FOLHA DE SP - 05/11
Os filmes 'mainstream' que dominam as salas querem ser romances no espaço de um conto
Espero escrever um dia sobre "The Wire", a série da HBO que me acompanha há vários meses.
Digo "há vários meses" porque, apesar de ter apenas cinco temporadas, é a primeira vez na vida que assisto a uma série que exige repetição contínua do mesmo episódio. Só para saborear a carpintaria literária do produto; a complexidade de cada personagem; e os diálogos, meu Deus, capazes de transformar o calão rasteiro das ruas em duelos verbais dignos de um Edmond Rostand.
O mundo imundo de Baltimore ganha em "The Wire" o mesmo estatuto épico que Victor Hugo concedeu a Paris; e Dickens, a Londres; e Dostoiévski, a São Petersburgo. Não estou a delirar.
Mas estou a lamentar. Quando a TV surgiu em meados do século 20, alguns luditas modernos decretaram a morte do cinema. Enganaram-se, claro. Mas enganaram-se apenas por meio século. Como escreveu Michel Laub em excelente texto para a Folha("O ponto final do cinema", 25/10/2013), as séries de TV americanas sugaram o talento audiovisual que existe.
Só discordo de Laub no otimismo dele: para o colunista, ainda há esperança para a sétima arte se ela conseguir superar o desafio do "ponto final" --contar em duas horas o que as séries contam em dois meses, dois anos, quem sabe duas décadas.
Infelizmente, e para mim, o "ponto final" do cinema "mainstream" começa a ganhar contornos mais literais.
Um bom exemplo é o filme do momento, "Gravidade", de Alfonso Cuarón. Acompanho as críticas. Confesso pasmo com tanto pasmo. Que o filme é um prodígio visual, ninguém nega: os primeiros 15 minutos em plano-sequência, quando a trilha sonora não arruína a beleza do silêncio, valem como experiência estética.
Mas é a pobreza narrativa do filme que deprime, sobretudo para quem esteve nas ruas de Baltimore horas antes.
No filme, um acidente sideral condena uma astronauta a ficar sozinha no espaço. Imaginar Sandra Bullock como astronauta já é abusar da nossa "suspensão da descrença".
Mas o pior vem depois: precisamente para comprimir uma história plausível em menos de duas horas, "Gravidade" oferece todos os clichês em sucessão contínua.
Sabemos que a astronauta perdeu uma filha na "mãe" Terra. E para quem tem esse prejuízo na biografia, surge o dilema: é melhor desistir e entregar-se ao esquecimento do espaço? Ou, apesar de todas as mágoas com o mundo "cá em baixo", tentar ainda regressar para ele e reaprender --literalmente-- a seguir em frente?
Não sei como classificar esta simplificação adolescente que é apresentada com "gravitas" cósmica pelos roteiristas do filme. Sei apenas que em nenhum momento acreditamos no luto daquela mãe --um luto que surge do nada e se dissolve no nada. Sem falar do óbvio: uma mãe com semelhante cicatriz no cardápio dificilmente estaria em missão espacial.
Para Michel Laub, o fato de o cinema exigir maior brevidade que uma série de TV pode ser um desafio criativo. Sim, pode e admito que nas mãos certas ainda seja. E também admito que o cinema de hoje poderia estar para o conto como as séries de TV para o romance.
Que o mesmo é dizer: abandonando o desejo de "totalidade" que o romance (e a série de TV) encerra, o cinema ganharia em aprofundar os "fragmentos de realidade" que fizeram a grandeza de Tchékhov, Carver ou Pritchett.
O problema é que os filmes "mainstream" que dominam as salas querem ser romances no espaço de um conto. Esquemáticos, nunca passam de esqueletos. Ou nem isso: apenas pretendem usar o texto como pretexto para qualquer prodígio formal.
A redescoberta recente do 3D parece apontar esse caminho e "Gravidade" é novamente um exemplo: se a TV é narrativamente mais poderosa, pensam os estúdios, o cinema pode deslumbrar as plateias com a "experiência" visual só possível na grande tela.
É uma forma de ver as coisas. Mas é também uma forma regressiva de ver o cinema: de "atração de feira" a expressão artística, o cinema estaria novamente condenado a ser "atração de feira" com a ambição explícita de maravilhar as plateias. Seria, no fundo, um retorno aos ilusionismos primitivos de Georges Méliès. Exagero?
Acredito que sim e desejo que sim. Mas não deixa de ser melancólico que, nos alvores do século 21, exista mais grandeza na baixeza de Baltimore do que no espaço infinito de Sandra Bullock.
terça-feira, novembro 05, 2013
Pensar em alemão - LUÍS AUGUSTO FISCHER
ZERO HORA - 05/11
Caetano Veloso, no tempo em que ainda era um libertário e não pagava esse mico mundial de defender censura prévia, fez a piada precisa, ao observar com uma saudável irreverência terceiromundista: “Se você tem uma ideia incrível / é melhor fazer uma canção; / está provado que só é possível / filosofar em alemão”. Isso foi ainda no tempo da Guerra Fria, ano da graça de 1984, quase 30 anos faz.
De fato, fazer canção que saiba conter e expressar temas complexos, cheios de matizes, é coisa que a cultura brasileira soube e sabe fazer bem, no melhor nível imaginável para as limitações do formato canção. (Canção é aquela combinação de melodia e letra, inseparáveis, que dura mais ou menos três minutos e a gente aprende fácil.)
Nisso, como em outras formas artísticas breves (crônica, conto, caricatura, foto, piada etc.), o Brasil se dá bem. Já para o pensamento filosófico sistemático, que requer textos extensos, com períodos que levam até mais de página para se firmarem e redes conceituais finas, o Brasil não é parâmetro para nada. Melhor procurar em alemão.
E em alemão tem, agora, um livro-guia de grande qualidade. A editora Cosac Naify lançou dois volumes com o título Pensamento Alemão no Século XX, com organização de Almeida e Wolfgang Bader, em edição caprichada, que dá gosto.
O leitor acha estreito o marco temporal, século 20? Então me diz se não vale a pena conhecer, em artigos monográficos escritos por especialistas, em sínteses panorâmicas, pensadores como Weber, Freud, Heidegger, Hannah Arendt, Adorno, Marcuse (no primeiro volume) ou Reich, Jung, Lukács, Popper, até mesmo Einstein (no segundo). Eu gostei demais do ensaio sobre Erich Auerbach, um de meus modelos de comentaristas de literatura, escrito pelo especialista em sua obra que é Leopoldo Waizbort.
Nada mau entrar nessa conversa, ainda mais para aproveitar que em 2013 é a Alemanha o país homenageado na nossa Feira do Livro de Porto Alegre.
Caetano Veloso, no tempo em que ainda era um libertário e não pagava esse mico mundial de defender censura prévia, fez a piada precisa, ao observar com uma saudável irreverência terceiromundista: “Se você tem uma ideia incrível / é melhor fazer uma canção; / está provado que só é possível / filosofar em alemão”. Isso foi ainda no tempo da Guerra Fria, ano da graça de 1984, quase 30 anos faz.
De fato, fazer canção que saiba conter e expressar temas complexos, cheios de matizes, é coisa que a cultura brasileira soube e sabe fazer bem, no melhor nível imaginável para as limitações do formato canção. (Canção é aquela combinação de melodia e letra, inseparáveis, que dura mais ou menos três minutos e a gente aprende fácil.)
Nisso, como em outras formas artísticas breves (crônica, conto, caricatura, foto, piada etc.), o Brasil se dá bem. Já para o pensamento filosófico sistemático, que requer textos extensos, com períodos que levam até mais de página para se firmarem e redes conceituais finas, o Brasil não é parâmetro para nada. Melhor procurar em alemão.
E em alemão tem, agora, um livro-guia de grande qualidade. A editora Cosac Naify lançou dois volumes com o título Pensamento Alemão no Século XX, com organização de Almeida e Wolfgang Bader, em edição caprichada, que dá gosto.
O leitor acha estreito o marco temporal, século 20? Então me diz se não vale a pena conhecer, em artigos monográficos escritos por especialistas, em sínteses panorâmicas, pensadores como Weber, Freud, Heidegger, Hannah Arendt, Adorno, Marcuse (no primeiro volume) ou Reich, Jung, Lukács, Popper, até mesmo Einstein (no segundo). Eu gostei demais do ensaio sobre Erich Auerbach, um de meus modelos de comentaristas de literatura, escrito pelo especialista em sua obra que é Leopoldo Waizbort.
Nada mau entrar nessa conversa, ainda mais para aproveitar que em 2013 é a Alemanha o país homenageado na nossa Feira do Livro de Porto Alegre.
Ueba! Bieber parece chocalho! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP- 05/11
E saiu a nova biografia do Eike: 'Da Luma à lama'. Rarará! A lama deve ser praga da Luma!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Pensamento do dia: "Hoje me levantei, a minha coluna fez TREK, fiquei em pé e meu joelho fez TREK, olhei pro chão e o meu pescoço fez TREK. Além de gostoso, tô ficando crocante". Rarará!
E o predestinado do ano! Sabe como é o nome do novo conselheiro da OGX do Eike? Adriano SALVATO SALVE! Rarará.
É inacreditável! O Salvato Salve vai salvatex a Calotex do Eikex! O Eikex tá Fudidex!
E saiu a nova biografia do Eike: "Da Luma à lama". Rarará! A lama deve ser praga da Luma!
E o Justin Bieber? O Justin Bieber é como chocalho: faz um barulho irritante, mas as crianças adoram!
E como disse uma amiga: "Você percebe que tá ficando velho quando lê que o Justin Bieber tá frequentando puteiro no Rio". Foi nas Termas Centaurus! Matinê na Centaurus! Centaurus do verbo sentar? Centaurus no Bieber!
E tem quenga kids?
Eu acho que o Bieber ficou lambendo tampa de Danoninho! A quenga falou: "Se você ficar quietinho, eu deixo lamber a tampa do Danoninho". Rarará.
E no show em São Paulo atiraram uma garrafa no Bieber. Foi uma BIEBERBLOCK! Castigo: uma semana sem Facebook, sem Instagram e sem sobremesa!
E esse povo só vem pro Brasil pra comer: ou é churrasco ou é quenga! Rarará!
E essa piada pronta: "Corinthians chega ao 15º empate contra o Vitória". O Tite comemorou o empate da vitória! Empatite! Empatibilidade aguda!
E o futeboldadepressao revela a filosofia do Tite: "Só existem duas coisas certas na vida: a morte e o empate pro Corinthians". Gol deixa o Tite na mais cavernosa depressão!
E diz que sábado foi Dia de Fináutico! E a manchete do Cornetafc: "Vasco vence e assusta torcedores". Enfarta a torcida! Ganhou do Coxa! Coxinha de bacalhau!
Ganhou do Coxa, mas continua nas coxas! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Olha esse bar em Nilo Peçanha, Bahia: "Bar e Lanchonete Fofoca, o melhor meio de comunicação". E mais essa na Bahia, Estrada do Coco: "Frango Assado ao Vivo". Rarará! E esse classificado de sexo: "Livia Porsche, só para executivos". Rarará.
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
E saiu a nova biografia do Eike: 'Da Luma à lama'. Rarará! A lama deve ser praga da Luma!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Pensamento do dia: "Hoje me levantei, a minha coluna fez TREK, fiquei em pé e meu joelho fez TREK, olhei pro chão e o meu pescoço fez TREK. Além de gostoso, tô ficando crocante". Rarará!
E o predestinado do ano! Sabe como é o nome do novo conselheiro da OGX do Eike? Adriano SALVATO SALVE! Rarará.
É inacreditável! O Salvato Salve vai salvatex a Calotex do Eikex! O Eikex tá Fudidex!
E saiu a nova biografia do Eike: "Da Luma à lama". Rarará! A lama deve ser praga da Luma!
E o Justin Bieber? O Justin Bieber é como chocalho: faz um barulho irritante, mas as crianças adoram!
E como disse uma amiga: "Você percebe que tá ficando velho quando lê que o Justin Bieber tá frequentando puteiro no Rio". Foi nas Termas Centaurus! Matinê na Centaurus! Centaurus do verbo sentar? Centaurus no Bieber!
E tem quenga kids?
Eu acho que o Bieber ficou lambendo tampa de Danoninho! A quenga falou: "Se você ficar quietinho, eu deixo lamber a tampa do Danoninho". Rarará.
E no show em São Paulo atiraram uma garrafa no Bieber. Foi uma BIEBERBLOCK! Castigo: uma semana sem Facebook, sem Instagram e sem sobremesa!
E esse povo só vem pro Brasil pra comer: ou é churrasco ou é quenga! Rarará!
E essa piada pronta: "Corinthians chega ao 15º empate contra o Vitória". O Tite comemorou o empate da vitória! Empatite! Empatibilidade aguda!
E o futeboldadepressao revela a filosofia do Tite: "Só existem duas coisas certas na vida: a morte e o empate pro Corinthians". Gol deixa o Tite na mais cavernosa depressão!
E diz que sábado foi Dia de Fináutico! E a manchete do Cornetafc: "Vasco vence e assusta torcedores". Enfarta a torcida! Ganhou do Coxa! Coxinha de bacalhau!
Ganhou do Coxa, mas continua nas coxas! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Olha esse bar em Nilo Peçanha, Bahia: "Bar e Lanchonete Fofoca, o melhor meio de comunicação". E mais essa na Bahia, Estrada do Coco: "Frango Assado ao Vivo". Rarará! E esse classificado de sexo: "Livia Porsche, só para executivos". Rarará.
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Chamando os EUA: Alô? Alô? Alô? - THOMAS L. FRIEDMAN
O Estado de S.Paulo - 05/11
Morando e trabalhando no exterior há muitos anos, percebo a mudança da maneira como os estrangeiros veem os EUA. Ao longo dos anos, vi o país sendo respeitado, odiado, temido e amado. Mas viajando pela China e para Cingapura na semana passada, defrontei-me repetidamente com uma atitude para com o meu país da qual nunca me dei conta antes: "O que há com vocês?"
Amados ou odiados, os EUA sempre foram o padrão desmedido ao qual todos os outros eram comparados. O que os americanos construíram e sonharam foi, para muitos, a definição do futuro. Mas hoje, para muitas pessoas, os EUA parecem a definição do motorista bêbado - o inspirador de toda uma vida que caiu na farra e não é mais previsível. E, quanto à definição do futuro, o país que mostrou ao mundo ter posto um homem na Lua graças à união de todos os seus cidadãos, derrotou o nazismo e o comunismo, hoje apresenta uma política que pode ser resumida por três frases: "Não se pode fazer isso", "Não está em discussão" e "O presidente não sabia".
Uma respeitada personalidade de Cingapura, que há anos visita os EUA, disse ter ficado chocado, enquanto estava em Washington durante o fechamento do governo, ao constatar como a capital pareceu velha e emocionalmente deprimida. "Poucos americanos estão conscientes do quanto os EUA perderam no episódio recente que levou a economia americana à beira do abismo", disse Kishore Mahbubani, decano da Faculdade de Política Pública Lee Kuan Yew, de Cingapura, e autor de The Great Convergence: Asia, The West, and the Logic of One World (A Grande Convergência: Ásia, o Oeste e a Lógica de Um Mundo, em tradução livre). "As pessoas sempre olharam para os EUA como o país que tinha o governo melhor, o mais razoável, o mais ponderado. E agora elas perguntam: 'Os EUA conseguirão se governar? Quais serão as implicações para nós'" - se não conseguirem?
