quarta-feira, novembro 20, 2013

A grandiloquência - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 20/11

A melodia do nosso Hino Nacional é muito bonita, mas a letra ainda me constrange, como tudo o que é grandiloquente: não me acostumo com tanta retumbância, margens plácidas, raios fúlgidos, impávido colosso. Aos primeiros acordes, me levanto respeitosamente onde quer que esteja e até cantarolo se estiver num dia de bom humor, mas, internamente, suplico: “Menos, menos...”.

Não porque me falte ufanismo – na verdade, falta, mas não é essa a questão. É que fico envergonhada diante de situações, eventos e principalmente de pessoas que levam tudo tão a sério. É muita pompa para pouca circunstância. A vaidade excessiva é a maior inimiga do homem, mas muitos flertam com ela sem se darem conta do ridículo.

O poeta Fernando Pessoa declarou que toda carta de amor é ridícula porque, claro, os apaixonados são grandiloquentes. A grandiloquência é inerente ao amor, no entanto, o amor só é ridículo quando se trata da paixão dos outros – se o amor for por nós, nunca parecerá um vexame.

A arte também abusa da grandiloquência porque é da sua natureza transcender. Alguns pintores são grandiloquentes, a música clássica é grandiloquente, e até mesmo canções pop se valem, de vez em quando, de um certo tom triunfal quando desejam causar efeito, caso do Queen ao gravar Somebody to Love e outras canções com coro e arranjos épicos, e a exemplo também de We Are the Champions, a escolhida para toda cerimônia de formatura – garantia de lágrimas dos familiares na plateia. O U2 também simpatiza com a grandiloquência, tanto que chamou Pavarotti para fazer parceria na bonita Miss Sarajevo.

E o que dizer de Another Brick ih the Wall, do Pink Floyd? Diante de tanta potência, a bossa nova pia fino, ela que é tão sussurrante e reservada.

Porém, fora do showbiz, dos palcos, das óperas e dos museus, a grandiloquência é forte candidata a cafonice. Estão aí os discursos intermináveis, cheios de retórica e ignorando a plateia bocejante. O uso de joias e maquiagem em quantidade abusiva, caracterizando as peruas alérgicas a batas de algodão e chinelinhos de dedo. As casas decoradas como se fossem castelos da imperatriz Sissi. As limusines pretas e, pior, brancas! – a não ser para fazer farra com os amigos num dia específico e olhe lá. Brigas escandalosas de casais em lugares públicos. Qualquer escândalo, aliás.

Grandeza e grandiloquência não são parentes, nem mesmo primos em terceiro grau. O DNA de um não tem nada a ver com o DNA do outro. Apenas os nomes são parecidos. Um é João, o outro é Jonathan.

Grandiloquência é parente, isso sim, da inconsistência. O excesso que confirma que algo está faltando.

A inversão da equação - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 20/11

RIO DE JANEIRO - Era comum nos velhos filmes americanos: o vigarista, depois de dar um golpe na praça, fugia para o Rio. A cena final o mostrava feliz da vida, de camisa havaiana, tomando um drinque colorido, de guarda-chuvinha, e cercado de nativos, morenas e araras. O Rio queria dizer o Brasil. Segundo eles, éramos um refúgio seguro para bandidos. Não que não fosse verdade --vide o inglês Ronald Biggs, que assaltou o trem pagador, veio para cá e passou entre nós os melhores 31 anos de sua vida.

Mas há muito a equação se inverteu. Agora são os golpistas brasileiros que fogem para a Flórida, a Europa e até para o Oriente Médio. O inesquecível PC Farias, o banqueiro Salvatore Cacciola, a fraudadora da previdência Jorgina de Freitas e o médico estuprador Roger Abdelmassih foram só alguns que se escafederam nas barbas da Polícia Federal. A eles junta-se agora o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, que se mandou para Roma.

Pizzolato seguiu um "script" dos mais previsíveis: saiu de seu prédio à noite, passou olimpicamente pelo porteiro, viajou de carro milhares de quilômetros e, talvez no porta-malas e com um cobertor por cima, cruzou a fronteira pelo Paraguai. Do qual voou para a Itália, onde desceu como italiano, a salvo de extradição. Mas mesmo uma operação simples como essa não se faz sozinho, nem de graça. Seria didático descobrir quanto lhe custou, quem o ajudou e de onde saíram os recursos.

Como Pizzolato não poderá deixar a Itália, e sabendo que uma "bruschetta" em Roma está pela hora da morte, seus amigos no Brasil se preocupam com sua subsistência. Se não for contratado por um insano banco italiano, terá de vender berinjela na feira livre do Campo de Fiori para se manter.

A não ser que lhe tenha sobrado um troco dos R$ 73,8 milhões que desviou no mensalão.

Por que se matam presidentes? - ROBERTO DAMATTA

O ESTADÃO - 20/11

Escrevo numa quarta-feira, 13, uma história que você está lendo hoje, quarta-feira 20, sobre a morte jamais conjeturada do 35º presidente dos Estados Unidos — John F. Kennedy — ocorrida no dia 22 de novembro de 1963, nesta próxima sexta-feira.

Só nós, humanos, combinamos com tanta desenvoltura o presente com um passado tão eloquentemente marcado por 50 anos. Meio século de um tempo que, visto da perspectiva deste mundo no qual as tragédias são diárias e o terrorismo político e a hipocrisia são moeda corrente, ele nos parece distante e até mesmo incompreensível. De fato, para quem como eu, aprendeu com o pai que um homem só deve ter uma caneta, um relógio e uma mulher, é um tanto complicado viver num mundo de escolhas contínuas e obrigatórias.

Sou do tempo das coisas “definitivas”. Confesso minha dificuldade em viver numa época onde nada deve durar muito. E o assassinato de JFK (como o suicídio de Vargas e a renúncia de Jânio Quadros) liquidou uma ilusão de firmeza e de estabilidade em que eu acreditava. Esses eventos roubaram-me o sentido deste “definitivo” e me obrigaram a desconfiar do mundo evitando tanto o cinismo e a indiferença quanto o terrorismo implícito na tese de que os fins justificam os meios e que inocentes podem pagar pelos culpados.

Nascido em 1936 em Niterói, eu jamais poderia imaginar que estaria na Harvard na qual um Jack Kennedy aventureiro erótico e milionário fora aluno quando ele, presidente dos Estados Unidos, foi assassinado naquele 22 de novembro de 1963. Um novembro que me iniciou nos tenebrosos invernos do Hemisfério Norte. Um frio desgraçado a competir com os encantos da neve caindo em flocos (e não em pingos ou gotas) num silêncio bizarro para os acostumados ao barulho das chuvas tropicais.

Estava estudando mitos indígenas e lendo “O pensamento selvagem”, de Claude Lévi-Strauss, livro que tinha acabado de ser publicado e que eu havia comprado no dia 8 de outubro, quando soube do assassinato do presidente Kennedy em Dallas, Texas!

Deixei o estudo do mito que contava a origem do fogo para pensar nas causas de um assassinato impensável que fazia pensar numa história ocidental marcada por confrontos e conflitos.

Num átimo eu fui das tribos sem escrita para testemunhar uma histórica covardia terrorista. Fui direto para um Texas que havia visto mil vezes no cinema de Hollywood, o qual, subitamente, me parecia incrivelmente verdadeiro. “Eles se matam mesmo”, disse um sujeito dentro de mim. “E matam presidentes”, repetiu.

Os assassinatos de presidentes dos Estados Unidos começam com Lincoln, em 1865; passam por James Garfield e William McKinley, para terminar com Kennedy. Tirando as 15 tentativas frustradas de assassinatos de outros presidentes, inclusive de Nixon, Reagan, Carter, George Bush, Clinton e Obama, todos foram mortos (ou ameaçados) por armas de fogo e em cenários públicos.

Uma revolucionária democracia igualitária e competitiva mudaria as regras do governo, liquidando o direito divino dos reis que eram deuses ou a eles se aparentavam ou neles se inspiravam. Mas ela não transpôs a dimensão dramática do papel do eleito, a qual promove o retorno de ritos de legitimação, entronização, sacralização e exaltação do cargo porque, sem eles, não haveria a visão do sistema como uma entidade concreta que o líder deve manifestar. Mesmo rotineiramente elegendo uma “pessoa comum” pela vontade popular, o conjunto concebido como sendo fabricado por indivíduos-cidadãos independentes tem que se cimentar como um todo.

E é o presidente que traz de volta na sua figura a coletividade feita de indivíduos como um todo cimentado e mapeado. Em certos momentos, senão sempre, o presidente é o país e o país é o presidente. Há uma sincronia entre eles. A morte do Deus-Rei foi alvo de um ensaio clássico de Evans-Pritchard, antropólogo de Oxford. Ela era legítima, e o rei, sacrificado, se o reino sofria de fome, seca e de outras pragas.

