FOLHA DE SP - 10/12
Vem na Bíblia: todas as grandes conversões são sempre histórias de amor à segunda vista
Minha vizinha é linda. Minha vizinha é de esquerda. Um problema?
Não para mim, uma alma tolerante e pluralista e mentirosa. Para ela. Mas, como diria Jack, o Estripador, vamos por partes.
Aconteceu em setembro. Começou o ano acadêmico em Lisboa e uma espanhola mudou-se para o apartamento ao lado do meu. Encontrei-a na porta da rua, transportando as malas. Ofereci ajuda. Resposta dela: "Lá porque eu sou mulher você pensa que não consigo?".
Alarme. Feminista na área. Fugir, fugir, fugir --eis o sinal luminoso nos meus neurônios. Mas fugir daqueles olhos absurdamente azuis?
Não, claro que não, e depois falei de uma hérnia discal precisamente por excesso de peso. "É preciso ter cuidado." Ela comprou a primeira mentira. Se Deus me der tempo e saúde, outras se seguirão.
História da donzela: veio para Portugal apaixonada pela literatura dos lusos. A ideia é fazer doutorado, ficar uns anos, experimentar a vida do país. Excelente ideia.
"Pena chegar com esse governo fascistinha, você não acha?", perguntou ela.
Explicação prévia: o governo português atual, que alguns consideram de centro-direita, tem sido um exemplo de socialismo no seu pior. Sobretudo carregando nos impostos como nenhum governo socialista antes dele. Mas o que responder? A verdade, só a verdade, nada mais que a verdade?
Não. A mentira, só a mentira, nada mais que a mentira. "Fascistinha é dizer pouco", murmurei com venenoso sarcasmo.
E eu? Quem sou eu? Que faço? Quais são os meus gostos e desgostos? Falar de colunismo e televisão e livros é matéria interdita. Livros? O último chama-se "Por que Virei à Direita", Deus do céu.
Respondi vagamente ("dou aulas") e depois menti vagamente ("mas o meu sonho é trabalhar numa ONG"). Os olhos dela brilharam e eu senti o meu cachet a subir.
Mas tanta mentira desgasta. Voltando aos livros, é impossível esconder a biblioteca inteira. Foi o primeiro momento em que a máscara quase caiu. "Você lê muito autores de direita, não?", perguntou ela, olhando para as estantes com os meus Hayeks, os meus Oakeshotts, os meus Voegelins.
Pausa. Sangue frio. "Você tem que conhecer o inimigo", respondi. Ela concordou. E depois perguntou pelos autores da minha vida. "Tirando o Slavoj Zizek? Não vejo mais ninguém com qualidade hoje em dia."
Ela não conhecia Zizek. Com luvas e máscara de proteção, comprei um livro do ogro no dia seguinte. Foi o meu presente de aniversário em outubro. Ela gostou de Zizek; mas, surpresa das surpresas, achou as páginas sobre a necessidade de violência revolucionária um pouco excessivas. "Por causa dos inocentes", disse ela.
Eu poderia ter ficado calado. Não fiquei. "Mas você acha que no capitalismo há mesmo inocentes?" Silêncio. E epifania: a única forma de trazer esse anjo um pouco mais para o centro é eu próprio radicalizar-me à esquerda.
Dito e feito: nos últimos tempos, as conversas ficaram surreais. Defendo Cuba. Defendo a Venezuela. Ataco os Estados Unidos até pela falta de água em Lisboa.
E sobre os colunistas de direita que "invadiriam a mídia", os tribunais deveriam fazer qualquer coisa. "Onde está a liberdade, afinal?", pergunto eu, indignado.
De resto, a crise europeia tem responsáveis perfeitamente identificáveis ("a ganância dos bancos") e o "aquecimento global" é a maior ameaça à vida na Terra ("e quem diz o contrário deveria ser preso").
O resultado desse cortejo de insanidades está na moderação dela, que cresce de dia para dia: por cada loucura minha, ela tenta um equilíbrio. "Você é muito radical", eis o mantra dos últimos tempos. Eu medito, faço cara de caso. Depois rendo-me e concordo. "Sim, você tem razão."
O objetivo, agora, é virar o barco para a direita por influência dela. Há sinais de esperança. Tímidos. Tênues. Dias atrás, assistindo ao biopic sobre Thatcher com Meryl Streep no papel da "dama de ferro", arrisquei: "Essa Thatcher era mulher de coragem. Fascista, mas de coragem".
Ela completou. "Eu gosto dela. Quando você é mulher, tem que ser um pouco fascista num mundo de homens." Repicaram os sinos na minha alma.
Se as coisas continuam assim, no próximo ano estaremos os dois no Fórum da Liberdade de Porto Alegre, a cantar hossanas a Milton Friedman e à escola de Chicago. E por que não?
Vem na Bíblia: todas as grandes conversões são sempre histórias de amor à segunda vista.
terça-feira, dezembro 10, 2013
‘Brasil com C’ - MARCUS FAUSTINI
O GLOBO - 10/12
Proponho aqui, um inventário de alguns ‘cês’ em disputa no país, que dispara novos campos complexos
Pensar o Brasil beira o fetiche, sabemos. Entretanto, quero propor aqui, sem nenhum rigor teórico, peço licença, pensadores, muito mais como um dispositivo estético — para catar pistas e não diagnosticar —, a ideia de “Brasil com C”. Não exatamente escrito com a letra c no lugar do S, mas o uso da expressão completa “Brasil com C” — tenho usado em viagens de trabalho, toda vez que me perguntam de onde eu sou. E explico na sequência: a entrada de novos elementos (os “cês”) que estavam invisíveis no imaginário cria uma nova equação, novas entradas e saídas abertas, produzindo outras recepções. Mas não pretendo síntese.
A tentativa de pensamento-síntese forjou um Brasil escrito com s, proposto como paraíso da diversidade cultural nata, de mistura pacífica de raças, numa visão ufanista de um país que caminha inexoravelmente para ser a nação modelo do planeta. Também, para “inglês ver”, a ideia de Brazil (com Z) revelou um país de maquiagem, onde tudo é permitido e embelezado para agradar a gringos. Ou mesmo a contundente e correta ideia de “dois Brasis", que nos mostrou como uma Belíndia (nível de vida da Bélgica para poucos e da Índia pobre para muitos). Proponho aqui, um inventário de alguns “cês” em disputa no país, que dispara novos campos complexos. Nosso “Brasil com C” não é apenas como uma ilustração de que vivemos num país daqueles que estão sendo chamados por alguns de classe c. Nem também como um paradigma definitivo. Muito mais uma catação estética para organizar uma sensibilidade. Um mapa mental e não um conceito, é essa a ideia de “Brasil com C”: ligações, interação com fenômenos simultâneos. Uma forma de voltar às mesmas questões, com um novo lugar de vista.
Feito DJ seletor em ação, largo o dedo:
Celular — A chegada em escala deste dispositivo criou um ambiente de produção de novas subjetividades, através de trocas de mensagens, redes sociais, sobretudo pelas classes populares, que são capturadas como dados pelas empresas com meios de controle de desejos para gerar novos produtos apenas. Sem dar expressão a isso, perdemos uma oportunidade estética histórica de acompanhar a chegada de novas sensibilidades e formas de vida.
Comunidade — A ideia de comunidades identitárias (quilombos, aldeias, tribos, de gênero) ganha força no campo de organização das lutas por direitos e também em trocas virtuais de processos menos políticos. Se antes cravava algo como ingênuo e puro, agora vem com força urbana que promete ser uma sociabilidade cada vez mais presente.
Circulação — Os trabalhadores populares circulam a cidade todos os dias para o mundo do trabalho, garantindo a vida econômica. Por outro lado, o direito à cidade não está garantido.
Coletivos — A juventude volta a ter um modo conjunto estético e político. Os coletivos se apresentam como bondes, bandas, rodas, saraus etc. Como essa geração é mais fluída, o poder público não consegue entender, dialogar e potencializar.
Cotistas — Cotas, bolsas, Pro-Uni e toda disputa pela mobilidade social e pelo acesso à educação revelam uma reação que demonstra ranço escravocrata que não deseja uma classe média formadora de opinião mais numerosa.
Centro — Com a chegada da periferia como movimento cultural e de pensamento, o centro está em toda parte.
Crédito — Maneira de controlar um novo conjunto de sujeitos apenas no consumo.
CLT — A disputa por direitos no mundo do trabalho, a reinvenção das formas de cooperativismo etc. ainda são uma das maiores pelejas de nossa estrutura social.
Corrupção na política — O lugar permanente da fábula da moralidade, sem criar os procedimentos necessários para as mudanças, pois afetaria o modo de fazer política que mantém as coisas como estão.
Corpo — Um corpo espetacularizado pelo mundo das mercadorias que prometem juventude eterna é também uma expressão de liberdade, como bem reparou o parceiro Francisco Bosco sobre os uso de formas femininas dos meninos do passinho do menor. Minha imagem preferida para os oito anos de governo Lula é um adolescente popular com aparelhos nos dentes. Isso é corpo!
Commodity — Se antes éramos apenas commodity para matérias primas, nosso território vira uma commodity internacional e nossa cultura também.
Casa, cultura digital, comida, cinema etc. Continue esse mapa, caro leitor.
______
Sei que existem outras colunas no jornal que elegem suas musas. Entretanto, esta coluna afirma que a musa carioca de 2013 é Yasmin Thayná. Garota sagaz da perifa, artista visual e escritora, formada em eletrotécnica na adolescência, se expressa como ninguém nas redes sociais e circula entre os coletivos culturais apaixonando meninos e meninas. Uma belezura aqueles olhos de jabuticaba!
______
Na próxima terça teremos por aqui nossa “literatura de celular 2”.
Proponho aqui, um inventário de alguns ‘cês’ em disputa no país, que dispara novos campos complexos
Pensar o Brasil beira o fetiche, sabemos. Entretanto, quero propor aqui, sem nenhum rigor teórico, peço licença, pensadores, muito mais como um dispositivo estético — para catar pistas e não diagnosticar —, a ideia de “Brasil com C”. Não exatamente escrito com a letra c no lugar do S, mas o uso da expressão completa “Brasil com C” — tenho usado em viagens de trabalho, toda vez que me perguntam de onde eu sou. E explico na sequência: a entrada de novos elementos (os “cês”) que estavam invisíveis no imaginário cria uma nova equação, novas entradas e saídas abertas, produzindo outras recepções. Mas não pretendo síntese.
A tentativa de pensamento-síntese forjou um Brasil escrito com s, proposto como paraíso da diversidade cultural nata, de mistura pacífica de raças, numa visão ufanista de um país que caminha inexoravelmente para ser a nação modelo do planeta. Também, para “inglês ver”, a ideia de Brazil (com Z) revelou um país de maquiagem, onde tudo é permitido e embelezado para agradar a gringos. Ou mesmo a contundente e correta ideia de “dois Brasis", que nos mostrou como uma Belíndia (nível de vida da Bélgica para poucos e da Índia pobre para muitos). Proponho aqui, um inventário de alguns “cês” em disputa no país, que dispara novos campos complexos. Nosso “Brasil com C” não é apenas como uma ilustração de que vivemos num país daqueles que estão sendo chamados por alguns de classe c. Nem também como um paradigma definitivo. Muito mais uma catação estética para organizar uma sensibilidade. Um mapa mental e não um conceito, é essa a ideia de “Brasil com C”: ligações, interação com fenômenos simultâneos. Uma forma de voltar às mesmas questões, com um novo lugar de vista.
Feito DJ seletor em ação, largo o dedo:
Celular — A chegada em escala deste dispositivo criou um ambiente de produção de novas subjetividades, através de trocas de mensagens, redes sociais, sobretudo pelas classes populares, que são capturadas como dados pelas empresas com meios de controle de desejos para gerar novos produtos apenas. Sem dar expressão a isso, perdemos uma oportunidade estética histórica de acompanhar a chegada de novas sensibilidades e formas de vida.
Comunidade — A ideia de comunidades identitárias (quilombos, aldeias, tribos, de gênero) ganha força no campo de organização das lutas por direitos e também em trocas virtuais de processos menos políticos. Se antes cravava algo como ingênuo e puro, agora vem com força urbana que promete ser uma sociabilidade cada vez mais presente.
Circulação — Os trabalhadores populares circulam a cidade todos os dias para o mundo do trabalho, garantindo a vida econômica. Por outro lado, o direito à cidade não está garantido.
Coletivos — A juventude volta a ter um modo conjunto estético e político. Os coletivos se apresentam como bondes, bandas, rodas, saraus etc. Como essa geração é mais fluída, o poder público não consegue entender, dialogar e potencializar.
Cotistas — Cotas, bolsas, Pro-Uni e toda disputa pela mobilidade social e pelo acesso à educação revelam uma reação que demonstra ranço escravocrata que não deseja uma classe média formadora de opinião mais numerosa.
Centro — Com a chegada da periferia como movimento cultural e de pensamento, o centro está em toda parte.
Crédito — Maneira de controlar um novo conjunto de sujeitos apenas no consumo.
CLT — A disputa por direitos no mundo do trabalho, a reinvenção das formas de cooperativismo etc. ainda são uma das maiores pelejas de nossa estrutura social.
Corrupção na política — O lugar permanente da fábula da moralidade, sem criar os procedimentos necessários para as mudanças, pois afetaria o modo de fazer política que mantém as coisas como estão.
Corpo — Um corpo espetacularizado pelo mundo das mercadorias que prometem juventude eterna é também uma expressão de liberdade, como bem reparou o parceiro Francisco Bosco sobre os uso de formas femininas dos meninos do passinho do menor. Minha imagem preferida para os oito anos de governo Lula é um adolescente popular com aparelhos nos dentes. Isso é corpo!
Commodity — Se antes éramos apenas commodity para matérias primas, nosso território vira uma commodity internacional e nossa cultura também.
Casa, cultura digital, comida, cinema etc. Continue esse mapa, caro leitor.
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Sei que existem outras colunas no jornal que elegem suas musas. Entretanto, esta coluna afirma que a musa carioca de 2013 é Yasmin Thayná. Garota sagaz da perifa, artista visual e escritora, formada em eletrotécnica na adolescência, se expressa como ninguém nas redes sociais e circula entre os coletivos culturais apaixonando meninos e meninas. Uma belezura aqueles olhos de jabuticaba!
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Na próxima terça teremos por aqui nossa “literatura de celular 2”.
O cemitério de estrelas - ARNALDO JABOR
O Estado de S.Paulo - 10/12
Meu Deus, que saudade do cinema! Que saudade do sonho, da utopia fílmica dos anos 50 e 60, sacralizada pelo Cahiers du Cinéma e pelos círculos de fumaça dos "Gitanes" sem filtro. Atualmente, a cinefilia soa como um vício sexual. Hoje o cinema é nu. Está exposto nas lojas, feiras e bancas de jornais, na ponta dos dedos dos insones, está rodando bolsinha nas ruas. Tenho saudades da sala escura, do cinema segredo, o cinema dos pobres tímidos, punheta dos rapazes feios, o cinema como realidade alternativa. Como era bom esperar um filme do Fellini, a cada ano, e o novo Antonioni, e o novo Godard... Não chego a ser um cinéfilo puro. Falta-me o gosto arquivista, o amor às fichas técnicas remotas, o mundo das fofocas de Hollywood.
Cinéfilo era o Manuel Puig. Li, outro dia, que Puig estava morrendo em Cuernavaca. Uma de suas "filhas", Yasmin (uma bicha "filha" dele com o Ali Khan, pois Puig se imaginava a Rita Hayworth), chorava à beira do leito, achando que Puig já entrara em coma. Mas, na esperança, testou os sinais vitais de sua "mãe". Falou-lhe: "Mãe..., ontem eu vi Stella Dallas do King Vidor. Chorei tanto...". A "mãe" Puig balbuciou do leito: "É..., a Barbara Stanwyck está bem, mas o John Boles nunca me emocionou"... Yasmim, a bicha cinéfila, caiu em prantos de felicidade: "Mamãe está viva!".
O cinema era a "síntese das artes". E todo mundo pensava: "Qual é a alma do cinema? O que é o cinema?".
Sempre que me perguntam isso, eu me lembro de Humberto Mauro, que conheci já velhinho.
Para Humberto Mauro, o célebre cineasta fundador dos anos 20/30, "cinema é cachoeira". Por quê? Vou contar aqui de novo. Quando ele fazia seus filmes na Cinédia do Rio, todo amigo que ele encontrava na rua dizia para ele: "Humberto, você precisa é ir no meu sítio lá em Correias filmar a cachoeira que tem lá! Você precisa ver que cachoeira!". E o Humberto Mauro ficava com aquilo na cabeça: "Por que querem que eu filme cachoeiras?".