Falando a estudantes universitários, professores, diplomatas e empresários asiáticos, eu diria essencialmente que o que eles pensam é o seguinte: "Vocês vão realmente fechar o governo mais uma vez? Quem faz isso? E, a propósito, não pensem que isso não afeta o meu negócio aqui, porque tenho muitos dólares e não sei quanto valerão no futuro. Além disso, como é possível que as pessoas que nos deram a Amazon, a Apple, Microsoft, IBM e Google não saibam criar um site sobre saúde que funcione? Eu sei que ele tinha 5 milhões de usuários, mas há 48 milhões de indonésios no Facebook!"
Pior ainda, sempre que visitávamos a China ou Cingapura, eram sempre as pessoas do lugar que ficavam na defensiva quando discutíamos sobre democracia. Agora, são os americanos que querem mudar de assunto.
Afinal, até quando vai se brigar a respeito de um sistema no qual alguém precisa dispor de US$ 20 milhões para se eleger no Senado? Onde a maioria dos membros do Congresso escolhe seus eleitores por meio de tramoias, em vez os votantes os escolherem. Onde a lei sobre o direito de voto está perdendo força. Onde os parlamentares passam a maior parte do tempo livre arrecadando dinheiro, em vez de estudar os problemas do país. Onde o Congresso tornou-se um foro de corrupção legalizada. Onde apenas uma minoria de uma minoria ameaçou comprometer a classificação de crédito dos EUA se não fosse derrubada uma lei em vigor sobre a reforma da saúde. Onde não se pode aprovar nem a mais simples legislação sobre posse de armas de assalto depois do assassinato em massa de criancinhas.
Não acredito que haja tantos americanos que aceitem o comentário publicado na agência oficial de notícias chinesa Xinhua, depois do fechamento do governo, sugerindo que "talvez esteja na hora de esse mundo confuso começar a pensar na possibilidade de construir um mundo 'desamericanizado'". A agência entendeu perfeitamente o sentido de confuso. Muitas pessoas ainda fariam fila em meio a uma tempestade de neve para ir para os EUA, embora muitas delas, agora, o fariam não mais por se tratar do "farol sobre o rochedo", mas da "camisa menos suja".
Cingapura não é uma democracia plena. O que ela tem é um governo que acorda todos os dias perguntando: em que mundo vivemos, e qual será a melhor maneira de usar os recursos de que dispomos para permitir que um número maior dos nossos cidadãos possa prosperar? Pequenas coisas chamam a minha atenção aqui, como o sistema eletrônico de cobrança de pedágio que cumprimenta o motorista que se dirige para o centro da cidade e, por meio de um painel eletrônico, informa os minutos e quanto cobrará automaticamente quanto ele chegar ao centro. O sistema atualiza continuamente o preço de acordo com o número de carros que podem circular confortavelmente nas estradas.
O governo de George W. Bush tentou introduzir um sistema semelhante para reduzir o congestionamento e a poluição em Manhattan, mas isso acabou em razão de outros distritos e dos legisladores em Albany. E é isso que mais me aborrece hoje em dia. Não é apenas o fato de que os americanos não podem mais se unir para colocar um homem na Lua. É que nem podem implementar soluções de senso comum que outros dominam há muito tempo - algum sistema nacional de saúde, controle de armas, cobrança de pedágio, imposto sobre a gasolina para evitar o problema do orçamento e das emissões de carbono.
Como Andy Karsner, ex-secretário-adjunto de Energia que participou de um fórum do New York Times, na semana passada, comentou: "É a primeira vez que visito Cingapura e sua modernidade não é uma novidade, mas um contraste deprimente". Isso porque, acrescentou, toda a modernidade e a prosperidade que vê aqui "não tem base em recursos naturais, mas em uma engenhosidade natural - e na simples implementação das práticas mais eficientes, muitas das quais ironicamente surgiram nos EUA".
Morando e trabalhando no exterior há muitos anos, percebo a mudança da maneira como os estrangeiros veem os EUA. Ao longo dos anos, vi o país sendo respeitado, odiado, temido e amado. Mas viajando pela China e para Cingapura na semana passada, defrontei-me repetidamente com uma atitude para com o meu país da qual nunca me dei conta antes: "O que há com vocês?"
Amados ou odiados, os EUA sempre foram o padrão desmedido ao qual todos os outros eram comparados. O que os americanos construíram e sonharam foi, para muitos, a definição do futuro. Mas hoje, para muitas pessoas, os EUA parecem a definição do motorista bêbado - o inspirador de toda uma vida que caiu na farra e não é mais previsível. E, quanto à definição do futuro, o país que mostrou ao mundo ter posto um homem na Lua graças à união de todos os seus cidadãos, derrotou o nazismo e o comunismo, hoje apresenta uma política que pode ser resumida por três frases: "Não se pode fazer isso", "Não está em discussão" e "O presidente não sabia".
Uma respeitada personalidade de Cingapura, que há anos visita os EUA, disse ter ficado chocado, enquanto estava em Washington durante o fechamento do governo, ao constatar como a capital pareceu velha e emocionalmente deprimida. "Poucos americanos estão conscientes do quanto os EUA perderam no episódio recente que levou a economia americana à beira do abismo", disse Kishore Mahbubani, decano da Faculdade de Política Pública Lee Kuan Yew, de Cingapura, e autor de The Great Convergence: Asia, The West, and the Logic of One World (A Grande Convergência: Ásia, o Oeste e a Lógica de Um Mundo, em tradução livre). "As pessoas sempre olharam para os EUA como o país que tinha o governo melhor, o mais razoável, o mais ponderado. E agora elas perguntam: 'Os EUA conseguirão se governar? Quais serão as implicações para nós'" - se não conseguirem?
Falando a estudantes universitários, professores, diplomatas e empresários asiáticos, eu diria essencialmente que o que eles pensam é o seguinte: "Vocês vão realmente fechar o governo mais uma vez? Quem faz isso? E, a propósito, não pensem que isso não afeta o meu negócio aqui, porque tenho muitos dólares e não sei quanto valerão no futuro. Além disso, como é possível que as pessoas que nos deram a Amazon, a Apple, Microsoft, IBM e Google não saibam criar um site sobre saúde que funcione? Eu sei que ele tinha 5 milhões de usuários, mas há 48 milhões de indonésios no Facebook!"
Pior ainda, sempre que visitávamos a China ou Cingapura, eram sempre as pessoas do lugar que ficavam na defensiva quando discutíamos sobre democracia. Agora, são os americanos que querem mudar de assunto.
Afinal, até quando vai se brigar a respeito de um sistema no qual alguém precisa dispor de US$ 20 milhões para se eleger no Senado? Onde a maioria dos membros do Congresso escolhe seus eleitores por meio de tramoias, em vez os votantes os escolherem. Onde a lei sobre o direito de voto está perdendo força. Onde os parlamentares passam a maior parte do tempo livre arrecadando dinheiro, em vez de estudar os problemas do país. Onde o Congresso tornou-se um foro de corrupção legalizada. Onde apenas uma minoria de uma minoria ameaçou comprometer a classificação de crédito dos EUA se não fosse derrubada uma lei em vigor sobre a reforma da saúde. Onde não se pode aprovar nem a mais simples legislação sobre posse de armas de assalto depois do assassinato em massa de criancinhas.
Não acredito que haja tantos americanos que aceitem o comentário publicado na agência oficial de notícias chinesa Xinhua, depois do fechamento do governo, sugerindo que "talvez esteja na hora de esse mundo confuso começar a pensar na possibilidade de construir um mundo 'desamericanizado'". A agência entendeu perfeitamente o sentido de confuso. Muitas pessoas ainda fariam fila em meio a uma tempestade de neve para ir para os EUA, embora muitas delas, agora, o fariam não mais por se tratar do "farol sobre o rochedo", mas da "camisa menos suja".
Cingapura não é uma democracia plena. O que ela tem é um governo que acorda todos os dias perguntando: em que mundo vivemos, e qual será a melhor maneira de usar os recursos de que dispomos para permitir que um número maior dos nossos cidadãos possa prosperar? Pequenas coisas chamam a minha atenção aqui, como o sistema eletrônico de cobrança de pedágio que cumprimenta o motorista que se dirige para o centro da cidade e, por meio de um painel eletrônico, informa os minutos e quanto cobrará automaticamente quanto ele chegar ao centro. O sistema atualiza continuamente o preço de acordo com o número de carros que podem circular confortavelmente nas estradas.
O governo de George W. Bush tentou introduzir um sistema semelhante para reduzir o congestionamento e a poluição em Manhattan, mas isso acabou em razão de outros distritos e dos legisladores em Albany. E é isso que mais me aborrece hoje em dia. Não é apenas o fato de que os americanos não podem mais se unir para colocar um homem na Lua. É que nem podem implementar soluções de senso comum que outros dominam há muito tempo - algum sistema nacional de saúde, controle de armas, cobrança de pedágio, imposto sobre a gasolina para evitar o problema do orçamento e das emissões de carbono.
Como Andy Karsner, ex-secretário-adjunto de Energia que participou de um fórum do New York Times, na semana passada, comentou: "É a primeira vez que visito Cingapura e sua modernidade não é uma novidade, mas um contraste deprimente". Isso porque, acrescentou, toda a modernidade e a prosperidade que vê aqui "não tem base em recursos naturais, mas em uma engenhosidade natural - e na simples implementação das práticas mais eficientes, muitas das quais ironicamente surgiram nos EUA".
Reforma para boi dormir - OCTÁVIO COSTA
BRASIL ECONÔMICO - 05/11
Também incluíram um bode na sala que não estava em cogitação: a adoção do voto facultativo. Ainda vão decidir sobre o fim da reeleição, com mandato único de cinco anos, mas passaram ao largo de um ponto essencial, que é o financiamento de campanha. Apontaram apenas um teto, sem determinar a origem do dinheiro.
O texto final da PEC será encaminhado ao plenário antes do fim do ano. A decisão do Congresso, porém, ficou para o ano ano que vem. Até lá, haverá tempo de sobra para os senhores deputados ajustarem o foco nas mudanças que, de fato, podem alterar os rumos da política brasileira. Temas como os limites nas coligações e a cláusula de barreira para novos partidos não podem ficar fora da nova legislação. Mais importante ainda é a questão do financiamento de campanha. Não adianta desconversar.
Há algo de podre no atual modelo de captação de recursos pelos candidatos. E quem diz isso é gente que conhece a fundo o processo eleitoral. Mais novo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Roberto Barroso chegou ao cargo por ser constitucionalista renomado. Com sua vasta experiência em processos polêmicos, ele não tem dúvida: a origem da corrupção política no Brasil está no financiamento das eleições. As dívidas assumidas na campanha são pagas no exercício do mandato.
Em entrevista publicada ontem, seu colega no STF Antonio Dias Toffoli, que também é ministro do Tribunal Superior Eleitoral, foi ainda mais enfático ao criticar o atual método de arrecadação. “Nesse tipo de relação, que está subentendida na relação de financiamento por empresas, há um jogo de interesses, sem dúvida nenhuma, porque empresas não têm ideologia”.
Para Dias Toffoli, não se deve permitir que as empresas financiem campanhas eleitorais por um motivo simples: “Quem não vota não tem o direito de participar das eleições como financiadores”. O jovem ministro defende duas fontes de recursos. A saber, uma parte virá pelo financiamento público, por meio do fundo partidário. E outra parte via financiamento dos simpatizantes e filiados. Ele se refere sempre a pessoas físicas, pois “a aproximação entre empresas e campanhas quase beira a extorsão”.
As opiniões dos ministros do Supremo não deveriam cair vazio. Por mais que o corporativismo prevaleça nas deliberações do Congresso, seria prudente dar atenção às preocupações do Judiciário. Em vez de perder tempo com questões totalmente fora de pauta, como o voto facultativo, os parlamentares fariam melhor se atacassem os vícios históricos do processo eleitoral. A contribuição das empresas, obviamente, não é gratuita e desinteressada.
Parte desse desvio se explica pelo alto custo das campanhas, ponto que também merece discussão. Na verdade o grupo de trabalho da Câmara fez muito esforço para enrolar a opinião pública sem chegar a conclusão alguma. Chega de conversa fiada.
SOBE E DESCE
sobe
A entrada e a saída de produtos pelo Porto de Santos somaram, até setembro, 85,7 milhões de toneladas, uma elevação de 11,6% na comparação com o mesmo período de 2012. Renato Barco é o presidente da Companhia Docas
desce
O ex-prefeito de São Paulo e ex-governador do Estado Paulo Maluf (PP-SP), de 82 anos, foi condenado pelo superfaturamento de obras do túnel Ayrton Senna e teve seus direitos políticos suspensos por cinco anos
Semeando ignorância - KÁTIA ABREU
FOLHA DE SP - 05/11
Se as sementes transgênicas são mais caras, é porque reduzem outros custos da produção e porque aumentam a produtividade
O procurador federal Anselmo Henrique Cordeiro Lopes tentou responder nesta seção a meu texto "Pragas ideológicas" ("Mercado", 12/10). Fosse um cidadão comum, usando sua liberdade legítima de discordar, eu não teria senão que respeitá-la, embora divergindo. Mas não é.
Trata-se de agente público que, no exercício de suas funções, não tem o direito de usar sua posição institucional para expressar opiniões pessoais. Opiniões que refletem desconhecimento da matéria e arraigado preconceito de natureza política que culmina com inequívoca agressão à honra de uma cidadã, senadora da República, que externou respeitosamente o seu ponto de vista.
Sementes transgênicas são objeto de legislação minuciosa. Dependem de autorização para comercialização, após análise científica conduzida pelos ministérios responsáveis e aprovação da CTNBio, colegiado de cientistas do Ministério de Ciência e Tecnologia.
A análise não é política, como faz crer o procurador. Abrir as portas dos laboratórios para a política, seja ela ambientalista ou nacionalista, é cultivar o absurdo.
Mas o que parece preocupar mais o procurador é que as empresas produtoras de sementes são internacionais. Fossem produzidas por brasileiros, os direitos da população estariam protegidos? É difícil imaginar um raciocínio mais tosco e primário.
Alguém imagina o Brasil proibir remédios contra o câncer porque são produzidos por laboratórios internacionais? Tudo me parece tão estranho e despropositado que não ouso fazer afirmações; apenas deixo a pergunta.
O procurador também afirma que sementes transgênicas tornam a produção brasileira dependente das multinacionais. Ora, ciência e tecnologia devem ser buscadas em qualquer parte do mundo, sem restrição de fronteiras. Essa abertura é uma das condições para que sejamos líderes na produção de alimentos.
É inacreditável que alguém ainda ignore os benefícios do comércio internacional, da integração das cadeias de produção, das pesquisas em rede e que pregue o uso de insumos nacionais apenas.
Finalmente, ele alega que o uso de sementes transgênicas gera aumento de custos, prejudicando pequenos agricultores. Dois absurdos. Se as sementes são mais caras, é porque reduzem outros custos da produção. E são mais caras porque aumentam a produtividade.
Não houvesse vantagem, nenhum produtor as usaria. E pequenos agricultores, também eles as usam majoritariamente, salvo aqueles que ainda praticam a agricultura tradicional, de baixo rendimento.
O procurador deseja que toda a agricultura brasileira retroceda no tempo, voltando à cultura de subsistência? Não é o desejo da sociedade.
A verdade é que, para compreender nossa sociedade, é preciso mais do que ensina o bacharelismo. É imprescindível a vivência dos problemas da agricultura tropical.