No governo JFK os Estados Unidos abriram a velha ferida dos direitos civis ao lado de uma cruzada contra o comunismo. A crise cubana acentuou o que foi lido como uma fraqueza de um Kennedy um tanto marginal às elites políticas americanas como católico, milionário, familístico e “irlandês” (seu irmão, Robert Kennedy, que foi igualmente assassinado por outro louco, em junho de 1968, quando candidato a presidente, era seu ministro da Justiça). É neste cenário que surge um Lee Oswald , como um ator catártico, motivado — como um louco no melhor estilo do doutor Strangelove — a tudo resolver. Uma sincronia fechada entre o presidente e a dualidade radical de uma época permitiu atribuir a problemas ideológicos até hoje insolúveis uma máscara pessoal. Eles assumiram a cara de JFK, tal como Lee Oswald mediunizou um desejo para mim claríssimo nos Estados Unidos de 1963. E assim os loucos matam presidentes, e fazem com que a presidência fique ainda mais firme, e a democracia, mais forte e esperançosa de si mesma.

Foi mais ou menos isso que vivi e pensei naqueles dias de dúvida e dor.

Vende-se rim - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 20/11

SÃO PAULO - Não resisto a comentar a reportagem de Samy Adghirni sobre o comércio legal de rins no Irã. Já defendi aqui que faria sentido liberar a venda de órgãos humanos, para estimular a oferta e eliminar as filas. Embora tenha sido xingado na ocasião, insisto no tema, que é relevante e merece reflexão.

Numa perspectiva puramente consequencialista, não haveria por que pestanejar. Quem recebe o rim se sai obviamente bem, ainda que fique mais pobre. O vendedor também se considera ganhador, ou não faria a transação. O Estado e, por extensão, o contribuinte também auferem vantagens, já que um transplante renal se paga com apenas três anos de diálise. Até o paciente que não tem recursos para comprar um órgão se beneficia com a redução das filas.

As objeções práticas que normalmente se levantam dizem sempre respeito ao vendedor. Numa versão forte delas, afirma-se que ele sacrifica a sua saúde para sucumbir a uma chantagem econômica.

Obviamente é melhor não ser submetido a nenhuma operação e conservar os dois rins do que ter um deles extraído, mas um estudo da Johns Hopkins que acompanhou 80 mil doadores ao longo de 15 anos revela que o risco de ceder o órgão é bem diminuto. É certamente menor do que o de exercer algumas profissões que estão regulamentadas em lei.

O argumento da pressão econômica é poderoso. Na verdade, poderoso demais. Ele, afinal, se aplica não só a quem vende um rim mas a qualquer pessoa que execute alguma atividade para assegurar seu sustento, da prostituta ao trabalhador assalariado. Se o levarmos muito a sério, teríamos de rever não só o capitalismo como a própria noção de comércio.

Restam, é claro, as críticas de caráter mais moral. Como não tenho mais muito espaço, apenas pergunto qual a lógica de exigir que a cessão de um órgão se dê por altruísmo, quando quase tudo na medicina e no mundo é intermediado por dinheiro.

Grandeza dos advogados - MARCELO COELHO

FOLHA DE SP - 20/11

Filme sobre a vida de Sobral Pinto relembra período em que profissão contava com mais simpatia das pessoas


O major bateu na porta do quarto do hotel. Quem abriu a porta --estamos em pleno regime militar-- foi o advogado Sobral Pinto.

Tenho ordens, disse o major, para levá-lo preso. O velho Sobral não se intimidou. O senhor tem ordens de um general, disse ele. Entendo que um major obedeça a um general. Mas --e o homenzinho se exaltou-- eu é que não obedeço a ordens suas!

"Preso coisíssima nenhuma!", explodiu o advogado. Ou melhor: "prejo coijíssima nenhuma", terá dito, com as gengivas de quem já tinha mais de 70 anos naquela época.

No comício das diretas da Candelária, em 1984, a mesma vozinha trêmula recitou para centenas de milhares o primeiro artigo da Constituição: "Todo poder emana do povo e em xeu nome xerá ejercido". Sobral Pinto estava com 90 anos.

Um documentário sobre ele entrou em cartaz faz pouco tempo; o Espaço Itaú Frei Caneca exibe-o num único horário, às 18h30.

Dirigido por Paula Fiuza, neta do jurista, o filme é uma oportuna homenagem a um dos cidadãos mais corajosos e íntegros da história republicana. Íntegro demais, talvez, para um documentário completo.

Bem que, no filme, tenta-se mostrar algo que contradiga a imagem do paladino constitucional.

Era passional, desequilibrado, injusto até a medula quando ouvia no rádio um jogo de futebol, contam os parentes. Não ia nunca aos estádios, contudo. Católico das antigas, puniu-se até o fim da vida por ter tido um caso extraconjugal, há muito sepultado, mas nunca esquecido.

Haveria aí bom material para uma obra de ficção: o advogado que luta pelos clientes, que os tira da cadeia, que consegue absolvições, nunca perdoou a si mesmo, nem foi totalmente libertado de suas culpas.

O assunto é abordado de passagem, entretanto, num filme que se concentra, para uso das gerações mais novas, no exemplo incontestável de coerência civil que foi a vida de Sobral Pinto.

Faltam imagens, claro, de épocas mais remotas. Quase só vemos o velhinho de chapéu preto e guarda-chuva. Há fotos, contudo, da atuação de Sobral Pinto quando foi defender Luís Carlos Prestes, encarcerado pela ditadura Vargas.

Como se sabe, o advogado, já com seus 50 anos, invocou a recém-criada Lei de Proteção aos Animais para garantir condições mais dignas ao líder comunista. Talvez tivessem, os dois, algo em comum.

É verdade que Prestes, seguindo a linha do partido, passou a apoiar Getúlio logo em seguida. Podia ser uma contradição do ponto de vista pessoal, coisa praticamente desumana quando se pensa que Getúlio mandou a mulher de Prestes, grávida de sua filha, para morrer num campo de concentração nazista.

Seja como for, estava em jogo uma mesma firmeza de propósitos, uma mesma teimosia, um mesmo sacrifício que, no caso de Prestes, nos horroriza, mas no caso de Sobral Pinto causa admiração. A longevidade desses dois gêmeos, desses dois opostos, talvez se explique um pouco por aí.

Durante a ditadura militar, observa com razão o historiador José Murilo de Carvalho, era provavelmente mais fácil fechar o Congresso do que prender Sobral Pinto. A fragilidade, assim como a velhice, tem suas compensações, e podemos sempre esperar que, em alguns casos, até a truculência tenha seus limites.

Foi o que permitiu, por exemplo, que alguns advogados conseguissem vitórias, obviamente reduzidas, até mesmo em momentos de furiosa repressão militar. Adversários do regime eram presos sem nenhuma ordem judicial, levados sabe-se lá para onde, e submetidos à tortura.

Juridicamente, aquilo era mais um sequestro do que uma detenção. O mecanismo do habeas corpus teve de passar praticamente por uma pirueta interpretativa, pelo que conta um advogado ouvido no filme. Em vez de ser um recurso para libertar o preso, foi usado para que, ao menos, os familiares pudessem localizá-lo --e para que o regime admitisse, oficialmente, tê-lo agarrado sem nenhuma formalidade legal.

Tratava-se, numa palavra, de baderna, feita por militares em nome da ordem e da luta contra a subversão. Memorável, a esse respeito, a frase de outro jurista, acho que Pontes de Miranda, que se recusava a comentar o AI-5, por uma razão bem simples: "o Ato Institucional número 5 não existe".

A beleza, a coragem, o sentido da profissão de advogado saem fortalecidos de "Sobral - O Homem que Não Tinha Preço". O filme vem a calhar hoje em dia.

Durante as ditaduras, há advogados que são verdadeiros heróis. Num regime democrático, quando o lado acusador muitas vezes tem mais razão, o advogado não conta com tanta simpatia.

Ganha mais dos seus clientes, mas paga um preço mais alto. Parece obstáculo, e muitas vezes é, a uma justa punição. Não importa; sem a sua presença, ninguém poderia dizer que a punição foi justa de fato.

Estratégias para a internet - PETER KNIGHT

O GLOBO - 20/11

O governo precisa atualizar a legislação e reduzir a excessiva tributação dos serviços de telecomunicações


O furor sobre o Marco Civil da internet no Brasil e as revelações de Edward Snowden quanto à espionagem sistemática praticada pela NSA trouxeram a internet às manchetes. Mas estas controvérsias não enfocam as principais questões que devem ser debatidas. Por que a internet veloz é fundamental para o desenvolvimento do Brasil no século 21? Por que os serviços de internet e telefonia móvel custam mais e têm menos qualidade do que em outros países? O que se pode fazer e o que está sendo feito para melhorar esses serviços e reduzir os custos ao consumidor?