Um dia, ele estava dando uma palestra para uns cinéfilos de um cineclube do interior quando, já na estação, atrasado para pegar o trem, um garoto agarrou-o pelo paletó e perguntou-lhe sobre o grande enigma: "Seu Mauro, afinal de contas, o que é a 'alma' do cinema?". E o velho Mauro, correndo atrás do vagão que partia, deu a grande definição: "Cinema, meu filho, é cachoeira!".
Hoje, ninguém pergunta mais isso. Tantas são as formas de reprodução da imagem, tanta é a virtualização da realidade, que talvez a pergunta devesse ser feita por alguém na tela, algum fantasma projetado na tela nos perguntando, invertidamente:
"Ei, você aí!... O que é a realidade?".
Hoje, vemos que a "máquina do mundo" quanto mais aberta é mais vazia e misteriosa. A fome de decifrá-la, digitalizá-la, matematizá-la, descreve-a, mas não a condensa. Por isso, a ideia de cachoeira é a metáfora melhor de cinema. Essa imagem "heraclitiana" de uma água que não para de fluir é ótima para definir nossa ex-sétima arte. Por isso, os amigos de H. Mauro, na sua sabedoria para o óbvio, diziam no botequim: "Vai filmar minha cachoeira!". Só o movimento tem de ser filmado. Só as cachoeiras da vida têm de ser retratadas na busca de alguma verdade. Não há uma realidade que finalmente pare e se configure. Buscá-la, tanto na arte quanto na política, é fracasso certo.
Esse foi o aprendizado do século 20. Tentou capturar o vasto e incessante universo em fórmulas que o esgotassem e nada ficou preso. Por mais que queiramos que o cinema seja a arte de captar a vida, o cinema é a arte da morte.
Henri Bergson, ao ver o "cinematógrafo" pela primeira vez em Paris, deu a grande definição: "O cinema é importante, para que se veja e se saiba no futuro a maneira como os antigos se moviam". É isso aí. Cinema é o que se passa dentro do plano, a ação entre as pessoas e as coisas, para além do que contam os roteiros. Há uma "fisicalidade" no cinema em que as coisas brilham antes do enredo. Há uma superficialidade "profunda" no cinema básico que os grandes mestres sacaram.
Sem bodes, irmãos, mas vejam como Hollywood é um luminoso cemitério de estrelas. É um cemitério de beijos e olhos e corpos embalsamados no tempo da película. Vejam como Fred Astaire dança no ar do nada, vejam como James Dean já prefigurava a morte na própria interpretação de sua melancolia. Como dói se apaixonar por uma morta como eu, que me apaixonei por Brigitte Helm em Metrópolis e amei as pernas perfeitas de Louise Brooks, numa necrofilia de sala escura. Mesmo num musical, o cinema filma a morte; mesmo no filme de ação, quando todos tentamos burlá-la numa ginga, num drible, ela não deixa. Como é estranho que Gene Kelly tenha morrido, aquele anjo de juventude, como pôde Kirk Douglas ter um derrame e gaguejar na festa do Oscar, como pôde o nosso super-homem morrer na cadeira de rodas?
O trágico do cinema é sua maior verdade. A pintura e outras artes tentam exorcizar a morte, todas as artes fazem isso. Mas, nelas, ninguém se mexe. A barra é mais leve. No cinema não tem perdão. Ligou a câmera, lá está a velha morte nos olhando. Assim, não há ideologia ou política ou arte ou filme ou literatura que dê conta do implacável fluir dessa cachoeira. Toda a tragédia dos séculos tem sido a tentativa de se trancar o movente em fórmula fechada, em alcançar um céu estático, definitivo, um dia em que tudo se resolva. O paraíso seria um lugar imóvel, onde não houvesse a morte e, portanto, nem cinema. Não há "cinema paradiso" (talvez por isso o filme seja tão ruim).
Hoje, estamos todos na saudade desse passado. Queremos voltar, principalmente intelectuais e outros religiosos, a esse tempo em que a morte seria dominada pela técnica, em que o paraíso fosse planejável. Não há isso. Somos uma cachoeira olhando a outra e todas nossas ações no mundo têm esse fracasso fundamental: por mais que olhemos no fundo das coisas, jamais veremos um fim ou um início. A galáxia e o ovo, todos estamos num fluir sem rumo. Por isso, a cachoeira é a melhor definição de cinema, ou da vida.
Meu Deus, que saudade do cinema! Que saudade do sonho, da utopia fílmica dos anos 50 e 60, sacralizada pelo Cahiers du Cinéma e pelos círculos de fumaça dos "Gitanes" sem filtro. Atualmente, a cinefilia soa como um vício sexual. Hoje o cinema é nu. Está exposto nas lojas, feiras e bancas de jornais, na ponta dos dedos dos insones, está rodando bolsinha nas ruas. Tenho saudades da sala escura, do cinema segredo, o cinema dos pobres tímidos, punheta dos rapazes feios, o cinema como realidade alternativa. Como era bom esperar um filme do Fellini, a cada ano, e o novo Antonioni, e o novo Godard... Não chego a ser um cinéfilo puro. Falta-me o gosto arquivista, o amor às fichas técnicas remotas, o mundo das fofocas de Hollywood.
Cinéfilo era o Manuel Puig. Li, outro dia, que Puig estava morrendo em Cuernavaca. Uma de suas "filhas", Yasmin (uma bicha "filha" dele com o Ali Khan, pois Puig se imaginava a Rita Hayworth), chorava à beira do leito, achando que Puig já entrara em coma. Mas, na esperança, testou os sinais vitais de sua "mãe". Falou-lhe: "Mãe..., ontem eu vi Stella Dallas do King Vidor. Chorei tanto...". A "mãe" Puig balbuciou do leito: "É..., a Barbara Stanwyck está bem, mas o John Boles nunca me emocionou"... Yasmim, a bicha cinéfila, caiu em prantos de felicidade: "Mamãe está viva!".
O cinema era a "síntese das artes". E todo mundo pensava: "Qual é a alma do cinema? O que é o cinema?".
Sempre que me perguntam isso, eu me lembro de Humberto Mauro, que conheci já velhinho.
Para Humberto Mauro, o célebre cineasta fundador dos anos 20/30, "cinema é cachoeira". Por quê? Vou contar aqui de novo. Quando ele fazia seus filmes na Cinédia do Rio, todo amigo que ele encontrava na rua dizia para ele: "Humberto, você precisa é ir no meu sítio lá em Correias filmar a cachoeira que tem lá! Você precisa ver que cachoeira!". E o Humberto Mauro ficava com aquilo na cabeça: "Por que querem que eu filme cachoeiras?".
Um dia, ele estava dando uma palestra para uns cinéfilos de um cineclube do interior quando, já na estação, atrasado para pegar o trem, um garoto agarrou-o pelo paletó e perguntou-lhe sobre o grande enigma: "Seu Mauro, afinal de contas, o que é a 'alma' do cinema?". E o velho Mauro, correndo atrás do vagão que partia, deu a grande definição: "Cinema, meu filho, é cachoeira!".
Hoje, ninguém pergunta mais isso. Tantas são as formas de reprodução da imagem, tanta é a virtualização da realidade, que talvez a pergunta devesse ser feita por alguém na tela, algum fantasma projetado na tela nos perguntando, invertidamente:
"Ei, você aí!... O que é a realidade?".
Hoje, vemos que a "máquina do mundo" quanto mais aberta é mais vazia e misteriosa. A fome de decifrá-la, digitalizá-la, matematizá-la, descreve-a, mas não a condensa. Por isso, a ideia de cachoeira é a metáfora melhor de cinema. Essa imagem "heraclitiana" de uma água que não para de fluir é ótima para definir nossa ex-sétima arte. Por isso, os amigos de H. Mauro, na sua sabedoria para o óbvio, diziam no botequim: "Vai filmar minha cachoeira!". Só o movimento tem de ser filmado. Só as cachoeiras da vida têm de ser retratadas na busca de alguma verdade. Não há uma realidade que finalmente pare e se configure. Buscá-la, tanto na arte quanto na política, é fracasso certo.
Esse foi o aprendizado do século 20. Tentou capturar o vasto e incessante universo em fórmulas que o esgotassem e nada ficou preso. Por mais que queiramos que o cinema seja a arte de captar a vida, o cinema é a arte da morte.
Henri Bergson, ao ver o "cinematógrafo" pela primeira vez em Paris, deu a grande definição: "O cinema é importante, para que se veja e se saiba no futuro a maneira como os antigos se moviam". É isso aí. Cinema é o que se passa dentro do plano, a ação entre as pessoas e as coisas, para além do que contam os roteiros. Há uma "fisicalidade" no cinema em que as coisas brilham antes do enredo. Há uma superficialidade "profunda" no cinema básico que os grandes mestres sacaram.
Sem bodes, irmãos, mas vejam como Hollywood é um luminoso cemitério de estrelas. É um cemitério de beijos e olhos e corpos embalsamados no tempo da película. Vejam como Fred Astaire dança no ar do nada, vejam como James Dean já prefigurava a morte na própria interpretação de sua melancolia. Como dói se apaixonar por uma morta como eu, que me apaixonei por Brigitte Helm em Metrópolis e amei as pernas perfeitas de Louise Brooks, numa necrofilia de sala escura. Mesmo num musical, o cinema filma a morte; mesmo no filme de ação, quando todos tentamos burlá-la numa ginga, num drible, ela não deixa. Como é estranho que Gene Kelly tenha morrido, aquele anjo de juventude, como pôde Kirk Douglas ter um derrame e gaguejar na festa do Oscar, como pôde o nosso super-homem morrer na cadeira de rodas?
O trágico do cinema é sua maior verdade. A pintura e outras artes tentam exorcizar a morte, todas as artes fazem isso. Mas, nelas, ninguém se mexe. A barra é mais leve. No cinema não tem perdão. Ligou a câmera, lá está a velha morte nos olhando. Assim, não há ideologia ou política ou arte ou filme ou literatura que dê conta do implacável fluir dessa cachoeira. Toda a tragédia dos séculos tem sido a tentativa de se trancar o movente em fórmula fechada, em alcançar um céu estático, definitivo, um dia em que tudo se resolva. O paraíso seria um lugar imóvel, onde não houvesse a morte e, portanto, nem cinema. Não há "cinema paradiso" (talvez por isso o filme seja tão ruim).
Hoje, estamos todos na saudade desse passado. Queremos voltar, principalmente intelectuais e outros religiosos, a esse tempo em que a morte seria dominada pela técnica, em que o paraíso fosse planejável. Não há isso. Somos uma cachoeira olhando a outra e todas nossas ações no mundo têm esse fracasso fundamental: por mais que olhemos no fundo das coisas, jamais veremos um fim ou um início. A galáxia e o ovo, todos estamos num fluir sem rumo. Por isso, a cachoeira é a melhor definição de cinema, ou da vida.
Brasileirão! Torcida vira Trucida - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 10/12
E o Corinthians? Diz que o Timão perdeu pro Náutico só pra não empatar justo na despedida do Empatite
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E o sorteio da Copa? Um minuto de silêncio para Mandela! E a Fifa roubou até no minuto de silêncio, durou 12 segundos! Diz que só durou 12 segundos porque o Galvão não ia conseguir fazer um minuto de silêncio! Milagre ele ter feito 12 segundos de silêncio!
E eleito o melhor momento do sorteio: close do decote da Fernanda Lima com o papelzinho escrito "D4"! Rarará! E o Marin tentou roubar o pote número 1. E as três bolinhas no palco: Dilma, Blatter e Ronalducho Fofômeno!
E o Brasileirão? Atlético PR x Vasco! As trucidas se trucidaram! Eu sempre chamo torcida violenta de trucida. Trucida organizada. Vão pro estádio pra trucidar! Prende os caras e só solta depois da Copa! E onde tava a PM? A PM sumiu?! E rebaixa os times pra série D!
E os rebaixados? E o Vasco? Como disse um amigo: "O Vasco tá tão acostumado a ser segundo que esperou o Fluminense cair primeiro". O Vasco pro Flu: "Por favor, pode cair antes, a gente tá acostumado a ficar em segundo". O Vasco é a prova que o futebol não é uma caixinha de surpresa! Vascaindo! Vascaiu!
E o Fluminense? O Fluminense foi rebaixado no patrocínio: de Unimed pro SUS! Novo patrocinador do Fluminense: SUS! Perdeu até o plano de saúde! Rebaixado pra fila do SUS! Série B: vai pro fim da fila! Rarará!
E o Corinthians? Diz que o Timão perdeu pro Náutico só pra não empatar justo na despedida do Empatite. E o site "FuteboldaDepressao" revela o desabafo do Tite na derrota do Corinthians: "Porra, perdi o meu empate". Rarará.
E São Paulo x Coritiba? Nem vi. Me tranquei no quarto com ar-condicionado e fiquei jogando "Angry Birds"! Muito melhor! Rarará! Mas diz que os bambis abriram as coxas pro Coxa!
É mole? É mole, mas sobe!
E esse cartaz numa banca em Ipanema? "Grupo A: Brasil, Croácia, México e Camarões. Grupo B: Vasco, Fluminense, Ponte Preta e Náutico." Rarará!
E a vantagem de o Vasco cair é que a gente já sabe quem vai ser o vice da serie B no ano que vem. Vasco, vice da série B 2014! Com o Flu campeão! Rarará! E esse torcedores são uns pitbulls dilaceradores de vísceras! Medo!
Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
E o Corinthians? Diz que o Timão perdeu pro Náutico só pra não empatar justo na despedida do Empatite
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E o sorteio da Copa? Um minuto de silêncio para Mandela! E a Fifa roubou até no minuto de silêncio, durou 12 segundos! Diz que só durou 12 segundos porque o Galvão não ia conseguir fazer um minuto de silêncio! Milagre ele ter feito 12 segundos de silêncio!
E eleito o melhor momento do sorteio: close do decote da Fernanda Lima com o papelzinho escrito "D4"! Rarará! E o Marin tentou roubar o pote número 1. E as três bolinhas no palco: Dilma, Blatter e Ronalducho Fofômeno!
E o Brasileirão? Atlético PR x Vasco! As trucidas se trucidaram! Eu sempre chamo torcida violenta de trucida. Trucida organizada. Vão pro estádio pra trucidar! Prende os caras e só solta depois da Copa! E onde tava a PM? A PM sumiu?! E rebaixa os times pra série D!
E os rebaixados? E o Vasco? Como disse um amigo: "O Vasco tá tão acostumado a ser segundo que esperou o Fluminense cair primeiro". O Vasco pro Flu: "Por favor, pode cair antes, a gente tá acostumado a ficar em segundo". O Vasco é a prova que o futebol não é uma caixinha de surpresa! Vascaindo! Vascaiu!
E o Fluminense? O Fluminense foi rebaixado no patrocínio: de Unimed pro SUS! Novo patrocinador do Fluminense: SUS! Perdeu até o plano de saúde! Rebaixado pra fila do SUS! Série B: vai pro fim da fila! Rarará!
E o Corinthians? Diz que o Timão perdeu pro Náutico só pra não empatar justo na despedida do Empatite. E o site "FuteboldaDepressao" revela o desabafo do Tite na derrota do Corinthians: "Porra, perdi o meu empate". Rarará.
E São Paulo x Coritiba? Nem vi. Me tranquei no quarto com ar-condicionado e fiquei jogando "Angry Birds"! Muito melhor! Rarará! Mas diz que os bambis abriram as coxas pro Coxa!
É mole? É mole, mas sobe!
E esse cartaz numa banca em Ipanema? "Grupo A: Brasil, Croácia, México e Camarões. Grupo B: Vasco, Fluminense, Ponte Preta e Náutico." Rarará!
E a vantagem de o Vasco cair é que a gente já sabe quem vai ser o vice da serie B no ano que vem. Vasco, vice da série B 2014! Com o Flu campeão! Rarará! E esse torcedores são uns pitbulls dilaceradores de vísceras! Medo!
Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Fronteiras da biotecnologia - XICO GRAZIANO
O Estado de S.Paulo - 10/12
Plantas transgênicas vieram para ficar. E prevalecer. Suas variedades passaram a dominar a safra de grãos no Brasil. Na corrida tecnológica, ninguém segura a engenharia genética. A ciência vence o medo obscurantista.
Lavouras geneticamente modificadas de soja, milho e algodão, nessa ordem, lideram, com dois terços, a semeadura da área nacional. Produtividade, facilidade no trato, economia de defensivos: aqui as razões principais que explicam seu notável desempenho. Problemas agronômicos, como resistência de ervas invasoras a herbicidas ou ressurgência de pragas, existem, mas se assemelham aos das lavouras convencionais. Não se comprovou alguma tragédia ambiental, tampouco dano à saúde humana, decorrente do uso específico de transgênicos.
Há séculos o melhoramento genético tradicional tem modificado os organismos. As variedades atualmente plantadas ou criadas pouco se parecem com suas ancestrais: o frango deixou de ser caipira, o milho tornou-se ereto, as frutas perdem suas sementes. Nenhum alimento continua "natural". O patamar da evolução mudou, porém, quando os cientistas descobriram a possibilidade de modificar artificialmente o DNA das espécies. Sem cruzamento sexual.
