FOLHA DE SP - 15/10
Entre os conservadores britânicos, imaginar que um trabalhador braçal pudesse votar só poderia ser piada
A esquerda luta contra as desigualdades; a direita pretende apenas perpetuá-las. Podem passar milênios sobre a história humana. Mas esse é o clichê que fica.
Injusto. Nos últimos tempos, por motivos acadêmicos, tenho passado os dias com o conservador Benjamin Disraeli (1804""1881).
Sim, na longa galeria de primeiros-ministros britânicos, Disraeli perde em popularidade para gigantes como Churchill ou até para o contemporâneo Gladstone. Quando muito, Disraeli é lembrado como romancista (mediano) e um dos principais confidentes da rainha Vitória.
Mas Disraeli foi mais que tudo isso: ele simplesmente evitou que a Inglaterra cumprisse a revolução profetizada por Marx. A forma como o fez desafia todos os clichês ideológicos.
Aliás, a referência a Marx não é por acaso. Porque ambos, habitando a mesma cidade, contemplaram o mesmo problema: o fosso crescente entre ricos e pobres; a concentração de riqueza (e de poder) na mão de uns poucos --e depois uma longa legião de miseráveis que a Revolução Industrial produzia nas cidades.
Mas existe uma diferença: para Marx, o proletariado estava pronto para a revolução porque nada tinha a perder. Para Disraeli, o proletariado só não estaria pronto para a revolução se tivesse alguma coisa a ganhar.
Um pouco de história: em 1832, quando o Parlamento aprovou uma importante reforma eleitoral (a Reform Bill, promovida pelo partido Whig), foi concedido à classe média o direito de voto.
Disraeli reagiu. Por temer que o direito de voto à classe média pusesse em causa os sucessos eleitorais futuros do seu próprio partido conservador, aliado tradicional da aristocracia terratenente?
Sem dúvida --o calculismo partidário não nasceu hoje. Mas o problema, para Disraeli, não era apenas partidário, era nacional. Ou, dito de outra forma, o que seria da Inglaterra se as classes trabalhadoras fossem deixadas para trás? Não seria preferível conceder também o direito de voto às classes trabalhadoras?
Uma pergunta dessas, entre os conservadores, era simplesmente blasfêmia: imaginar que um trabalhador braçal pudesse votar só poderia ser piada.
Pior ainda: como o sr. Karl Marx ensinava, alargar os direitos políticos ao proletariado era convidar para dentro de casa quem a desejava destruir.
A resposta de Disraeli foi simples e crucial: ninguém deseja destruir uma casa que também sente como sua.
Dito e feito: em 1867, Disraeli aprovou o Reform Act, que concedeu o direito de voto aos trabalhadores urbanos. A historiadora Gertrude Himmelfarb explica a importância do gesto em uma única frase: foi nesse ano que a democracia plena nasceu no Reino Unido.
Mas Disraeli não ficou por aqui: como lembra Peter Viereck em estudo que também lhe é dedicado ("Conservative Thinkers", um primor de concisão e erudição), Disraeli acabaria mais tarde por legalizar também os sindicatos; e o direito à greve; e o direito à constituição de piquetes pacíficos; para além de ter aprovado mil outras leis laborais que extinguiram, um por um, todos os focos potencialmente revolucionários no país.
Como explicar tudo isso? Como explicar, no fundo, que tivesse sido um conservador a depositar uma fé tão otimista nos marginais do sistema?
Opinião pessoal: porque Disraeli, apesar de todos os sucessos literários e políticos, sempre se sentiu um marginal na sociedade inglesa do século 19. Aos olhos dos seus pares, ele era o eterno "estrangeiro", o eterno "exótico", o eterno "judeu", apesar do batismo na fé cristã.
E não existe nada mais insultuoso para um "outsider" do que a ideia paternalista, seja de esquerda ou de direita, de que todos os "outsiders" são por definição selvagens e revolucionários.
Não são, disse Disraeli: eles também podem ser cavalheiros se forem tratados como cavalheiros. E só assim, tratados como cavalheiros, eles estarão dispostos a preservar, e não a destruir, a constituição de que fazem parte.
Foi essa a lição magistral que salvou a Inglaterra da revolução --e, claro, o partido conservador do esquecimento.