A importância é estratégica. Hoje a internet é uma infraestrutura crítica da economia cada vez mais globalizada baseada no conhecimento. Outras tecnologias avançadas, como biotecnologia e nanotecnologia, dependem das tecnologias de informação e comunicação (TICs), especialmente da internet. Estratégias para realizar o enorme potencial dessas tecnologias tornaram-se fundamentais para determinar a competitividade de indivíduos, empresas, cidades e nações. Surfar nessa onda tecnológica significa dar um salto à frente de competidores que não adotam tais estratégias. As TICs permitem reduzir custos em toda a economia, transformar instituições, enxugar o Estado e facilitar a participação política.

Velocidade e qualidade são deficientes. Três fatores contribuem para o alto custo de serviços de telecomunicações no Brasil: tributação excessiva (as telecomunicações têm a maior carga tributária de todos os setores), altas taxas para interconexões e regulamentações sobre uso de componentes nacionais. Os serviços, especialmente os móveis, são insatisfatórios, com a frequente queda de conexões e relações deficientes com os consumidores.

O que fazer? O governo precisa atualizar a legislação e reduzir a excessiva tributação dos serviços de telecomunicações. Não é admissível que, no limiar de uma nova era dominada pela internet e pela telefonia móvel, a Lei Geral das Telecomunicações mantenha o anacronismo de priorizar a telefonia fixa. Taxas e impostos elevados, embora fáceis de recolher, são regressivos, contrários ao objetivo de inclusão digital e podem até encolher a receita. Tais cobranças limitam o poder da tecnologia digital de reduzir desigualdades e acelerar o desenvolvimento.

A única tentativa oficial de elaborar uma estratégia nacional para aproveitar a capacidade transformadora das TICs foi um relatório intitulado “Livro Verde da Sociedade da Informação no Brasil”, de 2000, escrito por uma equipe do Ministério da Ciência e Tecnologia, apoiado por centenas de especialistas. O documento propôs ações de planejamento, execução e monitoramento do plano. Nunca foram implementados. Em 2010 o Governo Lula lançou o Programa Nacional de Banda Larga, para melhorar a essencial infraestrutura de fibra ótica. Mas o Brasil continua carecendo de uma estratégia nacional mais abrangente para a transformação que impacta todos os setores e evita políticas não coordenadas e até contraditórias. É urgente elaborar e implementar essa estratégia.

Emissões do setor elétrico - alvo errado - CLAUDIO J. D. SALES E ALEXANDRE UHLIG

O Estado de S.Paulo - 20/11

Embora não tenha metas obrigatórias para redução da emissão de gases de efeito estufa (GEEs), o Brasil tem assumido papel de liderança e se comprometeu a baixar entre 36,1% e 38,9% das suas emissões até 2020. Em 2012, o País não só cumpriu sua meta, mas a ultrapassou, e já reduziu 53,6% das emissões esperadas para 2020.

A constatação de que o Brasil superou sua meta só foi possível por causa do lançamento, pelo Observatório do Clima, de uma ferramenta que permite acompanhar as emissões brasileiras anuais de GEEs. A ferramenta é útil porque permite acompanhar as emissões, projetar tendências e cobrar correções dos setores antes da conclusão dos inventários oficiais, que, apesar de essenciais, já são lançados com dados desatualizados porque demoram anos para ser elaborados. Basta notar que os últimos dados oficiais são de 2005.

A ferramenta apontou que, em 2012, os três setores que mais emitiram GEEs no Brasil foram: desmatamento (32,1% do total das emissões), agropecuária (29,7%) e energia (29,4%). No entanto, é crucial notar que o termo "energia" não se refere ao setor de geração de energia elétrica.

Na rubrica "energia", além do setor elétrico, estão consideradas as emissões dos transportes (13,8%), das indústrias (6,1%), das refinarias (1,8%), das residências (1,3%) e outros. O setor elétrico emitiu apenas 3,3% do total das emissões brasileiras. Essa terminologia ("energia", que inclui vários setores tão distintos) precisa ser rapidamente alterada para evitar interpretações equivocadas sobre o setor elétrico, que, com 3,3% das emissões totais, tem assumido o peso de 29,4%. Por que não explicitar as participações dos setores de transportes e indústrias? Isso não deixaria mais claro "quem emite quanto"?

Independentemente dessa terminologia confusa e injusta, o importante é que há espaço para reduzir as emissões de GEEs brasileiras, principalmente as decorrentes de atividades criminosas como o desmatamento, que em 2012 emitiu 476,5 milhões de toneladas de CO2, ou quase 1/3 do total. Por outro lado, cobrar a redução de emissões de GEEs de setores produtivos como a indústria e a agropecuária, ou de setores que dão suporte ao crescimento econômico - como o setor elétrico -, pode comprometer o desenvolvimento econômico e social do País.

No setor elétrico brasileiro, a análise da situação é ainda mais complexa porque o aumento de emissões dos últimos anos se deve à operação mais intensa e frequente de usinas termoelétricas, em razão dos regimes hidrológicos menos favoráveis nos dois últimos anos, que prejudicaram o despacho de hidrelétricas. A segurança de abastecimento teria sido comprometida se tais termoelétricas não tivessem sido despachadas. Isso dito, não faz sentido algum cobrar redução de emissões de GEEs de um setor responsável por apenas 3,3% das emissões e que só chegou a esse patamar para poder garantir energia ao País. Além disso, é sempre bom lembrar que, em 2012, 82,5% da geração de eletricidade no Brasil foi feita a partir de fontes renováveis de energia: hidráulica, eólica e biomassa.

O Brasil já está fazendo uma belíssima lição de casa e não deve nada a ninguém: reduziu 35% de suas emissões entre 2005 e 2010, enquanto, na média, os demais países aumentaram suas emissões em 9%. Devemos, pois, nos orgulhar de nossa matriz elétrica e confrontar, com números e dados objetivos, os grupos de pressão que se aproveitam da confusão terminológica acima para construir pautas recheadas de preconceitos e opções ideológicas.

Tais grupos de pressão seriam mais eficazes se estudassem um pouco mais e direcionassem seus discursos panfletários para a redução das emissões em outros países e em outros setores. Não podemos "importar" um problema que não temos e muito menos permitir que atribuam ao setor elétrico brasileiro um passivo que não lhe cabe.

Erro de conceito - LUIZ CARLOS AZEDO

CORREIO BRAZILIENSE - 20/11

O velho padrão de financiamento da política em bom português, o saque aos cofres públicos por meio do superfaturamento está esgotado


De toda a polêmica sobre a Ação Penal 470, que levou à condenação o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares, a questão central é a existência ou não do mensalão — que o PT diz ser um caixa dois de campanha oriundo de um empréstimo bancário. Sobre ela, porém, os políticos deveriam tirar a seguinte conclusão: trata-se de um erro de conceito. Foi-se a época em que o destino dado ao dinheiro não declarado da campanha eleitoral distinguia o político honesto do corrupto, desde que o primeiro não usasse o recurso para formar patrimônio — o que é cada vez mais raro —, mas, sim, na campanha propriamente dita. Herança da nossa política tradicional, há muito isso poderia dar cadeia. E agora deu. Essa é a maior lição da Ação Penal 470, que levou à condenação quase todos os réus do escândalo do mensalão.

A ideia de que os fins justificam os meios é uma espécie de ovo da serpente da perversão política. E raiz de uma velha tensão entre os políticos e a burocracia nas democracias, que se traduz de forma clássica na definição de Max Weber: os primeiros se movem pela ética das convicções e, os segundos, pela ética da responsabilidade. Essa tensão é que garante a legitimidade dos meios empregados na ação. Na nossa política, porém, isso se traduz pelo senso comum de que os políticos só pensam nas eleições e a burocracia só atrapalha. Um bom exemplo de como isso acontece na prática é o caso das obras da Copa do Mundo, que ganharam um regime especial de contratação, para que as exigências da Fifa fossem cumpridas dentro dos prazos, pois as licitações demoram e dão muito trabalho. O que se viu na Copa das Confederações é que o assunto não se resolve apenas porque os políticos do Congresso facilitam a vida dos políticos do Executivo. O povo nas ruas cobrou outras prioridades das autoridades e tudo indica que, no próximo ano, durante a Copa do Mundo, esse tema ainda dará muitos panos para as mangas da presidente Dilma Rousseff e dos governadores e prefeitos envolvidos diretamente com os jogos, mesmo sendo o futebol uma paixão nacional.