Por fim, quanto à acusação de que vou continuar defendendo os interesses das empresas estrangeiras, ela é grave e constitui claramente um crime. Não se espera que procuradores cometam crimes, mas que, ao contrário, combatam os crimes. Mas esse é um capítulo que deverá transcorrer na esfera da Justiça.
Se as sementes transgênicas são mais caras, é porque reduzem outros custos da produção e porque aumentam a produtividade
O procurador federal Anselmo Henrique Cordeiro Lopes tentou responder nesta seção a meu texto "Pragas ideológicas" ("Mercado", 12/10). Fosse um cidadão comum, usando sua liberdade legítima de discordar, eu não teria senão que respeitá-la, embora divergindo. Mas não é.
Trata-se de agente público que, no exercício de suas funções, não tem o direito de usar sua posição institucional para expressar opiniões pessoais. Opiniões que refletem desconhecimento da matéria e arraigado preconceito de natureza política que culmina com inequívoca agressão à honra de uma cidadã, senadora da República, que externou respeitosamente o seu ponto de vista.
Sementes transgênicas são objeto de legislação minuciosa. Dependem de autorização para comercialização, após análise científica conduzida pelos ministérios responsáveis e aprovação da CTNBio, colegiado de cientistas do Ministério de Ciência e Tecnologia.
A análise não é política, como faz crer o procurador. Abrir as portas dos laboratórios para a política, seja ela ambientalista ou nacionalista, é cultivar o absurdo.
Mas o que parece preocupar mais o procurador é que as empresas produtoras de sementes são internacionais. Fossem produzidas por brasileiros, os direitos da população estariam protegidos? É difícil imaginar um raciocínio mais tosco e primário.
Alguém imagina o Brasil proibir remédios contra o câncer porque são produzidos por laboratórios internacionais? Tudo me parece tão estranho e despropositado que não ouso fazer afirmações; apenas deixo a pergunta.
O procurador também afirma que sementes transgênicas tornam a produção brasileira dependente das multinacionais. Ora, ciência e tecnologia devem ser buscadas em qualquer parte do mundo, sem restrição de fronteiras. Essa abertura é uma das condições para que sejamos líderes na produção de alimentos.
É inacreditável que alguém ainda ignore os benefícios do comércio internacional, da integração das cadeias de produção, das pesquisas em rede e que pregue o uso de insumos nacionais apenas.
Finalmente, ele alega que o uso de sementes transgênicas gera aumento de custos, prejudicando pequenos agricultores. Dois absurdos. Se as sementes são mais caras, é porque reduzem outros custos da produção. E são mais caras porque aumentam a produtividade.
Não houvesse vantagem, nenhum produtor as usaria. E pequenos agricultores, também eles as usam majoritariamente, salvo aqueles que ainda praticam a agricultura tradicional, de baixo rendimento.
O procurador deseja que toda a agricultura brasileira retroceda no tempo, voltando à cultura de subsistência? Não é o desejo da sociedade.
A verdade é que, para compreender nossa sociedade, é preciso mais do que ensina o bacharelismo. É imprescindível a vivência dos problemas da agricultura tropical.
Por fim, quanto à acusação de que vou continuar defendendo os interesses das empresas estrangeiras, ela é grave e constitui claramente um crime. Não se espera que procuradores cometam crimes, mas que, ao contrário, combatam os crimes. Mas esse é um capítulo que deverá transcorrer na esfera da Justiça.
Ponto Final - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 05/11
"Paulo Maluf é condenado pelo TJ-SP e fica inelegível por quatro anos"
Em se tratando de Maluf e de Justiça brasileira... é preciso ver para crer. Com todo o respeito.
Calma, gente
A terra treme entre colecionadores e galeristas de arte. Um grupo vai se reunir amanhã, em São Paulo, para discutir o decreto 8.124 que autoriza o Instituto Brasileiro de Museus a declarar uma obra de interesse público.
O medo desta turma é que, com o decreto, o governo passe a controlar o destino das obras. Alguns falam em “desapropriação indireta” e ameaça à iniciativa privada.
Mas...
O presidente do Ibram, Angelo
Oswaldo, diz que não é nada disso:
— A ideia é proteger as obras, como funciona em relação a um bem tombado. Um conselho, com 12 especialistas, vai analisar se a obra é de interesse público.
Para Angelo...
Não existirá qualquer impedimento para venda:
— Só teremos que saber para quem ela foi vendida, para onde ela vai. É uma proteção. O colecionador que tiver medo que seu acervo seja declarado de interesse público não é um colecionador. É um acumulador de peças.
O Abaporu é nosso...
Aliás, pelo novo decreto, o Abaporu, de Tarsila do Amaral, que está na Argentina, não poderia ter saído do país.
Malas prontas
Joel Santana viaja amanhã para Angola. Vai dirigir a seleção local. Será que avisaram a ele que não é preciso falar inglês por lá?
Master Saliência
A Caixa fechou parceria com a Associação das Prostitutas de Minas Gerais. As duas mil moças de vida difícil, filiadas, poderão aceitar cartão de crédito e débito.
Carnaval investigado
Eduardo Paes, um dos denunciados pelo MP por eventuais irregularidades no carnaval do Rio, lembra que o inquérito tem sete anos. Portanto, é anterior à sua gestão. “De lá pra cá, eu só fiz quatro carnavais”, diz.
O prefeito conta que por três vezes licitou a organização do desfile na Sapucaí. “Só que não apareceu ninguém interessado”, afirma.
Segue...
Paes lembra ainda que, após um acordo com o MP, em 2010, a prefeitura parou de dar dinheiro à Liesa, entregando a grana diretamente às escolas:
— O carnaval é um grande espetáculo da cidade, e é minha obrigação ajudar a torná-lo ainda maior.
Turma jovem
Zabelê, filha de Pepeu Gomes e Baby do Brasil, está em estúdio finalizando seu primeiro álbum solo.
Para o projeto, ela se cercou de um time de jovens talentos: Domênico Lancellotti, Moreno Veloso, Rubinho Jacobina e Kassin.
Filhos da PUC
Nathália Rodrigues, deficiente visual que faz parte do elenco do programa “Esquenta” e ganhou bolsa de estudo para a PUC-Rio em agosto, vai ter que andar acompanhada na universidade.
É que, acredite, ela foi agredida verbalmente por alguns alunos malvados.
Terra Encantada
No final do ano passado, Eike Sempre Ele Batista anunciou a compra do terreno onde funcionou a natimorta Terra Encantada para construir um novo bairro na Barra, no Rio.
Mas o negócio não foi sacramentado. Hoje o latifúndio urbano é disputado entre a Gafisa e a Cyrela.
Boletim médico
O querido João Araújo, pai de Cazuza, opera hoje o colo do fêmur, no Hospital Samaritano, no Rio.
O Instituto do Cérebro
O Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, no Rio, triplicou o número de cirurgias em três meses.
Em agosto foram 31 procedimentos, em setembro, 62, e em outubro, 95.
Gois na Flip
Por causa da Copa do Mundo, a Flip vai mudar de data.
A Festa Literária de Paraty não será no começo de julho, como de hábito. A Flip 2014 vai de 30 de julho a 3 de agosto.
Em se tratando de Maluf e de Justiça brasileira... é preciso ver para crer. Com todo o respeito.
Calma, gente
A terra treme entre colecionadores e galeristas de arte. Um grupo vai se reunir amanhã, em São Paulo, para discutir o decreto 8.124 que autoriza o Instituto Brasileiro de Museus a declarar uma obra de interesse público.
O medo desta turma é que, com o decreto, o governo passe a controlar o destino das obras. Alguns falam em “desapropriação indireta” e ameaça à iniciativa privada.
Mas...
O presidente do Ibram, Angelo
Oswaldo, diz que não é nada disso:
— A ideia é proteger as obras, como funciona em relação a um bem tombado. Um conselho, com 12 especialistas, vai analisar se a obra é de interesse público.
Para Angelo...
Não existirá qualquer impedimento para venda:
— Só teremos que saber para quem ela foi vendida, para onde ela vai. É uma proteção. O colecionador que tiver medo que seu acervo seja declarado de interesse público não é um colecionador. É um acumulador de peças.
O Abaporu é nosso...
Aliás, pelo novo decreto, o Abaporu, de Tarsila do Amaral, que está na Argentina, não poderia ter saído do país.
Malas prontas
Joel Santana viaja amanhã para Angola. Vai dirigir a seleção local. Será que avisaram a ele que não é preciso falar inglês por lá?
Master Saliência
A Caixa fechou parceria com a Associação das Prostitutas de Minas Gerais. As duas mil moças de vida difícil, filiadas, poderão aceitar cartão de crédito e débito.
Carnaval investigado
Eduardo Paes, um dos denunciados pelo MP por eventuais irregularidades no carnaval do Rio, lembra que o inquérito tem sete anos. Portanto, é anterior à sua gestão. “De lá pra cá, eu só fiz quatro carnavais”, diz.
O prefeito conta que por três vezes licitou a organização do desfile na Sapucaí. “Só que não apareceu ninguém interessado”, afirma.
Segue...
Paes lembra ainda que, após um acordo com o MP, em 2010, a prefeitura parou de dar dinheiro à Liesa, entregando a grana diretamente às escolas:
— O carnaval é um grande espetáculo da cidade, e é minha obrigação ajudar a torná-lo ainda maior.
Turma jovem
Zabelê, filha de Pepeu Gomes e Baby do Brasil, está em estúdio finalizando seu primeiro álbum solo.
Para o projeto, ela se cercou de um time de jovens talentos: Domênico Lancellotti, Moreno Veloso, Rubinho Jacobina e Kassin.
Filhos da PUC
Nathália Rodrigues, deficiente visual que faz parte do elenco do programa “Esquenta” e ganhou bolsa de estudo para a PUC-Rio em agosto, vai ter que andar acompanhada na universidade.
É que, acredite, ela foi agredida verbalmente por alguns alunos malvados.
Terra Encantada
No final do ano passado, Eike Sempre Ele Batista anunciou a compra do terreno onde funcionou a natimorta Terra Encantada para construir um novo bairro na Barra, no Rio.
Mas o negócio não foi sacramentado. Hoje o latifúndio urbano é disputado entre a Gafisa e a Cyrela.
Boletim médico
O querido João Araújo, pai de Cazuza, opera hoje o colo do fêmur, no Hospital Samaritano, no Rio.
O Instituto do Cérebro
O Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, no Rio, triplicou o número de cirurgias em três meses.
Em agosto foram 31 procedimentos, em setembro, 62, e em outubro, 95.
Gois na Flip
Por causa da Copa do Mundo, a Flip vai mudar de data.
A Festa Literária de Paraty não será no começo de julho, como de hábito. A Flip 2014 vai de 30 de julho a 3 de agosto.
UNIVERSO PARTICULAR - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 05/11
As propostas de Roberto Carlos e outros artistas levadas à Câmara dos Deputados para regular a lei das biografias não foram bem recebidas. Ao "abrir mão" da autorização prévia para a publicação dos livros, as celebridades queriam uma contrapartida: inserir no texto em discussão capítulo que dissesse que a intimidade era inviolável.
SENTENÇA
"É uma proposta inaceitável. O mundo todo reconhece que privacidade de celebridade não é absoluta pois elas escrevem a história", diz o deputado Newton Lima (PT-SP), autor do projeto que acaba com a autorização prévia às biografias. "A lei não pode dizer em momento algum quais assuntos são permitidos e quais são proibidos, ou sua ideia central de liberdade será ferida de morte."
CALADO
O fato de Caetano Veloso ter afirmado que o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, não fala pelo conjunto da Associação Procure Saber dificultou ainda mais o acolhimento das sugestões do grupo, do qual fazem parte, além de Roberto e Caetano, também Gilberto Gil e Chico Buarque. "Quem falava conosco era o Kakay. Entendemos agora que os artistas estão sem interlocutor", diz o deputado Lima.
CALADA
E, no serpentário que virou a Procure Saber, a iniciativa de Caetano, de desautorizar Kakay, advogado de Roberto Carlos, é tida por muitos como retaliação. Há algumas semanas, representantes de Roberto ajudaram a desautorizar Paula Lavigne, ex-mulher do cantor, de falar sobre o tema em nome da mesma associação.
BARULHO
A Controladoria-Geral de São Paulo está investigando pelo menos mais dois casos considerados "bombásticos" pela cúpula da administração de Fernando Haddad (PT-SP). No alvo, servidores que enriqueceram no cargo.
VITROLA
Karl Lagerfeld foi à Livraria da Vila dos Jardins, na semana passada, quando visitava a cidade. Três seguranças chegaram antes para dar uma olhada geral na loja. Só então ele entrou, de luvas brancas e óculos escuros e com mais três guarda-costas. Foi à seção de música brasileira. Comprou uns 20 CDs, entre eles de Marisa Monte, Chico Buarque, Rita Lee e Caetano. Queria livros sobre estilistas brasileiros, mas não achou nada.
BATISMO
O auditório Ibirapuera vai passar a se chamar Oscar Niemeyer, em homenagem ao arquiteto que o projetou. A mudança será oficializada hoje no local pelo prefeito Fernando Haddad, durante a entrega da Ordem do Mérito Cultural, do MinC.
BEM-COMPORTADO
O artista plástico inglês Eddie Peake, que levou atores nus para jogar futebol em Londres, irá expor pela primeira vez no Brasil. Vai trocar as performances eróticas por pinturas e videoinstalações na mostra "Caustic Communities", que chega à galeria White Cube, em São Paulo, em 20 de novembro.
ESCONDIDO
Letícia Spiller já está ensaiando para a estreia, em janeiro de 2014, do espetáculo "Ede Pop". A direção é de Marco André Nunes, com quem trabalhou em 2011 na peça "Outside", inspirada em David Bowie. "Minha diretora na novela vai me matar, porque ainda não contei pra ela. É que o ritmo dos ensaios ainda está leve", diz.
NÚMERO EXATO
Sabrina Sato, 32, diz que nunca gostou de "D.R.", ou a mania que casais têm de discutir a relação. Mas faz isso agora com o novo namorado, João Vicente de Castro, publicitário e idealizador do canal de vídeos Porta dos Fundos.
"Sempre guardei muito as coisas, para não desagradar. Isso vem da minha formação oriental. Estou aprendendo com ele a falar as coisas que me incomodam", afirma a apresentadora, que está na capa da edição de aniversário de 14 anos da revista "Gente", que será lançada hoje, com festa no Bar Número.
DOÇURAS OU TRAVESSURAS
As atrizes Giovanna Lancellotti e Milena Toscano foram a festa de Halloween na casa noturna Grand Metrópole, na República. O estilista Walério Araújo, o empresário Mario Velloso e a modelo Daiane Conterato também estiveram no evento.
CURTO-CIRCUITO
A curadora Solange Farkas e o diretor do Sesc, Danilo Miranda, fazem hoje coquetel de abertura do Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, no Sesc Pompeia, às 19h30.
O florista Vic Meirelles inaugura hoje a instalação "Sonhos", às 18h, na Galeria Nacional, nos Jardins.
O Esporte Clube Pinheiros recebe a Feira Escandinava, com produtos e comidas dos países nórdicos, hoje e amanhã.
A Galeria Bergamin, nos Jardins, abre às 19h a mostra "Marcel Giró Moderno".
Daniel Boaventura faz show hoje, no teatro Renault, às 21h. 14 anos.