Tudo começou em 1972. Pesquisadores perceberam que parasitas do gênero Agrobacterium transferiam partes de seu germoplasma para as plantas hospedeiras, estimulando nestas a produção de açúcar, do qual se alimentavam. Quer dizer, ocorria na natureza um mecanismo de transgenia. Dez anos depois, em Gent (Bélgica), cientistas conseguiram pioneiramente efetuar a transgênese em laboratório. Em seguida, certas bactérias foram geneticamente modificadas visando à produção de insulina humana. Os diabéticos comemoraram. A ciência havia dado um tremendo salto no conhecimento.
Desde então as equipes de ponta, em oficinas públicas e privadas, passaram a investir na engenharia genética, turbinando mundialmente a biotecnologia. Esta se destacou, inicialmente, na manipulação de microrganismos. Depois, em 1996, chegou ao campo, com o lançamento de uma variedade de soja resistente à aplicação de herbicida. Começou a grande polêmica. Ativistas ambientais denunciaram a "comida Frankenstein". Religiosos condenaram os cientistas por manipularem a vida. A opinião pública ficou confusa.
Tal temor, compreensível, resultou na proposta de uma "moratória" de cinco anos, precaução adotada pela União Europeia em 1999. Esse período se considerava suficiente para buscar o esclarecimento das dúvidas sobre a nova tecnologia. O tempo passou, a engenharia genética evoluiu, os preconceitos religiosos e ideológicos cederam lugar às evidências científicas. Novas transgenias surgiram, barreiras foram caindo. Hoje, na agricultura, as variedades modernas, geneticamente alteradas, se fazem presentes em 50 países, plantadas por 17,3 milhões de agricultores, ocupando 10% da terra arável do mundo. Não é mais uma experiência.
Novidades biotecnológicas continuam surgindo. Entre animais, desenvolvem-se cabras transgênicas que produzem em seu leite uma proteína típica da teia de aranha, capaz de gerar polímeros altamente resistentes. Nos vegetais, entusiasma a possibilidade da geração de plantas que suportam "stress hídrico". Na Embrapa, um gene de cafeeiros resistentes à seca foi introduzido em plantas de fumo, fazendo-as suportar a falta de água no solo. Em Israel, cientistas do Instituto de Tecnologia alteraram os genes de alface, impedindo que suas folhas murchem após a colheita. Sensacional.
Técnicas chamadas "DNA recombinante" invadem a medicina. Utilizando-as, o Instituto Butantã (São Paulo) desenvolveu recente vacina contra a hepatite B; também pela intervenção no genoma viral surgem vacinas contra influenza, dengue, coqueluche e tuberculose. Na Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto estuda-se uma vacina transgênica para combater câncer. Porcos geneticamente modificados em Munique (Alemanha) provocaram fraca reação do sistema imunológico humano, abrindo caminho para os xenotransplantes.
Bactérias, leveduras e fungos geneticamente modificados têm sido utilizados na fabricação de alimentos há tempos. Esses microrganismos atuam diretamente nos processos de fermentação, gerando queijos, massas, cerveja; ajudam até na definição do aroma em bebidas e comidas. Etanol celulósico, a partir do bagaço da cana ou de capim, virá de leveduras geneticamente modificadas. Na indústria, o sabão em pó contêm enzimas, oriundas de bactérias transgênicas, que facilitam a degradação de gordura nos tecidos.
Na fronteira da biotecnologia desenvolve-se aqui, na Embrapa, uma incrível técnica - dos promotores constitutivos - capaz de restringir a manifestação de certas proteínas transgênicas em folhas e frutos das plantas modificadas. Ou seja, a planta será transgênica, mas seus frutos, ou grãos, escapam do DNA alterado. O avanço da engenharia genética, base da biotecnologia, é extraordinário em todos os ramos, dando a impressão de que o melhor ainda está por vir.
Por que, então, diante de tanto sucesso ainda há restrições contra os transgênicos, taxando-os de produtos do mal? Boa pergunta. A resposta encontra-se no preconceito criado lá atrás. A rigor, hoje em dia os produtos transgênicos, submetidos a legislação super-rigorosa, são bastante seguros para o consumo. Já outros alimentos, embora "convencionais", mais parecem uma bomba química: salgadinhos, latarias, maioneses, doces insossos, essas gororobas, sim, impunemente destroem nossa saúde.
Conclusão: transgênico ou convencional, pouco importa. Vale o alimento ser saudável.
Plantas transgênicas vieram para ficar. E prevalecer. Suas variedades passaram a dominar a safra de grãos no Brasil. Na corrida tecnológica, ninguém segura a engenharia genética. A ciência vence o medo obscurantista.
Lavouras geneticamente modificadas de soja, milho e algodão, nessa ordem, lideram, com dois terços, a semeadura da área nacional. Produtividade, facilidade no trato, economia de defensivos: aqui as razões principais que explicam seu notável desempenho. Problemas agronômicos, como resistência de ervas invasoras a herbicidas ou ressurgência de pragas, existem, mas se assemelham aos das lavouras convencionais. Não se comprovou alguma tragédia ambiental, tampouco dano à saúde humana, decorrente do uso específico de transgênicos.
Há séculos o melhoramento genético tradicional tem modificado os organismos. As variedades atualmente plantadas ou criadas pouco se parecem com suas ancestrais: o frango deixou de ser caipira, o milho tornou-se ereto, as frutas perdem suas sementes. Nenhum alimento continua "natural". O patamar da evolução mudou, porém, quando os cientistas descobriram a possibilidade de modificar artificialmente o DNA das espécies. Sem cruzamento sexual.
Tudo começou em 1972. Pesquisadores perceberam que parasitas do gênero Agrobacterium transferiam partes de seu germoplasma para as plantas hospedeiras, estimulando nestas a produção de açúcar, do qual se alimentavam. Quer dizer, ocorria na natureza um mecanismo de transgenia. Dez anos depois, em Gent (Bélgica), cientistas conseguiram pioneiramente efetuar a transgênese em laboratório. Em seguida, certas bactérias foram geneticamente modificadas visando à produção de insulina humana. Os diabéticos comemoraram. A ciência havia dado um tremendo salto no conhecimento.
Desde então as equipes de ponta, em oficinas públicas e privadas, passaram a investir na engenharia genética, turbinando mundialmente a biotecnologia. Esta se destacou, inicialmente, na manipulação de microrganismos. Depois, em 1996, chegou ao campo, com o lançamento de uma variedade de soja resistente à aplicação de herbicida. Começou a grande polêmica. Ativistas ambientais denunciaram a "comida Frankenstein". Religiosos condenaram os cientistas por manipularem a vida. A opinião pública ficou confusa.
Tal temor, compreensível, resultou na proposta de uma "moratória" de cinco anos, precaução adotada pela União Europeia em 1999. Esse período se considerava suficiente para buscar o esclarecimento das dúvidas sobre a nova tecnologia. O tempo passou, a engenharia genética evoluiu, os preconceitos religiosos e ideológicos cederam lugar às evidências científicas. Novas transgenias surgiram, barreiras foram caindo. Hoje, na agricultura, as variedades modernas, geneticamente alteradas, se fazem presentes em 50 países, plantadas por 17,3 milhões de agricultores, ocupando 10% da terra arável do mundo. Não é mais uma experiência.
Novidades biotecnológicas continuam surgindo. Entre animais, desenvolvem-se cabras transgênicas que produzem em seu leite uma proteína típica da teia de aranha, capaz de gerar polímeros altamente resistentes. Nos vegetais, entusiasma a possibilidade da geração de plantas que suportam "stress hídrico". Na Embrapa, um gene de cafeeiros resistentes à seca foi introduzido em plantas de fumo, fazendo-as suportar a falta de água no solo. Em Israel, cientistas do Instituto de Tecnologia alteraram os genes de alface, impedindo que suas folhas murchem após a colheita. Sensacional.
Técnicas chamadas "DNA recombinante" invadem a medicina. Utilizando-as, o Instituto Butantã (São Paulo) desenvolveu recente vacina contra a hepatite B; também pela intervenção no genoma viral surgem vacinas contra influenza, dengue, coqueluche e tuberculose. Na Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto estuda-se uma vacina transgênica para combater câncer. Porcos geneticamente modificados em Munique (Alemanha) provocaram fraca reação do sistema imunológico humano, abrindo caminho para os xenotransplantes.
Bactérias, leveduras e fungos geneticamente modificados têm sido utilizados na fabricação de alimentos há tempos. Esses microrganismos atuam diretamente nos processos de fermentação, gerando queijos, massas, cerveja; ajudam até na definição do aroma em bebidas e comidas. Etanol celulósico, a partir do bagaço da cana ou de capim, virá de leveduras geneticamente modificadas. Na indústria, o sabão em pó contêm enzimas, oriundas de bactérias transgênicas, que facilitam a degradação de gordura nos tecidos.
Na fronteira da biotecnologia desenvolve-se aqui, na Embrapa, uma incrível técnica - dos promotores constitutivos - capaz de restringir a manifestação de certas proteínas transgênicas em folhas e frutos das plantas modificadas. Ou seja, a planta será transgênica, mas seus frutos, ou grãos, escapam do DNA alterado. O avanço da engenharia genética, base da biotecnologia, é extraordinário em todos os ramos, dando a impressão de que o melhor ainda está por vir.
Por que, então, diante de tanto sucesso ainda há restrições contra os transgênicos, taxando-os de produtos do mal? Boa pergunta. A resposta encontra-se no preconceito criado lá atrás. A rigor, hoje em dia os produtos transgênicos, submetidos a legislação super-rigorosa, são bastante seguros para o consumo. Já outros alimentos, embora "convencionais", mais parecem uma bomba química: salgadinhos, latarias, maioneses, doces insossos, essas gororobas, sim, impunemente destroem nossa saúde.
Conclusão: transgênico ou convencional, pouco importa. Vale o alimento ser saudável.
O outro Mandela - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 12/10
Joaquim Barbosa, o primeiro negro a presidir o STF, fará dia 16 de janeiro palestra para alunos do Instituto Steve Biko, em Salvador.
O nome da entidade, destinada à inclusão educacional dos negros, homenageia outro gigante da luta contra o apartheid, morto em 1977 pelo então governo racista da África do Sul.
Lá e cá
François Hollande, presidente francês, convidou seu antecessor, Nicolas Sarkozy, para ir com ele aos funerais de Mandela, a exemplo de Dilma que viajou para a África do Sul ao lado de FH, Lula, Sarney e Collor.
Só que o marido de Carla Bruni recusou. Quer ir em avião separado.
O calvário da Petrobras
A Petrobras deve voltar a operar a Refinaria do Paraná dia 17. Ela está fechada desde um incêndio em 28 de novembro.
Neste período, as importações brasileiras de gasolina devem dobrar, sangrando ainda mais o cofre da estatal.
Lei Roberto Carlos
A festa Movimento dos Interessados em Sacudir Sua Alma (antiga M.I.S.S.A.), dia 14 agora, no Rio, vai fazer graça com a polêmica das biografias não autorizadas.
Um anão fantasiado de Roberto Carlos vai receber o público. Em uma das mãos, o miúdo vai segurar uma biografia e, na outra, uma placa coma frase: “Eu autorizo.”
A volta do Procure Saber
Aliás, artistas do Procure Saber e do GAP vão hoje à Brasília se encontrar com ministros do STF.
Dizem temer “a pressão do Ecad junto ao ministro Luiz Fux para conseguir uma liminar" que impeça a entrada em vigor sexta agora, da nova lei do direito autoral.
Peri da Pituba
O ex-jogador Perivaldo, de Botafogo e seleção brasileira, que foi descoberto pelo “Fantástico”, da TV Globo, morando nas ruas de Lisboa, em Portugal, vai voltar ao Brasil, amanhã. Ele é baiano e tem um filho no Ceará, mas escolheu morar no Rio. Ele explica:
— Lugar de artista e jogador de futebol morar é só no Rio.
Ou seja...
De bobo, o Peri não tem nada.
Joga um bolão
A participação de Fernanda Lima no sorteio dos grupos da Copa, na Costa do Sauípe, continua impressionando nossos hermanos.
No fim de semana, os principais sites de notícias argentinos ainda falavam da beleza da “diosa brasilefia”.
Berenice procura
Luana Piovani vai voltar ao cinema. Será a protagonista do longa
“Berenice procura”, baseado no romance de Luiz Alfredo Garcia-Roza. A direção é de Flávia Lacerda.
Tô dentro
A gigante americana de TI Cisco anuncia hoje que será patrocinadora dos Jogos Olímpicos do Rio 2016.
Maus antecedentes
Sabe aquele torcedor do Vasco, Leone Mendes da Silva, de 23 anos, flagrado agredindo, com um bastão, um torcedor do Atlético-PR desacordado, domingo, na Arena Joinville?
Pois bem. É um velho conhecido da Justiça do Rio. Em 2011, após confusão no Engenhão, ele foi denunciado pelo MP por incitar violência no estádio.
Nova ordem
Foram espalhados pela Avenida Brasil outdoors contra os dirigentes do Vasco.
Dizem assim: “Fora Dinamite, Eurico nunca mais. Nova ordem vascaína.”
Privatização do Galeão
O temor de Moreira Franco, ministro da Aviação Civil, de que possa haver funcionários do Galeão fazendo corpo mole é contestado por Edson Antonio Cavalcante, presidente da Associação Nacional de Empregados da Infraero:
— Nos três aeroportos já concedidos à iniciativa privada, o pessoal da Infraero tem sido elogiado pela competência e profissionalismo.
Calma, gente!
Tem carioca que só pensa naquilo.
Domingo, em frente ao Copacabana Palace, assim que a limusine de Bill Clinton deixava o hotel, o comentário entre populares era sobre Monica Lewinsky, a estagiária da Casa Branca que aplicou no americano... você sabe.
O nome da entidade, destinada à inclusão educacional dos negros, homenageia outro gigante da luta contra o apartheid, morto em 1977 pelo então governo racista da África do Sul.
Lá e cá
François Hollande, presidente francês, convidou seu antecessor, Nicolas Sarkozy, para ir com ele aos funerais de Mandela, a exemplo de Dilma que viajou para a África do Sul ao lado de FH, Lula, Sarney e Collor.
Só que o marido de Carla Bruni recusou. Quer ir em avião separado.
O calvário da Petrobras
A Petrobras deve voltar a operar a Refinaria do Paraná dia 17. Ela está fechada desde um incêndio em 28 de novembro.
Neste período, as importações brasileiras de gasolina devem dobrar, sangrando ainda mais o cofre da estatal.
Lei Roberto Carlos
A festa Movimento dos Interessados em Sacudir Sua Alma (antiga M.I.S.S.A.), dia 14 agora, no Rio, vai fazer graça com a polêmica das biografias não autorizadas.
Um anão fantasiado de Roberto Carlos vai receber o público. Em uma das mãos, o miúdo vai segurar uma biografia e, na outra, uma placa coma frase: “Eu autorizo.”
A volta do Procure Saber
Aliás, artistas do Procure Saber e do GAP vão hoje à Brasília se encontrar com ministros do STF.
Dizem temer “a pressão do Ecad junto ao ministro Luiz Fux para conseguir uma liminar" que impeça a entrada em vigor sexta agora, da nova lei do direito autoral.
Peri da Pituba
O ex-jogador Perivaldo, de Botafogo e seleção brasileira, que foi descoberto pelo “Fantástico”, da TV Globo, morando nas ruas de Lisboa, em Portugal, vai voltar ao Brasil, amanhã. Ele é baiano e tem um filho no Ceará, mas escolheu morar no Rio. Ele explica:
— Lugar de artista e jogador de futebol morar é só no Rio.
Ou seja...
De bobo, o Peri não tem nada.
Joga um bolão
A participação de Fernanda Lima no sorteio dos grupos da Copa, na Costa do Sauípe, continua impressionando nossos hermanos.
No fim de semana, os principais sites de notícias argentinos ainda falavam da beleza da “diosa brasilefia”.
Berenice procura
Luana Piovani vai voltar ao cinema. Será a protagonista do longa
“Berenice procura”, baseado no romance de Luiz Alfredo Garcia-Roza. A direção é de Flávia Lacerda.
Tô dentro
A gigante americana de TI Cisco anuncia hoje que será patrocinadora dos Jogos Olímpicos do Rio 2016.
Maus antecedentes
Sabe aquele torcedor do Vasco, Leone Mendes da Silva, de 23 anos, flagrado agredindo, com um bastão, um torcedor do Atlético-PR desacordado, domingo, na Arena Joinville?
Pois bem. É um velho conhecido da Justiça do Rio. Em 2011, após confusão no Engenhão, ele foi denunciado pelo MP por incitar violência no estádio.
Nova ordem
Foram espalhados pela Avenida Brasil outdoors contra os dirigentes do Vasco.