Mas, voltando ao tema inicial, no caso da Ação Penal 470, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que houve desvio de dinheiro público para comprar votos no Congresso, tese que fundamentou o relatório do presidente da Corte, ministro Joaquim Barbosa. Esse entendimento foi, desde o início, contestado pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que hoje atua como advogado no processo, segundo o qual se tratava de um caixa dois de campanha, formado a partir de empréstimos bancários contraídos pelo PT. O fato não seria do conhecimento do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O argumento serviu para evitar um processo de impeachment e grave crise institucional, mas não salvou os envolvidos no escândalo das duras condenações que sofreram.

O desfecho do processo provocou um verdadeiro Fla-Flu entre os petistas e a oposição, uns defendendo as condenações, outros criticando. O clima se tornou ainda mais emocional pelo fato de que o ex-presidente do PT José Genoino tem uma cardiopatia grave, que quase já lhe tirou a vida. Acabou condenado por ser corresponsável legal por toda a movimentação financeira do partido. Mas, provavelmente, sabia da heterodoxia do tesoureiro Delúbio Soares. Os políticos governistas dos demais partidos, mesmo aqueles que comandam as legendas de Roberto Jefferson (PTB), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-GO), porém, fingem-se de mortos diante das agruras dos aliados. Por quê? Ora, porque sabem que essa é uma batalha perdida na opinião pública, que endossa as condenações, independentemente da qualidade das críticas de juristas e advogados à atuação do presidente do STF, Joaquim Barbosa.

No Congresso, há um amplo entendimento de que o velho padrão de financiamento da política — em bom português, o saque aos cofres públicos por meio do superfaturamento — está esgotado. Cada vez mais, a burocracia encarregada de zelar pelos recursos públicos — destaque para o Ministério Público, a Receita Federal e a Polícia Federal, que ganharam autonomia com a Constituição de 1988 — aumenta o grau de eficiência de seus mecanismos de controle e de investigação. O risco que isso traz aos políticos que desviam recursos públicos para campanha é cada vez maior. A velha diferença entre quem formava patrimônio e quem gastava o dinheiro na campanha já não faz o menor sentido. Além disso, a Lei da Ficha Limpa e o desfecho da Ação Penal 470 mostram que a impunidade para esse tipo de prática acabou.

Ueba! Fica, Tite, vai ter empate! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 20/11

E o Zé Dirceu diz que não é arrogante. O Zé Dirceu dizer que não é arrogante é uma arrogância!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Hoje é Dia da Consciência Negra. E amanhã vou lançar o Dia da Consciência Pesada: para políticos, pro gerente do banco que negou o meu empréstimo e pro motoboy que quebrou o meu retrovisor!

E o Trio Papuda? Adorei a charge do Jarbas! Com o advogado explicando o regime semiaberto pro Dirceu, Delúbio e Genoino: "No regime semiaberto, vocês poderão sair para trabalhar". E os três: "TRABALHAR! As coisas estão piorando! Só piora!". Rarará!

O Zé Dirceu, com aquele sotaque, pode imitar o Mazzaropi no Silvio Santos, ou então vender pamonha de Piracicaba!

E diz que o Zé Dirceu é filho do Stálin com o Mazzaropi! E sabe qual a semelhança entre o PT e o PSDB? Ambos deram calote no Marcos Valério. Ops, Marcos Velório!

E eu acredito na inocência do Marcos Valério. Você já viu mineiro distribuir dinheiro? Mesmo que não seja dele! Mineiro não gasta dinheiro, guarda, mocoza, enfurna. Ops, em Furnas! Rarará!

E o Marcos Valério foi o único careca que derrubou um monte de barbudo! E adoro o nome da agência do Marcos Valério: SMPB. SMPB quer dizer: "Surgiu em Minas e Pegou o Brasil!". Rarará!

E o Zé Dirceu diz que não é arrogante. O que eu já acho uma arrogância! O Zé Dirceu dizer que não é arrogante é uma arrogância!

E o Tite? A despedida do Tite! Fica, Tite, vai ter empate! O Tite foi o técnico que teve mais empatia com o time! O técnico da empatia!

E o site Futirinhas mostra as faixas da torcida em homenagem ao Tite: "0 x 0 é goleada, sim". Poxa, precisa ser muito apaixonado pelo Tite pra achar que 0 x 0 é goleada. Rarará! "Aqui tem um bando de loucos, loucos pelo Tite e por empate."

E essa: "Tite, o nome do meu filho será ZeroaZero em sua homenagem". Rarará! Essa foi demais: corintiano batiza o filho de ZeroaZero em homenagem ao Tite! Rarará!

É mole? É mole, mas sobe!

O Brasil é Lúdico! Jericoacoara preparada pra Copa. Olha a placa bilíngue num bar: "Please! Porra! Dont steal our glasses! Não roubem nossos copos". Adorei, a tradução de "please" é "porra"!

A gente já pode usar na Copa: "One moment, please". "Um momento, porra!" Gringo apressado! Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Sem Procure Saber - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 20/11

Sem representante do Procure Saber e de Roberto Carlos, mas com transmissão ao vivo pela TV Justiça, está marcada para amanhã a audiência pública convocada pela ministra Cármen Lúcia, no STF.
Será discutida a Adin impetrada pela Anel contra os dispositivos do Código Civil que permitem o veto a biografias.

Segue...
Vão falar 17 pessoas, entre elas, a escritora Ana Maria Machado, o historiador José Murilo de Carvalho e o deputado Ronaldo Caiado, autor de uma emenda com uma posição mais próxima do pessoal de Roberto Carlos.

Em boas mãos...
A ministra Cármen Lúcia recebeu 47 pedidos de interessados em expor sua posição. Um dos recusados foi o de Paulo Cesar de Araújo, autor da biografia censurada do Rei.
“O encontro é para discutir teses. Não é para discutir casos já analisados ou sob análise na Justiça. Isto vale tanto para Roberto Carlos como para Paulo Cesar”, explica a ministra.

Show business
A Ático, gestora independente, está comprando participação na Planmusic, empresa de Luiz Oscar Niemeyer responsável por sucessos como a mais recente turnê de Paul McCartney no Brasil.
Irá injetar R$ 50 milhões para expansão da empresa, que fecha o ano com R$120 milhões de faturamento e projeta crescimento de 20% em 2014.

O comandante
Quem conta é o ator José de Abreu, amigo do peito de Zé Dirceu. Alguns funcionários da carceragem da Papuda chamaram Dirceu de comandante.

Faz sentido. Panetone na TV
Sabe a Mama Francesca, a italiana comilona interpretada por Norma Blum na novela “Joia rara”, da TV Globo.
Ela vai contracenar com um novo personagem, o Sr. Bauducco. Na verdade, é ação de merchandising da empresa que produz os famosos panetones.

Um pingo de História...
Veja como o Brasil já foi um país mais fechado. O italiano Carlo Bauducco chegou ao Brasil, em 1948, trazendo a receita de panetone da família.
Mas ele só pôde abrir sua própria doceria, no bairro do Brás, em São Paulo, em 1952, após o fim da lei que obrigava estrangeiros a terem sócios brasileiros.

Refeição kosher
A 7ª Câmara Cível do Rio condenou a Alitalia a indenizar uma passageira em R$10 mil, por danos morais. É que a companhia aérea não serviu a refeição kosher, único tipo de alimento permitido pela religião da autora da ação.
A voadora e a cliente, que é judia, tinham feito, previamente, o acordo sobre o cardápio.

Somos todos Amarildo
No show beneficente de Caetano Veloso e Marisa Monte, hoje, no Circo Voador, para arrecadar fundos para a campanha Somos Todos Amarildo, serão distribuídas 2.500 máscaras ao público representando o rosto do pedreiro da Rocinha.
O dinheiro arrecadado vai para um projeto do Instituto dos Defensores dos Direitos Humanos.

A grana...
Será usada para traçar um perfil dos desaparecidos do Rio, preservar a memória deles e dar suporte às famílias das vítimas.

Delegacia na praia
A partir deste fim de semana, a Polícia Civil do Rio vai pôr sua delegacia móvel no Arpoador, Zona Sul do Rio.
A ideia é que a DP sobre rodas fique lá nos fins de semana do verão, registrando ocorrências que acontecerem na praia.

Meu amigo nos EUA
O filme “Histórias de Arcanjo, um filme documentário Tim Lopes”, vencedor da categoria melhor documentário no Festival do Rio 2013, foi selecionado para o San Diego Black Film Festival, de cultura negra, em janeiro, na Califórnia.
Será a primeira exibição nos EUA.