Que essa lição seja ignorada pela esquerda, não admira. Que ela seja ignorada pela direita, eis uma fatalidade que já causa maior espanto.
terça-feira, outubro 15, 2013
Foco na aprendizagem e não na “ensinagem” - JACIR J. VENTURI
GAZETA DO POVO - PR - 15/10
Estando há poucos dias em Fortaleza, ouvi do próprio filho uma jocosa história que Lauro de Oliveira Lima – cearense, falecido em 2013, autor de mais de 30 livros sobre educação – contava com graça aos amigos professores que acolhia em sua casa: “Estão vendo este meu cachorro? O nome dele é Dog, e eu o ensinei a falar!”, provocava Lauro, diante do espanto de seus interlocutores. E prosseguia: “Vem cá, Dog! Diga boa-noite! Boa-noite, Dog!” Fazia-se um silêncio sepulcral, e evidentemente nada de um grunhido que sugerisse um boa-noite. Então, Lauro se safava: “Ensinar eu ensinei, só que ele não aprendeu”.
Evidentemente, por melhor que seja o mestre, jamais há de se ensinar um cão a falar, mas essa folclórica alegoria enseja ensinamentos para nós, seres humanos. Há uma dicotomia entre aprendizagem e “ensinagem” – palavra essa que subverte a norma culta, e como faz boa rima caiu no gosto popular. O professor só ensina se o aluno aprende. “Não ensino meus alunos. Crio a condição para que aprendam” – faz-se oportuno recordar a frase de Albert Einstein.
No SalaMundo 2013 – um dos maiores eventos educacionais do Brasil, realizado em Curitiba –, o filósofo colombiano Bernardo Toro segue a mesma toada: “Quando o ensino é mais importante que a aprendizagem e algo vai mal, os culpados são os alunos. Se a aprendizagem é mais importante, nós, adultos, é que temos a responsabilidade de mudar as coisas. A escola é lugar de aprender e não de ensinar”.
Para ser um bom professor, nada mais relevante que a didática, com a premissa de que no ambiente da sala de aula são intensas e constantes as mudanças, o que requer reciclagem continuada. Destarte, a simbiose entre a paixão pelo ensino e a vontade de investir na própria formação demonstram quem realmente quer ser um bom didata. O professor deve ser um eterno aprendiz, mantendo-se atualizado nos avanços da sua matéria e das novas práticas e tecnologias educacionais. Aula que tem de ser dada merece ser bem dada e, para tanto, bem preparada. É um ganha-ganha, pois agrega valores ao aluno e ao professor.
O desafio é dar uma boa aula e manter a motivação e a disciplina. Quase todo dia o professor tem o seu calvário. Conflitos com alunos são inevitáveis. Mas pare e pense: quem é o adulto na relação? Impor autoridade e limites é tarefa precípua do professor. Sem disciplina não há aprendizagem na escola, tampouco na vida. A indisciplina – esse câncer do nosso sistema educacional – é abominada pelo próprio conjunto de alunos, como bem demonstrou um estudo apresentado no SalaMundo 2013 pelos pesquisadores Francisco Soares e James Ito-Adler. Eles próprios se diziam surpresos: perguntaram a cada aluno o que mais o incomodava na escola, e esperavam que as respostas fossem instalações físicas, didática dos professores, merenda etc. Mas não! Resposta prevalecente: bagunça.
Quando o diretor investe o melhor de sua energia na sala de aula, todo o ambiente escolar se transforma. A sala de aula representa os metros quadrados mais nobres de qualquer organização educacional, e é nesse espaço que devemos colocar os melhores talentos. Há um mote em que duas palavras merecem reverência: educar com entusiasmo. Educar vem do latim ducere, que significa conduzir, mostrar o caminho. Entusiasmo tem etimologia no grego en-theo (en = dentro, theo = Deus). Para os gregos politeístas, quem tem entusiasmo tem um deus dentro de si. Nada de grandioso pode ser obtido sem entusiasmo e nenhuma missão é mais grandiosa que a de educador, pois ele tem como legado deixar no mundo uma geração melhor que a sua.
Estando há poucos dias em Fortaleza, ouvi do próprio filho uma jocosa história que Lauro de Oliveira Lima – cearense, falecido em 2013, autor de mais de 30 livros sobre educação – contava com graça aos amigos professores que acolhia em sua casa: “Estão vendo este meu cachorro? O nome dele é Dog, e eu o ensinei a falar!”, provocava Lauro, diante do espanto de seus interlocutores. E prosseguia: “Vem cá, Dog! Diga boa-noite! Boa-noite, Dog!” Fazia-se um silêncio sepulcral, e evidentemente nada de um grunhido que sugerisse um boa-noite. Então, Lauro se safava: “Ensinar eu ensinei, só que ele não aprendeu”.
Evidentemente, por melhor que seja o mestre, jamais há de se ensinar um cão a falar, mas essa folclórica alegoria enseja ensinamentos para nós, seres humanos. Há uma dicotomia entre aprendizagem e “ensinagem” – palavra essa que subverte a norma culta, e como faz boa rima caiu no gosto popular. O professor só ensina se o aluno aprende. “Não ensino meus alunos. Crio a condição para que aprendam” – faz-se oportuno recordar a frase de Albert Einstein.
