos anos.
A solução para o impasse, ao contrário do que pensam alguns analistas, é reforçar o tripé da política macroeconômica vigente entre 1999 e 2008. O superávit primário precisa voltar a flutuar entre 4% e 5% do PIB e o centro da meta de inflação, de 4,5% ao ano, deve voltar a ser perseguido, o que implica, no curto prazo, na adoção de uma taxa de juro real mais elevada.
A solução é amarga e especialmente difícil de ser implementada num contexto pré-eleitoral, sobretudo a revisão da atual política fiscal. No entanto, o não enfrentamento das dificuldades pode ter um preço alto, entre os quais reavivar teses reacionárias que culpam, de forma equivocada, a política de distribuição da renda pelo baixo crescimento. A esperança é que Dilma ainda em 2014 olhe para o exemplo de Lula em 2003 e corrija os rumos da política econômica.
Quando o pessimismo é normal - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 12/12
'Mercado' é pessimista demais, 'empresários', menos, diz governo, mas desânimo é médio e geral
OS "EMPRESÁRIOS" não são pessimistas como os "financistas", propagandeia o governo a fim de diluir as críticas a sua política econômica.
É difícil discutir uma afirmação de vagueza tão vaporosa. Mas, até onde a vista alcança os indicadores de expectativas e as previsões econômicas, não parece verdade o que diz o governo.
As previsões de crescimento da economia para 2014 andam em torno de 2%, inferior ao de 2013. Economistas de instituições financeiras e consultorias ouvidos semanalmente pelo BC dão o chute informado de 2,1%. Mas o pessoal da indústria paulista, pelo menos o da Fiesp, também acredita que o PIB cresce 2%. Tudo na mesma média, pois.
É verdade que tais previsões são feitas por economistas, que usam métodos parecidos de mastigar e cuspir números, não importan- do muito se assessoram associações da indústria, do comércio ou da finança.
Os economistas, porém, não trabalham só com matemáticas divertidas, pressupostos temerários e estatísticas mortas. Vários dos números que usam expressam a opinião de empresários sobre o futuro dos negócios, de modo direto ou indireto.
A Sondagem de Investimentos da Indústria de Transformação, da FGV, do bimestre passado, indica que a proporção de empresas que pretende investir mais em 2014 é semelhante àquela registrada em 2012 (para investir em 2013).
A confiança do consumidor, do empresário industrial, do comércio e da construção civil melhorou um pouco neste final de ano, mas está bem abaixo da média histórica.
A Federação do Comércio de São Paulo, por sua vez, acredita que o faturamento do setor vai crescer menos em 2014.
Os bancos dizem que o total de crédito no ano que vem vai crescer no mesmo ritmo de 2013, que não foi lá ruim, mas não serviu para impulsionar o crescimento. Trata-se do resultado de um exame de quanto é possível emprestar sem perder dinheiro demais e de quanto o cliente vai querer de crédito: uma avaliação da economia "real".
Outros donos do dinheiro grosso, credores do governo, expressam suas "opiniões" por meio da taxa de juro.
Os juros deram uma disparada desagradável em 2013. Logo, os donos do dinheiro, o "mercado", está "pessimista" sobre o futuro da economia nos próximos dois ou três anos.
Mas o próprio governo tratou de dizer que esse bicho não é tão feio, que a alta de juros não foi um voto de reprovação da política econômica ou do país (mas foi). Os juros subiram na praça, diz o pessoal do governo, porque o Banco Central está em campanha para elevá-los e devido a mudanças dos juros nos EUA.
É quase tudo verdade. De qualquer modo, o próprio governo afirma que "o mercado" (financistas) não está tão pessimista.
Enfim, da indústria ao comércio, passando pela finança, a impressão média e pouco dispersa é que 2014 será sem graça como 2013. Sim, os ânimos podem mudar, ainda mais se o governo parar de fazer bobagem, se o resto do mundo crescer algo mais, se a mudança da política econômica americana não for muito tumultuada (para nós) etc.
Por ora, há convergência sobre a mediocridade de 2014; se há "pessimismo", ele é disseminado. O governo está de desconversa mole.
'Mercado' é pessimista demais, 'empresários', menos, diz governo, mas desânimo é médio e geral
OS "EMPRESÁRIOS" não são pessimistas como os "financistas", propagandeia o governo a fim de diluir as críticas a sua política econômica.
É difícil discutir uma afirmação de vagueza tão vaporosa. Mas, até onde a vista alcança os indicadores de expectativas e as previsões econômicas, não parece verdade o que diz o governo.
As previsões de crescimento da economia para 2014 andam em torno de 2%, inferior ao de 2013. Economistas de instituições financeiras e consultorias ouvidos semanalmente pelo BC dão o chute informado de 2,1%. Mas o pessoal da indústria paulista, pelo menos o da Fiesp, também acredita que o PIB cresce 2%. Tudo na mesma média, pois.