Dizem assim: “Fora Dinamite, Eurico nunca mais. Nova ordem vascaína.”
Privatização do Galeão
O temor de Moreira Franco, ministro da Aviação Civil, de que possa haver funcionários do Galeão fazendo corpo mole é contestado por Edson Antonio Cavalcante, presidente da Associação Nacional de Empregados da Infraero:
— Nos três aeroportos já concedidos à iniciativa privada, o pessoal da Infraero tem sido elogiado pela competência e profissionalismo.
Calma, gente!
Tem carioca que só pensa naquilo.
Domingo, em frente ao Copacabana Palace, assim que a limusine de Bill Clinton deixava o hotel, o comentário entre populares era sobre Monica Lewinsky, a estagiária da Casa Branca que aplicou no americano... você sabe.
PORTA FECHADA - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 10/12
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) julga hoje se Champinha (Roberto Alves da Silva) pode ganhar a liberdade. Há dez anos, ele entrou para a crônica policial ao participar do assassinato de Felipe Caffé e Liana Friedenbach, que antes de morrer foi torturada e violentada pelos criminosos.
DATA MARCADA
Champinha tinha 16 anos quando participou do assassinato. De acordo com a lei, por ser menor, ficaria internado na Fundação Casa, em SP, até 2006, quando chegasse aos 19 anos. Naquele ano, um laudo do IML (Instituto Médico-Legal) afirmou que ele sofria de transtorno de personalidade. Champinha foi transferido então para uma Unidade Experimental de Saúde e está lá até hoje.
LINHA CRUZADA
Primeiro negro a presidir o STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa esperou até o último minuto por um convite de Dilma Rousseff para integrar a comitiva oficial que desembarca hoje na África do Sul para o enterro de Nelson Mandela. Mas o telefone não tocou.
PRIMEIRA CLASSE
Dilma embarcou ontem com Lula e os outros três ex-presidentes brasileiros ainda vivos: José Sarney, Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso. Levou no avião presidencial também as ministras Helena Chagas (Comunicação) e Luiza Bairros (Promoção da Igualdade Racial) e o assessor especial Marco Aurélio Garcia.
HISTÓRIA
Joaquim Barbosa esteve com Mandela em 2000, em Durban, quando participou da pré-Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Conexa.
ATAQUE
Plínio de Arruda Sampaio tenta emplacar a ex-deputada Luciana Genro como vice do senador Randolfe Rodrigues, formando uma chapa puro-sangue do PSOL na disputa pela Presidência. Ela tinha o apoio de Plínio para ser a cabeça de chapa, mas foi derrotada na votação do partido. "Essa parceria me honraria muito", diz Rodrigues, que conversou com Plínio anteontem em SP. "Ele me aconselhou a ir pra cima dos outros candidatos e falar a verdade nos debates."
NEM MAIS UM MINUTO
Única filha de Adoniran Barbosa, Maria Helena Rubinato transferiu a gestão dos direitos autorais da obra do sambista para um escritório carioca. Segundo Daniel Figueiredo, do UP-Rights, "existem várias canções dele sendo utilizadas sem a autorização devida". Fora do Brasil, diz, a arrecadação com músicas do autor "é ínfima".
DE RENDA
Gisele Bündchen oficializa amanhã parceria com a empresária Natalie Klein para comercializar sua marca de lingerie na NK Store. A linha Intimates será vendida com exclusividade nas lojas da multimarcas em SP e no Rio.
POLE POSITION
"Crô - O Filme" deve bater hoje a marca de 1 milhão de espectadores nos cinemas do país. O longa estrelado por Marcelo Serrado permaneceu em primeiro lugar nas bilheterias em seu segundo fim de semana em cartaz. Superou "Última Viagem a Vegas". "Serrado derrubou Michael Douglas, Robert De Niro e Morgan Freeman", brinca Bruno Wainer, da Downtown, codistribuidora do filme nacional.
PESO-PESADO
O Instituto Moreira Salles trará ao Brasil em maio do ano que vem uma exposição de desenhos do artista americano Richard Serra. O IMS lançará também um livro com escritos e entrevistas do escultor.
FILHA DO PATRÃO
Silvio Santos recebeu convidados no casamento de sua "filha número dois", a diretora Silvia, com o cantor Edu Pedroso. Renata e Patricia Abravanel, irmãs da noiva, foram com os namorados, Caio Curado e o deputado Fábio Faria (PSD-RN), respectivamente. A atriz Thaís Pacholek, a apresentadora Lucimara Parisi, acompanhada do marido, Alexandre Vitorino, e os atores e apresentadores mirins Matheus Ueda e Ana Vitoria Zimmermann também estiveram na festa, nos Jardins. Iris Abravanel, mulher do apresentador, e Cintia, filha mais velha dele, também cumprimentaram os noivos.
CURTO-CIRCUITO
O DVD de "O Som ao Redor" será lançado hoje, às 18h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
Costanza Pascolato autografa o livro "O Essencial", hoje, às 17h, na Burberry do shopping JK.
A Casa Hope promove bazar beneficente, hoje e amanhã, no Planalto Paulista.
Moisés Naím lança o livro "O Fim do Poder", hoje, às 16h, na Fundação iFHC.
A Orquestra Filarmônica de Paraisópolis faz concerto de Natal hoje, às 20h30, no Masp. Grátis. Livre.
O Minhocão terá um jardim vertical a partir de hoje, no largo Padre Péricles. Iniciativa da Absolut, Escola São Paulo e Movimento 90º.
DATA MARCADA
Champinha tinha 16 anos quando participou do assassinato. De acordo com a lei, por ser menor, ficaria internado na Fundação Casa, em SP, até 2006, quando chegasse aos 19 anos. Naquele ano, um laudo do IML (Instituto Médico-Legal) afirmou que ele sofria de transtorno de personalidade. Champinha foi transferido então para uma Unidade Experimental de Saúde e está lá até hoje.
LINHA CRUZADA
Primeiro negro a presidir o STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa esperou até o último minuto por um convite de Dilma Rousseff para integrar a comitiva oficial que desembarca hoje na África do Sul para o enterro de Nelson Mandela. Mas o telefone não tocou.
PRIMEIRA CLASSE
Dilma embarcou ontem com Lula e os outros três ex-presidentes brasileiros ainda vivos: José Sarney, Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso. Levou no avião presidencial também as ministras Helena Chagas (Comunicação) e Luiza Bairros (Promoção da Igualdade Racial) e o assessor especial Marco Aurélio Garcia.
HISTÓRIA
Joaquim Barbosa esteve com Mandela em 2000, em Durban, quando participou da pré-Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Conexa.
ATAQUE
Plínio de Arruda Sampaio tenta emplacar a ex-deputada Luciana Genro como vice do senador Randolfe Rodrigues, formando uma chapa puro-sangue do PSOL na disputa pela Presidência. Ela tinha o apoio de Plínio para ser a cabeça de chapa, mas foi derrotada na votação do partido. "Essa parceria me honraria muito", diz Rodrigues, que conversou com Plínio anteontem em SP. "Ele me aconselhou a ir pra cima dos outros candidatos e falar a verdade nos debates."
NEM MAIS UM MINUTO
Única filha de Adoniran Barbosa, Maria Helena Rubinato transferiu a gestão dos direitos autorais da obra do sambista para um escritório carioca. Segundo Daniel Figueiredo, do UP-Rights, "existem várias canções dele sendo utilizadas sem a autorização devida". Fora do Brasil, diz, a arrecadação com músicas do autor "é ínfima".
DE RENDA
Gisele Bündchen oficializa amanhã parceria com a empresária Natalie Klein para comercializar sua marca de lingerie na NK Store. A linha Intimates será vendida com exclusividade nas lojas da multimarcas em SP e no Rio.
POLE POSITION
"Crô - O Filme" deve bater hoje a marca de 1 milhão de espectadores nos cinemas do país. O longa estrelado por Marcelo Serrado permaneceu em primeiro lugar nas bilheterias em seu segundo fim de semana em cartaz. Superou "Última Viagem a Vegas". "Serrado derrubou Michael Douglas, Robert De Niro e Morgan Freeman", brinca Bruno Wainer, da Downtown, codistribuidora do filme nacional.
PESO-PESADO
O Instituto Moreira Salles trará ao Brasil em maio do ano que vem uma exposição de desenhos do artista americano Richard Serra. O IMS lançará também um livro com escritos e entrevistas do escultor.
FILHA DO PATRÃO
Silvio Santos recebeu convidados no casamento de sua "filha número dois", a diretora Silvia, com o cantor Edu Pedroso. Renata e Patricia Abravanel, irmãs da noiva, foram com os namorados, Caio Curado e o deputado Fábio Faria (PSD-RN), respectivamente. A atriz Thaís Pacholek, a apresentadora Lucimara Parisi, acompanhada do marido, Alexandre Vitorino, e os atores e apresentadores mirins Matheus Ueda e Ana Vitoria Zimmermann também estiveram na festa, nos Jardins. Iris Abravanel, mulher do apresentador, e Cintia, filha mais velha dele, também cumprimentaram os noivos.
CURTO-CIRCUITO
O DVD de "O Som ao Redor" será lançado hoje, às 18h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
Costanza Pascolato autografa o livro "O Essencial", hoje, às 17h, na Burberry do shopping JK.
A Casa Hope promove bazar beneficente, hoje e amanhã, no Planalto Paulista.
Moisés Naím lança o livro "O Fim do Poder", hoje, às 16h, na Fundação iFHC.
A Orquestra Filarmônica de Paraisópolis faz concerto de Natal hoje, às 20h30, no Masp. Grátis. Livre.
O Minhocão terá um jardim vertical a partir de hoje, no largo Padre Péricles. Iniciativa da Absolut, Escola São Paulo e Movimento 90º.
Protesto arco-íris - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 10/12
Os movimentos sociais não estarão sós. As organizações LGBT preparam uma onda de protestos em Curitiba, durante a Copa. Rússia, Irã e Nigéria, considerados países homofóbicos, jogarão no Paraná. Existe pena de morte para gays no Irã e em parte da Nigéria. A Parada do Orgulho Gay foi proibida na Rússia. A convocação para se integrar aos protestos já circula nas redes sociais e na comunidade gay.
Nos bastidores do PSB
A despeito de seu desempenho nas recentes pesquisas, o candidato do PSB ao Planalto, Eduardo Campos, está muito otimista. Ele tem pesquisas revelando que sua performance é melhor quando o eleitor é informado de que Marina Silva é a vice da chapa. Segundo sua equipe, à medida que a chapa Eduardo/Marina é explicitada nas pesquisas, o socialista ultrapassa o candidato do PSDB, Aécio Neves, e se aproxima da candidata à reeleição, a presidente Dilma (PT). O comando da campanha do PSB, não obstante a postura de boa vizinhança e das conversas entre Eduardo e Aécio, diz que “os dois querem o mesmo lugar e só tem lugar para um deles”.
“Os anões estão crescendo”
Eduardo Campos Governador (PE) e candidato do PSB à Presidência, ao saber que o PPS optou por sua candidatura. Seu comentário é uma resposta ao marqueteiro da presidente Dilma, João Santana, que andou dizendo que “Eduardo seria o que menos cresceria na antropofagia dos anões”
Um lugar ao sol
O entorno da presidente Dilma e da cúpula do PT está fervendo. São muitos os candidatos a postos- chaves no comando da campanha da reeleição. Há uma visão de que este é um estágio para se posicionar melhor para um segundo mandato.
Tudo pelo esporte
O prefeito Eduardo Paes ( Rio) terá recursos para instalar cinco Centros de Iniciação ao Esporte. O ministro Aldo Rebelo (Esporte) anuncia hoje onde serão os 300 centros que serão criados no país. O Estado do Rio terá recursos para criar outros 19 centros, destinados a atender as áreas de alta vulnerabilidade social das grandes cidades.
Convicção generalizada
Muito ruim, ontem, o clima da reunião com os líderes governistas. Eles saíram da conversa com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) convencidos de que o governo não se importa caso não seja votado o Orçamento da União para 2014.
Vai dar o que falar
A presidente Dilma se inspirou em Lula ao levar para o enterro de Mandela os ex-presidentes Lula, José Sarney, Fernando Henrique e Collor. Na morte do Papa João Paulo II, em 2005, Itamar Franco era embaixador na Itália, e Lula deu carona para Sarney e FH. Naquela viagem, o tema dominante foi falar mal do Ministério Público.
A fonte secou
Os líderes aliados estão possessos. A ministra Ideli Salvatti os informou de que o governo não vai pagar os R$ 5 milhões que faltam a cada deputado referentes às emendas parlamentares.
Homenagem
A bancada do PT fará homenagem hoje a Marcelo Déda (ex-governador) e José Genoino (ex-presidente do partido). Será no lançamento do livro “Líderes do PT na Câmara: Trajetórias e Lutas, de 1980 a 2013”, de Athos Pereira.
OS MINISTROS Eleonora Menicucci e Aldo Rebelo entregaram sábado, em São Bernardo do Campo (SP), troféu de campeão brasileiro de futebol feminino para o time do Centro Olímpico.
Nos bastidores do PSB
A despeito de seu desempenho nas recentes pesquisas, o candidato do PSB ao Planalto, Eduardo Campos, está muito otimista. Ele tem pesquisas revelando que sua performance é melhor quando o eleitor é informado de que Marina Silva é a vice da chapa. Segundo sua equipe, à medida que a chapa Eduardo/Marina é explicitada nas pesquisas, o socialista ultrapassa o candidato do PSDB, Aécio Neves, e se aproxima da candidata à reeleição, a presidente Dilma (PT). O comando da campanha do PSB, não obstante a postura de boa vizinhança e das conversas entre Eduardo e Aécio, diz que “os dois querem o mesmo lugar e só tem lugar para um deles”.
“Os anões estão crescendo”
Eduardo Campos Governador (PE) e candidato do PSB à Presidência, ao saber que o PPS optou por sua candidatura. Seu comentário é uma resposta ao marqueteiro da presidente Dilma, João Santana, que andou dizendo que “Eduardo seria o que menos cresceria na antropofagia dos anões”
Um lugar ao sol
O entorno da presidente Dilma e da cúpula do PT está fervendo. São muitos os candidatos a postos- chaves no comando da campanha da reeleição. Há uma visão de que este é um estágio para se posicionar melhor para um segundo mandato.
Tudo pelo esporte
O prefeito Eduardo Paes ( Rio) terá recursos para instalar cinco Centros de Iniciação ao Esporte. O ministro Aldo Rebelo (Esporte) anuncia hoje onde serão os 300 centros que serão criados no país. O Estado do Rio terá recursos para criar outros 19 centros, destinados a atender as áreas de alta vulnerabilidade social das grandes cidades.
Convicção generalizada
Muito ruim, ontem, o clima da reunião com os líderes governistas. Eles saíram da conversa com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) convencidos de que o governo não se importa caso não seja votado o Orçamento da União para 2014.
Vai dar o que falar
A presidente Dilma se inspirou em Lula ao levar para o enterro de Mandela os ex-presidentes Lula, José Sarney, Fernando Henrique e Collor. Na morte do Papa João Paulo II, em 2005, Itamar Franco era embaixador na Itália, e Lula deu carona para Sarney e FH. Naquela viagem, o tema dominante foi falar mal do Ministério Público.
A fonte secou
Os líderes aliados estão possessos. A ministra Ideli Salvatti os informou de que o governo não vai pagar os R$ 5 milhões que faltam a cada deputado referentes às emendas parlamentares.
Homenagem
A bancada do PT fará homenagem hoje a Marcelo Déda (ex-governador) e José Genoino (ex-presidente do partido). Será no lançamento do livro “Líderes do PT na Câmara: Trajetórias e Lutas, de 1980 a 2013”, de Athos Pereira.
OS MINISTROS Eleonora Menicucci e Aldo Rebelo entregaram sábado, em São Bernardo do Campo (SP), troféu de campeão brasileiro de futebol feminino para o time do Centro Olímpico.
Quem cala consente - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 10/12
Nem o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, nem o presidente estadual do PSDB, Duarte Nogueira, pediram o apoio ao presidenciável tucano Aécio Neves ao discursarem no congresso do PPS. O secretário de Gestão do Estado, Davi Zaia, comandou a votação maciça da seção paulista (74 a 4 pela candidatura própria) pelo apoio a Eduardo Campos (PSB), que prevaleceu. Ao não se contrapor à articulação pró-Campos, Alckmin espera ter o PSB em sua aliança à reeleição.
Palanque Duarte Nogueira foi o primeiro a falar e nem citou Aécio. Em seguida, Márcio França (PSB) fez uma ode a Eduardo Campos. Alckmin falou em seguida, e ainda assim não mencionou a candidatura do mineiro.
E agora? Tucanos têm dúvida se o PSB vai bancar o desgaste com a Rede de Marina Silva para garantir o apoio a Alckmin, como contrapartida à "mãozinha" que o governador deu para aumentar o tempo de TV de Campos.