No SalaMundo 2013 – um dos maiores eventos educacionais do Brasil, realizado em Curitiba –, o filósofo colombiano Bernardo Toro segue a mesma toada: “Quando o ensino é mais importante que a aprendizagem e algo vai mal, os culpados são os alunos. Se a aprendizagem é mais importante, nós, adultos, é que temos a responsabilidade de mudar as coisas. A escola é lugar de aprender e não de ensinar”.
Para ser um bom professor, nada mais relevante que a didática, com a premissa de que no ambiente da sala de aula são intensas e constantes as mudanças, o que requer reciclagem continuada. Destarte, a simbiose entre a paixão pelo ensino e a vontade de investir na própria formação demonstram quem realmente quer ser um bom didata. O professor deve ser um eterno aprendiz, mantendo-se atualizado nos avanços da sua matéria e das novas práticas e tecnologias educacionais. Aula que tem de ser dada merece ser bem dada e, para tanto, bem preparada. É um ganha-ganha, pois agrega valores ao aluno e ao professor.
O desafio é dar uma boa aula e manter a motivação e a disciplina. Quase todo dia o professor tem o seu calvário. Conflitos com alunos são inevitáveis. Mas pare e pense: quem é o adulto na relação? Impor autoridade e limites é tarefa precípua do professor. Sem disciplina não há aprendizagem na escola, tampouco na vida. A indisciplina – esse câncer do nosso sistema educacional – é abominada pelo próprio conjunto de alunos, como bem demonstrou um estudo apresentado no SalaMundo 2013 pelos pesquisadores Francisco Soares e James Ito-Adler. Eles próprios se diziam surpresos: perguntaram a cada aluno o que mais o incomodava na escola, e esperavam que as respostas fossem instalações físicas, didática dos professores, merenda etc. Mas não! Resposta prevalecente: bagunça.
Quando o diretor investe o melhor de sua energia na sala de aula, todo o ambiente escolar se transforma. A sala de aula representa os metros quadrados mais nobres de qualquer organização educacional, e é nesse espaço que devemos colocar os melhores talentos. Há um mote em que duas palavras merecem reverência: educar com entusiasmo. Educar vem do latim ducere, que significa conduzir, mostrar o caminho. Entusiasmo tem etimologia no grego en-theo (en = dentro, theo = Deus). Para os gregos politeístas, quem tem entusiasmo tem um deus dentro de si. Nada de grandioso pode ser obtido sem entusiasmo e nenhuma missão é mais grandiosa que a de educador, pois ele tem como legado deixar no mundo uma geração melhor que a sua.
Ueba! Ceni é o meu anti-herói! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 15/10
E eu acho que o Ceni não devia bater pênalti, devia bater em retirada! Bater uma bronha! Rarará!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Tô adorando o Ceni! O Ceni é o meu anti-herói!
O mito virou mico! O Rogério Senil fundou e afundou o São Paulo! Perdeu pênalti! DE NOVO! Dá vontade de gritar do sofá: "Ceni, não é assim que se bate pênalti".
E diz que o Ceni agora tá em busca dos cem pênaltis perdidos. Já perdeu quatro. Mais dez anos no São Paulo, ele consegue!
E o site Futirinhas falou que o Ceni é igual feriado em fim de semana: não serve pra nada! E eu acho que o Ceni não devia bater pênalti, devia bater em retirada! Bater uma bronha! Rarará!
Mas tem uma corrente na internet: Fica Ceni! Pra alegria dos corintianos. E você acha que o Ceni deve continuar batendo pênalti?
Deve, na segundona. Deve, pra alegria dos outros. Deve bater pênalti, cobrar falta, arremessar na lateral, apitar a partida e ficar na bilheteria!
E aviso aos corintianos: no filme "Bambi", o gambá se chama FLOR! Gambambi! Rarará!
E o Botafogo bateu o Flamengo! Mas não tem torcida pra comemorar. O site Futebol da Depressão colocou a foto de um gato solitário atravessando uma rua deserta e colocou a legenda: "Botafoguenses comemorando a vitória".
Essa é a definição da torcida do Botafogo: um gato solitário atravessando uma rua deserta! Rarará!
E ainda anunciaram um "Globo Repórter" sobre os flamenguistas: "Flamenguistas são mágicos, há dois dias tinha aos montes, agora sumiram todos. Para onde foram? Onde estão vivendo? Como se alimentam? Sexta-feira no Globo Repórter'!".
E essa do Dia das Crianças! Pai lendo o jornal, o filho de quatro anos no colo passa os dedinhos pela foto impressa: "Pai, não funciona". Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é lúdico! Olha essa em Taquaritinga, interior de São Paulo: "Funerária Marmita". Devem enterrar um em cima do outro e ainda botam um ovo frito em cima! Rarará!