É verdade que tais previsões são feitas por economistas, que usam métodos parecidos de mastigar e cuspir números, não importan- do muito se assessoram associações da indústria, do comércio ou da finança.
Os economistas, porém, não trabalham só com matemáticas divertidas, pressupostos temerários e estatísticas mortas. Vários dos números que usam expressam a opinião de empresários sobre o futuro dos negócios, de modo direto ou indireto.
A Sondagem de Investimentos da Indústria de Transformação, da FGV, do bimestre passado, indica que a proporção de empresas que pretende investir mais em 2014 é semelhante àquela registrada em 2012 (para investir em 2013).
A confiança do consumidor, do empresário industrial, do comércio e da construção civil melhorou um pouco neste final de ano, mas está bem abaixo da média histórica.
A Federação do Comércio de São Paulo, por sua vez, acredita que o faturamento do setor vai crescer menos em 2014.
Os bancos dizem que o total de crédito no ano que vem vai crescer no mesmo ritmo de 2013, que não foi lá ruim, mas não serviu para impulsionar o crescimento. Trata-se do resultado de um exame de quanto é possível emprestar sem perder dinheiro demais e de quanto o cliente vai querer de crédito: uma avaliação da economia "real".
Outros donos do dinheiro grosso, credores do governo, expressam suas "opiniões" por meio da taxa de juro.
Os juros deram uma disparada desagradável em 2013. Logo, os donos do dinheiro, o "mercado", está "pessimista" sobre o futuro da economia nos próximos dois ou três anos.
Mas o próprio governo tratou de dizer que esse bicho não é tão feio, que a alta de juros não foi um voto de reprovação da política econômica ou do país (mas foi). Os juros subiram na praça, diz o pessoal do governo, porque o Banco Central está em campanha para elevá-los e devido a mudanças dos juros nos EUA.
É quase tudo verdade. De qualquer modo, o próprio governo afirma que "o mercado" (financistas) não está tão pessimista.
Enfim, da indústria ao comércio, passando pela finança, a impressão média e pouco dispersa é que 2014 será sem graça como 2013. Sim, os ânimos podem mudar, ainda mais se o governo parar de fazer bobagem, se o resto do mundo crescer algo mais, se a mudança da política econômica americana não for muito tumultuada (para nós) etc.
Por ora, há convergência sobre a mediocridade de 2014; se há "pessimismo", ele é disseminado. O governo está de desconversa mole.
Atraso mineral - ALBERTO PINTO COELHO
CORREIO BRAZILIENSE - 12/12
Pude conhecer pessoalmente o drama humano, econômico e social que provoca o esgotamento de uma riqueza mineral ao visitar, em dezembro de 2011, em missão oficial, as cidades de Lille e Lens no departamento do Nord Pas-de-Calais, na França. Ali, durante 150 anos, de 1840 a 1990, houve intensiva exploração do carvão mineral como insumo industrial.
Esgotada a riqueza mineral, a região passou por grande depressão econômica, precisando realizar verdadeiro trabalho de Hércules para promover a posterior diversificação industrial e econômica. Hoje, ela apresenta novo e moderno perfil de desenvolvimento sustentável, sendo o principal símbolo da mudança a localização da primeira unidade do Museu do Louvre fora de Paris na cidade de Lens, construída sobre uma dessas minas que o tempo esgotou.
Imediatamente, vislumbrei o perfil minerário de Minas Gerais, que tem hoje no minério de ferro o principal sustentáculo. E, a exemplo do carvão mineral do norte da França, "só dá uma safra", como já advertia o estadista Artur Bernardes.
Voltei daquela viagem mais disposto ainda a colaborar na luta política para dotar o Brasil de novo marco regulatório da mineração. Especialmente porque as commodities minerais têm peso relevante na economia nacional, sendo muito pouco e, sobretudo, injusto o que os estados produtores, como Minas Gerais e Pará, responsáveis respectivamente por cerca de 53% e 28% da produção nacional mineral, recebem como compensação.
A Cfem - Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais - constitui o fundo para que estados e municípios mineradores possam planejar e executar políticas públicas - para Meio Ambiente, educação, saúde, segurança, infraestrutura de transportes - viabilizando novas vocações regionais capazes de enfrentar, no futuro, a transição que será imposta pelo esgotamento dos recursos minerais hoje explorados.