É do peru
O Astor, bar em Ipanema, foi condenado pelo Juizado Especial Cível do Catete a pagar R$ 2 mil a uma cliente que teve seu iPhone furtado na mesa onde estava com amigos.
Inédita, a decisão pode abrir jurisprudência para casos semelhantes. Aliás, a cliente foi vítima de uma quadrilha formada por peruanas bem vestidas, que agem na noite do Rio.

TANTO AQUI COMO LÁ - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 20/11

Na avaliação de autoridades italianas que lidam com processos de extradição, não haveria razão para Henrique Pizzolato, condenado a 12 anos e sete meses de prisão pelo esquema do mensalão, ser julgado novamente no país, como quer o fugitivo. Isso porque lavagem de dinheiro e corrupção são crimes reconhecidos em acordos bilaterais.

BRASIL X ITÁLIA
Um cidadão italiano condenado à morte no exterior, por exemplo, teria direito a novo processo, já que a pena não é prevista na legislação do país. O caráter político que o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil quer dar à sua condenação seria questionável. "Se os direitos dele foram respeitados, não há por que não reconhecer a sentença brasileira", diz Erminio Amelio, da Procuradoria da República, em Roma.

BRASIL X ITÁLIA 2
Especializado em terrorismo e máfia, o procurador diz que o caso Pizzolato é diferente do de Cesare Battisti, condenado na Itália por homicídio. Considerado alvo de perseguição política, o italiano não foi extraditado e vive em liberdade no Brasil.

BRASIL X ITÁLIA 3
O procurador entende que, se Pizzolato for capturado e houver acordo entre os dois governos, ele poderá ser extraditado, mesmo tendo dupla cidadania, ou cumprir na Itália a pena já estabelecida no Brasil.

SOB O SOL DO CERRADO
Os advogados de Kátia Rabello vão providenciar o credenciamento dos familiares da presidente do Banco Rural para que ela possa receber visitas no presídio feminino em Brasília já neste fim de semana. No primeiro banho de sol no complexo da Papuda, para onde foi transferida anteontem, ela vestia uma camiseta com o desenho de uma bailarina.

Ex-professora de dança, ela está lendo "O Silêncio das Montanhas", de Khaled Hosseini, presente de uma amiga.

FREIO DE MÃO
O faturamento das micro e pequenas empresas paulistas caiu 1,3% em setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado. Na comparação com agosto de 2013, a queda foi de 7,9%, segundo pesquisa do Sebrae-SP. A receita total foi de R$ 45,4 bilhões, R$ 578 milhões a menos do que no mesmo mês de 2012 e R$ 3,9 bilhões abaixo do resultado apurado em agosto deste ano.

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL
Lourenço Mutarelli faz uma ponta em "Quando Eu Era Vivo", filme de Marco Dutra, baseado em seu livro "A Arte de Produzir Efeito sem Causa". No longa, o escritor contracena com Marat Descartes e interpreta um motorista. É colega de elenco de Antonio Fagundes e Sandy. O longa chega aos cinemas em janeiro.

HORÁRIO NOBRE
A Trip Editora vai ter um programa semanal na Rede TV!. A atração deve estrear em 2014. "Trip TV" irá ao ar aos domingos à tarde.

PELADA
A exposição "Bola de Rua", do fotógrafo Caio Vilela, recebeu 630 mil visitantes até o encerramento, no domingo. Uma média de 45 mil pessoas passou pelo Conjunto Nacional, por dia, para ver as 55 imagens de futebol jogado fora dos estádios, captadas nas cinco regiões do Brasil.

PERNAS
Após temporada que estreia hoje São Paulo, o grupo mineiro Corpo segue para Brasília e engata turnê por Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Colômbia e Porto Rico até agosto.

CANTO DA FLORESTA
A cantora Nicole Salmi, 26, lançou seu primeiro disco solo no mês passado. "Amazônia" foi composto durante duas expedições de barco que fez pelo Amazonas e Roraima, em 2010 e 2011.

Este ano, ela trocou o Alto da Boa Vista, bairro da zona sul de São Paulo, onde cresceu, por uma chácara em Vargem Grande Paulista, na região metropolitana. "Eu me mudei para ser coerente com o que canto e poder me inspirar", diz. "Preferi um lugar com mais espaço para exercitar a criatividade."

CABEÇAS PENSANTES
O jornalista e escritor Audálio Dantas recebeu anteontem o Troféu Juca Pato, oferecido ao intelectual do ano, no Memorial da América Latina. A escritora Anna Maria Martins e o biógrafo e historiador Paulo Cesar de Araújo foram ao evento literário.

BOAS VIBRAÇÕES
Os atores Daniel Alvim e Marisol Ribeiro apresentaram a peça "No Quarto ao Lado - O Espetáculo do Vibrador", em pré-estreia para convidados anteontem, no teatro Jaraguá. A também atriz Odara Carvalho esteve na plateia.

CURTO-CIRCUITO
Tiago Abravanel estrela campanha publicitária da corretora de seguros Sossego, cantando a música homônima, de Tim Maia.

A cantora Fortuna e o Duo Milewski fazem o show "Canções Ladinas e um Violino Ídische", no Centro da Cultura Judaica, hoje, às 20h. Grátis. Livre.

A peça "Namíbia, Não!", dirigida por Lázaro Ramos, será encenada hoje, às 20h, no Itaú Cultural, na avenida Paulista. Grátis. 14 anos.

Denise Stoklos apresenta o espetáculo "Vozes Dissonantes" nos dias 27 e 28, às 19h, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, em Pinheiros. Grátis. 14 anos.

Bem longe da Papuda - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 20/11

Sobre a fuga de Henrique Pizzolato, o governo entende que cabe o pedido de prisão preventiva do ex-diretor do Banco do Brasil na Itália, antes do envio do pedido de extradição. Caso a prisão e a extradição sejam negadas, a Secretaria Nacional de Justiça, ligada ao Ministério da Justiça, avalia que Pizzolato deveria cumprir a pena na Itália ou ser julgado pela Justiça italiana.

Nada a ver 
Segundo parecer da Secretaria Nacional de Justiça, não se pode comparar o caso de Henrique Pizzolato com o de Cesare Battisti, por se tratarem, respectivamente, de extradição penal e de refúgio. Em 20 anos de vigência do tratado bilateral de extradição, a relação Brasil e Itália, diz o órgão, tem sido ativa e contínua, e resultou em 161 pedidos de extradição. Sendo que 132 deles foram feitos pela Itália ao Brasil, enquanto o governo brasileiro demandou 29 processos às autoridades italianas. Com isso, não existe qualquer possibilidade de fazer uma “troca” de condenados, mandando Battisti para a Itália e exigindo a volta de Pizzolato. 


“Joaquim Barbosa prendeu 12 no dia da República. Pode apostar que vai prender mais sete no Dia da Consciência Negra” 
De um dos condenados do mensalão, que aguarda o pedido de sua prisão para as próximas horas e acusa o presidente do STF de marqueteiro 

Senso de oportunidade 
O PR, que aguarda as prisões de Valdemar Costa Neto (SP) e Bispo Rodrigues (RJ), fará seminário dia 25 sobre ficha limpa nas eleições de 2014 O convite recomenda: “É importante a participação dos dirigentes e líderes republicanos” . 

Uma cena de novela 
O deputado Zeca Dirceu (PT-PR) estava a bordo de uma aeronave comercial, sábado, em São Paulo. Quando olhou pela janela, viu o avião da polícia, que levaria seu pai, José Dirceu, preso, para Brasília. Mesmo destino de ambos. Zeca fez a foto ao lado e, ao publicar no Instagram, disparou: “Coincidências da vida. Bem na hora do meu embarque. Haja coração”. 

De mal a pior 
Em jantar com banqueiros segunda-feira à noite, o presidenciável Eduardo Campos (PSB) não poupou a presidente Dilma. “Mesmo quando faz o bem, ela faz de má vontade”, disse o governador pernambucano sobre as concessões do governo. 

Sistema de castas 
O deputado-presidiário Natan Donadon (sem partido-RO) está chateado. Seu advogado, Michel Saliba, queixa-se de que a Câmara trata os condenados do baixo clero diferente da turma do alto clero. Compara que perdeu rápido suas prerrogativas, tendo o gabinete lacrado e os funcionários demitidos. Com os deputados do mensalão, essas medidas andam devagar. 

Na contramão 
Enquanto o PSB fala em justiça nas prisões de José Dirceu e José Genoino, a deputada Luiza Erundina (SP) expõe nas redes sociais sua tristeza com a situação dos “companheiros”. “Minha profunda solidariedade a eles e a seus familiares”.

Pauta bomba 
Marco Feliciano (PSC-SP) pautou para hoje três projetos que atingem a comunidade LGBT na Comissão de Direitos Humanos: plebiscito sobre união civil entre homossexuais; proibição do casamento e do direito previdenciário. 