E essa placa no supermercado: "Oferta! Óleo de soja Liza. De R$ 2,29 por R$ 2,28". Eita liquidação da porra, como se diz na Bahia. Rarará!
E mais outra placa numa pousada em Florianópolis: "Favor não grudar meleca nas paredes". Rarará. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
E eu acho que o Ceni não devia bater pênalti, devia bater em retirada! Bater uma bronha! Rarará!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Tô adorando o Ceni! O Ceni é o meu anti-herói!
O mito virou mico! O Rogério Senil fundou e afundou o São Paulo! Perdeu pênalti! DE NOVO! Dá vontade de gritar do sofá: "Ceni, não é assim que se bate pênalti".
E diz que o Ceni agora tá em busca dos cem pênaltis perdidos. Já perdeu quatro. Mais dez anos no São Paulo, ele consegue!
E o site Futirinhas falou que o Ceni é igual feriado em fim de semana: não serve pra nada! E eu acho que o Ceni não devia bater pênalti, devia bater em retirada! Bater uma bronha! Rarará!
Mas tem uma corrente na internet: Fica Ceni! Pra alegria dos corintianos. E você acha que o Ceni deve continuar batendo pênalti?
Deve, na segundona. Deve, pra alegria dos outros. Deve bater pênalti, cobrar falta, arremessar na lateral, apitar a partida e ficar na bilheteria!
E aviso aos corintianos: no filme "Bambi", o gambá se chama FLOR! Gambambi! Rarará!
E o Botafogo bateu o Flamengo! Mas não tem torcida pra comemorar. O site Futebol da Depressão colocou a foto de um gato solitário atravessando uma rua deserta e colocou a legenda: "Botafoguenses comemorando a vitória".
Essa é a definição da torcida do Botafogo: um gato solitário atravessando uma rua deserta! Rarará!
E ainda anunciaram um "Globo Repórter" sobre os flamenguistas: "Flamenguistas são mágicos, há dois dias tinha aos montes, agora sumiram todos. Para onde foram? Onde estão vivendo? Como se alimentam? Sexta-feira no Globo Repórter'!".
E essa do Dia das Crianças! Pai lendo o jornal, o filho de quatro anos no colo passa os dedinhos pela foto impressa: "Pai, não funciona". Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é lúdico! Olha essa em Taquaritinga, interior de São Paulo: "Funerária Marmita". Devem enterrar um em cima do outro e ainda botam um ovo frito em cima! Rarará!
E essa placa no supermercado: "Oferta! Óleo de soja Liza. De R$ 2,29 por R$ 2,28". Eita liquidação da porra, como se diz na Bahia. Rarará!
E mais outra placa numa pousada em Florianópolis: "Favor não grudar meleca nas paredes". Rarará. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
EU TE PERDOO - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 15/10
Pelo menos 20 Estados concederam redução ou perdão de juros e multas para devedores de ICMS desde julho de 2012 até agora. Os dados são do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), que firma convênios para o parcelamentos de débitos com as unidades da federação.
CRISE
Entre os Estados estão São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Medidas como o perdão de dívidas visam o reforço da arrecadação. Iniciativa semelhante do governo federal, que concedeu perdão a multinacionais, gerou crise na Receita Federal.
FORA DO EIXO
Os argumentos dos artistas da Associação Procure Saber, como Chico Buarque, Roberto Carlos e Caetano Veloso, em defesa de restrições à publicação de biografias no Brasil, são "chocantes", disse à coluna um dos ministros mais experientes do STF (Supremo Tribunal Federal). A causa, afirma o magistrado, terá dificuldade de prosperar na corte.
FORA DO EIXO 2
Um outro magistrado veterano diz que "o valor mais alto é o da liberdade de expressão. Havendo extravasamento, que se responsabilize o autor [de uma biografia] por danos morais, o que a lei já prevê. O que não dá é para ter uma espécie de não me toque. Um Roberto Carlos já não se pertence mais." O ministro ainda brinca: "Vamos repetir o jurista Caetano Veloso: é proibido proibir".
FORA DO EIXO 3
Um terceiro magistrado diz que a ideia de se liberar biografias de políticos mas restringir as de artistas, aventada por integrantes da Procure Saber, ignora que "leis são lineares, devem valer para todos".
VAMOS PENSAR
No artigo que publicou no domingo no jornal "O Globo", em que procurou explicar os argumentos da Procure Saber, Caetano Veloso disse ser "a favor" de biografias não autorizadas de "Sarney ou Roberto Marinho". Mas que "delicadezas do sofrimento de Gloria Perez" [o assassino da filha da novelista tentou escrever um livro sobre a história] e "o perigo da proliferação de escândalos" merecem reflexão.