Nossa confiança na atualização do Código da Mineração, de 1967, tornou-se ainda maior quando a presidente Dilma Rousseff afirmou categoricamente, na solenidade de 21 de abril de 2011, em Ouro Preto, que "não é justo e não contribui para o desenvolvimento do Brasil que os recursos minerais do país sejam daqui tirados e não haja a devida compensação". Anunciou, então, a determinação de enviar ao Congresso Nacional o novo marco regulatório da mineração, entre cujas cláusulas se inclui o aumento dos royalties sobre a exploração do minério de ferro de 2% da receita líquida para 4% sobre a receita bruta das empresas.
Ainda que com reiterados atrasos e adiamentos, em junho passado finalmente a proposta chegou ao Congresso. Firmado amplo consenso sobre o assunto, consultados os setores interessados na questão, no âmbito público e na área privada, o governo federal assegurou para este ano a votação do Projeto de lei 5 807, que regulamenta o marco. E isso poderia ter ocorrido ainda mais tranquilamente porque sabemos que os governos detentores de maioria nos parlamentos fazem prevalecer a lógica, em votação democrática, diante de matérias de relevante interesse público.
Também caberia, no caso do Cfem, em face do interesse nacional em jogo, o recurso à medida provisória, ainda mais por tratar-se de matéria acordada entre as partes. Para isso faltou, porém, a necessária vontade política, prevalecendo lamentavelmente a tibieza do governo federal.
Assim, a votação ficou postergada para "o ano que vem", fazendo lembrar as "calendas gregas", ou seja, o dia que nunca chegará. Apesar das chicanas, claro está que Minas Gerais não abrirá mão de seus direitos minerais, inalienáveis pela própria natureza.
Esgotada a riqueza mineral, a região passou por grande depressão econômica, precisando realizar verdadeiro trabalho de Hércules para promover a posterior diversificação industrial e econômica. Hoje, ela apresenta novo e moderno perfil de desenvolvimento sustentável, sendo o principal símbolo da mudança a localização da primeira unidade do Museu do Louvre fora de Paris na cidade de Lens, construída sobre uma dessas minas que o tempo esgotou.
Imediatamente, vislumbrei o perfil minerário de Minas Gerais, que tem hoje no minério de ferro o principal sustentáculo. E, a exemplo do carvão mineral do norte da França, "só dá uma safra", como já advertia o estadista Artur Bernardes.
Voltei daquela viagem mais disposto ainda a colaborar na luta política para dotar o Brasil de novo marco regulatório da mineração. Especialmente porque as commodities minerais têm peso relevante na economia nacional, sendo muito pouco e, sobretudo, injusto o que os estados produtores, como Minas Gerais e Pará, responsáveis respectivamente por cerca de 53% e 28% da produção nacional mineral, recebem como compensação.
A Cfem - Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais - constitui o fundo para que estados e municípios mineradores possam planejar e executar políticas públicas - para Meio Ambiente, educação, saúde, segurança, infraestrutura de transportes - viabilizando novas vocações regionais capazes de enfrentar, no futuro, a transição que será imposta pelo esgotamento dos recursos minerais hoje explorados.
Nossa confiança na atualização do Código da Mineração, de 1967, tornou-se ainda maior quando a presidente Dilma Rousseff afirmou categoricamente, na solenidade de 21 de abril de 2011, em Ouro Preto, que "não é justo e não contribui para o desenvolvimento do Brasil que os recursos minerais do país sejam daqui tirados e não haja a devida compensação". Anunciou, então, a determinação de enviar ao Congresso Nacional o novo marco regulatório da mineração, entre cujas cláusulas se inclui o aumento dos royalties sobre a exploração do minério de ferro de 2% da receita líquida para 4% sobre a receita bruta das empresas.
Ainda que com reiterados atrasos e adiamentos, em junho passado finalmente a proposta chegou ao Congresso. Firmado amplo consenso sobre o assunto, consultados os setores interessados na questão, no âmbito público e na área privada, o governo federal assegurou para este ano a votação do Projeto de lei 5 807, que regulamenta o marco. E isso poderia ter ocorrido ainda mais tranquilamente porque sabemos que os governos detentores de maioria nos parlamentos fazem prevalecer a lógica, em votação democrática, diante de matérias de relevante interesse público.
Também caberia, no caso do Cfem, em face do interesse nacional em jogo, o recurso à medida provisória, ainda mais por tratar-se de matéria acordada entre as partes. Para isso faltou, porém, a necessária vontade política, prevalecendo lamentavelmente a tibieza do governo federal.
Assim, a votação ficou postergada para "o ano que vem", fazendo lembrar as "calendas gregas", ou seja, o dia que nunca chegará. Apesar das chicanas, claro está que Minas Gerais não abrirá mão de seus direitos minerais, inalienáveis pela própria natureza.
Duro aprendizado - RAUL VELLOSO
O Estado de S.Paulo - 12/12
Passados cinco anos do auge da crise do subprime americano, a ação governamental na área econômica encontra-se sob intenso tiroteio.