Vem pra cá Pelo sim, pelo não, França já participou de reunião ontem pela manhã do governador paulista com presidentes de oito partidos que devem compor sua aliança no ano que vem.
Destino? Diante da versão de que foi coincidência o jantar entre Aécio e o governador de Pernambuco num restaurante na zona sul do Rio, domingo, um amigo comum brinca: "Quem não quer ser visto marca encontro em instituto de cegos".
Fronteira Na conversa, a primeira mais longa desde que Campos selou a aliança com Marina, os dois retomaram as negociações sobre palanques comuns e deixaram subentendido que não criarão dificuldade um para o outro nas eleições "domésticas", de Minas e Pernambuco.
Teleprompter Dilma Rousseff foi avisada já a bordo do avião presidencial que teria de discursar como porta-voz da América Latina no funeral de Nelson Mandela.
A bordo Os convites para que os quatro ex-presidentes acompanhassem Dilma à África do Sul foram feitos na sexta-feira. A dúvida era se Fernando Henrique Cardoso e José Sarney aceitariam. As confirmações foram todas dadas no sábado de manhã.
Remediado? O Planalto quer que sejam implementadas delegacias especializadas em atendimento ao torcedor nos 12 estádios da Copa de 2014. A ideia foi debatida anteontem, após episódios de violência na partida entre Atlético-PR e Vasco.
Aviso Em reunião com Miriam Belchior (Planejamento) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais), líderes partidários alertaram que o governo terá dificuldades para aprovar o Orçamento.
Qual... Advogado de Simone Vasconcelos, Leonardo Isaac vai propor à diretoria da penitenciária para qual ela e Katia Rabello foram transferidas, em Belo Horizonte, que elas ajudem na "ressocialização" das presas.
... é a música? Entre as ideias do advogado, está a de que a ex-diretora do Banco Rural ensine balé para as detentas e a ex-funcionária de Marcos Valério lecione cursos de português ou inglês.
Juntos 1 Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT) fecharam acordo ontem para ampliar e integrar as ações de combate ao crack no centro de São Paulo. Serão abertas novas vagas de atendimento e mais conselheiros atuarão na cracolândia.
Juntos 2 Também serão integradas as ações da área de segurança, com trabalho conjunto da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana. A Prefeitura vai reforçar ainda a limpeza da área.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"O jantar de Eduardo Campos e Aécio Neves só parece um encontro de aliados. Na verdade, cada um está querendo engolir o outro."
DO DEPUTADO FERNANDO FERRO (PT-PE), apontando que Eduardo Campos e Aécio Neves devem disputar uma vaga no 2º turno contra Dilma Rousseff.
contraponto
Memórias da resistência
Na abertura do congresso do PPS, na última sexta-feira, o presidente da sigla, Roberto Freire, conversava com o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) sobre as origens de seu partido, que surgiu a partir do PCB (Partido Comunista Brasileiro).
Alckmin observou que uma característica comum aos comunistas era sua longevidade, e citou como exemplo Oscar Niemeyer, que morreu às vésperas de completar 105 anos de idade. Freire, que tem 71 anos, emendou:
--Nossos amigos dizem que nós, comunistas, somos como vasos ruins. E vaso ruim não quebra!
Nem o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, nem o presidente estadual do PSDB, Duarte Nogueira, pediram o apoio ao presidenciável tucano Aécio Neves ao discursarem no congresso do PPS. O secretário de Gestão do Estado, Davi Zaia, comandou a votação maciça da seção paulista (74 a 4 pela candidatura própria) pelo apoio a Eduardo Campos (PSB), que prevaleceu. Ao não se contrapor à articulação pró-Campos, Alckmin espera ter o PSB em sua aliança à reeleição.
Palanque Duarte Nogueira foi o primeiro a falar e nem citou Aécio. Em seguida, Márcio França (PSB) fez uma ode a Eduardo Campos. Alckmin falou em seguida, e ainda assim não mencionou a candidatura do mineiro.
E agora? Tucanos têm dúvida se o PSB vai bancar o desgaste com a Rede de Marina Silva para garantir o apoio a Alckmin, como contrapartida à "mãozinha" que o governador deu para aumentar o tempo de TV de Campos.
Vem pra cá Pelo sim, pelo não, França já participou de reunião ontem pela manhã do governador paulista com presidentes de oito partidos que devem compor sua aliança no ano que vem.
Destino? Diante da versão de que foi coincidência o jantar entre Aécio e o governador de Pernambuco num restaurante na zona sul do Rio, domingo, um amigo comum brinca: "Quem não quer ser visto marca encontro em instituto de cegos".
Fronteira Na conversa, a primeira mais longa desde que Campos selou a aliança com Marina, os dois retomaram as negociações sobre palanques comuns e deixaram subentendido que não criarão dificuldade um para o outro nas eleições "domésticas", de Minas e Pernambuco.
Teleprompter Dilma Rousseff foi avisada já a bordo do avião presidencial que teria de discursar como porta-voz da América Latina no funeral de Nelson Mandela.
A bordo Os convites para que os quatro ex-presidentes acompanhassem Dilma à África do Sul foram feitos na sexta-feira. A dúvida era se Fernando Henrique Cardoso e José Sarney aceitariam. As confirmações foram todas dadas no sábado de manhã.
Remediado? O Planalto quer que sejam implementadas delegacias especializadas em atendimento ao torcedor nos 12 estádios da Copa de 2014. A ideia foi debatida anteontem, após episódios de violência na partida entre Atlético-PR e Vasco.
Aviso Em reunião com Miriam Belchior (Planejamento) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais), líderes partidários alertaram que o governo terá dificuldades para aprovar o Orçamento.
Qual... Advogado de Simone Vasconcelos, Leonardo Isaac vai propor à diretoria da penitenciária para qual ela e Katia Rabello foram transferidas, em Belo Horizonte, que elas ajudem na "ressocialização" das presas.
... é a música? Entre as ideias do advogado, está a de que a ex-diretora do Banco Rural ensine balé para as detentas e a ex-funcionária de Marcos Valério lecione cursos de português ou inglês.
Juntos 1 Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT) fecharam acordo ontem para ampliar e integrar as ações de combate ao crack no centro de São Paulo. Serão abertas novas vagas de atendimento e mais conselheiros atuarão na cracolândia.
Juntos 2 Também serão integradas as ações da área de segurança, com trabalho conjunto da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana. A Prefeitura vai reforçar ainda a limpeza da área.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"O jantar de Eduardo Campos e Aécio Neves só parece um encontro de aliados. Na verdade, cada um está querendo engolir o outro."
DO DEPUTADO FERNANDO FERRO (PT-PE), apontando que Eduardo Campos e Aécio Neves devem disputar uma vaga no 2º turno contra Dilma Rousseff.
contraponto
Memórias da resistência
Na abertura do congresso do PPS, na última sexta-feira, o presidente da sigla, Roberto Freire, conversava com o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) sobre as origens de seu partido, que surgiu a partir do PCB (Partido Comunista Brasileiro).
Alckmin observou que uma característica comum aos comunistas era sua longevidade, e citou como exemplo Oscar Niemeyer, que morreu às vésperas de completar 105 anos de idade. Freire, que tem 71 anos, emendou:
--Nossos amigos dizem que nós, comunistas, somos como vasos ruins. E vaso ruim não quebra!
Chuvas & trovoadas na CMO - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 10/12
Começou a contagem regressiva para estourar uma “greve” na Comissão Mista de Orçamento (CMO). O estopim foi o fato de a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, dizer aos líderes partidários da base aliada que o governo não tem compromisso com o orçamento impositivo inscrito na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Isso significa que só fará a liberação automática das emendas parlamentares se houver uma emenda à Constituição.
Os deputados acham que o governo adota isso apenas para enrolar a base e não executar a totalidade das emendas dos parlamentares ao Orçamento no ano eleitoral. Ao que tudo indica, o fim do ano será longo por ali. Ontem, já não houve votação na CMO. E o prazo está cada vez mais curto.
Cofre fechado
Os deputados que estiveram em reunião com Ideli Salvatti saíram frustrados. A todos ela tem dito que o governo já liberou tudo o que podia em termos de emendas parlamentares de 2013. Ou seja, o saco de bondades de Papai Noel está vazio.
Daqui pra frente...
Os líderes alertaram para os perigos que o governo tem pela frente, na hipótese de não liberar o Orçamento. Um deles é fazer crescer apoios a uma CPI para apurar as denúncias de Tuma Jr. sobre direcionamento do aparato policial a adversários do governo. O segundo, a derrubada de vetos polêmicos que estão em pauta, como o do bom e velho fator previdenciário.
...Tudo vai ser diferente
Outra ameaça se refere ao Orçamento de 2014, o primeiro ano em que o governo não poderá contar com a chamada autorização provisória para investimentos diretos, nem mesmo nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Portos em chamas
O terminal de Libra, no Porto de Santos, está em guerra com caminhoneiros. Eles reivindicam o pagamento da estadia quando ficarem mais de cinco horas lá e, ainda, o aumento do valor do frete. Desde a semana passada, o movimento dos trabalhadores do setor de cargas está impedindo a recepção de contêineres. Até agora, nem a polícia nem a política conseguiram resolver. Está no ponto de o governo federal (e/ou estadual) ter de intervir.
Atores & diretores/ Os senadores querem o Orçamento aprovado em 17 deste mês. Os deputados querem impor condições. Ontem, mal o presidente da CMO, Lobão Filho (foto), abriu a sessão, o deputado Danilo Forte (PMDB-CE) pediu a palavra. Lobão, sabendo que ele tentaria suspender a sessão, foi direto: “Peraí! Deixa eu terminar de, pelo menos, ler a pauta!!” Reflexos da crise entre o chefe da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e o do Senado, Renan Calheiros.
Dilma & presidentes/ Houve quem apostasse que Fernando Henrique e Lula não viajariam juntos com Dilma ontem para o velório de Nelson Mandela. Agora, espera-se aí uma réstia de abertura de diálogo entre governo e oposição. Vejamos a volta.
Hora dos livros I/ Os economistas Fábio Giambagi e Cláudio Porto lançam hoje, às 18h, na CNI, Propostas para o governo 2015-2018. O trabalho reúne artigos de 40 analistas que apontam políticas públicas para o crescimento competitivo do Brasil. Com o pibinho que rola por aqui, a ideia é colocar as propostas no centro do debate pré-eleitoral.
Hora dos livros II/ Na Câmara, o jornalista Magno Martins lança, às 19hs, Reféns da Seca, o mundo dos excluídos dos programas sociais.
Os deputados acham que o governo adota isso apenas para enrolar a base e não executar a totalidade das emendas dos parlamentares ao Orçamento no ano eleitoral. Ao que tudo indica, o fim do ano será longo por ali. Ontem, já não houve votação na CMO. E o prazo está cada vez mais curto.
Cofre fechado
Os deputados que estiveram em reunião com Ideli Salvatti saíram frustrados. A todos ela tem dito que o governo já liberou tudo o que podia em termos de emendas parlamentares de 2013. Ou seja, o saco de bondades de Papai Noel está vazio.
Daqui pra frente...
Os líderes alertaram para os perigos que o governo tem pela frente, na hipótese de não liberar o Orçamento. Um deles é fazer crescer apoios a uma CPI para apurar as denúncias de Tuma Jr. sobre direcionamento do aparato policial a adversários do governo. O segundo, a derrubada de vetos polêmicos que estão em pauta, como o do bom e velho fator previdenciário.
...Tudo vai ser diferente
Outra ameaça se refere ao Orçamento de 2014, o primeiro ano em que o governo não poderá contar com a chamada autorização provisória para investimentos diretos, nem mesmo nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Portos em chamas
O terminal de Libra, no Porto de Santos, está em guerra com caminhoneiros. Eles reivindicam o pagamento da estadia quando ficarem mais de cinco horas lá e, ainda, o aumento do valor do frete. Desde a semana passada, o movimento dos trabalhadores do setor de cargas está impedindo a recepção de contêineres. Até agora, nem a polícia nem a política conseguiram resolver. Está no ponto de o governo federal (e/ou estadual) ter de intervir.
Atores & diretores/ Os senadores querem o Orçamento aprovado em 17 deste mês. Os deputados querem impor condições. Ontem, mal o presidente da CMO, Lobão Filho (foto), abriu a sessão, o deputado Danilo Forte (PMDB-CE) pediu a palavra. Lobão, sabendo que ele tentaria suspender a sessão, foi direto: “Peraí! Deixa eu terminar de, pelo menos, ler a pauta!!” Reflexos da crise entre o chefe da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e o do Senado, Renan Calheiros.
Dilma & presidentes/ Houve quem apostasse que Fernando Henrique e Lula não viajariam juntos com Dilma ontem para o velório de Nelson Mandela. Agora, espera-se aí uma réstia de abertura de diálogo entre governo e oposição. Vejamos a volta.
Hora dos livros I/ Os economistas Fábio Giambagi e Cláudio Porto lançam hoje, às 18h, na CNI, Propostas para o governo 2015-2018. O trabalho reúne artigos de 40 analistas que apontam políticas públicas para o crescimento competitivo do Brasil. Com o pibinho que rola por aqui, a ideia é colocar as propostas no centro do debate pré-eleitoral.
Hora dos livros II/ Na Câmara, o jornalista Magno Martins lança, às 19hs, Reféns da Seca, o mundo dos excluídos dos programas sociais.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 10/12
Grupos planejam três novos hotéis para o turismo de negócios no Rio
Com projetos voltados para a hospedagem corporativa, a Facility lançará três novos hotéis no Rio de Janeiro. Os investimentos são estimados em R$ 150 milhões.
Os empreendimentos serão operados pela rede Vert, que representa no Brasil o grupo internacional Wyndham, dono da bandeira Ramada, entre outras marcas.
Os edifícios serão erguidos nos municípios de Niterói, Itatiaia e Nova Iguaçu.
"São cidades onde há demanda por hotelaria de negócios por causa de novos projetos que surgiram, como o parque industrial de Itatiaia", afirma a empresária Bianca Carvalho, da Facility, que atua no setor imobiliário.
Além de capital próprio, haverá aportes de investidores, segundo ela. "É uma hotelaria de implantação mais barata e com retorno garantido porque as taxas de ocupação estão sempre em alta."
Juntos, os três novos meios de hospedagem terão 490 apartamentos. Eles deverão entrar em operação em 2016.
"Serão hotéis de padrão econômico. O de Itatiaia será um Days Inn e, os outros dois, Ramada", afirma Amilcar Mielmiczuk, da Vert.
As duas empresas são parceiras em outros cinco projetos já lançados e em fase de comercialização, todos eles na capital fluminense.
A Vert tem em funcionamento quatro hotéis nos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte (MG) e Linhares (ES).
"Até agosto de 2014 outros oito serão inaugurados nos Estados de São Paulo e Minas Gerais", afirma Mielmiczuk.
IMPOSTO NA CEIA
A carga tributária embutida no preço de alguns dos produtos mais comprados durante as festas de Natal e Réveillon supera 50%, de acordo com levantamento da consultoria BDO.
Na compra de fogos de artifício, por exemplo, a incidência chega a 64,25%. Em segundo lugar estão os espumantes e as champanhes, com 54,25% cada um.
"O ICMS e o IPI são regidos pelo princípio da essencialidade. Assim, quanto mais supérfluo for o produto, mais elevada é a carga", afirma Valmir Oliveira, da área de tributos da consultoria.
Enfeites, presépios e árvores de Natal apresentam a mesma alíquota embutida no preço final: 47,25%.
Os produtos com menor índice são o panetone e o peru, com 21,25% cada um.
O estudo não considerou outras alíquotas, como Imposto de Renda e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).
FREIO NO EMPREGO
Os empregadores brasileiros pretendem diminuir o ritmo de contratação no primeiro trimestre do ano que vem.
Pesquisa da empresa de recrutamento Manpower mostra que 68% dos entrevistados pretendem manter seu quadro de funcionários estável. Pouco mais de 20% devem aumentar e 11%, diminuir.
O índice de contratação (parcela dos que dizem que irão admitir menos os que afirmam que vão dispensar) ajustado, permitindo a variação sazonal, ficou em 16%.
O número é o menor da série histórica, que começou a ser elaborada no Brasil no quarto trimestre de 2009.
Dos 42 países que participaram do levantamento, o Brasil ficou na sétima posição entre os que mais preveem contratações, empatado com Peru e Turquia.
Taiwan (39%) e Índia (33%) lideraram. Foram entrevistadas 65 mil pessoas.
Setor de chocolates deve terminar 2013 com expansão
Apesar de registrar uma queda na produção de 0,7% no acumulado deste ano até setembro, a indústria de chocolates prevê encerrar 2013 com expansão.
A Abicab (associação dos fabricantes), no entanto, não projeta um percentual específico de incremento.