BOLETIM DE OCORRÊNCIA
A pressão para os deputados aprovarem projeto de lei que prevê o fim do termo "auto de resistência" terá reforço hoje em Brasília. Negra Li, Flora Matos, MC Léo e Max B.O. irão com Rogério Sottili, secretário municipal de Direitos Humanos de SP, para o plenário. O texto extingue a classificação que a PM dá à morte de suspeitos em confrontos e visa coibir a morte de inocentes.
BOMBANDO
A mostra "Stanley Kubrick", no MIS, recebeu mais de 3.000 visitas no primeiro fim de semana. O museu ficará aberto até as 22:00 aos sábados durante a exposição.
QUEBRA-CABEÇA
Montar a programação dos desfiles de inverno da SPFW virou xadrez complicado em função da presença de Karl Lagerfeld na cidade. O estilista da Chanel inaugura a exposição "The Little Black Jacket", no dia 29, bem no meio da semana de moda. Nenhuma marca quer desfilar concorrendo com o evento do "kaiser da moda".
QUEBRA-CABEÇA 2
Já está certo que Alexandre Herchcovitch desfila na manhã do dia 29, no Theatro Municipal, um dos cenários da SPFW, que se realiza em tenda no parque Villa-Lobos. No dia seguinte, será a vez da Ellus ocupar o salão nobre do teatro e mostrar coleção inspirada em caça. A grife fechou exclusividade com Carol Trentini. A top volta às passarelas após dar à luz.
BODAS NA SALA SÃO PAULO
Olavo Setubal, do banco Itaú, e a mulher, Nádia, receberam convidados no casamento da filha Luiza com o engenheiro Gabriel Kairalla, anteontem. Bruno Setubal, irmão da noiva, com a namorada, Paula Drumond, e as empresárias Bia Antony, Laly Mansur e Fernanda Kujawski estiveram na festa. Os casais Nizan Guanaes e Donata Meirelles, Marcos e Tania Derani, Rafael e Ciccy Halpern e Luciana Faria e Gabriel Belli também passaram por lá.
CURTO-CIRCUITO
Caio Blat é o homenageado da 11ª edição do festival de cinema Curta Santos, que começa hoje, às 20h30, no Sesc Santos.
O português José-Manuel Diogo lança hoje, às 18h30, "As Grandes Agências Secretas", obra sobre os maiores serviços de espionagem, na Livraria da Vila da al. Lorena.
A Montblanc inaugura hoje sua décima loja no Brasil, às 20h, no shopping Iguatemi São Paulo. Juan Alba faz pocket show.
Chico Amaral, autor de "A Música de Milton Nascimento", e Alberto Villas, de "Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Morta", fazem debate hoje às 20h, no Sesc Vila Mariana.
Filipe Sabará, Duda Derani, Pepeu Correa, Bianca Corona e Gustavo Guzzardi promovem jantar beneficente da ARCAH, às 19h30, no Espaço Trivento.
CRISE
Entre os Estados estão São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Medidas como o perdão de dívidas visam o reforço da arrecadação. Iniciativa semelhante do governo federal, que concedeu perdão a multinacionais, gerou crise na Receita Federal.
FORA DO EIXO
Os argumentos dos artistas da Associação Procure Saber, como Chico Buarque, Roberto Carlos e Caetano Veloso, em defesa de restrições à publicação de biografias no Brasil, são "chocantes", disse à coluna um dos ministros mais experientes do STF (Supremo Tribunal Federal). A causa, afirma o magistrado, terá dificuldade de prosperar na corte.
FORA DO EIXO 2
Um outro magistrado veterano diz que "o valor mais alto é o da liberdade de expressão. Havendo extravasamento, que se responsabilize o autor [de uma biografia] por danos morais, o que a lei já prevê. O que não dá é para ter uma espécie de não me toque. Um Roberto Carlos já não se pertence mais." O ministro ainda brinca: "Vamos repetir o jurista Caetano Veloso: é proibido proibir".
FORA DO EIXO 3
Um terceiro magistrado diz que a ideia de se liberar biografias de políticos mas restringir as de artistas, aventada por integrantes da Procure Saber, ignora que "leis são lineares, devem valer para todos".
VAMOS PENSAR
No artigo que publicou no domingo no jornal "O Globo", em que procurou explicar os argumentos da Procure Saber, Caetano Veloso disse ser "a favor" de biografias não autorizadas de "Sarney ou Roberto Marinho". Mas que "delicadezas do sofrimento de Gloria Perez" [o assassino da filha da novelista tentou escrever um livro sobre a história] e "o perigo da proliferação de escândalos" merecem reflexão.