SENTENÇA
"É uma proposta inaceitável. O mundo todo reconhece que privacidade de celebridade não é absoluta pois elas escrevem a história", diz o deputado Newton Lima (PT-SP), autor do projeto que acaba com a autorização prévia às biografias. "A lei não pode dizer em momento algum quais assuntos são permitidos e quais são proibidos, ou sua ideia central de liberdade será ferida de morte."
CALADO
O fato de Caetano Veloso ter afirmado que o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, não fala pelo conjunto da Associação Procure Saber dificultou ainda mais o acolhimento das sugestões do grupo, do qual fazem parte, além de Roberto e Caetano, também Gilberto Gil e Chico Buarque. "Quem falava conosco era o Kakay. Entendemos agora que os artistas estão sem interlocutor", diz o deputado Lima.
CALADA
E, no serpentário que virou a Procure Saber, a iniciativa de Caetano, de desautorizar Kakay, advogado de Roberto Carlos, é tida por muitos como retaliação. Há algumas semanas, representantes de Roberto ajudaram a desautorizar Paula Lavigne, ex-mulher do cantor, de falar sobre o tema em nome da mesma associação.
BARULHO
A Controladoria-Geral de São Paulo está investigando pelo menos mais dois casos considerados "bombásticos" pela cúpula da administração de Fernando Haddad (PT-SP). No alvo, servidores que enriqueceram no cargo.
VITROLA
Karl Lagerfeld foi à Livraria da Vila dos Jardins, na semana passada, quando visitava a cidade. Três seguranças chegaram antes para dar uma olhada geral na loja. Só então ele entrou, de luvas brancas e óculos escuros e com mais três guarda-costas. Foi à seção de música brasileira. Comprou uns 20 CDs, entre eles de Marisa Monte, Chico Buarque, Rita Lee e Caetano. Queria livros sobre estilistas brasileiros, mas não achou nada.
BATISMO
O auditório Ibirapuera vai passar a se chamar Oscar Niemeyer, em homenagem ao arquiteto que o projetou. A mudança será oficializada hoje no local pelo prefeito Fernando Haddad, durante a entrega da Ordem do Mérito Cultural, do MinC.
BEM-COMPORTADO
O artista plástico inglês Eddie Peake, que levou atores nus para jogar futebol em Londres, irá expor pela primeira vez no Brasil. Vai trocar as performances eróticas por pinturas e videoinstalações na mostra "Caustic Communities", que chega à galeria White Cube, em São Paulo, em 20 de novembro.
ESCONDIDO
Letícia Spiller já está ensaiando para a estreia, em janeiro de 2014, do espetáculo "Ede Pop". A direção é de Marco André Nunes, com quem trabalhou em 2011 na peça "Outside", inspirada em David Bowie. "Minha diretora na novela vai me matar, porque ainda não contei pra ela. É que o ritmo dos ensaios ainda está leve", diz.
NÚMERO EXATO
Sabrina Sato, 32, diz que nunca gostou de "D.R.", ou a mania que casais têm de discutir a relação. Mas faz isso agora com o novo namorado, João Vicente de Castro, publicitário e idealizador do canal de vídeos Porta dos Fundos.
"Sempre guardei muito as coisas, para não desagradar. Isso vem da minha formação oriental. Estou aprendendo com ele a falar as coisas que me incomodam", afirma a apresentadora, que está na capa da edição de aniversário de 14 anos da revista "Gente", que será lançada hoje, com festa no Bar Número.
DOÇURAS OU TRAVESSURAS
As atrizes Giovanna Lancellotti e Milena Toscano foram a festa de Halloween na casa noturna Grand Metrópole, na República. O estilista Walério Araújo, o empresário Mario Velloso e a modelo Daiane Conterato também estiveram no evento.
CURTO-CIRCUITO
A curadora Solange Farkas e o diretor do Sesc, Danilo Miranda, fazem hoje coquetel de abertura do Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, no Sesc Pompeia, às 19h30.
O florista Vic Meirelles inaugura hoje a instalação "Sonhos", às 18h, na Galeria Nacional, nos Jardins.
O Esporte Clube Pinheiros recebe a Feira Escandinava, com produtos e comidas dos países nórdicos, hoje e amanhã.
A Galeria Bergamin, nos Jardins, abre às 19h a mostra "Marcel Giró Moderno".
Daniel Boaventura faz show hoje, no teatro Renault, às 21h. 14 anos.
O governo, o PSDB e a Copa - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 06/11
Derrubar a criação da CPI da CBF é a mais nova tarefa dos líderes aliados no Senado. A proposta do tucano Mário Couto precisa de 27 apoios, e o Planalto corre para retirar três assinaturas. Entre os objetivos da CPI estão investigar os investimentos em obras da Copa e as isenções fiscais à Fifa. O governo diz que "não há fatos concretos" e teme por tumulto e efeitos negativos no ano da Copa.
No fígado
O programa do PSDB na TV mexeu com os brios da presidente Dilma. A cena que mais a irritou foi aquela em que o presidenciável tucano, Aécio Neves, mostra trecho inacabado da transposição das águas do Rio São Francisco, dando a entender que a obra foi abandonada. Nos dias 21 e 22 deste mês, a presidente, candidata à reeleição, vai ao Nordeste para mostrar que o obra está andando em 99 frentes de trabalho, que mobilizam 6.900 operários e duas mil máquinas. No ano que vem, ano eleitoral, a presidente quer inaugurar 100km do canal, com água, nos eixos Leste e Oeste.
"Eu voltei para o bloquinho de notas. Sabe a piada? O menino pergunta a Obama: "Meu pai falou que o senhor sabe tudo lá de casa. É verdade?" A resposta: "Ele não é seu pai."
José Eduardo Cardozo
Ministro da Justiça, sobre a espionagem americana
O sonho não acabou
O presidente do DEM, José Agripino, e o prefeito de Salvador, ACM Neto, são contra a candidatura própria à Presidência. Só não proclamam isso porque querem que o líder na Câmara, Ronaldo Caiado, suba no palanque do tucano Aécio Neves.
Barbada
Contando com o apoio das duas maiores forças do PT (O Partido Que Muda o Brasil e Partido É Para Todos), o presidente petista Rui Falcão está para se tornar o candidato, do grupo majoritário da legenda, mais bem votado da história. As eleições no PT estão marcadas para domingo, e as previsões são as de que Rui fará cerca de 70% dos votos.
Deslocamento de forças
O Movimento PT, da ministra Maria do Rosário, cuja chapa deve ser a segunda nas eleições do PT, quer a secretaria-geral na futura executiva. Hoje, a função é ocupada pela Mensagem ao Partido, que deve manter o terceiro lugar do PED anterior.
Nem precisa de adversários
Integrantes da corrente majoritária do PT, a Construindo um Novo Brasil, querem instituir a cláusula de barreira nas eleições do partido. Advogam que os candidatos teriam de ter um mínimo de apoio de diretórios. O fato detonador dessa ideia foi a atitude de todos os candidatos da oposição, que cavalgaram esgrimindo, de forma aberta ou velada, o escândalo do mensalão.
Uns são mais iguais
O rei Carlos Gustavo, da Suécia, participa de seminário, na próxima semana, em São Paulo, sobre as relações Suécia-Brasil. A reunião terá 250 convidados. Mas, para a ceia, na Fiesp, foram chamados cem empresários e políticos.
Por dentro do PSOL
O senador Randolfe Rodrigues, do Amapá, está fazendo a seguinte proposta à ex-deputada gaúcha Luciana Genro: os dois abrem mão das pré-candidaturas ao Planalto para apoiar a do deputado Chico Alencar, do Rio de Janeiro.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, diz que é "martelo batido" a candidatura de Osmar Dias ao governo do Paraná. E que não adianta oferecer ministério.
No fígado
O programa do PSDB na TV mexeu com os brios da presidente Dilma. A cena que mais a irritou foi aquela em que o presidenciável tucano, Aécio Neves, mostra trecho inacabado da transposição das águas do Rio São Francisco, dando a entender que a obra foi abandonada. Nos dias 21 e 22 deste mês, a presidente, candidata à reeleição, vai ao Nordeste para mostrar que o obra está andando em 99 frentes de trabalho, que mobilizam 6.900 operários e duas mil máquinas. No ano que vem, ano eleitoral, a presidente quer inaugurar 100km do canal, com água, nos eixos Leste e Oeste.
"Eu voltei para o bloquinho de notas. Sabe a piada? O menino pergunta a Obama: "Meu pai falou que o senhor sabe tudo lá de casa. É verdade?" A resposta: "Ele não é seu pai."
José Eduardo Cardozo
Ministro da Justiça, sobre a espionagem americana
O sonho não acabou
O presidente do DEM, José Agripino, e o prefeito de Salvador, ACM Neto, são contra a candidatura própria à Presidência. Só não proclamam isso porque querem que o líder na Câmara, Ronaldo Caiado, suba no palanque do tucano Aécio Neves.
Barbada
Contando com o apoio das duas maiores forças do PT (O Partido Que Muda o Brasil e Partido É Para Todos), o presidente petista Rui Falcão está para se tornar o candidato, do grupo majoritário da legenda, mais bem votado da história. As eleições no PT estão marcadas para domingo, e as previsões são as de que Rui fará cerca de 70% dos votos.
Deslocamento de forças
O Movimento PT, da ministra Maria do Rosário, cuja chapa deve ser a segunda nas eleições do PT, quer a secretaria-geral na futura executiva. Hoje, a função é ocupada pela Mensagem ao Partido, que deve manter o terceiro lugar do PED anterior.
Nem precisa de adversários
Integrantes da corrente majoritária do PT, a Construindo um Novo Brasil, querem instituir a cláusula de barreira nas eleições do partido. Advogam que os candidatos teriam de ter um mínimo de apoio de diretórios. O fato detonador dessa ideia foi a atitude de todos os candidatos da oposição, que cavalgaram esgrimindo, de forma aberta ou velada, o escândalo do mensalão.
Uns são mais iguais
O rei Carlos Gustavo, da Suécia, participa de seminário, na próxima semana, em São Paulo, sobre as relações Suécia-Brasil. A reunião terá 250 convidados. Mas, para a ceia, na Fiesp, foram chamados cem empresários e políticos.
Por dentro do PSOL
O senador Randolfe Rodrigues, do Amapá, está fazendo a seguinte proposta à ex-deputada gaúcha Luciana Genro: os dois abrem mão das pré-candidaturas ao Planalto para apoiar a do deputado Chico Alencar, do Rio de Janeiro.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, diz que é "martelo batido" a candidatura de Osmar Dias ao governo do Paraná. E que não adianta oferecer ministério.
A lista cresce - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 05/11
A Controladoria-Geral da Prefeitura de São Paulo investiga mais três auditores fiscais no processo para apurar desvio de recursos na cobrança de impostos. São eles: Arnaldo Augusto Pereira, Moacir Fernandes Reis e Vladimir Varizo Tavares. Eles já foram ouvidos pelo controlador-geral, Mário Spinelli. Arnaldo Pereira foi subsecretário de Arrecadação na gestão Gilberto Kassab, antes de Ronilson Bezerra Rodrigues, preso sob acusação de atuar no esquema, ocupar o posto.
Dupla Arnaldo Pereira e Ronilson Rodrigues atuaram na Prefeitura de Santo André na gestão Aidan Ravin (PTB). Pereira foi secretário de Planejamento, e Ronilson, seu adjunto. A indicação foi do vereador Police Neto (PSD).
Prata... Aliados de Geraldo Alckmin consideram que o senador Aloysio Nunes é o vice ideal para que Aécio Neves consiga tornar sua candidatura presidencial mais competitiva em São Paulo.
... da casa O tema não foi tratado no almoço dos dois com FHC, ontem, mas o governador de São Paulo incentivou o senador mineiro a manter agenda de viagens constantes pelo Estado.
A dois Aécio se encontraria com o ex-governador José Serra, que também postula a candidatura presidencial pelo partido, ontem à noite.
É nossa Campos Machado, presidente do PTB-SP e secretário-geral nacional da sigla, prometeu ontem em almoço com o presidente do PT, Rui Falcão, se empenhar para que o apoio a Dilma Rousseff seja unânime no partido. Tradicionalmente, o PTB é ligado aos tucanos em São Paulo.
No ar O ministro Alexandre Padilha (Saúde), pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, protagoniza quatro comerciais do partido a partir de hoje, dirigidos pelo marqueteiro João Santana.
Brother As peças mostram Padilha em conversas informais sobre saúde, educação e segurança. A imagem que se quer construir é de alguém que preza o "contato direto" com as pessoas.
Sirene Num dos vídeos, Padilha visitou a família de um jovem que morreu assassinado na capital. O PT não decidiu se exibirá esse filme.
Água mole Após Dilma Rousseff pedir o engavetamento do projeto de lei que dá autonomia ao Banco Central, Renan Calheiros (PMDB-AL) publicou artigo ontem em seu site em defesa da independência da instituição.
Pedra dura "É inevitável que o BC, fortalecido, tenha independência e fique imune a qualquer interesse", escreveu o senador. "O pré-requisito é o mandato fixo para presidente e diretores."
Zero a zero O governo acredita que a disputa entre empresas interessadas no novo Marco Civil da Internet pode abrir as portas para a aprovação do projeto. A aposta é que a briga deve "neutralizar" o lobby que cada grupo faz no Congresso.
Sinal claro Será publicada hoje a recondução de João Rezende para a presidência da Anatel e de Igor Vilas Boas para a diretoria da agência, vitória de Paulo Bernardo (PT) sobre o PMDB.
007 Para o Planalto, a revelação da espionagem de estrangeiros no Brasil não afetará a relação com outros países. Reservadamente, o governo levanta a suspeita de que agentes russos monitorados tentavam corromper servidores em uma licitação.
Ducha fria Ministro das Relações Exteriores há dois meses, Luiz Alberto Figueiredo comentou que o sistema de aquecimento de água de sua residência oficial ainda não funciona e, por isso, tem enfrentado banhos gelados.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"Acho que o Agente 86 influenciou toda uma geração de políticos e deu origem a pastelões de espionagem pilotados por Obama e Dilma."
DO DEPUTADO FEDERAL MÁRCIO FRANÇA (PSB-SP), sobre a revelação, pela Folha, de que a Abin espionou as embaixadas do Iraque, do Irã e da Rússia.
contraponto
Elixir da longevidade
Ao anunciar a liberação de recursos para prefeitos da região do ABC, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu fazer um aceno a São Caetano do Sul, cidade que sediava o encontro, e citou dados do município:
-- São Caetano é das cidades do Estado com maior esperança de vida ao nascer: 78 anos. Na capital, a esperança é um pouco menor, de 76 anos.
Depois, emendou arrancando gargalhadas:
-- Eu, que estou passando dos 60, já decidi: quando chegar aos 76 mudo aqui para São Caetano, para aproveitar os anos extras.
A Controladoria-Geral da Prefeitura de São Paulo investiga mais três auditores fiscais no processo para apurar desvio de recursos na cobrança de impostos. São eles: Arnaldo Augusto Pereira, Moacir Fernandes Reis e Vladimir Varizo Tavares. Eles já foram ouvidos pelo controlador-geral, Mário Spinelli. Arnaldo Pereira foi subsecretário de Arrecadação na gestão Gilberto Kassab, antes de Ronilson Bezerra Rodrigues, preso sob acusação de atuar no esquema, ocupar o posto.