FOLGA. 
Com a posse, às 19h de ontem, de Marco Aurélio Melo como presidente do TSE, o expediente terminou às 14h, para liberar o estacionamento. 

Carga pesada - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 20/11

O Palácio do Planalto identificou nas críticas de Eduardo Campos (PSB) a Dilma Rousseff a radicalização de um discurso de oposição. A avaliação é que o governador de Pernambuco desistiu de tentar se firmar como terceira via. "Campos anuncia cortes de gastos e faz promessas de ganhos maiores a concessionários, banqueiros e empresários em geral. Vamos aguardar para saber o que ele reserva para o povo nessa equação", rebate a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil).

Versus Campos anuncia hoje a reforma administrativa em seu governo, com o corte de cargos comissionados e a redução de secretarias a 21. A ideia é fazer um contraponto aos 39 ministérios de Dilma.

Bronca Roseana Sarney (PMDB-MA) telefonou para Rui Falcão para reclamar de comentário do presidente do PT de que o partido poderia apoiá-la para o Senado e a seu adversário Flávio Dino (PC do B) para governo. Roseana disse que o PMDB não aceita que o PT se divida em dois palanques no Estado.

Recado Há cerca de duas semanas, um ministro de Dilma teria dito a José Sarney (PMDB-AP) que o PT não lhe faltaria nas eleições de 2014.

Chamego A presença de Dilma em evento de associações comerciais, em Campinas, foi um afago a Gilberto Kassab, que hoje anuncia apoio antecipado do PSD à sua reeleição. A presidente e o ex-prefeito de São Paulo voaram juntos para Brasília.

Só love No ato, Kassab disse que a crise entre ele e Fernando Haddad pela investigação de esquema de fraude na arrecadação de impostos em sua gestão estava "superada" e que tinha dado a resposta que julgou necessária.

Leilão O PMDB paulista ofereceu a vice de Paulo Skaf ou a vaga da chapa ao Senado para o PTB, de Campos Machado, tradicional aliado de Geraldo Alckmin (PSDB). As siglas voltarão a conversar.

Data venia 1 Márcio Thomaz Bastos protocolou reclamação no STF para que seu cliente, José Roberto Salgado, condenado no mensalão, tenha a prisão revogada até que a corte julgue seus embargos infringentes.

Data venia 2 O ex-ministro da Justiça apresentou embargos sobre todas as condenações e penas dadas ao ex-diretor do Banco Rural. Ele quer que o plenário decida sobre os recursos. Seu pedido foi distribuído para o ministro Luís Roberto Barroso.

Fla x Flu Um grupo de ministros do STF reclama que Joaquim Barbosa não poderia ter expedido mandados de prisão para condenados que apresentaram embargos infringentes sem quatro votos divergentes. Essa prerrogativa, segundo eles, é do relator dos recursos, Luiz Fux.

Eu sozinho Um desses ministros se disse "enganado" com a decisão de Barbosa de descartar esses embargos de forma monocrática, já que, na semana passada, o consenso era de que seria necessário debate em plenário.

Como assim? Diante da crítica de dirigentes do PT à adesão do governo de São Paulo ao Bilhete Único Mensal, auxiliares de Geraldo Alckmin (PSDB) dizem que foi a Prefeitura de São Paulo que convidou o Bandeirantes para se juntar à iniciativa.

Visitas à Folha Aloizio Mercadante, ministro da Educação, visitou ontem a Folha. Estava com Rodrigo Dindo e Marcus Sérgio Martins Aguiar, assessores.

Luiz Maurício Souza Blazeck, delegado geral da Polícia Civil de São Paulo, visitou ontem a Folha. Estava com Fernanda Herbella, delegada, e Antonio Carlos Silveira, assessor de imprensa.

com BRUNO BOGHOSSIAN e PAULO GAMA

tiroteio
"A pesquisa é clara: os brasileiros querem mudanças no governo, e não mudança de governo. A magia está na preposição."

DE JOÃO SANTANA, marqueteiro de Dilma Rousseff, sobre o levantamento do Ibope que indicou que a presidente tem de 41% a 43% das intenções de voto.

contraponto


Nem me viu
Durante as saudações da presidente Dilma Rousseff no discurso que proferiu no congresso do PC do B, as deputadas comunistas Manuela d'Ávila (RS) e Luciana Santos (PE) se levantaram para tietar a petista. Deram a volta no púlpito em que Dilma falava e começaram a tirar fotos com seus telefones, sem que ela se desse conta.

No momento em que Dilma dirigiu o cumprimento às duas, olhou para a mesa e encontrou as cadeiras vazias. Sem entender, desabafou, arrancando risos da plateia:

-- São as surpresas da vida. Você pensa que a pessoa está lá, mas ela está aqui.

Muita calma nessa hora - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 20/11

Uma linha fina separa hoje o PT, principal partido do governo Dilma, de uma crise institucional com o Supremo Tribunal Federal, mais especificamente com o seu presidente, Joaquim Barbosa.

Diante disso, a tarefa da presidente Dilma Rousseff tem sido cobrar juízo do seu partido. Que os petistas façam o discurso de defesa dos seus, mas sem deixar que isso vire uma guerra que respingue no governo. Afinal, na avaliação de assessores do Planalto, qualquer ação contra Barbosa por parte do PT pode terminar respingando no governo.

Só o PT faz coro contra o Supremo Tribunal Federal. Os demais partidos, PP, PR e PTB, viram os seus seguirem para o banco dos réus sem qualquer manifestação de apoio partidário.

Último foco
Os peemedebistas fizeram os cálculos e consideram que, depois da conversa de Dilma Rousseff com Jader Barbalho e as perspectivas de acordo no Ceará, resta apenas um local, além da Bahia, que pode fazer estrago na aliança PT—PMDB: o Rio de Janeiro. Se os petistas cumprirem a promessa de deixar o governo de Sérgio Cabral no dia 25 deste mês, será uma declaração de guerra.

CEB na mira
Em 30 de julho, a Superintendência de Fiscalização Econômica e Financeira da Aneel enviou o Ofício 737 à CEB para cobrar o plano de ação com o qual a companhia pretende equacionar o desequilíbrio financeiro. O prazo terminou este mês e o plano não chegou.

In loco
Os parlamentares visitarão três das sete obras que foram colocadas na lista das irregulares pelo Tribunal de Contas da União. A ideia é ver como estão e depois liberar para receber recursos. Devem começar pela Vila Olímpica, em Parnaíba, no Piauí.

Alvo mor
Depois de detectar que o eleitorado jovem prefere Marina Silva, o governo decidiu fazer um seminário com psicólogos, sociólogos e estudiosos das mais diversas áreas para saber o que pensam, desejam e sentem os jovens. Tudo para montagem de programas capazes de empolgar esse segmento do eleitorado. O evento será na quinta-feira, sob a coordenação da Secretaria de Assuntos Estratégicos.

Passadinha/ Aproveitando seus últimos dias de liberdade, o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) apareceu no plenário da Câmara para registrar presença. A alguns amigos que se aproximaram, avisou que, se for preso, renunciará ao mandato. Não pretende deixar seus colegas passarem pelo constrangimento de ter de cassá-lo.

Curta temporada/ Valdemar Costa Neto comentou ainda que não vê a hora de acabar logo essa “agonia”. Ele já fez as contas e disse que seu tempo na prisão “vai passar rápido”. Portanto, quanto antes melhor.

Périplo.../ Indicado para presidir a Anatel por mais um período, João Rezende (foto) esteve ontem no Senado para conversar com as excelências. A propósito, dia desses saiu como se o relator da indicação fosse o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA). Flexa foi escolhido na semana passada para relatar a indicação de Igor Vilas Boas no cargo de diretor da Agência. Vilas Boas é consultor do Senado indicado à Anatel por Renan Calheiros.

...da paz/ O relator da recondução de João Rezende foi escolhido ontem. Será o senador Vital do Rêgo Filho. A ordem é aprovar os dois diretores ao mesmo tempo. Assim, essa chuva, que prometia virar tempestade ao deixar João Rezende para trás, parece que passou. A conferir.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 20/11

Governo deverá liberar contratações por curto período sem registro em carteira
O ministro do Trabalho, Manoel Dias, deverá enviar até a próxima sexta à presidente Dilma Rousseff o texto da Medida Provisória que permitirá a admissão de funcionários em períodos curtos sem registro em carteira.

O documento prevê a dispensa do registro para contratações limitadas a 14 dias seguidos, com teto de 60 dias ao ano. "Hoje não existe essa figura na legislação trabalhista", afirma o ministro.