"Terminaremos o ano com crescimento. Será pequeno, mas positivo", afirma Ubiracy Fonseca, vice-presidente da entidade.
No terceiro trimestre, o setor se recuperou de forma discreta: alta de 1,8% na comparação com o mesmo período de 2012.
Os resultados do segmento são consequência do desempenho econômico brasileiro, segundo Fonseca.
No ano passado, o mercado que engloba chocolates, achocolatados e coberturas com o sabor avançou 3%.
Quando se consideram apenas bombons, ovos de Páscoa e barras, porém, não houve nenhuma elevação.
Para 2014, a expectativa é que os resultados melhorem: "É ano de eleições. Vamos ter também a Copa. Projetamos um crescimento maior do que o de 2013".
O Brasil é o terceiro maior produtor de chocolates do mundo, atrás dos Estados Unidos e da Alemanha.
PRODUTO DE CARA NOVA
Após a aquisição da empresa de utilidades domésticas Santa Marina --e com ela mais cem novos produtos--, a fabricante de utensílios em vidro Nadir Figueiredo reestruturou a identidade das marcas de seu portfólio.
"Contratamos uma equipe especializada em gestão de marcas para definirmos qual é a cara de cada item para organizarmos o catálogo da empresa", diz José Eduardo Vidigal Pontes, presidente da Nadir Figueiredo.
Com a reestruturação, a companhia passou a ter cinco grandes segmentos: assadeiras e tigelas, potes e jarras, coparia, assadeiras para o dia a dia e artigos de mesa.
A empresa inaugura hoje sua loja de fábrica, anexa à planta de Suzano, no interior de São Paulo.
A unidade atenderá funcionários e o público externo, e terá preços mais baixos que os praticados no varejo.
Formal O Sebrae fez um acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho) para pesquisar a formalização de trabalhadores.
Novos sócios João Luís Ribeiro de Almeida, Luciana Goulart Penteado e Marcelo Della Mônica Silva passarão a compor a mesa de sócios do Demarest Advogados a partir de 1º de janeiro do ano que vem.
Direito... O escritório Godke Silva & Rocha Advogados acaba de abrir uma filial em Miami, nos EUA.
...na Flórida O objetivo da banca é fortalecer sua estrutura de serviços na região.
Passagem A Bayer investiu R$ 5 milhões em uma ponte perto de sua sede, no Socorro, em São Paulo, a ser inaugurada no dia 17. A ideia é facilitar o acesso de funcionários e moradores à estação de trem e do metrô, diz a farmacêutica.
Grupos planejam três novos hotéis para o turismo de negócios no Rio
Com projetos voltados para a hospedagem corporativa, a Facility lançará três novos hotéis no Rio de Janeiro. Os investimentos são estimados em R$ 150 milhões.
Os empreendimentos serão operados pela rede Vert, que representa no Brasil o grupo internacional Wyndham, dono da bandeira Ramada, entre outras marcas.
Os edifícios serão erguidos nos municípios de Niterói, Itatiaia e Nova Iguaçu.
"São cidades onde há demanda por hotelaria de negócios por causa de novos projetos que surgiram, como o parque industrial de Itatiaia", afirma a empresária Bianca Carvalho, da Facility, que atua no setor imobiliário.
Além de capital próprio, haverá aportes de investidores, segundo ela. "É uma hotelaria de implantação mais barata e com retorno garantido porque as taxas de ocupação estão sempre em alta."
Juntos, os três novos meios de hospedagem terão 490 apartamentos. Eles deverão entrar em operação em 2016.
"Serão hotéis de padrão econômico. O de Itatiaia será um Days Inn e, os outros dois, Ramada", afirma Amilcar Mielmiczuk, da Vert.
As duas empresas são parceiras em outros cinco projetos já lançados e em fase de comercialização, todos eles na capital fluminense.
A Vert tem em funcionamento quatro hotéis nos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte (MG) e Linhares (ES).
"Até agosto de 2014 outros oito serão inaugurados nos Estados de São Paulo e Minas Gerais", afirma Mielmiczuk.
IMPOSTO NA CEIA
A carga tributária embutida no preço de alguns dos produtos mais comprados durante as festas de Natal e Réveillon supera 50%, de acordo com levantamento da consultoria BDO.
Na compra de fogos de artifício, por exemplo, a incidência chega a 64,25%. Em segundo lugar estão os espumantes e as champanhes, com 54,25% cada um.
"O ICMS e o IPI são regidos pelo princípio da essencialidade. Assim, quanto mais supérfluo for o produto, mais elevada é a carga", afirma Valmir Oliveira, da área de tributos da consultoria.
Enfeites, presépios e árvores de Natal apresentam a mesma alíquota embutida no preço final: 47,25%.
Os produtos com menor índice são o panetone e o peru, com 21,25% cada um.
O estudo não considerou outras alíquotas, como Imposto de Renda e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).
FREIO NO EMPREGO
Os empregadores brasileiros pretendem diminuir o ritmo de contratação no primeiro trimestre do ano que vem.
Pesquisa da empresa de recrutamento Manpower mostra que 68% dos entrevistados pretendem manter seu quadro de funcionários estável. Pouco mais de 20% devem aumentar e 11%, diminuir.
O índice de contratação (parcela dos que dizem que irão admitir menos os que afirmam que vão dispensar) ajustado, permitindo a variação sazonal, ficou em 16%.
O número é o menor da série histórica, que começou a ser elaborada no Brasil no quarto trimestre de 2009.
Dos 42 países que participaram do levantamento, o Brasil ficou na sétima posição entre os que mais preveem contratações, empatado com Peru e Turquia.
Taiwan (39%) e Índia (33%) lideraram. Foram entrevistadas 65 mil pessoas.
Setor de chocolates deve terminar 2013 com expansão
Apesar de registrar uma queda na produção de 0,7% no acumulado deste ano até setembro, a indústria de chocolates prevê encerrar 2013 com expansão.
A Abicab (associação dos fabricantes), no entanto, não projeta um percentual específico de incremento.
"Terminaremos o ano com crescimento. Será pequeno, mas positivo", afirma Ubiracy Fonseca, vice-presidente da entidade.
No terceiro trimestre, o setor se recuperou de forma discreta: alta de 1,8% na comparação com o mesmo período de 2012.
Os resultados do segmento são consequência do desempenho econômico brasileiro, segundo Fonseca.
No ano passado, o mercado que engloba chocolates, achocolatados e coberturas com o sabor avançou 3%.
Quando se consideram apenas bombons, ovos de Páscoa e barras, porém, não houve nenhuma elevação.
Para 2014, a expectativa é que os resultados melhorem: "É ano de eleições. Vamos ter também a Copa. Projetamos um crescimento maior do que o de 2013".
O Brasil é o terceiro maior produtor de chocolates do mundo, atrás dos Estados Unidos e da Alemanha.
PRODUTO DE CARA NOVA
Após a aquisição da empresa de utilidades domésticas Santa Marina --e com ela mais cem novos produtos--, a fabricante de utensílios em vidro Nadir Figueiredo reestruturou a identidade das marcas de seu portfólio.
"Contratamos uma equipe especializada em gestão de marcas para definirmos qual é a cara de cada item para organizarmos o catálogo da empresa", diz José Eduardo Vidigal Pontes, presidente da Nadir Figueiredo.
Com a reestruturação, a companhia passou a ter cinco grandes segmentos: assadeiras e tigelas, potes e jarras, coparia, assadeiras para o dia a dia e artigos de mesa.
A empresa inaugura hoje sua loja de fábrica, anexa à planta de Suzano, no interior de São Paulo.
A unidade atenderá funcionários e o público externo, e terá preços mais baixos que os praticados no varejo.
Formal O Sebrae fez um acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho) para pesquisar a formalização de trabalhadores.
Novos sócios João Luís Ribeiro de Almeida, Luciana Goulart Penteado e Marcelo Della Mônica Silva passarão a compor a mesa de sócios do Demarest Advogados a partir de 1º de janeiro do ano que vem.
Direito... O escritório Godke Silva & Rocha Advogados acaba de abrir uma filial em Miami, nos EUA.
...na Flórida O objetivo da banca é fortalecer sua estrutura de serviços na região.
Passagem A Bayer investiu R$ 5 milhões em uma ponte perto de sua sede, no Socorro, em São Paulo, a ser inaugurada no dia 17. A ideia é facilitar o acesso de funcionários e moradores à estação de trem e do metrô, diz a farmacêutica.
A porta de saída do Bolsa família - MAÍLSON DA NÓBREGA
REVISTA VEJA
O Bolsa Família, título que Lula deu ao conjunto de programas sociais herdados do governo FHC, completou dez anos de êxito. Na realidade, ao longo de mais de duas décadas, os programas de transferência condicionada de renda têm sido uma experiência vitoriosa em todo o mundo, embora sujeita a erros de interpretação. Um deles é rotulá-los de assistencialistas; outro é achar que criar empregos é a porta de saída para eliminar a dependência do benefício.
Tais programas começaram a ser pensados nos anos 1970, quando se provou a correlação positiva entre educação, produtividade e crescimento econômico. Este é maior quanto menor for a pobreza. Depois, a neurociência constatou que existe um período crítico durante o qual a criança se prepara para o continuado avanço no conhecimento. É aí que ela deve estar na escola.
A ideia inicial era assegurar uma renda mínima às famílias pobres. O pioneiro foi o economista americano Milton Friedman (1912-2006). um conservador. Mais tarde, evoluiu-se para condicionar a concessão do benefício à obrigação de pôr os filhos na escola e de levá-los aos postos de saúde para vacinação e outros cuidados. No Brasil, o programa surgiu em 1995, em Campinas e no Distrito Federal. Depois se espalhou por outros locais. No período FHC, recebeu o apoio federal. Ficou conhecido como Bolsa Escola.
A área acadêmica se interessou pelo assunto. Foi o caso do economista José Márcio Camargo, professor da PUC-Rio. Ele mostrou que as famílias pobres dependiam do trabalho dos filhos para sua própria sustentação. As crianças não iam para a escola e por isso seriam os pobres de amanhã. E assim sucessivamente. José Márcio defendeu uma versão ampliada do Bolsa Escola, o que permitiria reduzir drasticamente a pobreza e a desigualdade. O círculo vicioso se interromperia. As famílias "receberiam" para retirar os filhos do trabalho e colocá-los na escola. José Márcio escreveu um texto com Francisco H.G. Ferreira que propunha a unificação dos programas existentes (o Bolsa Escola e outros como o Vale-Gás). O estudo, que deve ter inspirado o Bolsa Família, está no endereço http://www. econ.puc-rio.br/pdf/td443.pdf.
Além de ideias para evitar fraudes e desperdícios, o estudo abordava formas de assegurar a oferta de serviços públicos de saúde e educação. Lula tinha outra proposta, a do inviável Fome Zero, mas, a exemplo do que fizera em relação à gestão macroeconômica de FHC, resolveu manter os programas herdados e ampliá-los. Sábia decisão. Infelizmente, ainda não foi possível prover educação de qualidade às crianças abrangidas pelo programa.
O Bolsa Família atende 13,8 milhões de famílias ao custo relativamente baixo de 0,5% do PIB. Contribuiu para reduzir a pobreza e a desigualdade. Se receberem educação de qualidade, as crianças beneficiadas pelo programa se tornarão adultos capazes de chefiar famílias livres da pobreza. Por isso, esse é o único programa social autofágico.
Uma das consequências positivas do programa é permitir às mães abandonar o mercado de trabalho e dedicar-se aos seus filhos. Elas recebem os pagamentos mensais e gerenciam as despesas familiares. Assim, caiu a oferta de empregadas domésticas, o que é um bom sinal. Erra quem pensa que isso é ruim. O programa acelerou a transição natural observada em outros países, nos quais o acesso à educação permitiu às mulheres disputar melhores postos de trabalho, diminuindo o universo das que buscavam o emprego doméstico. A menor oferta provocou o aumento dos respectivos salários.
O Bolsa Família não é assistencialista. Seu objetivo é assegurar que as próximas gerações das famílias assistidas não sejam pobres. Quanto à saída, esta não é o emprego, pois os pais não têm habilitações para preencher as respectivas vagas. Tenderão a permanecer em trabalho de menor remuneração. A saída é preparar as crianças para futuramente disputarem o mercado de trabalho, o que exige o cumprimento da condicionalidade básica do programa, isto é, mantê-las na escola. Sem isso, a pobreza continuará a reproduzir-se e se terá garantido apenas uma renda mínima sem ascensão social das famílias. O desafio é a educação de qualidade.
O Bolsa Família, título que Lula deu ao conjunto de programas sociais herdados do governo FHC, completou dez anos de êxito. Na realidade, ao longo de mais de duas décadas, os programas de transferência condicionada de renda têm sido uma experiência vitoriosa em todo o mundo, embora sujeita a erros de interpretação. Um deles é rotulá-los de assistencialistas; outro é achar que criar empregos é a porta de saída para eliminar a dependência do benefício.
Tais programas começaram a ser pensados nos anos 1970, quando se provou a correlação positiva entre educação, produtividade e crescimento econômico. Este é maior quanto menor for a pobreza. Depois, a neurociência constatou que existe um período crítico durante o qual a criança se prepara para o continuado avanço no conhecimento. É aí que ela deve estar na escola.
A ideia inicial era assegurar uma renda mínima às famílias pobres. O pioneiro foi o economista americano Milton Friedman (1912-2006). um conservador. Mais tarde, evoluiu-se para condicionar a concessão do benefício à obrigação de pôr os filhos na escola e de levá-los aos postos de saúde para vacinação e outros cuidados. No Brasil, o programa surgiu em 1995, em Campinas e no Distrito Federal. Depois se espalhou por outros locais. No período FHC, recebeu o apoio federal. Ficou conhecido como Bolsa Escola.
A área acadêmica se interessou pelo assunto. Foi o caso do economista José Márcio Camargo, professor da PUC-Rio. Ele mostrou que as famílias pobres dependiam do trabalho dos filhos para sua própria sustentação. As crianças não iam para a escola e por isso seriam os pobres de amanhã. E assim sucessivamente. José Márcio defendeu uma versão ampliada do Bolsa Escola, o que permitiria reduzir drasticamente a pobreza e a desigualdade. O círculo vicioso se interromperia. As famílias "receberiam" para retirar os filhos do trabalho e colocá-los na escola. José Márcio escreveu um texto com Francisco H.G. Ferreira que propunha a unificação dos programas existentes (o Bolsa Escola e outros como o Vale-Gás). O estudo, que deve ter inspirado o Bolsa Família, está no endereço http://www. econ.puc-rio.br/pdf/td443.pdf.
Além de ideias para evitar fraudes e desperdícios, o estudo abordava formas de assegurar a oferta de serviços públicos de saúde e educação. Lula tinha outra proposta, a do inviável Fome Zero, mas, a exemplo do que fizera em relação à gestão macroeconômica de FHC, resolveu manter os programas herdados e ampliá-los. Sábia decisão. Infelizmente, ainda não foi possível prover educação de qualidade às crianças abrangidas pelo programa.
O Bolsa Família atende 13,8 milhões de famílias ao custo relativamente baixo de 0,5% do PIB. Contribuiu para reduzir a pobreza e a desigualdade. Se receberem educação de qualidade, as crianças beneficiadas pelo programa se tornarão adultos capazes de chefiar famílias livres da pobreza. Por isso, esse é o único programa social autofágico.
Uma das consequências positivas do programa é permitir às mães abandonar o mercado de trabalho e dedicar-se aos seus filhos. Elas recebem os pagamentos mensais e gerenciam as despesas familiares. Assim, caiu a oferta de empregadas domésticas, o que é um bom sinal. Erra quem pensa que isso é ruim. O programa acelerou a transição natural observada em outros países, nos quais o acesso à educação permitiu às mulheres disputar melhores postos de trabalho, diminuindo o universo das que buscavam o emprego doméstico. A menor oferta provocou o aumento dos respectivos salários.
O Bolsa Família não é assistencialista. Seu objetivo é assegurar que as próximas gerações das famílias assistidas não sejam pobres. Quanto à saída, esta não é o emprego, pois os pais não têm habilitações para preencher as respectivas vagas. Tenderão a permanecer em trabalho de menor remuneração. A saída é preparar as crianças para futuramente disputarem o mercado de trabalho, o que exige o cumprimento da condicionalidade básica do programa, isto é, mantê-las na escola. Sem isso, a pobreza continuará a reproduzir-se e se terá garantido apenas uma renda mínima sem ascensão social das famílias. O desafio é a educação de qualidade.
Faxina nas gambiarras - JOSÉ PAULO KUPFER
O Estado de S.Paulo - 10/12
É certo que a presidente Dilma Rousseff poderá continuar anunciando, como já está fazendo, que, por mais um ano, seu governo manteve a inflação dentro da meta. Muito provavelmente, quando 2013 fechar, poderá até se vangloriar de a variação do IPCA de 2013 ter ficado abaixo da registrada no ano anterior. É claro que ficará faltando dizer que o resultado passou longe do centro da meta, contou com o represamento de preços administrados e exigiu o retorno dos juros básicos aos dois dígitos.