Na raiz de tudo, o governo demonstra trabalhar com a meta de inflação anual de 6,5%, quando o centro do intervalo oficial de metas é de 4,5%, enquanto os resultados fiscais vêm se deteriorando sistematicamente, e não há nenhum sinal claro de reversão. A indústria, a despeito de todas as políticas de apoio oficial adotadas, está estagnada desde a crise e os déficits externos vêm crescendo seguidamente. Como a taxa de investimento parou de crescer desde a crise, o PIB estacionou e não parece capaz de ultrapassar a faixa de 2% a 2,5% ao ano. Só falta bater no emprego. Não é por outro motivo que, antecipando a iminente piora na classificação de risco do Brasil pelas agências internacionais, os mercados vêm subindo paulatinamente a taxa do risco Brasil, relativamente à dos nossos pares no mundo emergente.
Há, contudo, o lado positivo dos recentes leilões de concessões nas áreas de infraestrutura rodoviária e aeroportuária. Estradas e aeroportos importantes foram passados à iniciativa privada em certames que, no primeiro exemplo, tinham começado mal, e agora parecem estar entrando nos eixos.
No caso das rodovias, após dois leilões fracassados - o primeiro nem chegou a ocorrer -, o governo sentou-se à mesa com os candidatos, ao longo do último ano, e debateu as objeções que havia em relação a cada item sob disputa nos estudos técnicos oficiais. A baixa qualidade desse material era flagrante, conforme se conclui de várias declarações das partes envolvidas. Aos poucos, as dúvidas foram dirimidas, com tarifas-teto mais realistas fixadas para os leilões. Até agora, o número de competidores tem sido expressivo e, para a satisfação oficial, os deságios dos lances ganhadores, bastante elevados.
Vejo dois pontos vulneráveis nos leilões citados, que podem implicar, no futuro, negócios de baixa qualidade. Um é que a diferença entre o deságio mais baixo e o mais alto de cada certame parece muito elevada, sinalizando o chamado comportamento oportunista ou propensão excessiva ao risco. O outro é a dispensa - inexplicavelmente imposta pelo próprio poder concedente - dos respectivos planos de negócios. Como se sabe, esses planos são essenciais, pois mostram como o vencedor vai executar o que está no edital, quais os parâmetros relevantes - a exemplo da taxa interna de retorno original -, etc. Conforme discuti com colegas em livro sobre o tema, disponível para download na página www.raulvelloso.com.br, trata-se de contratos muito complexos. Suas bases originais precisam ficar bem claras, inclusive para que eventuais desequilíbrios futuros sejam equacionados pela agência regulatória que estiver operando anos à frente.
Fico pensando como o BNDES, tradicionalmente exigente em suas análises, poderá, sem os planos de negócios originais, examinar a viabilidade do financiamento de 70% desses projetos, sob a modalidade project finance, em que é a receita futura do empreendimento que garantirá os recursos nele aportados. Quem viver verá.
No setor de energia elétrica, não sei se dá para ostentar o mesmo grau de moderado otimismo diante do que vem acontecendo. Com a colaboração da equipe mencionada anteriormente, estou prestes a concluir estudo análogo ao realizado sobre transportes. Apesar da maior tradição de planejamento, no afã de buscar menores tarifas o governo federal tem utilizado preços-teto excessivamente baixos, especialmente para hidrelétricas. Quando isso ocorre, a atratividade dos empreendimentos cai e, com isso, reduzem-se a competição entre os agentes e a possibilidade de essa competição derrubar os preços. Ou seja, se a remuneração não for atraente, o capital privado não aparece, expondo a atividade a um duro e longo aprendizado à custa das frustradas expectativas de maior crescimento do emprego e renda da população.
Passados cinco anos do auge da crise do subprime americano, a ação governamental na área econômica encontra-se sob intenso tiroteio.
Na raiz de tudo, o governo demonstra trabalhar com a meta de inflação anual de 6,5%, quando o centro do intervalo oficial de metas é de 4,5%, enquanto os resultados fiscais vêm se deteriorando sistematicamente, e não há nenhum sinal claro de reversão. A indústria, a despeito de todas as políticas de apoio oficial adotadas, está estagnada desde a crise e os déficits externos vêm crescendo seguidamente. Como a taxa de investimento parou de crescer desde a crise, o PIB estacionou e não parece capaz de ultrapassar a faixa de 2% a 2,5% ao ano. Só falta bater no emprego. Não é por outro motivo que, antecipando a iminente piora na classificação de risco do Brasil pelas agências internacionais, os mercados vêm subindo paulatinamente a taxa do risco Brasil, relativamente à dos nossos pares no mundo emergente.