Dupla Arnaldo Pereira e Ronilson Rodrigues atuaram na Prefeitura de Santo André na gestão Aidan Ravin (PTB). Pereira foi secretário de Planejamento, e Ronilson, seu adjunto. A indicação foi do vereador Police Neto (PSD).
Prata... Aliados de Geraldo Alckmin consideram que o senador Aloysio Nunes é o vice ideal para que Aécio Neves consiga tornar sua candidatura presidencial mais competitiva em São Paulo.
... da casa O tema não foi tratado no almoço dos dois com FHC, ontem, mas o governador de São Paulo incentivou o senador mineiro a manter agenda de viagens constantes pelo Estado.
A dois Aécio se encontraria com o ex-governador José Serra, que também postula a candidatura presidencial pelo partido, ontem à noite.
É nossa Campos Machado, presidente do PTB-SP e secretário-geral nacional da sigla, prometeu ontem em almoço com o presidente do PT, Rui Falcão, se empenhar para que o apoio a Dilma Rousseff seja unânime no partido. Tradicionalmente, o PTB é ligado aos tucanos em São Paulo.
No ar O ministro Alexandre Padilha (Saúde), pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, protagoniza quatro comerciais do partido a partir de hoje, dirigidos pelo marqueteiro João Santana.
Brother As peças mostram Padilha em conversas informais sobre saúde, educação e segurança. A imagem que se quer construir é de alguém que preza o "contato direto" com as pessoas.
Sirene Num dos vídeos, Padilha visitou a família de um jovem que morreu assassinado na capital. O PT não decidiu se exibirá esse filme.
Água mole Após Dilma Rousseff pedir o engavetamento do projeto de lei que dá autonomia ao Banco Central, Renan Calheiros (PMDB-AL) publicou artigo ontem em seu site em defesa da independência da instituição.
Pedra dura "É inevitável que o BC, fortalecido, tenha independência e fique imune a qualquer interesse", escreveu o senador. "O pré-requisito é o mandato fixo para presidente e diretores."
Zero a zero O governo acredita que a disputa entre empresas interessadas no novo Marco Civil da Internet pode abrir as portas para a aprovação do projeto. A aposta é que a briga deve "neutralizar" o lobby que cada grupo faz no Congresso.
Sinal claro Será publicada hoje a recondução de João Rezende para a presidência da Anatel e de Igor Vilas Boas para a diretoria da agência, vitória de Paulo Bernardo (PT) sobre o PMDB.
007 Para o Planalto, a revelação da espionagem de estrangeiros no Brasil não afetará a relação com outros países. Reservadamente, o governo levanta a suspeita de que agentes russos monitorados tentavam corromper servidores em uma licitação.
Ducha fria Ministro das Relações Exteriores há dois meses, Luiz Alberto Figueiredo comentou que o sistema de aquecimento de água de sua residência oficial ainda não funciona e, por isso, tem enfrentado banhos gelados.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"Acho que o Agente 86 influenciou toda uma geração de políticos e deu origem a pastelões de espionagem pilotados por Obama e Dilma."
DO DEPUTADO FEDERAL MÁRCIO FRANÇA (PSB-SP), sobre a revelação, pela Folha, de que a Abin espionou as embaixadas do Iraque, do Irã e da Rússia.
contraponto
Elixir da longevidade
Ao anunciar a liberação de recursos para prefeitos da região do ABC, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu fazer um aceno a São Caetano do Sul, cidade que sediava o encontro, e citou dados do município:
-- São Caetano é das cidades do Estado com maior esperança de vida ao nascer: 78 anos. Na capital, a esperança é um pouco menor, de 76 anos.
Depois, emendou arrancando gargalhadas:
-- Eu, que estou passando dos 60, já decidi: quando chegar aos 76 mudo aqui para São Caetano, para aproveitar os anos extras.
Brasília sob pressão - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 05/11
Esquentou o clima entre o governo do Distrito Federal e o Planalto. Tudo porque, pelo andar da carruagem, a obra do balão do aeroporto, conhecido pelos antigos moradores como o “Bambolê da dona Sarah”, não ficará pronta antes da Copa do Mundo de 2014. Em parte por conta do período de chuvas na cidade. Isso significa que quem vier à capital da República para os jogos corre o risco de esbarrar com desvios e tapumes logo na chegada. A Casa Civil já fez chegar ao GDF que a presidente Dilma está indócil com essa possibilidade de atraso. Na avaliação da presidente, que é também a do governador Agnelo Queiroz, Brasília, com um estádio tão bonito e de primeiro mundo, não poderia deixar a desejar na mobilidade urbana.
O gesto…
A festa de aniversário do Bolsa Família ainda está atravessada na garganta dos peemedebistas. No palco, só a presidente Dilma, o ex-presidente Lula e a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campelo. O vice-presidente Michel Temer e os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e do Senado, Renan Calheiros, ficaram embaixo e não engoliram a desfeita.
...da exclusão
Nem a audiência de ontem entre Renan e a presidente Dilma cicatrizou a ferida. Em política, esses pequenos detalhes falam bem alto. Ao PMDB ficou a certeza de que o PT não quer dividir os bônus eleitorais do Bolsa Família com os aliados. Se continuar assim, vai ter peemedebista fazendo coro com Aécio Neves sobre o DNA do PSDB nesse programa.
Caldo grosso
Um dos últimos compromissos políticos do vice-presidente Michel Temer antes de embarcar para a China foi uma reunião com o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro. Tudo porque o PP da Paraíba vetou a presença do senador Vital do Rego Filho na Integração Nacional. Michel avisou ao ministro que o veto cria problemas para a convenção do PMDB e, por tabela, para a presidente Dilma.
Aposta petista
Mergulhados na eleição interna no próximo domingo, os petistas de varias tendências vislumbram a perda de influencia da facção Movimento PT. Lá estão o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, e ainda o secretário de Habitação do DF, Geraldo Magela.
Avenidas
O PSDB vai aproveitar as notícias sobre empréstimos do BNDES a países estrangeiros e grandes empresas como o novo foco de combate dentro do Congresso. E também marcará as diferenças de comportamento do governo no caso da espionagem feita nos Estados Unidos e aquela feita pelos agentes da Abin a diplomatas estrangeiros. O cálculo é o de que a avenida dos empréstimos é mais larga.
Genro não e parente/ É do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), genro do ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, o recurso que faz o TCU rever nesta quarta-feira o edital da concessão do aeroporto do Galeão. Providencialmente, Moreira estará na China.
Enquanto isso, em Pequim.../ Os políticos apostam que a senadora Katia Abreu (PMDB-TO) aproveitará a viagem para conversar com Michel Temer sobre o futuro do diretório do partido no estado. Ela é anfitriã do jantar promovido pela Confederação Nacional de Agricultura (CNA) a autoridades e empresários brasileiros e chineses.
Ato falho/ Tanto o senador Vital do Rego Filho (PMDB-PB) como o deputado Jorge Silva se referiram à deputada Rose de Freitas (PMDB-ES) como senadora. Se o partido lhe oferecer a vaga de candidata, ela aceita.
Paciência / No caminho entre o Senado e sua casa, o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira parou numa famosa padaria da cidade e foi clicado por Zuleika de Souza, sem reclamar na demorada fila do caixa. Comprou uma baguete, brioches e queijo. Cena rara, uma vez que geralmente as excelências deixam essas tarefas para seus funcionários.
O gesto…
A festa de aniversário do Bolsa Família ainda está atravessada na garganta dos peemedebistas. No palco, só a presidente Dilma, o ex-presidente Lula e a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campelo. O vice-presidente Michel Temer e os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e do Senado, Renan Calheiros, ficaram embaixo e não engoliram a desfeita.
...da exclusão
Nem a audiência de ontem entre Renan e a presidente Dilma cicatrizou a ferida. Em política, esses pequenos detalhes falam bem alto. Ao PMDB ficou a certeza de que o PT não quer dividir os bônus eleitorais do Bolsa Família com os aliados. Se continuar assim, vai ter peemedebista fazendo coro com Aécio Neves sobre o DNA do PSDB nesse programa.
Caldo grosso
Um dos últimos compromissos políticos do vice-presidente Michel Temer antes de embarcar para a China foi uma reunião com o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro. Tudo porque o PP da Paraíba vetou a presença do senador Vital do Rego Filho na Integração Nacional. Michel avisou ao ministro que o veto cria problemas para a convenção do PMDB e, por tabela, para a presidente Dilma.
Aposta petista
Mergulhados na eleição interna no próximo domingo, os petistas de varias tendências vislumbram a perda de influencia da facção Movimento PT. Lá estão o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, e ainda o secretário de Habitação do DF, Geraldo Magela.
Avenidas
O PSDB vai aproveitar as notícias sobre empréstimos do BNDES a países estrangeiros e grandes empresas como o novo foco de combate dentro do Congresso. E também marcará as diferenças de comportamento do governo no caso da espionagem feita nos Estados Unidos e aquela feita pelos agentes da Abin a diplomatas estrangeiros. O cálculo é o de que a avenida dos empréstimos é mais larga.
Genro não e parente/ É do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), genro do ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, o recurso que faz o TCU rever nesta quarta-feira o edital da concessão do aeroporto do Galeão. Providencialmente, Moreira estará na China.
Enquanto isso, em Pequim.../ Os políticos apostam que a senadora Katia Abreu (PMDB-TO) aproveitará a viagem para conversar com Michel Temer sobre o futuro do diretório do partido no estado. Ela é anfitriã do jantar promovido pela Confederação Nacional de Agricultura (CNA) a autoridades e empresários brasileiros e chineses.
Ato falho/ Tanto o senador Vital do Rego Filho (PMDB-PB) como o deputado Jorge Silva se referiram à deputada Rose de Freitas (PMDB-ES) como senadora. Se o partido lhe oferecer a vaga de candidata, ela aceita.
Paciência / No caminho entre o Senado e sua casa, o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira parou numa famosa padaria da cidade e foi clicado por Zuleika de Souza, sem reclamar na demorada fila do caixa. Comprou uma baguete, brioches e queijo. Cena rara, uma vez que geralmente as excelências deixam essas tarefas para seus funcionários.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 05/11
Alagoas prepara licitação para VLT de R$ 1,5 bi
O governo de Alagoas planeja para o início de 2014 o lançamento do edital de licitação para as obras do VLT (veículo leve sobre trilhos) que vai ligar o aeroporto de Maceió ao centro da capital.
Hoje, o trecho é um dos mais congestionados da cidade, de acordo com o secretário de Estado da Infraestrutura, Marco Fireman.
O projeto, incluindo trilhos, estações e trens elétricos, deverá custar cerca de R$ 1,5 bilhão, segundo Fireman.
Ao menos R$ 900 milhões deverão ser repassados pela União. O restante virá de contrapartida estadual e de aportes da empresa que vai operar o sistema.
A elaboração do projeto básico, que será entregue ao governo federal, foi autorizada pelo Estado nesta semana.
"Vamos trabalhar para concluir essa etapa até dezembro e abrir a licitação no início do ano, no modelo RDC [regime diferenciado de contratações]", diz Fireman.
O projeto prevê transporte sobre trilhos de 24 quilômetros de extensão, que será construído nos canteiros centrais de duas avenidas, no mesmo nível das vias.
Serão 17 estações de embarque, incluindo quatro de integração com ônibus.
"O sistema deverá transportar cerca de 200 mil passageiros por dia", afirma.
Além do VLT, o pacote inclui a construção de uma nova rodoviária nas proximidades do aeroporto, em substituição à atual, que fica perto do centro de Maceió.
"A mudança vai retirar de dentro do município os ônibus interestaduais."
A entrega das obras deverá ocorrer 24 meses após a licitação, diz Fireman.
PASSAGEM PARA O VAREJO
O Grupo Pão de Açúcar (GPA) faz a primeira contratação de peso desde que Jean-Charles Naouri assumiu a presidência do seu conselho de administração, após a saída de Abilio Diniz.
Líbano Barroso (ex-CEO da TAM Linhas Aéreas) será vice-presidente de infraestrutura e desenvolvimento estratégico do grupo.
O executivo integra a equipe liderada pelo CEO Enéas Pestana a partir de hoje.
Barroso cuidará das áreas comercial, de logística, tecnologia e de estratégia do Pão de Açúcar.
O economista foi por três anos o CEO da TAM, onde trabalhou de 2004 até setembro de 2012. Antes havia sido por seis anos CFO da CCR (Companhia de Concessões Rodoviárias), onde ingressara na fundação da empresa.
"Foi um namoro de uns três meses", conta Barroso sobre as negociações que resultaram em sua entrada no Pão de Açúcar.
"Meu papel é interligar os cinco negócios do grupo [o atacado, o varejo alimentar, a Via Varejo (eletroeletrônicos), GPA Malls e e-commerce] e criar sinergias", diz.
NA PELE
Denys Monteiro, que está há 16 anos na Fesa, companhia de recrutamento e seleção de pessoas, passa a ser o CEO da empresa.
O fundador Alfredo Assumpção irá presidir a Fesap Holding, empresa mãe da Fesa, Asap e Fesa Advisory.
Monteiro já era responsável por cerca de 30% do faturamento da firma, segundo relata.
"Como já estava na empresa, vinha traçando metas e ideias", diz.
"Guiei muitas pessoas para o principal cargo de comando de uma companhia. Estar nesse papel me permite uma outra visão."
A Fesa, especializada em posições de alta gestão e presidência, tem 120 funcionários. No grupo todo, são 250 pessoas.
CONSUMO EUROPEU
O poder de compra dos consumidores europeus vai crescer, em média, apenas 0,39% neste ano, na comparação com 2012. O aumento será menor que a inflação de 1,5% projetada para o período, segundo estudo da GfK.
O montante disponível para gastos com consumo e poupança atingiu em 2013 € 8,6 trilhões nos 42 países avaliados, o que representa uma média de € 12,9 mil (cerca de R$ 39 mil) por pessoa.
Liechtenstein se manteve na primeira posição entre os países com as maiores taxas de poder aquisitivo, com € 58,8 mil por habitante.
A Suíça ultrapassou a Noruega e assumiu o segundo lugar, com um montante per capita de € 36,3 mil.
Maior economia da Europa, a Alemanha permaneceu na oitava colocação, embora o poder de compra por morador tenha crescido bem acima da média do continente --3%, de € 20 mil em 2012 para € 20,6 mil neste ano.
Na ponta de baixo da lista de 42 localidades aparece a Moldova, com uma taxa de € 1.280 por habitante.
Camisa... A Dudalina, fabricante de camisas que atua no varejo, inaugura neste mês sua segunda loja fora do Brasil. A unidade ficará localizada na Cidade do Panamá.
Tecido... O comércio atacadista de tecidos sofreu redução de 2,5% nas vendas em outubro, após registrar variação positiva de 1,8% no mês de setembro.
Indústria... O combate à corrupção e a melhoria do ambiente de negócios no país serão discutidos em um fórum da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná).
...panamenha O outro ponto internacional da empresa fica em Milão, na Itália. Com a nova loja na América Central, a marca completa 84 unidades.
...encolhido O resultado reflete as incertezas da economia, de acordo com o Sincatvaesp (sindicato do comércio atacadista do setor do Estado de São Paulo).
...transparente Especialistas do Brasil e do exterior irão debater sobre temas como transparência e competitividade. O evento ocorre hoje e amanhã em Curitiba.
Propostas para agilizar vistorias da Anvisa serão apresentadas
A Abimed (associação da indústria de equipamentos médico-hospitalares) vai apresentar em Bruxelas duas propostas para que a Anvisa emita certificados de fabricação de forma mais rápida.