Nessa mesma linha de argumentação, o governo encontrará suporte para afirmar que, apesar da carga pesada dos críticos, praticamente cumpriu a meta de superávit primário. Depois de projeções de um primário até abaixo de 1% do PIB, em 2013, a conta deve fechar perto de 1,8% do PIB. Sim, também aqui faltará acrescentar que o resultado "positivo" se deveu a uma combinação de sucessivos descontos "legais", manobras contábeis e, finalmente, receitas atípicas, que não se repetirão, como as obtidas com leilões de concessão, com o notável destaque do campo petrolífero de Libra, e renegociações de dívidas do Refis.
Também em relação às contas externas, embora não seja possível estufar o peito e proclamar resultados satisfatórios, quando o saldo negativo em contas correntes salta quase 50% entre 2012 e 2013, se aproximando de 4% do PIB, o governo tratará de comemorar, no encerramento do ano, uma balança comercial no azul, ainda que nas beiradas do zero a zero. Mas, obedecendo ao seu estilo, não lembrará, entre outras manobras, das "exportações" de plataformas de petróleo que nunca saíram do lugar, mas ajudaram a evitar o primeiro déficit comercial em mais de uma dúzia de anos.
Não são necessários mais exemplos, ainda que muitos outros estejam por aí, para concluir que existe uma desarrumação na contabilidade do conjunto de indicadores brasileiros macroeconômicos. Bem possível, por sinal, que seja esse o maior problema da política econômica do governo Dilma. Assim, embora seja compreensível que os críticos aproveitem a barafunda que se armou para bater na aplicação de modelos de política econômica diferentes daqueles em que acreditam, eles miram no alvo errado.
Se hoje é fácil dizer que linhas de política econômica heterodoxas deram errado, era tão fácil quanto dizer que estavam equivocadas as ações tidas como ortodoxas que levaram aos péssimos resultados dos primeiros anos da década passada.
A verdade é que, sem primeiro limpar as contas dos truques insistentes e liberar os represamentos, recompondo a ordenação natural dos indicadores, nenhum modelo puro de política econômica terá a capacidade de corrigir as distorções provocadas pelas armações.
Acossado pela dupla ameaça de perda do grau de investimento, conferido ao País em 2008 pelas agências de classificação de risco, e da fuga de recursos externos para a economia americana, no momento em que parece se aproximar o início da reversão dos estímulos monetários, nos Estados Unidos, o governo Dilma está diante de um problema que pode ser encarado como oportunidade para promover uma faxina nas gambiarras que, claramente, estão conturbando a administração da economia.
São muitos os que, seguindo o roteiro convencional, contrataram apenas para 2015 a adoção de políticas corretivas, dando de barato que, em ano eleitoral, não se mexe na economia. Nem tanto pelo previsto novo ano de baixo crescimento, mas acima de tudo pela alta probabilidade de um recrudescimento da inflação às vésperas da eleição, pelo menos desta vez poderia ser um pouco diferente. A propósito, não deixa de ser alentador que movimentos na direção de evitar o aprofundamento de tantos erros comecem a dar o ar da graça.
É certo que a presidente Dilma Rousseff poderá continuar anunciando, como já está fazendo, que, por mais um ano, seu governo manteve a inflação dentro da meta. Muito provavelmente, quando 2013 fechar, poderá até se vangloriar de a variação do IPCA de 2013 ter ficado abaixo da registrada no ano anterior. É claro que ficará faltando dizer que o resultado passou longe do centro da meta, contou com o represamento de preços administrados e exigiu o retorno dos juros básicos aos dois dígitos.
Nessa mesma linha de argumentação, o governo encontrará suporte para afirmar que, apesar da carga pesada dos críticos, praticamente cumpriu a meta de superávit primário. Depois de projeções de um primário até abaixo de 1% do PIB, em 2013, a conta deve fechar perto de 1,8% do PIB. Sim, também aqui faltará acrescentar que o resultado "positivo" se deveu a uma combinação de sucessivos descontos "legais", manobras contábeis e, finalmente, receitas atípicas, que não se repetirão, como as obtidas com leilões de concessão, com o notável destaque do campo petrolífero de Libra, e renegociações de dívidas do Refis.
Também em relação às contas externas, embora não seja possível estufar o peito e proclamar resultados satisfatórios, quando o saldo negativo em contas correntes salta quase 50% entre 2012 e 2013, se aproximando de 4% do PIB, o governo tratará de comemorar, no encerramento do ano, uma balança comercial no azul, ainda que nas beiradas do zero a zero. Mas, obedecendo ao seu estilo, não lembrará, entre outras manobras, das "exportações" de plataformas de petróleo que nunca saíram do lugar, mas ajudaram a evitar o primeiro déficit comercial em mais de uma dúzia de anos.
Não são necessários mais exemplos, ainda que muitos outros estejam por aí, para concluir que existe uma desarrumação na contabilidade do conjunto de indicadores brasileiros macroeconômicos. Bem possível, por sinal, que seja esse o maior problema da política econômica do governo Dilma. Assim, embora seja compreensível que os críticos aproveitem a barafunda que se armou para bater na aplicação de modelos de política econômica diferentes daqueles em que acreditam, eles miram no alvo errado.
Se hoje é fácil dizer que linhas de política econômica heterodoxas deram errado, era tão fácil quanto dizer que estavam equivocadas as ações tidas como ortodoxas que levaram aos péssimos resultados dos primeiros anos da década passada.
A verdade é que, sem primeiro limpar as contas dos truques insistentes e liberar os represamentos, recompondo a ordenação natural dos indicadores, nenhum modelo puro de política econômica terá a capacidade de corrigir as distorções provocadas pelas armações.
Acossado pela dupla ameaça de perda do grau de investimento, conferido ao País em 2008 pelas agências de classificação de risco, e da fuga de recursos externos para a economia americana, no momento em que parece se aproximar o início da reversão dos estímulos monetários, nos Estados Unidos, o governo Dilma está diante de um problema que pode ser encarado como oportunidade para promover uma faxina nas gambiarras que, claramente, estão conturbando a administração da economia.
São muitos os que, seguindo o roteiro convencional, contrataram apenas para 2015 a adoção de políticas corretivas, dando de barato que, em ano eleitoral, não se mexe na economia. Nem tanto pelo previsto novo ano de baixo crescimento, mas acima de tudo pela alta probabilidade de um recrudescimento da inflação às vésperas da eleição, pelo menos desta vez poderia ser um pouco diferente. A propósito, não deixa de ser alentador que movimentos na direção de evitar o aprofundamento de tantos erros comecem a dar o ar da graça.
O pensamento vivo de Dilma - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 10/12
Ideias econômicas da presidente parecem não ter mudado, apesar dos reveses do crescimento
O ATUAL ESTADO das ideias econômicas da presidente Dilma Rousseff é de grande interesse na praça do mercado.
Os reveses da vida, a aridez do Planalto e a falta de chuvas na horta da economia em seus anos de governo teriam transformado o pensamento de Dilma sobre economia? Quais são as intenções da presidente em 2014? Caso reeleita? A presidente teria mudado de ideia, mas não vai tomar atitudes que produzam marolas reais antes da eleição?
Dilma Rousseff tem dificuldade de esconder o que pensa, digamos assim. Difícil, pois, de acreditar que faria um discurso para inglês ver, como o que fez ontem ao lado do americano Bill Clinton.
"Até fins de 2012, experimentamos uma expansão de nossa economia depois de um longo período de estagnação. Diferentemente do passado, essa expansão não se fez à custa da desigualdade social, do desequilíbrio macroeconômico ou da vulnerabilidade externa", discursou.
É mais ou menos verdade. Sem mais desigualdade, decerto. Sem vulnerabilidade externa, dá para aceitar (o país tornou-se e ainda é credor, livrou-se de séculos de dívida externa, eterna), embora a coisa já não seja tão simples. Quanto a desequilíbrio econômico, aí já não dá.
De meados dos anos 2000 até agora, o deficit externo do Brasil cresceu o equivalente a cinco pontos percentuais do PIB. Isto é, a diferença entre o que vendemos e compramos lá fora ficou no vermelho. A balança pendeu para um lado. Houve desequilíbrio.
O déficit não é mortal, de nos quebrar as pernas como até 2002, mas está ficando chatinho e não foi bem muito aproveitado. Gastamos mais (tomando emprestado lá fora) para consumir, não para investir muito mais. De resto, gastamos mais lá fora porque a vida está cara demais aqui, para consumidores e empresas. Isto é, nossa inflação está relativamente alta demais (porque somos pouco produtivos e investimos pouco).
A presidente ainda acha que isso não é um problema (custos em alta). "No Brasil, como também em muitos outros países da América do Sul, depois da crise da dívida externa, nós erigimos a solidez das finanças públicas e o controle da inflação como fundamentos da nossa macroeconomia", disse a presidente.
Bem, a inflação na Argentina e na Venezuela está horrível. A do Brasil está chatinha. A de Chile, Peru, México e Colômbia está quieta, tanto que eles podem manter juros bem baixinhos por lá (mas o governo não gosta da política econômica desses países). Nossos juros estão em alta.
"A inflação atingiu em 2012, e também vai fechar este ano de 2013, num dos seus patamares de estabilidade em torno dos 5,8%, 5,9%. E isso significa que ela se manteve dentro da meta traçada nos últimos dez anos", disse ademais Dilma.
Hum. "Patamares de estabilidade"? A inflação está fora da meta faz meia década, por aí, mas dentro de uma banda bem larga (parecemos o fumante que promete largar o vício em cinco anos). Estáveis nesse patamar, os custos ajudam a desmanchar a indústria brasileira, demandam juros mais altos, que causam o aumento da despesa com a dívida, o que limita investimentos em "obras" e gastos em políticas sociais, entre outros muitos problemas.
Mas a presidente acredita que está tudo equilibrado. Dominado.
Ideias econômicas da presidente parecem não ter mudado, apesar dos reveses do crescimento
O ATUAL ESTADO das ideias econômicas da presidente Dilma Rousseff é de grande interesse na praça do mercado.
Os reveses da vida, a aridez do Planalto e a falta de chuvas na horta da economia em seus anos de governo teriam transformado o pensamento de Dilma sobre economia? Quais são as intenções da presidente em 2014? Caso reeleita? A presidente teria mudado de ideia, mas não vai tomar atitudes que produzam marolas reais antes da eleição?
Dilma Rousseff tem dificuldade de esconder o que pensa, digamos assim. Difícil, pois, de acreditar que faria um discurso para inglês ver, como o que fez ontem ao lado do americano Bill Clinton.
"Até fins de 2012, experimentamos uma expansão de nossa economia depois de um longo período de estagnação. Diferentemente do passado, essa expansão não se fez à custa da desigualdade social, do desequilíbrio macroeconômico ou da vulnerabilidade externa", discursou.
É mais ou menos verdade. Sem mais desigualdade, decerto. Sem vulnerabilidade externa, dá para aceitar (o país tornou-se e ainda é credor, livrou-se de séculos de dívida externa, eterna), embora a coisa já não seja tão simples. Quanto a desequilíbrio econômico, aí já não dá.
De meados dos anos 2000 até agora, o deficit externo do Brasil cresceu o equivalente a cinco pontos percentuais do PIB. Isto é, a diferença entre o que vendemos e compramos lá fora ficou no vermelho. A balança pendeu para um lado. Houve desequilíbrio.
O déficit não é mortal, de nos quebrar as pernas como até 2002, mas está ficando chatinho e não foi bem muito aproveitado. Gastamos mais (tomando emprestado lá fora) para consumir, não para investir muito mais. De resto, gastamos mais lá fora porque a vida está cara demais aqui, para consumidores e empresas. Isto é, nossa inflação está relativamente alta demais (porque somos pouco produtivos e investimos pouco).
A presidente ainda acha que isso não é um problema (custos em alta). "No Brasil, como também em muitos outros países da América do Sul, depois da crise da dívida externa, nós erigimos a solidez das finanças públicas e o controle da inflação como fundamentos da nossa macroeconomia", disse a presidente.
Bem, a inflação na Argentina e na Venezuela está horrível. A do Brasil está chatinha. A de Chile, Peru, México e Colômbia está quieta, tanto que eles podem manter juros bem baixinhos por lá (mas o governo não gosta da política econômica desses países). Nossos juros estão em alta.
"A inflação atingiu em 2012, e também vai fechar este ano de 2013, num dos seus patamares de estabilidade em torno dos 5,8%, 5,9%. E isso significa que ela se manteve dentro da meta traçada nos últimos dez anos", disse ademais Dilma.
Hum. "Patamares de estabilidade"? A inflação está fora da meta faz meia década, por aí, mas dentro de uma banda bem larga (parecemos o fumante que promete largar o vício em cinco anos). Estáveis nesse patamar, os custos ajudam a desmanchar a indústria brasileira, demandam juros mais altos, que causam o aumento da despesa com a dívida, o que limita investimentos em "obras" e gastos em políticas sociais, entre outros muitos problemas.
Mas a presidente acredita que está tudo equilibrado. Dominado.
Ainda é pouco - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 10/12
Não há quem não aplauda o primeiro acordo de comércio exterior em 18 anos no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), obtido no último fim de semana.
Foi, também, a primeira vitória pessoal do atual gerente-geral, o embaixador brasileiro Roberto Azevêdo, apenas três meses após ser empossado no cargo, o que também reúne forças para os próximos passos que se destinam a retomar as negociações da Rodada Doha, paradas desde 2008.
Embora seja de alto valor simbólico, especialmente diante do emperramento anterior da OMC, esse novo acordo ainda é pouco abrangente. Limitou-se a desburocratizar parcialmente os trâmites alfandegários.
Não é pouca coisa, pode-se argumentar, mas os grandes temas de liberalização do comércio global e da redução dos subsídios comerciais que distorcem o jogo econômico global ainda parecem distantes.
É muito difícil de arrancar uma decisão quando estão em jogo interesses conflitantes de 159 países-membros, cada um deles com poder de veto sobre um acordo total, bastando que, para isso, se recuse a acatar apenas um item do documento. A obrigatoriedade de decisão por unanimidade é cláusula que precisa ser revista para que a OMC tenha um mínimo de funcionalidade enquanto organismo destinado a xerifar as práticas de comércio global, num ambiente cada vez mais competitivo.
Ao longo do governo PT, o Brasil fez uma opção de risco. Apostou todas as suas fichas nas negociações multilaterais, que não conseguem avançar. Enquanto isso, a maior parte das grandes potências comerciais saiu a campo para negociação e fechamento de acordos bilaterais ou entre blocos. Atualmente, mais de 300 acordos desse tipo estão em vigor, situação que alija progressivamente do mercado global o setor exportador dos países que ficaram parados, como o Brasil. Esta é a razão pela qual as empresas brasileiras vêm perdendo preferência comercial em grandes mercados.
Estados Unidos e União Europeia estão, neste momento, negociando um entendimento que aos poucos deverá abrir um ao outro os dois maiores mercados do mundo. Além deste, dentro de mais alguns dias, representantes de 12 países, que incluem Estados Unidos, Canadá, Japão, Peru, México, Vietnã e Chile, deverão reunir-se em Cingapura para avançar num Acordo Transpacífico que interessará a 800 milhões de pessoas e envolverá cerca de 40% da economia global.
O governo brasileiro parece não dar a devida importância a essas iniciativas. Aposta temerariamente em que o conflito de interesses acabe emperrando as negociações. Ainda persiste dentro da atual administração o entendimento de que acordos parciais de livre-comércio (como era o da proposta da Alca) concorrem para achatar o emprego industrial nos países em desenvolvimento. Não é o que pensam hoje as lideranças da indústria brasileira. Estas sentem que seus negócios estão sendo progressivamente afastados do núcleo do comércio global.
Não há quem não aplauda o primeiro acordo de comércio exterior em 18 anos no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), obtido no último fim de semana.
Foi, também, a primeira vitória pessoal do atual gerente-geral, o embaixador brasileiro Roberto Azevêdo, apenas três meses após ser empossado no cargo, o que também reúne forças para os próximos passos que se destinam a retomar as negociações da Rodada Doha, paradas desde 2008.
Embora seja de alto valor simbólico, especialmente diante do emperramento anterior da OMC, esse novo acordo ainda é pouco abrangente. Limitou-se a desburocratizar parcialmente os trâmites alfandegários.
Não é pouca coisa, pode-se argumentar, mas os grandes temas de liberalização do comércio global e da redução dos subsídios comerciais que distorcem o jogo econômico global ainda parecem distantes.