BOLETIM DE OCORRÊNCIA
A pressão para os deputados aprovarem projeto de lei que prevê o fim do termo "auto de resistência" terá reforço hoje em Brasília. Negra Li, Flora Matos, MC Léo e Max B.O. irão com Rogério Sottili, secretário municipal de Direitos Humanos de SP, para o plenário. O texto extingue a classificação que a PM dá à morte de suspeitos em confrontos e visa coibir a morte de inocentes.
BOMBANDO
A mostra "Stanley Kubrick", no MIS, recebeu mais de 3.000 visitas no primeiro fim de semana. O museu ficará aberto até as 22:00 aos sábados durante a exposição.
QUEBRA-CABEÇA
Montar a programação dos desfiles de inverno da SPFW virou xadrez complicado em função da presença de Karl Lagerfeld na cidade. O estilista da Chanel inaugura a exposição "The Little Black Jacket", no dia 29, bem no meio da semana de moda. Nenhuma marca quer desfilar concorrendo com o evento do "kaiser da moda".
QUEBRA-CABEÇA 2
Já está certo que Alexandre Herchcovitch desfila na manhã do dia 29, no Theatro Municipal, um dos cenários da SPFW, que se realiza em tenda no parque Villa-Lobos. No dia seguinte, será a vez da Ellus ocupar o salão nobre do teatro e mostrar coleção inspirada em caça. A grife fechou exclusividade com Carol Trentini. A top volta às passarelas após dar à luz.
BODAS NA SALA SÃO PAULO
Olavo Setubal, do banco Itaú, e a mulher, Nádia, receberam convidados no casamento da filha Luiza com o engenheiro Gabriel Kairalla, anteontem. Bruno Setubal, irmão da noiva, com a namorada, Paula Drumond, e as empresárias Bia Antony, Laly Mansur e Fernanda Kujawski estiveram na festa. Os casais Nizan Guanaes e Donata Meirelles, Marcos e Tania Derani, Rafael e Ciccy Halpern e Luciana Faria e Gabriel Belli também passaram por lá.
CURTO-CIRCUITO
Caio Blat é o homenageado da 11ª edição do festival de cinema Curta Santos, que começa hoje, às 20h30, no Sesc Santos.
O português José-Manuel Diogo lança hoje, às 18h30, "As Grandes Agências Secretas", obra sobre os maiores serviços de espionagem, na Livraria da Vila da al. Lorena.
A Montblanc inaugura hoje sua décima loja no Brasil, às 20h, no shopping Iguatemi São Paulo. Juan Alba faz pocket show.
Chico Amaral, autor de "A Música de Milton Nascimento", e Alberto Villas, de "Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Morta", fazem debate hoje às 20h, no Sesc Vila Mariana.
Filipe Sabará, Duda Derani, Pepeu Correa, Bianca Corona e Gustavo Guzzardi promovem jantar beneficente da ARCAH, às 19h30, no Espaço Trivento.
Lei Roberto Carlos - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 15/10
No momento em que se discute a necessidade de autorização para biografias, vai ser realizado o 1º Festival de Biografias no país.
O encontro, de 14 a 17 de novembro, em Fortaleza, já tinha sido marcado antes da polêmica.
Segue...
Mário Magalhães, autor da biografia de Carlos Marighella, é o curador do debate que reunirá Fernando Morais, João Máximo, Ruy Castro e Paulo Cesar de Araújo, que fez a biografia, censurada, de Roberto Carlos.
Calma, gente...
Fagner, o cantor, também está chateado com a turma do Procure Saber, alvo, no momento, de fogo cerrado por ter apoiado Roberto Carlos nesta questão das biografias.
Diz que, durante seis anos, ele e um grupo de artistas brigaram no Congresso pela aprovação da PEC da Música, que isenta de impostos a produção de CDs e DVDs de artistas brasileiros e será promulgada hoje.
Agora...
Segundo ele, após a aprovação, tem artista do Procure Saber “aceitando os louros por algo que não fez”.
Acabou em samba...
De Beto Silva, o Casseta, sobre a Lei Roberto Carlos, no Facebook:
“Se um sujeito tiver dupla personalidade e escrever uma autobiografia, a outra personalidade tem que autorizar? E, no caso de uma biografia alavancar de novo a carreira de um músico, o biógrafo deve ter participação nas vendas dos CDs?”
Boletim médico
Carlos Heitor Cony, de 87 anos, foi internado ontem no Pró Cardíaco, com uma pequena hemorragia. Ele sofreu uma queda em Frankfurt, há alguns dias. Melhoras.
De volta
Joana, a cantora, que enfrentou um período de depressão, vai voltar aos estúdios depois de três anos.