O pedido para a mudança partiu sobretudo de empresas que atuam com turismo e eventos, por causa da Copa de 2014. A nova regra, no entanto, valerá para todos os segmentos, diz Dias.

A FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação) afirma que o setor enfrenta demandas sazonais.

"Em alguns eventos, a necessidade cresce por apenas alguns dias. Tem de contratar e depois demitir, o que é ruim também para os funcionários, que ficam com a carteira marcada", diz Alexandre Sampaio, presidente da entidade.

"O governo está preocupado com a redução do emprego entre os mais novos. Esses contratos vão ao encontro do interesse dos jovens."

A FBHA estima que, durante a Copa, serão gerados nas 12 cidades-sedes, em média, 15% a mais de empregos em hotéis, bares e similares.

Mesmo com a dispensa do registro, todos os demais direitos serão mantidos, como pagamento de férias e benefícios previdenciários.

"Atuamos com o Conselho Nacional de Turismo e outras entidades para que haja uma aprovação rápida [da MP] no Congresso", diz o ministro.

Economia britânica
A qualidade de vida de quase a metade dos britânicos não foi influenciada pela recente melhora da economia do país, de acordo com pesquisa realizada pela Ipsos.

Do total de entrevistados pela empresa, 48% afirmaram que não houve efeitos positivos. Apenas 3% disseram sentir um avanço significativo e outros 11% que houve um pouco de impacto.

A maioria dos britânicos também revelou estar preocupada com os possíveis efeitos que poderão ser causados por cortes anunciados pelo governo para a redução da dívida do país.

No universo dos que foram ouvidos, 58% disseram que estão receosos com as medidas. Do outro lado, quatro em cada dez entrevistados (41%) afirmaram não estar apreensivos com as decisões tomadas pelo governo.

Apesar do montante de pessimistas ser maior, o percentual ficou abaixo dos 73% que, em fevereiro de 2011, haviam afirmado estar muito preocupados.

As expectativas dos britânicos também permaneceram negativas em relação às finanças pessoais, ainda de acordo com o levantamento.

Apenas 23% dos ouvidos disseram acreditar que a situação financeira ficará melhor ao longo do próximo ano.

Foram entrevistados para o estudo 1.019 adultos com 18 anos de idade ou mais.

ESTUDO ENERGÉTICO
Um protocolo de intenções para a criação de uma rede de estudos que irá desenvolver produtos em energia renovável foi assinado ontem pelo secretário da Energia do Estado de São Paulo, José Aníbal, e pelo presidente da Fapesp (fundação de amparo à pesquisa), Celso Lafer.

O projeto reunirá especialistas de universidades e empresas de regiões de sete países --Alta Áustria (Áustria), Baviera (Alemanha), Cabo Ocidental (África do Sul), Geórgia (EUA), Québec (Canadá), Shandong (China) e São Paulo.

A intenção do governo é que as pesquisas desenvolvidas pela rede contribuam para o cumprimento da meta do Plano Paulista de Energia, que prevê uma participação de 69% de energia renovável na matriz energética do Estado até 2020.

Empresário... O Índice de Confiança do Empresário do Comércio na cidade de São Paulo subiu 7,4% no mês passado, ao passar de 113,1 pontos em setembro para 121,5 pontos em outubro.

...confiante Foi o terceiro aumento mensal consecutivo do indicador da FecomercioSP. Com a proximidade do fim de ano, aumenta o otimismo do varejista, de acordo com a pesquisa.

Quilômetros... A Fibracem, fabricante de acessórios para o setor de telecomunicações, planeja aumentar sua produção de cabos ópticos no próximo ano.

...a mais O plano da empresa paranaense é passar a fabricar cerca de 600 quilômetros por mês --expansão de 50%.

Pagamento flexível
A start-up rache aqui!, do mercado de meios de pagamento, receberá aporte de mais um investidor, após oito meses de operação.

Marcelo Picchi, executivo do ramo da construção civil, será o segundo a alocar recursos na empresa.

Thomaz Srougi, sócio de uma companhia de investimento, foi o responsável pelo capital inicial do negócio.

"É uma possibilidade de ganhar dinheiro com um mercado em potencial", afirma Picchi.

A ferramenta, criada por Marcelo Srougi, primo de Thomaz, e o administrador Lucas de Faria, permite o pagamento de uma compra com até 15 cartões de crédito diferentes.

"A solução permite rachar' o pagamento de produtos de alto valor entre várias pessoas", diz Faria.

A empresa opera em sete sites de compras, mas pretende chegar a cem em 2014.

"Cobramos uma taxa de 3%, mas também pretendemos trabalhar com venda de licenças de uso por empresa", diz Marcelo.

ALÉM DA ENTREVISTA
Para aumentar a rentabilidade das empresas, diretores de RH precisam aperfeiçoar os métodos de seleção de pessoal e de gerenciamento de funcionários.

Essa é a análise do psicólogo inglês Peter Saville, consultor de empresas e referência em administração de recursos humanos, que estará no Brasil na próxima semana para uma palestra no Insper.

Em relação ao processo seletivo, Saville afirma que é preciso realizar uma "boa entrevista e suplementá-la com dados objetivos do candidato, e não apenas confiar [no que ele diz]."

O inglês também afirma que é possível melhorar os líderes das companhias com treinamento: "Alguns têm maior facilidade para liderar, mas é possível trabalhar isso".

Supermercado... O Grupo Pão de Açúcar acaba de implantar na rede Extra um sistema de compras no qual o cliente adquire os produtos pela internet e os retira em uma loja em até quatro horas.

...de carro Por enquanto, o serviço está disponível apenas na unidade do Morumbi, em São Paulo. Outras oito lojas terão atendimento nesse formato até o primeiro trimestre do ano que vem.

Os desenvolvimentistas no poder - PEDRO FERREIRA E RENATO FRAGELLI

VALOR ECONÔMICO - 20/11

Em nenhum momento do passado recente houve tanta unanimidade ideológica entre os formuladores da política econômica como no atual governo. A própria presidente, os ministros da Fazenda e do Desenvolvimento, o presidente do BNDES, o secretário do Tesouro, o ministro da Educação e seus principais assessores, são todos desenvolvimentistas assumidos, com passagem pelas principais escolas desta corrente. Somente no Banco Central se encontram economistas mais ortodoxos, mas estes têm tido pouca influência sobre o resto do governo.

Os desenvolvimentistas vêm diligentemente implantando as políticas econômicas que sua corrente sempre defendeu. Mas, para surpresa dos próprios desenvolvimentistas, embora não para economistas com outra formação, a experiência não deu certo. As políticas em vigor baseiam-se em quatro pilares. O primeiro é uma política cambial destinada a manter o câmbio desvalorizado, de forma a aumentar a competitividade das empresas nacionais, na esperança de que isso as estimule a adotar tecnologias de ponta. O segundo consiste numa política monetária que mantém os juros reais baixos de forma a estimular o investimento. O terceiro pilar é a atuação direta do governo via aumento dos gastos para estimular a demanda, ou indiretamente por meio das empresas estatais, ou ainda pela coordenação de investimentos privados por meio de bancos públicos. Finalmente, a política industrial trataria de estimular setores "estratégicos", incentivar a adoção de novas tecnologias e proteger da concorrência externa - talvez temporariamente - aquelas empresas e setores com potencial de crescimento.

Esses pilares dão continuidade às medidas adotadas (mais timidamente) durante os dois governos Lula. Desde a posse da atual presidente, a desvalorização nominal do câmbio foi de 40%, e a real de 20%. A taxa de juros Selic foi agressivamente reduzida, a partir de setembro de 2011, até atingir sua mínima histórica de 7,25%. Embora hoje esteja em patamar mais elevado, seu nível encontra-se bastante baixo em termos históricos.

Em relação à atuação do governo, não só os gastos públicos têm aumentado continuamente, como o ativismo e a maior intervenção na esfera produtiva tornaram-se marcos da atual administração. A despesa do governo federal aumentou R$ 79 bilhões - uma expansão de 13% - somente em 2013. O superávit primário deve cair à metade durante o atual governo, enquanto o déficit nominal atinge 3% do PIB. Os subsídios, benefícios financeiros e creditícios atingirão R$ 72 bilhões no ano, e o crédito dos bancos públicos, que se expandiu fortemente após a crise de 2008, continuará em patamar elevado. É verdade que os investimentos públicos estão estagnados, mas para quem até hoje considera que cavar e tapar buracos é uma eficiente política de demanda, isto não deveria ser um problema.