Há, contudo, o lado positivo dos recentes leilões de concessões nas áreas de infraestrutura rodoviária e aeroportuária. Estradas e aeroportos importantes foram passados à iniciativa privada em certames que, no primeiro exemplo, tinham começado mal, e agora parecem estar entrando nos eixos.
No caso das rodovias, após dois leilões fracassados - o primeiro nem chegou a ocorrer -, o governo sentou-se à mesa com os candidatos, ao longo do último ano, e debateu as objeções que havia em relação a cada item sob disputa nos estudos técnicos oficiais. A baixa qualidade desse material era flagrante, conforme se conclui de várias declarações das partes envolvidas. Aos poucos, as dúvidas foram dirimidas, com tarifas-teto mais realistas fixadas para os leilões. Até agora, o número de competidores tem sido expressivo e, para a satisfação oficial, os deságios dos lances ganhadores, bastante elevados.
Vejo dois pontos vulneráveis nos leilões citados, que podem implicar, no futuro, negócios de baixa qualidade. Um é que a diferença entre o deságio mais baixo e o mais alto de cada certame parece muito elevada, sinalizando o chamado comportamento oportunista ou propensão excessiva ao risco. O outro é a dispensa - inexplicavelmente imposta pelo próprio poder concedente - dos respectivos planos de negócios. Como se sabe, esses planos são essenciais, pois mostram como o vencedor vai executar o que está no edital, quais os parâmetros relevantes - a exemplo da taxa interna de retorno original -, etc. Conforme discuti com colegas em livro sobre o tema, disponível para download na página www.raulvelloso.com.br, trata-se de contratos muito complexos. Suas bases originais precisam ficar bem claras, inclusive para que eventuais desequilíbrios futuros sejam equacionados pela agência regulatória que estiver operando anos à frente.
Fico pensando como o BNDES, tradicionalmente exigente em suas análises, poderá, sem os planos de negócios originais, examinar a viabilidade do financiamento de 70% desses projetos, sob a modalidade project finance, em que é a receita futura do empreendimento que garantirá os recursos nele aportados. Quem viver verá.
No setor de energia elétrica, não sei se dá para ostentar o mesmo grau de moderado otimismo diante do que vem acontecendo. Com a colaboração da equipe mencionada anteriormente, estou prestes a concluir estudo análogo ao realizado sobre transportes. Apesar da maior tradição de planejamento, no afã de buscar menores tarifas o governo federal tem utilizado preços-teto excessivamente baixos, especialmente para hidrelétricas. Quando isso ocorre, a atratividade dos empreendimentos cai e, com isso, reduzem-se a competição entre os agentes e a possibilidade de essa competição derrubar os preços. Ou seja, se a remuneração não for atraente, o capital privado não aparece, expondo a atividade a um duro e longo aprendizado à custa das frustradas expectativas de maior crescimento do emprego e renda da população.
A educação brasileira e o Pisa - MARCELO MITERHOF
FOLHA DE SP - 12/12
Parte do avanço do país na avaliação se deve aos avanços nas condições socioeconômicas dos alunos
A coluna retrasada discutiu a relação entre educação e produtividade. A conclusão foi que os problemas da primeira não são uma restrição tão severa ao aumento da última, ao menos em horizontes mais curtos, pois o principal mecanismo de ganho de produtividade é o investimento, que depende da demanda.
Contudo, além de ter efeitos de longo prazo sobre a produtividade, a educação é antes de tudo uma missão civilizatória, que por si só melhora a qualidade de vida.
Nesse sentido, saiu na semana passada o resultado do Pisa de 2012, a avaliação internacional de estudantes. O Brasil continua na rabeira, mas persiste melhorando.
O relatório da OCDE, que reúne os países desenvolvidos e alguns outros, aponta que a nota brasileira em matemática subiu de 71,2% da média da OCDE em 2003 para 79,15% em 2012, maior ganho entre todos os países. Nesses anos, a matemática foi o foco do exame. Também é destacado que o Brasil teve melhoras relevantes em leitura e ciências.
Mais importante, esse ganho se deve principalmente à elevação das notas dos estudantes de pior desempenho. Parte disso se deve aos avanços nas condições socioeconômicas desses alunos, o que favorece a tese da coluna retrasada de que o desenvolvimento melhora a educação.
É difícil avaliar uma situação que se move a partir de um desastre, como é o caso da educação no Brasil. Um pessimista pode dizer que a foto continua ruim e um otimista facilmente aponta melhoras.
Entretanto, há razões para acreditar que o Brasil continuará melhorando.
O gasto público com educação no Brasil cresceu de 2005 a 2010 de 4,5% para 6,1% do PIB, praticamente toda a elevação na educação básica, segundo dados oficiais. Esse é um indicador consagrado de esforço, porém é claro que os indicadores de resultado também são relevantes.