Gravará um CD só com músicas de compositores portugueses.
A resistência
Mais um livro alusivo aos 50 anos do Golpe de 1964. Organizado por Daniel Souza, filho do saudoso Betinho, a obra vai trazer 50 depoimentos de gente que resistiu à ditadura.
Terá trechos póstumos, como os de Alcione Araújo, Apolônio de Carvalho, Henfil e do próprio Betinho.
Morte cabeluda
A editora Sonora lança este mês a biografia “Moreira da Silva, o último dos malandros”, escrita por Alexandre Augusto. Também conhecido como Kid Morengueira (1902-2000), ele é apontado como o criador do samba de breque.
Moreira morreu, aos 98 anos, daquilo que o malandro bem-humorado chamava de “morte cabeluda”: câncer de próstata.
Monsieur Verissimo
“Os espiões”, de Luis Fernando Verisssimo, será publicado na França.
Zona Franca
Maurício Azedo, presidente da ABI, está sob os cuidados do cardiologista João Mansur Filho. O acadêmico Domício Proença Filho fala sobre o conto machadiano e a obra de Lygia Fagundes Tel les, em Clermont- Ferra nd e na Sorbonne. Abre amanhã o Fórum Demográfico Mundial, na sede do Grupo Bradesco Seguros.
João Ricardo Moderno fala sobre a “Teoria do Estado em Edith Stein”, no dia 21, na Arquidiocese do Rio.
Maria Oiticica Biojoias é uma das convidadas da Be Brasil, dia 22, em Nova York.
Chicõ Gouvêa oferece coquetel para An n a Ramalho, amanhã, em seu espaço no Casa Cor, assinado pelo chef Christiano Ramalho. Pró -Tênis Barra recebe, até sexta, inscrições para oTorneioViva Mais Tênis.
Luiz Felipe Conde fala hoje na OAB-RJ.
Black Bloc chique
O espaço do jovem executivo, criado pelos arquitetos Fábio Bouillet e Rodrigo Jorge, na Casa Cor deste ano, na Barra, tem uma máscara do Anonymous, símbolo do lado mais violento dos protestos.
A exemplo do que ocorre com a imagem de Che Guevara, quem sabe esta turma termina cooptada pelo capitalismo.
Vítima de estupro
A 17ª Câmara Cível do Rio condenou o espólio de um cirurgião plástico a indenizar em R$ 500 mil uma cliente, vítima de estupro, e seu marido.
Acusado de dopar e violentar a paciente dentro do consultório, em 1996, o médico foi condenado a seis anos de prisão em regime semiaberto e teve o registro profissional cassado. O ex-doutor morreu em 2011.
Viaduto para ônibus
Com o BRT Transcarioca, a chegada ao Aeroporto Internacional Tom Jobim ganhará um refresco.
É que o local terá um novo viaduto exclusivo para o ônibus articulado no acesso ao Terminal 1, em dezembro.
O investimento é de cerca de R$ 7 milhões.
Melhor assim
Manoel Rangel, diretor da Ancine, diz que alguns cineastas “aproveitam de tudo para fazer maldades”.
Diz que não foi ao enterro de Norma Bengell porque está no exterior.
Mas garante que a agência, diferentemente do que saiu aqui, mandou uma coroa de flores.
Haja xícara!
A Câmara Municipal do Rio lançou uma licitação para contratar uma empresa que forneça todo mês 90kg de leite em pó, 600kg de café em pó e 700kg de açúcar.
O valor total do contrato, que vai durar um ano, é estimado em R$ 123.660.
O encontro, de 14 a 17 de novembro, em Fortaleza, já tinha sido marcado antes da polêmica.
Segue...
Mário Magalhães, autor da biografia de Carlos Marighella, é o curador do debate que reunirá Fernando Morais, João Máximo, Ruy Castro e Paulo Cesar de Araújo, que fez a biografia, censurada, de Roberto Carlos.
Calma, gente...
Fagner, o cantor, também está chateado com a turma do Procure Saber, alvo, no momento, de fogo cerrado por ter apoiado Roberto Carlos nesta questão das biografias.
Diz que, durante seis anos, ele e um grupo de artistas brigaram no Congresso pela aprovação da PEC da Música, que isenta de impostos a produção de CDs e DVDs de artistas brasileiros e será promulgada hoje.
Agora...
Segundo ele, após a aprovação, tem artista do Procure Saber “aceitando os louros por algo que não fez”.
Acabou em samba...
De Beto Silva, o Casseta, sobre a Lei Roberto Carlos, no Facebook:
“Se um sujeito tiver dupla personalidade e escrever uma autobiografia, a outra personalidade tem que autorizar? E, no caso de uma biografia alavancar de novo a carreira de um músico, o biógrafo deve ter participação nas vendas dos CDs?”