Uma delas é a permissão para que terceiros (organismos internacionais, por exemplo) realizem a vistoria em fábricas localizadas fora do Brasil.
Desde 2010, uma resolução exige que um representante da agência visite as plantas das companhias que exportam para o país.
A segunda alternativa é um acordo internacional com agências de outros países. A Anvisa passaria, assim, a aceitar a inspeção realizada por esses parceiros.
"O governo já conhece esse pedido, mas vamos fazer um reforço", diz o presidente da Abimed, Carlos Goulart.
"Sabemos que é difícil atingir um reconhecimento mútuo [como sugerido na segunda proposta], mas grande parte das exigências são comuns a todos os países."
As propostas serão apresentadas em uma reunião global do setor em 12 de novembro. No dia seguinte, a entidade que reúne a indústria em todo o mundo levará as questões para um encontro com os reguladores.
Alagoas prepara licitação para VLT de R$ 1,5 bi
O governo de Alagoas planeja para o início de 2014 o lançamento do edital de licitação para as obras do VLT (veículo leve sobre trilhos) que vai ligar o aeroporto de Maceió ao centro da capital.
Hoje, o trecho é um dos mais congestionados da cidade, de acordo com o secretário de Estado da Infraestrutura, Marco Fireman.
O projeto, incluindo trilhos, estações e trens elétricos, deverá custar cerca de R$ 1,5 bilhão, segundo Fireman.
Ao menos R$ 900 milhões deverão ser repassados pela União. O restante virá de contrapartida estadual e de aportes da empresa que vai operar o sistema.
A elaboração do projeto básico, que será entregue ao governo federal, foi autorizada pelo Estado nesta semana.
"Vamos trabalhar para concluir essa etapa até dezembro e abrir a licitação no início do ano, no modelo RDC [regime diferenciado de contratações]", diz Fireman.
O projeto prevê transporte sobre trilhos de 24 quilômetros de extensão, que será construído nos canteiros centrais de duas avenidas, no mesmo nível das vias.
Serão 17 estações de embarque, incluindo quatro de integração com ônibus.
"O sistema deverá transportar cerca de 200 mil passageiros por dia", afirma.
Além do VLT, o pacote inclui a construção de uma nova rodoviária nas proximidades do aeroporto, em substituição à atual, que fica perto do centro de Maceió.
"A mudança vai retirar de dentro do município os ônibus interestaduais."
A entrega das obras deverá ocorrer 24 meses após a licitação, diz Fireman.
PASSAGEM PARA O VAREJO
O Grupo Pão de Açúcar (GPA) faz a primeira contratação de peso desde que Jean-Charles Naouri assumiu a presidência do seu conselho de administração, após a saída de Abilio Diniz.
Líbano Barroso (ex-CEO da TAM Linhas Aéreas) será vice-presidente de infraestrutura e desenvolvimento estratégico do grupo.
O executivo integra a equipe liderada pelo CEO Enéas Pestana a partir de hoje.
Barroso cuidará das áreas comercial, de logística, tecnologia e de estratégia do Pão de Açúcar.
O economista foi por três anos o CEO da TAM, onde trabalhou de 2004 até setembro de 2012. Antes havia sido por seis anos CFO da CCR (Companhia de Concessões Rodoviárias), onde ingressara na fundação da empresa.
"Foi um namoro de uns três meses", conta Barroso sobre as negociações que resultaram em sua entrada no Pão de Açúcar.
"Meu papel é interligar os cinco negócios do grupo [o atacado, o varejo alimentar, a Via Varejo (eletroeletrônicos), GPA Malls e e-commerce] e criar sinergias", diz.
NA PELE
Denys Monteiro, que está há 16 anos na Fesa, companhia de recrutamento e seleção de pessoas, passa a ser o CEO da empresa.
O fundador Alfredo Assumpção irá presidir a Fesap Holding, empresa mãe da Fesa, Asap e Fesa Advisory.
Monteiro já era responsável por cerca de 30% do faturamento da firma, segundo relata.
"Como já estava na empresa, vinha traçando metas e ideias", diz.
"Guiei muitas pessoas para o principal cargo de comando de uma companhia. Estar nesse papel me permite uma outra visão."
A Fesa, especializada em posições de alta gestão e presidência, tem 120 funcionários. No grupo todo, são 250 pessoas.
CONSUMO EUROPEU
O poder de compra dos consumidores europeus vai crescer, em média, apenas 0,39% neste ano, na comparação com 2012. O aumento será menor que a inflação de 1,5% projetada para o período, segundo estudo da GfK.
O montante disponível para gastos com consumo e poupança atingiu em 2013 € 8,6 trilhões nos 42 países avaliados, o que representa uma média de € 12,9 mil (cerca de R$ 39 mil) por pessoa.
Liechtenstein se manteve na primeira posição entre os países com as maiores taxas de poder aquisitivo, com € 58,8 mil por habitante.
A Suíça ultrapassou a Noruega e assumiu o segundo lugar, com um montante per capita de € 36,3 mil.
Maior economia da Europa, a Alemanha permaneceu na oitava colocação, embora o poder de compra por morador tenha crescido bem acima da média do continente --3%, de € 20 mil em 2012 para € 20,6 mil neste ano.
Na ponta de baixo da lista de 42 localidades aparece a Moldova, com uma taxa de € 1.280 por habitante.
Camisa... A Dudalina, fabricante de camisas que atua no varejo, inaugura neste mês sua segunda loja fora do Brasil. A unidade ficará localizada na Cidade do Panamá.
Tecido... O comércio atacadista de tecidos sofreu redução de 2,5% nas vendas em outubro, após registrar variação positiva de 1,8% no mês de setembro.
Indústria... O combate à corrupção e a melhoria do ambiente de negócios no país serão discutidos em um fórum da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná).
...panamenha O outro ponto internacional da empresa fica em Milão, na Itália. Com a nova loja na América Central, a marca completa 84 unidades.
...encolhido O resultado reflete as incertezas da economia, de acordo com o Sincatvaesp (sindicato do comércio atacadista do setor do Estado de São Paulo).
...transparente Especialistas do Brasil e do exterior irão debater sobre temas como transparência e competitividade. O evento ocorre hoje e amanhã em Curitiba.
Propostas para agilizar vistorias da Anvisa serão apresentadas
A Abimed (associação da indústria de equipamentos médico-hospitalares) vai apresentar em Bruxelas duas propostas para que a Anvisa emita certificados de fabricação de forma mais rápida.
Uma delas é a permissão para que terceiros (organismos internacionais, por exemplo) realizem a vistoria em fábricas localizadas fora do Brasil.
Desde 2010, uma resolução exige que um representante da agência visite as plantas das companhias que exportam para o país.
A segunda alternativa é um acordo internacional com agências de outros países. A Anvisa passaria, assim, a aceitar a inspeção realizada por esses parceiros.
"O governo já conhece esse pedido, mas vamos fazer um reforço", diz o presidente da Abimed, Carlos Goulart.
"Sabemos que é difícil atingir um reconhecimento mútuo [como sugerido na segunda proposta], mas grande parte das exigências são comuns a todos os países."
As propostas serão apresentadas em uma reunião global do setor em 12 de novembro. No dia seguinte, a entidade que reúne a indústria em todo o mundo levará as questões para um encontro com os reguladores.
Em busca de um culpado - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 05/11
Até recentemente, os experimentalistas da política econômica, de dentro e de fora do governo federal, se negavam a reconhecer alguma desordem nas contas públicas. "Isso aí não passa de papo de obtusos ligados ao Fundo Monetário Internacional (FMI), ou, então vai sendo motivado por interesses dos rentistas", diziam eles.
Hoje a conversa está mudando de tom e de rumo. Até mesmo o tão confiante ministro Guido Mantega começa a ficar preocupado. Aparentemente, teme por algum descarrilamento. Mas corre o risco de remover o trilho errado.
Ontem, realizou uma primeira reunião de emergência com dirigentes das centrais sindicais, com seguimento já marcado para dia 7. O objetivo declarado é negociar cortes nas despesas com seguro-desemprego.
Mantega deve ter olhado descorçoado para o rombo recorde apontado nas contas públicas em setembro (R$ 9 bilhões) e saiu procurando por um culpado. Identificou uma brutal despesa com seguro-desemprego e abono aos desempregados, projetada para todo o ano de 2013 em R$ 47 bilhões (pouco menos de 1% do PIB). E concluiu que, além de alguma fraude, o problema aí só pode estar na alta rotatividade nas contratações de pessoal pelas empresas.
Difícil de entender o que o trabalhador tem com isso, a ponto de ser convocado para amassar um barro com o ministro, se não é ele que toma a iniciativa de buscar a porta de saída da empresa em que trabalha, mas é empurrado nessa direção pelo patrão dele.
Além disso, se há o excesso de rotatividade, este em princípio está menos relacionado com maldades de empresários, postas em marcha nesse ambiente de pleno-emprego, e mais, com os malabarismos empreendidos pelas empresas para reduzir custos de produção e sobreviver.
E onde estão esses custos? Estão reconhecidamente no excesso de impostos, na baixa qualidade da infraestrutura, na Justiça que leva anos e anos para dirimir um conflito, no excesso de burocracia e tal. Isso tudo é mazela velha de guerra e não pode ser entendida como causa dos rombos recordes recentes nas contas públicas. Se esses apareceram mais agora do que antes, foi pelas opções equivocadas de política fiscal (excesso de despesas) feitas pelo governo Dilma, que entornaram o balde.
As leis trabalhistas foram moldadas num tempo em que o Brasil namorava com o fascismo e, mesmo que tenham ajudado a dar alguma ordem nas relações entre capital e trabalho, já não servem para modernizar a economia e garantir a expansão do emprego, num mercado global cada vez mais competitivo. Tal como estão, essas leis provocam o definhamento da atividade produtiva, como se vê na indústria. E isso não é bom para o emprego. Mas o remédio não é essa meia-sola que pretende reduzir a rotatividade nas contratações de pessoal, mas reformas profundas.
Mais embaixo, no entanto, está a desordem nas contas públicas. E não vai ser no âmbito das centrais sindicais que o problema vai ser resolvido. Antes de tudo é preciso levar esses desequilíbrios a sério e não seguir pensando que isso é cisma do FMI.
Até recentemente, os experimentalistas da política econômica, de dentro e de fora do governo federal, se negavam a reconhecer alguma desordem nas contas públicas. "Isso aí não passa de papo de obtusos ligados ao Fundo Monetário Internacional (FMI), ou, então vai sendo motivado por interesses dos rentistas", diziam eles.
Hoje a conversa está mudando de tom e de rumo. Até mesmo o tão confiante ministro Guido Mantega começa a ficar preocupado. Aparentemente, teme por algum descarrilamento. Mas corre o risco de remover o trilho errado.
Ontem, realizou uma primeira reunião de emergência com dirigentes das centrais sindicais, com seguimento já marcado para dia 7. O objetivo declarado é negociar cortes nas despesas com seguro-desemprego.
Mantega deve ter olhado descorçoado para o rombo recorde apontado nas contas públicas em setembro (R$ 9 bilhões) e saiu procurando por um culpado. Identificou uma brutal despesa com seguro-desemprego e abono aos desempregados, projetada para todo o ano de 2013 em R$ 47 bilhões (pouco menos de 1% do PIB). E concluiu que, além de alguma fraude, o problema aí só pode estar na alta rotatividade nas contratações de pessoal pelas empresas.
Difícil de entender o que o trabalhador tem com isso, a ponto de ser convocado para amassar um barro com o ministro, se não é ele que toma a iniciativa de buscar a porta de saída da empresa em que trabalha, mas é empurrado nessa direção pelo patrão dele.
Além disso, se há o excesso de rotatividade, este em princípio está menos relacionado com maldades de empresários, postas em marcha nesse ambiente de pleno-emprego, e mais, com os malabarismos empreendidos pelas empresas para reduzir custos de produção e sobreviver.
E onde estão esses custos? Estão reconhecidamente no excesso de impostos, na baixa qualidade da infraestrutura, na Justiça que leva anos e anos para dirimir um conflito, no excesso de burocracia e tal. Isso tudo é mazela velha de guerra e não pode ser entendida como causa dos rombos recordes recentes nas contas públicas. Se esses apareceram mais agora do que antes, foi pelas opções equivocadas de política fiscal (excesso de despesas) feitas pelo governo Dilma, que entornaram o balde.
As leis trabalhistas foram moldadas num tempo em que o Brasil namorava com o fascismo e, mesmo que tenham ajudado a dar alguma ordem nas relações entre capital e trabalho, já não servem para modernizar a economia e garantir a expansão do emprego, num mercado global cada vez mais competitivo. Tal como estão, essas leis provocam o definhamento da atividade produtiva, como se vê na indústria. E isso não é bom para o emprego. Mas o remédio não é essa meia-sola que pretende reduzir a rotatividade nas contratações de pessoal, mas reformas profundas.
Mais embaixo, no entanto, está a desordem nas contas públicas. E não vai ser no âmbito das centrais sindicais que o problema vai ser resolvido. Antes de tudo é preciso levar esses desequilíbrios a sério e não seguir pensando que isso é cisma do FMI.
Broncas no vermelho - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 05/11
Deficit horrível demais de setembro aumentou e muito o mau humor com administração Dilma
QUASE NINGUÉM acreditava que o governo fosse cumprir sua meta de "poupança" para este ano. O resultado das contas públicas de setembro, divulgado na quinta passada, mal mexeu nas previsões para o balanço de 2013, apesar de horrível. O que está mesmo dando de falar entre o escasso público que se ocupa dessas coisas foi a forte impressão de descontrole.
Isto é, mesmo o governo não teria lá ideia do tamanho do buraco. Aparecer com a ideia de última hora de controlar os gastos de fato impressionantes com seguro-desemprego apenas reforçou as suspeitas de desorientação. Note-se que os termos empregados nas últimas linhas são uma tradução bem-educada de cobras, lagartos e jacarés que têm sido ditos a respeito das contas do governo Dilma Rousseff.
A meta de "poupança" do governo para este ano é de 2,3% do PIB. Isto é, a diferença entre o que o governo (federal, estaduais, municipais) arrecada e gasta deveria equivaler a 2,3% do PIB, o chamado "superavit primário". "Poupança" vai entre aspas, pois o governo não poupa nada, se considerada a despesa com os juros da dívida. Levando em conta esse gasto, o deficit é de 3,3% do PIB (nos últimos 12 meses).
O governo federal trabalha nas internas com a ideia de fazer um superavit primário de 1,35% do PIB, o resto da meta (o outro 0,95% do PIB) ficando por conta dos governos estaduais e municipais. Nos últimos 12 meses, o governo federal "poupou" o equivalente a 1,3% do PIB; Estados e municípios, 0,4% do PIB. Total: 1,7% do PIB.
O governo não disse de público e formalmente que vai fazer apenas 1,35% do PIB de superavit primário, não importa o resultado de Estados e municípios (não vai "cobrir a diferença"). Do outro lado, entre economistas do setor privado, a expectativa é que o primário de 2013 não seja lá muito diferente do 1,7% do PIB realizado nos últimos 12 meses.
Então, desconsiderado o "me engana que eu gosto", de onde vem a bronca? Primeiro: o resultado fiscal pode ficar ainda pior. O governo teria perdido a capacidade de projetar o aumento de certas despesas e jamais teve noção do tamanho da perda de receita devida a reduções de impostos.