O Pisa é feito com alunos de 15 anos, com até dois anos de atraso escolar. Nessa idade, o Brasil ainda não terminou o esforço inclusivo. Em contraste aos 98% de abrangência do ensino fundamental, a Pnad aponta que em 2012 a frequência escolar da população de 15 a 17 anos foi de 84,2%, sendo que 56,4% estavam, como deveriam, no ensino médio regular.
Seguir na universalização é crucial e precisamos acelerar tal processo: em 2005, essa frequência era de 81,7%, com 48,3% no ensino médio. Mas, como ela ocorre entre os alunos mais vulneráveis, de início o resultado no Pisa é prejudicado. Assim, Andreas Schleicher, coordenador do Pisa, ressaltou que o caso brasileiro é notável por conjugar melhora no desempenho com inclusão de alunos.
Outro indicador importante é o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Instrumento de avaliação e planejamento, criado em 2005 pelo governo federal, o Ideb é mais abrangente que o Pisa, não só testando o conteúdo como também controlando o fluxo dos alunos. Para ser bem avaliada, uma escola precisa conjugar boas notas de seus estudantes com baixa reprovação.
O Ideb dos alunos do 5º ano do ensino fundamental está crescendo mais que o dos estudantes do 9º ano. Isso é o esperado porque os mais novos frequentaram a escola desde o início sob a égide do Ideb. Ao fazerem o Pisa daqui a alguns anos, provavelmente terão resultado melhor.
Isso não significa que tudo está equacionado. Por exemplo, numa decisão contrária ao sentido de suas políticas como ministro da Educação, o prefeito Fernando Haddad acabou com os ciclos escolares no ensino fundamental, cedendo à pressão de professores e de pais de alunos, preocupados com o real aprendizado de seus filhos na ausência do risco anual de reprovação.
Porém a avaliação pedagógica indica que essa reprovação atrapalha o fluxo escolar, levando alunos a abandonar os estudos. O ponto é que a ausência de reprovação anual não deve eximir a escola de fazer provas regulares para que as deficiências de cada aluno sejam identificadas e passem a ser alvo de aulas de reforço, evitando que estudantes fiquem para trás no aprendizado.
Isso exige intensificar o esforço pedagógico e o investimento público, sendo um dos caminhos críticos para a melhoria da educação.
Há ainda problemas como os relacionados à dificuldade de melhorar a qualidade dos professores e tornar a profissão mais atraente, discutido na coluna "A missão da educação", de 06/06/2013, e às desigualdades regionais na educação.
Sigo no tema semana que vem.
Parte do avanço do país na avaliação se deve aos avanços nas condições socioeconômicas dos alunos
A coluna retrasada discutiu a relação entre educação e produtividade. A conclusão foi que os problemas da primeira não são uma restrição tão severa ao aumento da última, ao menos em horizontes mais curtos, pois o principal mecanismo de ganho de produtividade é o investimento, que depende da demanda.
Contudo, além de ter efeitos de longo prazo sobre a produtividade, a educação é antes de tudo uma missão civilizatória, que por si só melhora a qualidade de vida.
Nesse sentido, saiu na semana passada o resultado do Pisa de 2012, a avaliação internacional de estudantes. O Brasil continua na rabeira, mas persiste melhorando.
O relatório da OCDE, que reúne os países desenvolvidos e alguns outros, aponta que a nota brasileira em matemática subiu de 71,2% da média da OCDE em 2003 para 79,15% em 2012, maior ganho entre todos os países. Nesses anos, a matemática foi o foco do exame. Também é destacado que o Brasil teve melhoras relevantes em leitura e ciências.
Mais importante, esse ganho se deve principalmente à elevação das notas dos estudantes de pior desempenho. Parte disso se deve aos avanços nas condições socioeconômicas desses alunos, o que favorece a tese da coluna retrasada de que o desenvolvimento melhora a educação.
É difícil avaliar uma situação que se move a partir de um desastre, como é o caso da educação no Brasil. Um pessimista pode dizer que a foto continua ruim e um otimista facilmente aponta melhoras.
Entretanto, há razões para acreditar que o Brasil continuará melhorando.
O gasto público com educação no Brasil cresceu de 2005 a 2010 de 4,5% para 6,1% do PIB, praticamente toda a elevação na educação básica, segundo dados oficiais. Esse é um indicador consagrado de esforço, porém é claro que os indicadores de resultado também são relevantes.
O Pisa é feito com alunos de 15 anos, com até dois anos de atraso escolar. Nessa idade, o Brasil ainda não terminou o esforço inclusivo. Em contraste aos 98% de abrangência do ensino fundamental, a Pnad aponta que em 2012 a frequência escolar da população de 15 a 17 anos foi de 84,2%, sendo que 56,4% estavam, como deveriam, no ensino médio regular.