É muito difícil de arrancar uma decisão quando estão em jogo interesses conflitantes de 159 países-membros, cada um deles com poder de veto sobre um acordo total, bastando que, para isso, se recuse a acatar apenas um item do documento. A obrigatoriedade de decisão por unanimidade é cláusula que precisa ser revista para que a OMC tenha um mínimo de funcionalidade enquanto organismo destinado a xerifar as práticas de comércio global, num ambiente cada vez mais competitivo.
Ao longo do governo PT, o Brasil fez uma opção de risco. Apostou todas as suas fichas nas negociações multilaterais, que não conseguem avançar. Enquanto isso, a maior parte das grandes potências comerciais saiu a campo para negociação e fechamento de acordos bilaterais ou entre blocos. Atualmente, mais de 300 acordos desse tipo estão em vigor, situação que alija progressivamente do mercado global o setor exportador dos países que ficaram parados, como o Brasil. Esta é a razão pela qual as empresas brasileiras vêm perdendo preferência comercial em grandes mercados.
Estados Unidos e União Europeia estão, neste momento, negociando um entendimento que aos poucos deverá abrir um ao outro os dois maiores mercados do mundo. Além deste, dentro de mais alguns dias, representantes de 12 países, que incluem Estados Unidos, Canadá, Japão, Peru, México, Vietnã e Chile, deverão reunir-se em Cingapura para avançar num Acordo Transpacífico que interessará a 800 milhões de pessoas e envolverá cerca de 40% da economia global.
O governo brasileiro parece não dar a devida importância a essas iniciativas. Aposta temerariamente em que o conflito de interesses acabe emperrando as negociações. Ainda persiste dentro da atual administração o entendimento de que acordos parciais de livre-comércio (como era o da proposta da Alca) concorrem para achatar o emprego industrial nos países em desenvolvimento. Não é o que pensam hoje as lideranças da indústria brasileira. Estas sentem que seus negócios estão sendo progressivamente afastados do núcleo do comércio global.
Há condições para um melhor 2014 - ANTONIO DELFIM NETTO
VALOR ECONÔMICO - 10/12
Do ponto de vista econômico, o Brasil é um país relativamente fechado: as exportações representam 13% e as importações 14% do PIB a preços de mercado. Mesmo assim, a conjuntura mundial tem alguma influência sobre as variações do nosso PIB, através da flutuação das exportações e importações físicas e da relação dos seus preços relativos, que chamamos de "relação de troca".
Quando ela cresce, ganhamos um "bônus" do mundo equivalente a um aumento acidental da nossa produtividade. É por isso que existe uma correlação (uma variação concomitante) entre a conjuntura mundial e a nacional: temos maior facilidade para crescer um pouco mais com uma conjuntura mundial favorável. A relação é tênue, mas talvez seja uma componente - juntamente com o pequeno declínio da relação de troca - de parte da explicação da dramática redução do crescimento do PIB nos últimos três anos. O resto é responsabilidade da nossa própria política econômica.
A tabela abaixo revela que entre o terceiro trimestre de 2002 e o terceiro trimestre de 2010, o PIB cresceu 3,8% ao ano. Entre o terceiro trimestre de 2010 e igual período de 2013, o crescimento foi de 1,8%, com uma composição profundamente diferente.
A queda de 80% do crescimento do setor industrial, somada à redução da expansão da economia mundial, talvez seja responsável por cerca de metade da redução de 2% da taxa de crescimento do PIB entre os dois períodos. Há seguramente outras causas e podemos sofisticar à vontade a qualidade do diagnóstico. No curto prazo, entretanto, é muito difícil deixar de aceitar o fato que foi a brutal queda de demanda da produção de manufaturados produzidos no Brasil, como consequência da combinação mortal da supervalorização cambial acompanhada de paulatina desorganização do sistema de tarifas efetivas e da ausência do "draw-back verde amarelo" que um dia tivemos.
O gráfico abaixo registra o saldo comercial (exportação menos importação) do setor de produtos manufaturados e a taxa de câmbio real (taxa de câmbio nominal dividida pelo salário nominal de cada ano). Com uma defasagem de 2 anos, o saldo responde às variações do câmbio real. Trata-se de visão puramente impressionista. Não é preciso procurar explicação mais sofisticada para entender que entre 2002 e 2007 o importante superávit (produzido pela correção cambial imposta pelo mercado em 1999), de US$ 139 bilhões, foi transformado num déficit de US$ 171 bilhões, entre 2008 e 2013, graças principalmente, à excessiva valorização cambial. No período, a política econômica "roubou" bilhões de dólares de demanda externa e interna da indústria de manufaturados nacional. A carga tributária elevada, a maior taxa de juro real do mundo e o câmbio mais valorizado do mundo (devido aos aumentos de salários nominais muito acima da produtividade do trabalho), usado como instrumento de controle da inflação, congelaram o "espírito animal" do empresário nacional e aumentaram os riscos de novos investimentos. Felizmente, o mercado, de novo, impôs a correção do câmbio. A taxa de juros real (com suas idas e vindas) é menor. Isso sugere que, entre 12 e 18 meses, a indústria de manufaturados usará melhor os fatores de que dispõe, ajudando na recuperação do crescimento.
Por outro lado, a clara disposição do governo de manter a busca da "modicidade tarifária" com amigável audiência e respeito aos limites do setor privado, aumentou a probabilidade de sucesso dos leilões de concessão de infraestrutura, até no setor ferroviário. Elas serão poderosas alavancas para acelerar os investimentos em infraestrutura. Finalmente, a lenta recuperação da economia mundial talvez possa nos dar um pequeno alento adicional. Esses três fatores poderão nos proporcionar um razoável 2014.
Se insistirmos, com a cooperação do Congresso, numa forte coordenação entre adequadas políticas fiscal e monetária, afastaremos as ameaças e as incertezas que hoje nos cercam. A dissipação da possível "tempestade perfeita", que seria o acontecimento simultâneo da queda de um ponto no nosso rating soberano e o início ("tapering") do afrouxo monetário dos EUA - que será, como sempre, desajeitado - depende apenas de uma ação firme e crível do governo brasileiro. É o que reforça a esperança de termos um 2014 um pouco melhor do que 2013.
Do ponto de vista econômico, o Brasil é um país relativamente fechado: as exportações representam 13% e as importações 14% do PIB a preços de mercado. Mesmo assim, a conjuntura mundial tem alguma influência sobre as variações do nosso PIB, através da flutuação das exportações e importações físicas e da relação dos seus preços relativos, que chamamos de "relação de troca".
Quando ela cresce, ganhamos um "bônus" do mundo equivalente a um aumento acidental da nossa produtividade. É por isso que existe uma correlação (uma variação concomitante) entre a conjuntura mundial e a nacional: temos maior facilidade para crescer um pouco mais com uma conjuntura mundial favorável. A relação é tênue, mas talvez seja uma componente - juntamente com o pequeno declínio da relação de troca - de parte da explicação da dramática redução do crescimento do PIB nos últimos três anos. O resto é responsabilidade da nossa própria política econômica.
A tabela abaixo revela que entre o terceiro trimestre de 2002 e o terceiro trimestre de 2010, o PIB cresceu 3,8% ao ano. Entre o terceiro trimestre de 2010 e igual período de 2013, o crescimento foi de 1,8%, com uma composição profundamente diferente.
A queda de 80% do crescimento do setor industrial, somada à redução da expansão da economia mundial, talvez seja responsável por cerca de metade da redução de 2% da taxa de crescimento do PIB entre os dois períodos. Há seguramente outras causas e podemos sofisticar à vontade a qualidade do diagnóstico. No curto prazo, entretanto, é muito difícil deixar de aceitar o fato que foi a brutal queda de demanda da produção de manufaturados produzidos no Brasil, como consequência da combinação mortal da supervalorização cambial acompanhada de paulatina desorganização do sistema de tarifas efetivas e da ausência do "draw-back verde amarelo" que um dia tivemos.
O gráfico abaixo registra o saldo comercial (exportação menos importação) do setor de produtos manufaturados e a taxa de câmbio real (taxa de câmbio nominal dividida pelo salário nominal de cada ano). Com uma defasagem de 2 anos, o saldo responde às variações do câmbio real. Trata-se de visão puramente impressionista. Não é preciso procurar explicação mais sofisticada para entender que entre 2002 e 2007 o importante superávit (produzido pela correção cambial imposta pelo mercado em 1999), de US$ 139 bilhões, foi transformado num déficit de US$ 171 bilhões, entre 2008 e 2013, graças principalmente, à excessiva valorização cambial. No período, a política econômica "roubou" bilhões de dólares de demanda externa e interna da indústria de manufaturados nacional. A carga tributária elevada, a maior taxa de juro real do mundo e o câmbio mais valorizado do mundo (devido aos aumentos de salários nominais muito acima da produtividade do trabalho), usado como instrumento de controle da inflação, congelaram o "espírito animal" do empresário nacional e aumentaram os riscos de novos investimentos. Felizmente, o mercado, de novo, impôs a correção do câmbio. A taxa de juros real (com suas idas e vindas) é menor. Isso sugere que, entre 12 e 18 meses, a indústria de manufaturados usará melhor os fatores de que dispõe, ajudando na recuperação do crescimento.
Por outro lado, a clara disposição do governo de manter a busca da "modicidade tarifária" com amigável audiência e respeito aos limites do setor privado, aumentou a probabilidade de sucesso dos leilões de concessão de infraestrutura, até no setor ferroviário. Elas serão poderosas alavancas para acelerar os investimentos em infraestrutura. Finalmente, a lenta recuperação da economia mundial talvez possa nos dar um pequeno alento adicional. Esses três fatores poderão nos proporcionar um razoável 2014.
Se insistirmos, com a cooperação do Congresso, numa forte coordenação entre adequadas políticas fiscal e monetária, afastaremos as ameaças e as incertezas que hoje nos cercam. A dissipação da possível "tempestade perfeita", que seria o acontecimento simultâneo da queda de um ponto no nosso rating soberano e o início ("tapering") do afrouxo monetário dos EUA - que será, como sempre, desajeitado - depende apenas de uma ação firme e crível do governo brasileiro. É o que reforça a esperança de termos um 2014 um pouco melhor do que 2013.
Como se faz um candidato - JOSÉ CASADO
O GLOBO - 10/12
Aos 68 anos, Lula constrói outra candidatura improvável, prepara o discurso e a campanha. Nas últimas eleições, elegeu seus ‘postes’ mais desdenhados pelos adversários
O desafio: eleger um candidato desconhecido até mesmo no próprio partido, numa região distante oito mil quilômetros de sua base eleitoral, onde os adversários detêm o poder e conservam a hegemonia política há três décadas .
O ex-presidente Lula tenta convencer seu PT a superar o ceticismo e ir à luta pelo governo de São Paulo carregando um candidato com “jeitão de médico do interior e falinha mansa”, como define. Ele atropelou todos os aspirantes para ungir Alexandre Padilha, de 42 anos, um paraense de Santarém que nunca disputou um mandato, cresceu na sombra da burocracia partidária e hoje é ministro da Saúde.
Sexta-feira passada, Lula apresentou Padilha a uma plateia de vereadores em Itupeva (SP). Ele era apenas um garoto de dez anos quando o PT começou a construir a máquina eleitoral que nas duas últimas eleições garantiu-lhe 12 anos na Presidência da República, maioria no Congresso, 665 cadeiras nas Câmaras e 73 prefeituras em São Paulo, inclusive a capital.
Lula tentava estimular candidato e audiência:
— Quem viu a morte passar perto e ficou com medo até de não poder falar, não tem por que ficar regateando. Perdemos as eleições aqui, várias vezes, porque nos faltaram 20% dos votos. E esses 20% não estão na esquerda. Se estivessem, era fácil. Poderia propor, Padilha, fazer uma aliança com o PSTU e o PSOL...
A plateia irrompeu em gargalhadas.
— Mas não está lá, não — prosseguiu. — Está numa parte difusa ideologicamente da nossa sociedade que foi impregnada pelo preconceito... E nós temos que quebrar isso. Temos de tentar colocar uma cunha no meio da base deles, porque não é possível fazer campanha com todo mundo contra nós. E tem sido sempre assim.
— Qual é o sonho de consumo político do petista? —provocou. — É ter uma chapa só do PT, sem coligação e a gente ganhar. Outro sonho de consumo seria fazer uma aliança só pela esquerda mas, além do PT, tá difícil saber quem é esquerda... Vamos procurar outros parceiros, e você tem que ter a habilidade de construir essa aliança que nos dê a base para competir.
Lula lembrou que não será suficiente dividir adversários, aliando-se à centro-direita:
— Precisamos fazer um programa que seja como factível, e não pareça ficção ou peça eleitoral. E vamos comparar tudo. Aquele negócio que fiz, na eleição da Dilma, de comparar 2002 a 2010, aquilo matava, porque não era eu falando, eram estatísticas.
Voltou-se para o candidato: — Então, Padilha, vai se entender com a nossa presidente, porque nos primeiros três meses você vai ter de estudar o estado, seus problemas e as soluções... Eu acho que você é o cara. Vou me dedicar, me dividir um pouco com você e a Dilma, até porque acho que a Dilma está numa situação mais confortável, mas também não é fácil. Agora, com cara boa, viu Padilha. Vai dar zebra, como dizia a música que o (Marcelo) Déda cantava:
Esse ano vai dar zebra
Com certeza vai dar
O povo trabalhador
Já cansou de esperar
Aos 68 anos, Lula está à caça de votos. Goste-se ou não, nas duas últimas rodadas eleitorais ele construiu candidatos, preparou-lhes o discurso e as táticas de campanha. E, no final, elegeu seus “postes” mais desdenhados pelos adversários.
Aos 68 anos, Lula constrói outra candidatura improvável, prepara o discurso e a campanha. Nas últimas eleições, elegeu seus ‘postes’ mais desdenhados pelos adversários
O desafio: eleger um candidato desconhecido até mesmo no próprio partido, numa região distante oito mil quilômetros de sua base eleitoral, onde os adversários detêm o poder e conservam a hegemonia política há três décadas .
O ex-presidente Lula tenta convencer seu PT a superar o ceticismo e ir à luta pelo governo de São Paulo carregando um candidato com “jeitão de médico do interior e falinha mansa”, como define. Ele atropelou todos os aspirantes para ungir Alexandre Padilha, de 42 anos, um paraense de Santarém que nunca disputou um mandato, cresceu na sombra da burocracia partidária e hoje é ministro da Saúde.
Sexta-feira passada, Lula apresentou Padilha a uma plateia de vereadores em Itupeva (SP). Ele era apenas um garoto de dez anos quando o PT começou a construir a máquina eleitoral que nas duas últimas eleições garantiu-lhe 12 anos na Presidência da República, maioria no Congresso, 665 cadeiras nas Câmaras e 73 prefeituras em São Paulo, inclusive a capital.
Lula tentava estimular candidato e audiência:
— Quem viu a morte passar perto e ficou com medo até de não poder falar, não tem por que ficar regateando. Perdemos as eleições aqui, várias vezes, porque nos faltaram 20% dos votos. E esses 20% não estão na esquerda. Se estivessem, era fácil. Poderia propor, Padilha, fazer uma aliança com o PSTU e o PSOL...
A plateia irrompeu em gargalhadas.
— Mas não está lá, não — prosseguiu. — Está numa parte difusa ideologicamente da nossa sociedade que foi impregnada pelo preconceito... E nós temos que quebrar isso. Temos de tentar colocar uma cunha no meio da base deles, porque não é possível fazer campanha com todo mundo contra nós. E tem sido sempre assim.
— Qual é o sonho de consumo político do petista? —provocou. — É ter uma chapa só do PT, sem coligação e a gente ganhar. Outro sonho de consumo seria fazer uma aliança só pela esquerda mas, além do PT, tá difícil saber quem é esquerda... Vamos procurar outros parceiros, e você tem que ter a habilidade de construir essa aliança que nos dê a base para competir.
Lula lembrou que não será suficiente dividir adversários, aliando-se à centro-direita:
— Precisamos fazer um programa que seja como factível, e não pareça ficção ou peça eleitoral. E vamos comparar tudo. Aquele negócio que fiz, na eleição da Dilma, de comparar 2002 a 2010, aquilo matava, porque não era eu falando, eram estatísticas.
Voltou-se para o candidato: — Então, Padilha, vai se entender com a nossa presidente, porque nos primeiros três meses você vai ter de estudar o estado, seus problemas e as soluções... Eu acho que você é o cara. Vou me dedicar, me dividir um pouco com você e a Dilma, até porque acho que a Dilma está numa situação mais confortável, mas também não é fácil. Agora, com cara boa, viu Padilha. Vai dar zebra, como dizia a música que o (Marcelo) Déda cantava:
Esse ano vai dar zebra
Com certeza vai dar
O povo trabalhador
Já cansou de esperar
Aos 68 anos, Lula está à caça de votos. Goste-se ou não, nas duas últimas rodadas eleitorais ele construiu candidatos, preparou-lhes o discurso e as táticas de campanha. E, no final, elegeu seus “postes” mais desdenhados pelos adversários.