Segundo, o governo não apresentou nenhum plano, nem mesmo discretamente, para ajeitar as coisas para o ano que vem: não deu nem indícios de que sabe como vai controlar o deficit. O tempo está ruim e não está com cara de melhorar.
Terceiro, dado que não há plano visível e confiável de controle de gastos e que a presidente pretende aumentar investimentos "em obras" em 2014, o deficit vai aumentar. Há gente ponderada (nas previsões) e graúda falando em deficit de 4,5% do PIB em 2014.
Chegamos perto disso no final de 2009, ano de recessão e rescaldo da crise de 2008, flutuamos em torno de 4% do PIB no início de 2006 e, antes disso, apenas tivemos números tão ruins em 2003, quando o país se recuperava de variados desastres econômicos.
Para piorar, 2014 não será fácil. Vai começar com tumultos orçamentários americanos. Antes do meio do ano, haverá tumultos devido à mudança de política monetária dos EUA (menos dinheiro jorrando, juros mais altos lá e cá, com dólar subindo). Haverá a incerteza derivada da eleição para presidente.
Deficit horrível demais de setembro aumentou e muito o mau humor com administração Dilma
QUASE NINGUÉM acreditava que o governo fosse cumprir sua meta de "poupança" para este ano. O resultado das contas públicas de setembro, divulgado na quinta passada, mal mexeu nas previsões para o balanço de 2013, apesar de horrível. O que está mesmo dando de falar entre o escasso público que se ocupa dessas coisas foi a forte impressão de descontrole.
Isto é, mesmo o governo não teria lá ideia do tamanho do buraco. Aparecer com a ideia de última hora de controlar os gastos de fato impressionantes com seguro-desemprego apenas reforçou as suspeitas de desorientação. Note-se que os termos empregados nas últimas linhas são uma tradução bem-educada de cobras, lagartos e jacarés que têm sido ditos a respeito das contas do governo Dilma Rousseff.
A meta de "poupança" do governo para este ano é de 2,3% do PIB. Isto é, a diferença entre o que o governo (federal, estaduais, municipais) arrecada e gasta deveria equivaler a 2,3% do PIB, o chamado "superavit primário". "Poupança" vai entre aspas, pois o governo não poupa nada, se considerada a despesa com os juros da dívida. Levando em conta esse gasto, o deficit é de 3,3% do PIB (nos últimos 12 meses).
O governo federal trabalha nas internas com a ideia de fazer um superavit primário de 1,35% do PIB, o resto da meta (o outro 0,95% do PIB) ficando por conta dos governos estaduais e municipais. Nos últimos 12 meses, o governo federal "poupou" o equivalente a 1,3% do PIB; Estados e municípios, 0,4% do PIB. Total: 1,7% do PIB.
O governo não disse de público e formalmente que vai fazer apenas 1,35% do PIB de superavit primário, não importa o resultado de Estados e municípios (não vai "cobrir a diferença"). Do outro lado, entre economistas do setor privado, a expectativa é que o primário de 2013 não seja lá muito diferente do 1,7% do PIB realizado nos últimos 12 meses.
Então, desconsiderado o "me engana que eu gosto", de onde vem a bronca? Primeiro: o resultado fiscal pode ficar ainda pior. O governo teria perdido a capacidade de projetar o aumento de certas despesas e jamais teve noção do tamanho da perda de receita devida a reduções de impostos.
Segundo, o governo não apresentou nenhum plano, nem mesmo discretamente, para ajeitar as coisas para o ano que vem: não deu nem indícios de que sabe como vai controlar o deficit. O tempo está ruim e não está com cara de melhorar.
Terceiro, dado que não há plano visível e confiável de controle de gastos e que a presidente pretende aumentar investimentos "em obras" em 2014, o deficit vai aumentar. Há gente ponderada (nas previsões) e graúda falando em deficit de 4,5% do PIB em 2014.
Chegamos perto disso no final de 2009, ano de recessão e rescaldo da crise de 2008, flutuamos em torno de 4% do PIB no início de 2006 e, antes disso, apenas tivemos números tão ruins em 2003, quando o país se recuperava de variados desastres econômicos.
Para piorar, 2014 não será fácil. Vai começar com tumultos orçamentários americanos. Antes do meio do ano, haverá tumultos devido à mudança de política monetária dos EUA (menos dinheiro jorrando, juros mais altos lá e cá, com dólar subindo). Haverá a incerteza derivada da eleição para presidente.
Ovo ou galinha - JOSÉ PAULO KUPFER
O Estado de S.Paulo - 05/11
De um modo ainda discreto, mas já dando sinais de retorno, a teoria dos déficits gêmeos, segundo a qual déficits fiscais empurram as transações correntes para déficits, está saindo do terreno pantanoso em que fica até que novas ondas de desequilíbrios macroeconômicos se formem. Já aconteceu inúmeras vezes mundo afora, e, no Brasil, mais recentemente, na segunda metade da década de 90. Agora a recorrente argumentação tem tudo para se repetir.
Como a conjuntura é de deterioração tanto das contas públicas quanto das contas externas, nada pode parecer tão natural quanto vincular uma coisa à outra. É bom, porém, não esquecer que, mesmo depois de consumidas toneladas de energia intelectual, tinta e papel, essa vinculação continua polêmica e inconclusiva.
Na base da teoria estão algumas identidades macroeconômicas contábeis, que se confirmam depois que o processo econômico se completa. O pressuposto é que poupança e investimento se equivalem "ex-post" e, portanto, em condições de equilíbrio macroeconômico, excesso de gasto público, sem a devida compensação por parte da poupança privada doméstica, resultaria em absorção de poupança externa. Ou seja, produção de déficits em transações correntes.
A questão é que identidades econômicas costumam mostrar tudo menos as verdadeiras relações de causalidade entre seus elementos. Dessa peculiaridade, no debate da economia, resultam históricas desavenças entre linhas de pensamento. O desencontro em torno da validade da teoria dos déficits gêmeos é apenas um subproduto da feroz disputa entre os que entendem o investimento como função da poupança e os que consideram justamente o inverso. Versão econômica da eterna e folclórica discórdia em relação ao que vem primeiro, se o ovo ou a galinha, não custa lembrar que, mal comparando, é esse o divisor que separa keynesianos e neoclássicos - ou, em linguagem mais simples, ortodoxos e heterodoxos.
Na economia brasileira de hoje, a poupança é raquítica e o investimento hesita, num cenário de superávits primários cadentes, podendo encolher, em 2013, abaixo de 2%. Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego se encontra em níveis historicamente baixos e os déficits em transações correntes mostram trajetória veloz na direção de 4% do PIB. Mas, embora possa parecer óbvio, quem garante que uma contração forte no lado fiscal operaria como um dominó positivo, que arrumaria, quase automaticamente, todas as peças desequilibradas e os déficits gêmeos?
Estudos e mais estudos, abrangendo diversas economias, em diferentes épocas, não conseguiram estabelecer as relações insinuadas pelas identidades contábeis que articulam déficits fiscais e externos. A verdade é que, na busca de comprovar tais relações, o que se conseguiu foi observar que nem sempre é possível encontrar vinculações diretas entre déficit público e déficit externo. Em resumo, uma contração fiscal pode, sim, reduzir a renda e colaborar para esfriar importações, mas, em seguida, exatamente por essa ação, ajudará também a cortar os juros e, em consequência, impulsionar a renda, que pressionará o lado externo.
Uma das conclusões possíveis dessa história é que, diferentemente do que muitos gostariam, a austeridade fiscal não é uma panaceia para os desequilíbrios econômicos. Há situações em que ela pode estar mais do lado dos problemas do que no das soluções. Na questão específica dos supostos déficits gêmeos, a resposta verdadeira para o desequilíbrio externo parece mais próxima do que ocorre com a taxa real de câmbio - e com a situação dos mercados externos - do que diretamente com o que se passa nas contas públicas. Sugere-se levar isso em conta para não correr o risco de se surpreender com uma possível retomada da balança comercial em 2014, ainda que na vigência de resultados fiscais fracos.
De um modo ainda discreto, mas já dando sinais de retorno, a teoria dos déficits gêmeos, segundo a qual déficits fiscais empurram as transações correntes para déficits, está saindo do terreno pantanoso em que fica até que novas ondas de desequilíbrios macroeconômicos se formem. Já aconteceu inúmeras vezes mundo afora, e, no Brasil, mais recentemente, na segunda metade da década de 90. Agora a recorrente argumentação tem tudo para se repetir.
Como a conjuntura é de deterioração tanto das contas públicas quanto das contas externas, nada pode parecer tão natural quanto vincular uma coisa à outra. É bom, porém, não esquecer que, mesmo depois de consumidas toneladas de energia intelectual, tinta e papel, essa vinculação continua polêmica e inconclusiva.
Na base da teoria estão algumas identidades macroeconômicas contábeis, que se confirmam depois que o processo econômico se completa. O pressuposto é que poupança e investimento se equivalem "ex-post" e, portanto, em condições de equilíbrio macroeconômico, excesso de gasto público, sem a devida compensação por parte da poupança privada doméstica, resultaria em absorção de poupança externa. Ou seja, produção de déficits em transações correntes.
A questão é que identidades econômicas costumam mostrar tudo menos as verdadeiras relações de causalidade entre seus elementos. Dessa peculiaridade, no debate da economia, resultam históricas desavenças entre linhas de pensamento. O desencontro em torno da validade da teoria dos déficits gêmeos é apenas um subproduto da feroz disputa entre os que entendem o investimento como função da poupança e os que consideram justamente o inverso. Versão econômica da eterna e folclórica discórdia em relação ao que vem primeiro, se o ovo ou a galinha, não custa lembrar que, mal comparando, é esse o divisor que separa keynesianos e neoclássicos - ou, em linguagem mais simples, ortodoxos e heterodoxos.
Na economia brasileira de hoje, a poupança é raquítica e o investimento hesita, num cenário de superávits primários cadentes, podendo encolher, em 2013, abaixo de 2%. Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego se encontra em níveis historicamente baixos e os déficits em transações correntes mostram trajetória veloz na direção de 4% do PIB. Mas, embora possa parecer óbvio, quem garante que uma contração forte no lado fiscal operaria como um dominó positivo, que arrumaria, quase automaticamente, todas as peças desequilibradas e os déficits gêmeos?
Estudos e mais estudos, abrangendo diversas economias, em diferentes épocas, não conseguiram estabelecer as relações insinuadas pelas identidades contábeis que articulam déficits fiscais e externos. A verdade é que, na busca de comprovar tais relações, o que se conseguiu foi observar que nem sempre é possível encontrar vinculações diretas entre déficit público e déficit externo. Em resumo, uma contração fiscal pode, sim, reduzir a renda e colaborar para esfriar importações, mas, em seguida, exatamente por essa ação, ajudará também a cortar os juros e, em consequência, impulsionar a renda, que pressionará o lado externo.
Uma das conclusões possíveis dessa história é que, diferentemente do que muitos gostariam, a austeridade fiscal não é uma panaceia para os desequilíbrios econômicos. Há situações em que ela pode estar mais do lado dos problemas do que no das soluções. Na questão específica dos supostos déficits gêmeos, a resposta verdadeira para o desequilíbrio externo parece mais próxima do que ocorre com a taxa real de câmbio - e com a situação dos mercados externos - do que diretamente com o que se passa nas contas públicas. Sugere-se levar isso em conta para não correr o risco de se surpreender com uma possível retomada da balança comercial em 2014, ainda que na vigência de resultados fiscais fracos.
Bem-vinda a normalização - ILAN GOLDFAJN
O GLOBO - 05/11
Tudo em excesso parece fazer mal nesta vida. Até mesmo os remédios para combater a crise
Estive na semana passada em Nova York, onde escutei de uma autoridade econômica que políticas expansionistas são como tequila (ou cachaça) e devem ser tomadas com moderação. Referia-se às políticas excepcionais adotadas pelos países, tanto para enfrentar a crise como para revitalizar suas economias posteriormente. Um dia a munição acaba, e as consequências aparecem. O adiamento da remoção dos estímulos nos EUA fornece uma janela de oportunidade, talvez a última, para ajustes nas economias emergentes.
No Brasil, a consequência do excesso de políticas expansionistas tem sido a necessidade de adotar políticas mais restritivas (fiscal e monetária), justo quando as condições financeiras internacionais estão piorando. Não parece haver mais espaço para políticas compensatórias (anticíclicas).
No mundo, a preocupação desde maio deste ano tem sido com a consequência da possível remoção dos estímulos monetários e a subida de juros nos EUA. A remoção dos estímulos tende a retirar fluxos de capital das economias emergentes e encarecer o custo de financiamento dos governos e empresas. É a consequência natural da normalização das condições monetárias nos Estados Unidos. Mas o surpreendente adiamento dessa normalização das políticas trouxe alívio aos mercados e às autoridades econômicas.
Fico mais preocupado com o adiamento desse processo do que com as suas consequências negativas no curto prazo. O prolongamento das medidas excepcionais gera distorções, incentivos para tomada de riscos de curto prazo e possíveis novas bolhas. Uma das distorções é o incentivo a excessos de fluxos de capital de curto prazo para economias emergentes. O leitor deve se lembrar das críticas que essa distorção gerou por aqui e em outros lugares. Mas, agora, a perspectiva é de inversão do sentido desses fluxos, o que está gerando apreensão também.
Prefiro que o Brasil e outras economias emergentes enfrentem logo a normalização das políticas monetárias nos países avançados do que permaneçam anestesiados com as atuais condições excepcionais e corram o risco de um ajuste mais duro no futuro. Um possível ajuste mais forte dos juros, ou o estouro de uma bolha, pode gerar efeitos mais nocivos sobre as economias emergentes (reversão abrupta dos fluxos financeiros, assim como queda da atividade). O ganho no presente é menor do que o risco futuro: que venha logo a normalização.
Mas o adiamento da normalização é uma realidade. Não se espera o chamado tapering (moderação) dos estímulos nos EUA pelo menos até março, e é possível que seja adiado ainda mais. Isso fornece uma janela de oportunidade para os diferentes atores globais. Os investidores não deveriam mais se surpreender com a subida de juros mais longos nos EUA e suas consequências. E as autoridades econômicas têm a última oportunidade para se adaptarem a um mundo de juros mais altos e financiamento mais escasso.
No Brasil, essa janela de oportunidade abre espaço para algumas tarefas importantes. Primeiramente, é necessário continuar o esforço para trazer a inflação para um patamar que não incomode mais. O ideal seria voltar ao centro da meta de inflação. Realisticamente, no curto prazo, o objetivo deveria ser devolver a inflação para um patamar em que se perceba haver espaço na meta de inflação para acomodar choques. Choques podem levar a aumentos temporários na inflação, mas não deveriam ameaçar o cumprimento da meta (ultrapassar seu teto). A flutuação cambial deve ser bem-vinda, assim como a queda dos juros.
Uma outra tarefa relevante nessa janela de oportunidade é a retomada da credibilidade fiscal e parafiscal (via crédito público). É necessário sair de perto do abismo do downgrade (diminuição da classificação por parte das agências de risco), com aperto fiscal e parafiscal neste momento desfavorável globalmente. O objetivo é retomar a credibilidade e, no futuro, a capacidade fiscal anticíclica.