Finalmente, desde 2004, três ambiciosos programas de política industrial foram implantados: em 2004, a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior; em 2008, o Programa de Desenvolvimento da Produção; e no atual governo, o Plano Brasil Maior. Esses programas buscavam, por meio de diferentes instrumentos, estimular a inovação, a modernização industrial, a inserção externa e exportações, bem como o aumento da taxa de investimento. Ainda no campo de políticas setoriais, acrescentem-se o progressivo fechamento da economia, as ambiciosas metas para componentes nacionais, bem como a agressiva atuação do BNDES no subsídio ao investimento e consolidação de grandes grupos nacionais.

Não faltou nada do receituário heterodoxo. O resultado, entretanto, mostrou-se um fiasco. O crescimento médio do PIB, ao longo dos quatro anos do atual governo, caminha para míseros 2% ao ano e a taxa de investimento permanece estagnada em 18,5% do PIB. Além de baixo, o pouco crescimento alcançado foi puxado pela agricultura e serviços, justamente os setores considerados menos nobres pelos desenvolvimentistas.

O desempenho não é melhor na área externa. Um dos objetivos das políticas industriais oficiais era a expansão das exportações, mas estas vêm caindo desde 2011, passando de US$ 256 bilhões para prováveis US$ 240 bilhões em 2013. E isto em um período de recorde de produção e exportação de commodities agrícolas. O déficit em conta corrente deve ficar em 3,6% do PIB, mais um recorde. Com a inflação dos preços livres acima de 7%, a inflação oficial só não superou o teto da meta devido ao controle dos preços administrados. Controle este que vem prejudicando fortemente a Petrobras, mais um contrassenso em um governo desenvolvimentista.

Finalmente, apesar das políticas industriais, das inúmeras medidas de micro gerenciamento, dos créditos subsidiados e da proteção comercial, o crescimento da indústria mostrou-se desapontador, assim como a inovação e adoção de novas tecnologias. Como bem registrou neste espaço há duas semanas David Kupfer, um insuspeito defensor de políticas setoriais, "há uma desagradável sensação de que o hiato da indústria brasileira frente à fronteira tecnológica internacional está novamente aumentando". A indústria não cresce e não inova.

Em suma, do ponto de vista dos seus próprios objetivos e metas, bem como de suas métricas de avaliação, o atual experimento desenvolvimentista se configura um retumbante fracasso: baixo crescimento, alta inflação, estagnação da indústria, atraso tecnológico e exportações em queda.


Tentativa e erro - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 20/11

Todos os dias aparece alguém para dizer que a oposição não tem discurso, não tem proposta de política econômica que possa se contrapor ao que está aí. Nada mais verdadeiro. As análises dos cartolas da oposição são episódicas, descosturadas, sem estratégia.

Mas o oposto também é verdadeiro. O governo não sabe como consertar o que está errado. Vai sendo surpreendido todos os dias com novos estragos na economia. O mais recente é a surpresa do estouro das despesas com seguro-desemprego, em R$ 47 bilhões neste ano, paradoxalmente, num ambiente de pleno emprego. Igualmente surpreendente é a falta de proposta para resolver o problema.

Quando faz andar uma solução, quase sempre casuística e parcial, o governo produz novas distorções. Mas, para não dar o braço a torcer, repete mecanicamente que está tudo bem e que melhor ficará, sem explicar como.

Em meados do ano passado, havia convicção dentro do governo de que era preciso derrubar determinantemente os juros, não só para acelerar a atividade econômica, mas, também, para reduzir as despesas com o serviço da dívida. Uma dívida mais baixa, por sua vez, deixaria recursos para mais políticas de renda. Em vez do crescimento econômico pretendido de 4,0% a 4,5% ao ano, os números obtidos foram medíocres: avanço do PIB de 2,7% em 2011 e de 0,9% em 2012. Para este ano, mais do que 2,5% é uma possibilidade tão remota quanto a ocorrência de uma tempestade de neve em Brasília.

Para a recuperação da indústria, um a um, os economistas do governo recomendaram uma forte desvalorização cambial (alta do dólar) e uma política de desoneração de encargos sociais. Tão logo começou o processo de desvalorização do real, a inflação empinou com a arrancada dos preços dos produtos importados e o Banco Central foi obrigado a voltar a puxar os juros para cima e a vender dólares para evitar uma alta cambial maior.

A desoneração foi afinal parcialmente implementada, mas vai produzindo novos furos e novos desequilíbrios. O furo mais evidente é o que aparece na arrecadação: perda de receitas de R$ 60 bilhões em 12 meses. Apesar dessa bondade oficial, a indústria continua prostrada e esse é outro objetivo frustrado. Como é um processo que parou a meio caminho, os setores que ficaram de fora desfrutam de menos vantagens para operar do que os beneficiados.

Outra ideia-força do governo foi trabalhar com políticas anticíclicas: gastar mais quando a economia está emperrada, para deixar a austeridade para os dias radiantes. As tentativas de políticas anticíclicas esbarraram com fortes limitações fiscais: as laranjas foram espremidas e não há de onde tirar mais suco.

Houve um momento em que nossos dirigentes entenderam ter sido um erro pretender acionar a economia apenas com estímulos ao consumo, porque a produção não acompanhou a procura. A decisão seguinte foi dar ênfase ao investimento e às concessões públicas. Foi uma decisão sábia que, no entanto, chegou um pouco tarde e enfrenta o problema do baixíssimo nível de poupança do brasileiro (coisa aí de 17% do PIB).

Depois que falhou a tal Nova Matriz de Política Macroeconômica, o governo segue no escuro, na base da tentativa e erro, sem estratégia clara de saída e sem saber o que fará para reconquistar a confiança do produtor.

Brasil: estagnação pacífica? - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 20/11

Como a rã da lenda, país pode relaxar no caldo que esquenta até que seja tarde para pular fora


É TEMERÁRIO dizer que a situação social e política do Brasil é pacífica, dadas as manifestações de junho e as pipocas e marolas de protestos que se seguiram. É muito menos arriscado dizer que a economia cozinha num banho-maria de mediocridade.

Nos quatro anos de Dilma Rousseff, dificilmente a renda (PIB) per capita terá crescido algo mais de 1% ao ano. Atire pedras quem não quiser chamar tal desempenho de estagnação.

No entanto, o mau humor protestante deste ano não parece devido ao sentimento de piora da situação econômica individual, nem havia reivindicações de melhorias especificamente econômicas. O povo mais pobre e os manifestantes parecem em paz com a quase-estagnação.

Afinal, mesmo sob Dilma a renda média cresce mais do que a economia (embora ainda pareça esquisito. A gente pode dizer pelo menos que a renda do trabalho cresce mais). O desemprego é o mais baixo da história conhecida, assim como as transferências de renda para os mais pobres são as maiores. Etc.

Sim, a vida dos pobres ainda é em si mesma um horror. Mas trata-se aqui de melhoras e pioras, de variação do nível de satisfação com as condições econômicas individuais. Dados os votos do governo entre a massa pobre, majoritária, o nível de tolerância parece alto.

Isto posto, ainda assim, a economia cresce muito pouco. Até quando seria possível viver nesse estado de mediocridade regular, de estagnação pacífica?

Posto de outro modo: 1) Por quanto tempo a economia pode viver em quase-estagnação, sem degringolar em crise? 2) Até quando a quase-estagnação pode sustentar as condições que, por ora, fazem com que a economia não suscite ira social?

A gente está cansada de ouvir que o "modelo" petista se esgotou, seja lá qual for, se é que havia um. Mas o que se esgotou? Os meios de promover crescimento econômico (bem provável) ou os de distribuir analgésicos socioeconômicos?

Quanto ao crescimento da economia, parece que estamos encalacrados se não houver alguma mudança, a qual surtiria efeito lá por 2015-2016. Isso para remediar a situação. A alternativa melhor, mudar o patamar de crescimento, dependeria de mexidas política e eleitoralmente arriscadas.

Mas o "modelo" é social e politicamente durável? Isto é, tal como a rã da lenda científica, poderemos cozinhar sem perceber num caldo que esquenta devagar e sempre, até que seja tarde demais para pular fora? Num caldo de inflação manipulada em torno de 6%, com a situação do emprego piorando muito devagarinho (como agora), remendando a situação social com transferências para os mais pobres (que ainda custam pouco) etc.?

Talvez esse "modelo" ainda não se tenha esgotado. Melhoramos tanto (dado o horror habitual) que talvez nos inclinemos a relaxar no caldo quente. De onde viria mudança, no petismo ou com a oposição, que, aliás, se pela de mexer no "modelo" dos últimos dez anos?

Pode ser que os humores esquentem entre os 20% mais ricos. Pode ser apenas que o grosso da população, de fato irado com alguma coisa outra que não bem a economia, tenha represando seu mudancismo secreto por falta de opções (nomes e ideias). Sabe-se lá. Talvez saibamos na eleição.