Seguir na universalização é crucial e precisamos acelerar tal processo: em 2005, essa frequência era de 81,7%, com 48,3% no ensino médio. Mas, como ela ocorre entre os alunos mais vulneráveis, de início o resultado no Pisa é prejudicado. Assim, Andreas Schleicher, coordenador do Pisa, ressaltou que o caso brasileiro é notável por conjugar melhora no desempenho com inclusão de alunos.
Outro indicador importante é o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Instrumento de avaliação e planejamento, criado em 2005 pelo governo federal, o Ideb é mais abrangente que o Pisa, não só testando o conteúdo como também controlando o fluxo dos alunos. Para ser bem avaliada, uma escola precisa conjugar boas notas de seus estudantes com baixa reprovação.
O Ideb dos alunos do 5º ano do ensino fundamental está crescendo mais que o dos estudantes do 9º ano. Isso é o esperado porque os mais novos frequentaram a escola desde o início sob a égide do Ideb. Ao fazerem o Pisa daqui a alguns anos, provavelmente terão resultado melhor.
Isso não significa que tudo está equacionado. Por exemplo, numa decisão contrária ao sentido de suas políticas como ministro da Educação, o prefeito Fernando Haddad acabou com os ciclos escolares no ensino fundamental, cedendo à pressão de professores e de pais de alunos, preocupados com o real aprendizado de seus filhos na ausência do risco anual de reprovação.
Porém a avaliação pedagógica indica que essa reprovação atrapalha o fluxo escolar, levando alunos a abandonar os estudos. O ponto é que a ausência de reprovação anual não deve eximir a escola de fazer provas regulares para que as deficiências de cada aluno sejam identificadas e passem a ser alvo de aulas de reforço, evitando que estudantes fiquem para trás no aprendizado.
Isso exige intensificar o esforço pedagógico e o investimento público, sendo um dos caminhos críticos para a melhoria da educação.
Há ainda problemas como os relacionados à dificuldade de melhorar a qualidade dos professores e tornar a profissão mais atraente, discutido na coluna "A missão da educação", de 06/06/2013, e às desigualdades regionais na educação.
Sigo no tema semana que vem.
Dois na gangorra - DORA KRAMER
O Estado de S.Paulo - 12/12
Cobra-se muito a unidade da oposição como atributo essencial para que haja uma chance de enfrentar o governo nas eleições em condições razoavelmente competitivas.
De fato, regra básica para qualquer embate é que as forças políticas busquem reduzir o desequilíbrio do arsenal diante da impossibilidade de alcançar o equilíbrio total.
Nas últimas eleições não foi isso o que se viu. Oposição dispersa, mesmo fora do período de campanha, quando não dividida dentro de cada partido, e governo firme como uma rocha em torno dos seus mesmo que o candidato, ou candidatos, não fossem de todo de seu agrado. Dilma Rousseff é o exemplo mais vistoso.
O senador Aécio Neves e o governador Eduardo Campos, prováveis candidatos do PSDB e do PSB, atuam para modificar esse roteiro e construir um quadro mais próximo possível da unidade.
Por isso, de vez em quando marcam uma conversa ou outra para, a pretexto de discutirem as alianças regionais, serem vistos juntos. Não que o tema dos palanques locais não faça parte das tratativas. Faz e é fundamental. No momento, inclusive, articulam coligações em 12 Estados.
Mas, para efeito externo, o bom mesmo é a produção da cena de afinidade direta entre os dois (até para servir de exemplo e estímulo aos correligionários de parte a parte e potenciais aliados), como a do último domingo quando foram fotografados saindo de restaurante em uma das mais frequentadas esquinas de Ipanema, na confluência das ruas Redentor e Aníbal de Mendonça. Entre os partidos que os dois presidem respectivamente, existem beligerâncias internas. Ninguém ignora isso, é público. Mas os titulares da postulação trabalham para dirimi-las, ou minimizá-las.
Aécio Neves entrou em entendimento com José Serra para que o lançamento oficial da candidatura fosse em março (mais precisamente depois do carnaval) e os amigos do ex-governador dizem por aí que ele tende a desistir da postulação presidencial e aceitar concorrer a outro cargo. Ou mesmo aguardar a próxima eleição para o governo de São Paulo. Serra mesmo não diz nada a respeito.
Eduardo Campos movimenta-se junto aos empresários do setor agrícola para reduzir as resistências ao nome de Marina Silva, no que tem obtido algum êxito. Depois de rechaçar o apoio de Ronaldo Caiado ela nunca mais deu palavra sobre o assunto. Recentemente, os dirigentes da Sociedade Rural Brasileira procuraram a ex-senadora propondo uma aproximação "para construir uma ponte entre o agronegócio e o meio ambiente".