Tudo em excesso parece fazer mal nesta vida. Até mesmo os remédios para combater a crise e a desaceleração das economias. O mundo está chegando perto do fim das medidas excepcionais adotadas nas economias avançadas, bem como dos estímulos nas economias emergentes. O recente adiamento da retirada dos estímulos nos EUA deveria ser visto como uma última janela de oportunidade para preparar a normalização das condições no mundo. No Brasil, a volta da inflação para níveis satisfatórios assim como a retomada da credibilidade fiscal são importantes para a nova fase mundial.
Tudo em excesso parece fazer mal nesta vida. Até mesmo os remédios para combater a crise
Estive na semana passada em Nova York, onde escutei de uma autoridade econômica que políticas expansionistas são como tequila (ou cachaça) e devem ser tomadas com moderação. Referia-se às políticas excepcionais adotadas pelos países, tanto para enfrentar a crise como para revitalizar suas economias posteriormente. Um dia a munição acaba, e as consequências aparecem. O adiamento da remoção dos estímulos nos EUA fornece uma janela de oportunidade, talvez a última, para ajustes nas economias emergentes.
No Brasil, a consequência do excesso de políticas expansionistas tem sido a necessidade de adotar políticas mais restritivas (fiscal e monetária), justo quando as condições financeiras internacionais estão piorando. Não parece haver mais espaço para políticas compensatórias (anticíclicas).
No mundo, a preocupação desde maio deste ano tem sido com a consequência da possível remoção dos estímulos monetários e a subida de juros nos EUA. A remoção dos estímulos tende a retirar fluxos de capital das economias emergentes e encarecer o custo de financiamento dos governos e empresas. É a consequência natural da normalização das condições monetárias nos Estados Unidos. Mas o surpreendente adiamento dessa normalização das políticas trouxe alívio aos mercados e às autoridades econômicas.
Fico mais preocupado com o adiamento desse processo do que com as suas consequências negativas no curto prazo. O prolongamento das medidas excepcionais gera distorções, incentivos para tomada de riscos de curto prazo e possíveis novas bolhas. Uma das distorções é o incentivo a excessos de fluxos de capital de curto prazo para economias emergentes. O leitor deve se lembrar das críticas que essa distorção gerou por aqui e em outros lugares. Mas, agora, a perspectiva é de inversão do sentido desses fluxos, o que está gerando apreensão também.
Prefiro que o Brasil e outras economias emergentes enfrentem logo a normalização das políticas monetárias nos países avançados do que permaneçam anestesiados com as atuais condições excepcionais e corram o risco de um ajuste mais duro no futuro. Um possível ajuste mais forte dos juros, ou o estouro de uma bolha, pode gerar efeitos mais nocivos sobre as economias emergentes (reversão abrupta dos fluxos financeiros, assim como queda da atividade). O ganho no presente é menor do que o risco futuro: que venha logo a normalização.
Mas o adiamento da normalização é uma realidade. Não se espera o chamado tapering (moderação) dos estímulos nos EUA pelo menos até março, e é possível que seja adiado ainda mais. Isso fornece uma janela de oportunidade para os diferentes atores globais. Os investidores não deveriam mais se surpreender com a subida de juros mais longos nos EUA e suas consequências. E as autoridades econômicas têm a última oportunidade para se adaptarem a um mundo de juros mais altos e financiamento mais escasso.
No Brasil, essa janela de oportunidade abre espaço para algumas tarefas importantes. Primeiramente, é necessário continuar o esforço para trazer a inflação para um patamar que não incomode mais. O ideal seria voltar ao centro da meta de inflação. Realisticamente, no curto prazo, o objetivo deveria ser devolver a inflação para um patamar em que se perceba haver espaço na meta de inflação para acomodar choques. Choques podem levar a aumentos temporários na inflação, mas não deveriam ameaçar o cumprimento da meta (ultrapassar seu teto). A flutuação cambial deve ser bem-vinda, assim como a queda dos juros.
Uma outra tarefa relevante nessa janela de oportunidade é a retomada da credibilidade fiscal e parafiscal (via crédito público). É necessário sair de perto do abismo do downgrade (diminuição da classificação por parte das agências de risco), com aperto fiscal e parafiscal neste momento desfavorável globalmente. O objetivo é retomar a credibilidade e, no futuro, a capacidade fiscal anticíclica.
Tudo em excesso parece fazer mal nesta vida. Até mesmo os remédios para combater a crise e a desaceleração das economias. O mundo está chegando perto do fim das medidas excepcionais adotadas nas economias avançadas, bem como dos estímulos nas economias emergentes. O recente adiamento da retirada dos estímulos nos EUA deveria ser visto como uma última janela de oportunidade para preparar a normalização das condições no mundo. No Brasil, a volta da inflação para níveis satisfatórios assim como a retomada da credibilidade fiscal são importantes para a nova fase mundial.
Síndrome da PDVSA - ANTONIO MACHADO
CORREIO BRAZILIENSE - 05/11
Uma grande petroleira com controle majoritário estatal, em resumo, tem duas vocações: focar a atividade principal, servindo ao país e aos acionistas, como fez a Petrobras na maior parte do tempo de sua existência sexagenária, ou atender a vários objetivos, tipo agência social e de desenvolvimento do governo de turno - caso da exaurida PDVSA, da Venezuela. Qual delas se deu melhor nesses anos?
É essa resposta que a diretoria da Petrobras, sob o comando de sua presidente Graça Foster, cobra do governo Dilma Rousseff. Desde que os aumentos dos preços da gasolina e do diesel passaram a depender de autorização informal do ministro Guido Mantega, que acumula o Ministério da Fazenda com a direção do Conselho de Administração da estatal, o seu caixa, ou receita operacional, verga sob o peso de seu fabuloso plano de investimento de cinco anos.
A Petrobras tem de investir quase US$ 50 bilhões ao ano até 2017, e ainda há o pré-sal para desbravar como a operadora única de todos os campos licitados sob o regime de partilha da produção, como o de Libra, além de ter obrigatoriamente, segundo a nova lei do petróleo, um mínimo de 30% dos desembolsos em cada área (no caso de Libra, a fatura foi de 40% para fechar a conta com os demais sócios - Shell, Total e duas petroleiras chinesas). De onde sairá o caixa para tais obrigações? Essa é a pergunta oculta da proposta enviada a Dilma.
A resposta põe em questão a instrumentalização da Petrobras para outros fins que não sua atividade principal de pesquisar e produzir petróleo, para exportá-lo em forma bruta ou refiná-lo para consumo no mercado doméstico. O receio com a inflação, razão de Mantega dar de costas à autonomia da empresa para definir a política de preços, é o que desfalca o seu caixa. E é com ele que a estatal banca mais de metade de seu plano de investimentos. Esse é um dado crítico.
Dificuldade é artificial
Outro é que, a rigor, a Petrobras apresenta defasagem de caixa não por causa da gasolina e do diesel (os demais derivados, como nafta e querosene de aviação, seguem os preços de mercado). O gargalo vem da relação entre a geração de receita, sendo a gasolina o ganha-pão da estatal, e o que ela se viu forçada a arcar pela lei aprovada no governo Lula. Fosse menos restritiva ao capital privado, tal como o modelo de concessão (que não foi revogado), a conta do investimento poderia ser rateada. Visto por tal ótica, o problema é artificial.
O modelo de partilha é o meio de o governo exercer maior controle sobre o ritmo da produção, não sobre a receita. Dependendo da taxa de exploração, entre royalties e cobranças parafiscais, os regimes de concessão e de partilha são equivalentes. Mas é esse último que permitiu ao PT criticar a lei de concessão aprovada no governo FHC, criando a ideia de que o Estado deveria receber mais na exploração do pré-sal, por ser menor o risco exploratório. Isso se vai ver.
Governo teme o que fazer
No caso da concessão de Libra, o grosso do custo de exploração em termos individuais é da Petrobras, não de seus sócios. Mas isso não é o que a empresa questiona e, sim, que lhe falta preço para bancar o custo do pré-sal. Sua capacidade de endividamento, dada pelo seu patrimônio, também bateu no teto. Os críticos da licitação de Libra ignoram tal restrição, como se o tamanho do campo bastasse para se endividar à larga e tocar o desafio sem parcerias. Isso é falso.
O conselho de administração da Petrobras vai examinar o plano que a presidente da estatal chamou para si em reunião no dia 22. Não há decisão tomada, mas há alguma confusão. Mantega disse desconhecer o plano proposto e uma fonte do Palácio do Planalto afirmou, na sexta-feira, que a presidente aprovava a ideia de um gatilho para ajuste dos preços dos combustíveis. Nesta segunda-feira, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República desmentiu que Dilma tivesse opinião formada sobre a proposta. De fato, não há gatilho nenhum.
As escolhas estão postas
A Petrobras sugere um mecanismo automático de fixação do preço com base na variação cambial, no preço da gasolina nos EUA e na cotação internacional do barril de petróleo. Não foi dito se a fórmula terá efeito retroativo. Provavelmente, não. É desnecessário. Basta a ela compensar as defasagens quando importa gasolina a um custo maior do que vende ao mercado interno, mais uma margem para o caixa voltar a cobrir a maior parte dos investimentos, aliviando suas dívidas.
Qual o nexo do pleito? Sem as reservas da Venezuela, as maiores do mundo, a Petrobras chegou à Bacia de Campos, quando o país dependia do petróleo importado, depois ao pré-sal, com a dívida controlada. Já a PDVSA, submetida ao chavismo, hoje produz cerca de 40% do que produzia em seu melhor momento. Ambas são gigantes - um à deriva, o outro defendendo sua missão estratégica. As escolhas estão postas.
O nacionalismo foi puído
As decisões políticas têm consequências. Ao pretender da Petrobras o que suas contas não permitem - monopolizar a operação do pré-sal, além de servir de instrumento de política industrial (incentivando a produção nacional, mesmo a um custo maior que os importados) e de linha auxiliar do Banco Central -, o governo, na prática, puiu sua retórica nacionalista e de crítica à privatização.
Tais riscos não deveriam existir, pois, segundo se ouviu de gente do primeiro escalão do governo durante a tramitação no Congresso da lei que introduziu o modelo de partilha, o monopólio na operação do pré-sal entrou como agrado a setores nacionalistas e para negociar, sobretudo com o PMDB. Só que ninguém se opôs. A chefia da Petrobras à época, além disso, desconsiderou a inconsistência entre o caixa e o que a lei exigia, embora não esperasse que a gasolina acabasse represada no altar na inflação. Deu tudo errado.
É essa resposta que a diretoria da Petrobras, sob o comando de sua presidente Graça Foster, cobra do governo Dilma Rousseff. Desde que os aumentos dos preços da gasolina e do diesel passaram a depender de autorização informal do ministro Guido Mantega, que acumula o Ministério da Fazenda com a direção do Conselho de Administração da estatal, o seu caixa, ou receita operacional, verga sob o peso de seu fabuloso plano de investimento de cinco anos.
A Petrobras tem de investir quase US$ 50 bilhões ao ano até 2017, e ainda há o pré-sal para desbravar como a operadora única de todos os campos licitados sob o regime de partilha da produção, como o de Libra, além de ter obrigatoriamente, segundo a nova lei do petróleo, um mínimo de 30% dos desembolsos em cada área (no caso de Libra, a fatura foi de 40% para fechar a conta com os demais sócios - Shell, Total e duas petroleiras chinesas). De onde sairá o caixa para tais obrigações? Essa é a pergunta oculta da proposta enviada a Dilma.
A resposta põe em questão a instrumentalização da Petrobras para outros fins que não sua atividade principal de pesquisar e produzir petróleo, para exportá-lo em forma bruta ou refiná-lo para consumo no mercado doméstico. O receio com a inflação, razão de Mantega dar de costas à autonomia da empresa para definir a política de preços, é o que desfalca o seu caixa. E é com ele que a estatal banca mais de metade de seu plano de investimentos. Esse é um dado crítico.
Dificuldade é artificial
Outro é que, a rigor, a Petrobras apresenta defasagem de caixa não por causa da gasolina e do diesel (os demais derivados, como nafta e querosene de aviação, seguem os preços de mercado). O gargalo vem da relação entre a geração de receita, sendo a gasolina o ganha-pão da estatal, e o que ela se viu forçada a arcar pela lei aprovada no governo Lula. Fosse menos restritiva ao capital privado, tal como o modelo de concessão (que não foi revogado), a conta do investimento poderia ser rateada. Visto por tal ótica, o problema é artificial.
O modelo de partilha é o meio de o governo exercer maior controle sobre o ritmo da produção, não sobre a receita. Dependendo da taxa de exploração, entre royalties e cobranças parafiscais, os regimes de concessão e de partilha são equivalentes. Mas é esse último que permitiu ao PT criticar a lei de concessão aprovada no governo FHC, criando a ideia de que o Estado deveria receber mais na exploração do pré-sal, por ser menor o risco exploratório. Isso se vai ver.
Governo teme o que fazer
No caso da concessão de Libra, o grosso do custo de exploração em termos individuais é da Petrobras, não de seus sócios. Mas isso não é o que a empresa questiona e, sim, que lhe falta preço para bancar o custo do pré-sal. Sua capacidade de endividamento, dada pelo seu patrimônio, também bateu no teto. Os críticos da licitação de Libra ignoram tal restrição, como se o tamanho do campo bastasse para se endividar à larga e tocar o desafio sem parcerias. Isso é falso.
O conselho de administração da Petrobras vai examinar o plano que a presidente da estatal chamou para si em reunião no dia 22. Não há decisão tomada, mas há alguma confusão. Mantega disse desconhecer o plano proposto e uma fonte do Palácio do Planalto afirmou, na sexta-feira, que a presidente aprovava a ideia de um gatilho para ajuste dos preços dos combustíveis. Nesta segunda-feira, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República desmentiu que Dilma tivesse opinião formada sobre a proposta. De fato, não há gatilho nenhum.
As escolhas estão postas
A Petrobras sugere um mecanismo automático de fixação do preço com base na variação cambial, no preço da gasolina nos EUA e na cotação internacional do barril de petróleo. Não foi dito se a fórmula terá efeito retroativo. Provavelmente, não. É desnecessário. Basta a ela compensar as defasagens quando importa gasolina a um custo maior do que vende ao mercado interno, mais uma margem para o caixa voltar a cobrir a maior parte dos investimentos, aliviando suas dívidas.
Qual o nexo do pleito? Sem as reservas da Venezuela, as maiores do mundo, a Petrobras chegou à Bacia de Campos, quando o país dependia do petróleo importado, depois ao pré-sal, com a dívida controlada. Já a PDVSA, submetida ao chavismo, hoje produz cerca de 40% do que produzia em seu melhor momento. Ambas são gigantes - um à deriva, o outro defendendo sua missão estratégica. As escolhas estão postas.
O nacionalismo foi puído
As decisões políticas têm consequências. Ao pretender da Petrobras o que suas contas não permitem - monopolizar a operação do pré-sal, além de servir de instrumento de política industrial (incentivando a produção nacional, mesmo a um custo maior que os importados) e de linha auxiliar do Banco Central -, o governo, na prática, puiu sua retórica nacionalista e de crítica à privatização.
Tais riscos não deveriam existir, pois, segundo se ouviu de gente do primeiro escalão do governo durante a tramitação no Congresso da lei que introduziu o modelo de partilha, o monopólio na operação do pré-sal entrou como agrado a setores nacionalistas e para negociar, sobretudo com o PMDB. Só que ninguém se opôs. A chefia da Petrobras à época, além disso, desconsiderou a inconsistência entre o caixa e o que a lei exigia, embora não esperasse que a gasolina acabasse represada no altar na inflação. Deu tudo errado.