A ideia dos dois é mostrar que adversários não precisam ser inimigos e que a oposição pode fazer gestos maduros que fujam daquela lógica animosa do quem não está comigo está contra mim. Em resumo, "nós contra eles".
Ao transitar juntos de vez em quando querem deixar patente que quem for para o segundo turno terá o apoio do outro, pois o objetivo de ambos é derrotar o PT. Desta vez com a inestimável contribuição de Marina Silva que, em 2010, ficou neutra - acabando por ajudar a eleição de Dilma - e agora está clara e inequivocamente engajada no projeto da oposição.
O profeta. A frase que melhor traduz a necessidade de que as doações de recursos, notadamente de empresas, a campanhas eleitorais sejam feitas às claras - não necessariamente proibidas - foi dita em 2004, durante reunião do PT pelo então tesoureiro do partido, Delúbio Soares, em reação à proposta do deputado Chico Alencar de exposição de doações e doadores na internet.
"Transparência assim é burrice", pontificou Delúbio um ano antes do escândalo que, segundo ele, o tempo cuidaria de transformar em piada de salão.
Cobra-se muito a unidade da oposição como atributo essencial para que haja uma chance de enfrentar o governo nas eleições em condições razoavelmente competitivas.
De fato, regra básica para qualquer embate é que as forças políticas busquem reduzir o desequilíbrio do arsenal diante da impossibilidade de alcançar o equilíbrio total.
Nas últimas eleições não foi isso o que se viu. Oposição dispersa, mesmo fora do período de campanha, quando não dividida dentro de cada partido, e governo firme como uma rocha em torno dos seus mesmo que o candidato, ou candidatos, não fossem de todo de seu agrado. Dilma Rousseff é o exemplo mais vistoso.
O senador Aécio Neves e o governador Eduardo Campos, prováveis candidatos do PSDB e do PSB, atuam para modificar esse roteiro e construir um quadro mais próximo possível da unidade.
Por isso, de vez em quando marcam uma conversa ou outra para, a pretexto de discutirem as alianças regionais, serem vistos juntos. Não que o tema dos palanques locais não faça parte das tratativas. Faz e é fundamental. No momento, inclusive, articulam coligações em 12 Estados.
Mas, para efeito externo, o bom mesmo é a produção da cena de afinidade direta entre os dois (até para servir de exemplo e estímulo aos correligionários de parte a parte e potenciais aliados), como a do último domingo quando foram fotografados saindo de restaurante em uma das mais frequentadas esquinas de Ipanema, na confluência das ruas Redentor e Aníbal de Mendonça. Entre os partidos que os dois presidem respectivamente, existem beligerâncias internas. Ninguém ignora isso, é público. Mas os titulares da postulação trabalham para dirimi-las, ou minimizá-las.
Aécio Neves entrou em entendimento com José Serra para que o lançamento oficial da candidatura fosse em março (mais precisamente depois do carnaval) e os amigos do ex-governador dizem por aí que ele tende a desistir da postulação presidencial e aceitar concorrer a outro cargo. Ou mesmo aguardar a próxima eleição para o governo de São Paulo. Serra mesmo não diz nada a respeito.
Eduardo Campos movimenta-se junto aos empresários do setor agrícola para reduzir as resistências ao nome de Marina Silva, no que tem obtido algum êxito. Depois de rechaçar o apoio de Ronaldo Caiado ela nunca mais deu palavra sobre o assunto. Recentemente, os dirigentes da Sociedade Rural Brasileira procuraram a ex-senadora propondo uma aproximação "para construir uma ponte entre o agronegócio e o meio ambiente".
A ideia dos dois é mostrar que adversários não precisam ser inimigos e que a oposição pode fazer gestos maduros que fujam daquela lógica animosa do quem não está comigo está contra mim. Em resumo, "nós contra eles".
Ao transitar juntos de vez em quando querem deixar patente que quem for para o segundo turno terá o apoio do outro, pois o objetivo de ambos é derrotar o PT. Desta vez com a inestimável contribuição de Marina Silva que, em 2010, ficou neutra - acabando por ajudar a eleição de Dilma - e agora está clara e inequivocamente engajada no projeto da oposição.
O profeta. A frase que melhor traduz a necessidade de que as doações de recursos, notadamente de empresas, a campanhas eleitorais sejam feitas às claras - não necessariamente proibidas - foi dita em 2004, durante reunião do PT pelo então tesoureiro do partido, Delúbio Soares, em reação à proposta do deputado Chico Alencar de exposição de doações e doadores na internet.
"Transparência assim é burrice", pontificou Delúbio um ano antes do escândalo que, segundo ele, o tempo cuidaria de transformar em piada de salão.