Boletim médico
Carlos Heitor Cony, de 87 anos, foi internado ontem no Pró Cardíaco, com uma pequena hemorragia. Ele sofreu uma queda em Frankfurt, há alguns dias. Melhoras.
De volta
Joana, a cantora, que enfrentou um período de depressão, vai voltar aos estúdios depois de três anos.
Gravará um CD só com músicas de compositores portugueses.
A resistência
Mais um livro alusivo aos 50 anos do Golpe de 1964. Organizado por Daniel Souza, filho do saudoso Betinho, a obra vai trazer 50 depoimentos de gente que resistiu à ditadura.
Terá trechos póstumos, como os de Alcione Araújo, Apolônio de Carvalho, Henfil e do próprio Betinho.
Morte cabeluda
A editora Sonora lança este mês a biografia “Moreira da Silva, o último dos malandros”, escrita por Alexandre Augusto. Também conhecido como Kid Morengueira (1902-2000), ele é apontado como o criador do samba de breque.
Moreira morreu, aos 98 anos, daquilo que o malandro bem-humorado chamava de “morte cabeluda”: câncer de próstata.
Monsieur Verissimo
“Os espiões”, de Luis Fernando Verisssimo, será publicado na França.
Zona Franca
Maurício Azedo, presidente da ABI, está sob os cuidados do cardiologista João Mansur Filho. O acadêmico Domício Proença Filho fala sobre o conto machadiano e a obra de Lygia Fagundes Tel les, em Clermont- Ferra nd e na Sorbonne. Abre amanhã o Fórum Demográfico Mundial, na sede do Grupo Bradesco Seguros.
João Ricardo Moderno fala sobre a “Teoria do Estado em Edith Stein”, no dia 21, na Arquidiocese do Rio.
Maria Oiticica Biojoias é uma das convidadas da Be Brasil, dia 22, em Nova York.
Chicõ Gouvêa oferece coquetel para An n a Ramalho, amanhã, em seu espaço no Casa Cor, assinado pelo chef Christiano Ramalho. Pró -Tênis Barra recebe, até sexta, inscrições para oTorneioViva Mais Tênis.
Luiz Felipe Conde fala hoje na OAB-RJ.
Black Bloc chique
O espaço do jovem executivo, criado pelos arquitetos Fábio Bouillet e Rodrigo Jorge, na Casa Cor deste ano, na Barra, tem uma máscara do Anonymous, símbolo do lado mais violento dos protestos.
A exemplo do que ocorre com a imagem de Che Guevara, quem sabe esta turma termina cooptada pelo capitalismo.
Vítima de estupro
A 17ª Câmara Cível do Rio condenou o espólio de um cirurgião plástico a indenizar em R$ 500 mil uma cliente, vítima de estupro, e seu marido.
Acusado de dopar e violentar a paciente dentro do consultório, em 1996, o médico foi condenado a seis anos de prisão em regime semiaberto e teve o registro profissional cassado. O ex-doutor morreu em 2011.
Viaduto para ônibus
Com o BRT Transcarioca, a chegada ao Aeroporto Internacional Tom Jobim ganhará um refresco.
É que o local terá um novo viaduto exclusivo para o ônibus articulado no acesso ao Terminal 1, em dezembro.
O investimento é de cerca de R$ 7 milhões.
Melhor assim
Manoel Rangel, diretor da Ancine, diz que alguns cineastas “aproveitam de tudo para fazer maldades”.
Diz que não foi ao enterro de Norma Bengell porque está no exterior.
Mas garante que a agência, diferentemente do que saiu aqui, mandou uma coroa de flores.
Haja xícara!
A Câmara Municipal do Rio lançou uma licitação para contratar uma empresa que forneça todo mês 90kg de leite em pó, 600kg de café em pó e 700kg de açúcar.
O valor total do contrato, que vai durar um ano, é estimado em R$ 123.660.
Cada um na sua - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 15/10
Sérgio Cabral reuniu a cúpula do PMDB fluminense anteontem para discutir a defesa feita pelo PT do nome de Lindbergh Farias para o governo do Rio em 2014. Peemedebistas se irritaram com a fala de Rui Falcão de que a candidatura própria é prioridade, e garantem que não haverá palanque duplo para Dilma Rousseff no Estado. Ficou definido também que, assim que o PT desembarcar do governo Cabral, a sigla buscará outras alianças --inclusive com o PSDB de Aécio Neves.
Com aval? O grupo do governador do Rio observou ainda que a manifestação de Falcão em apoio ao senador petista ocorreu um dia após ele se reunir com Dilma e Lula em Brasília para discutir cenários eleitorais.
Caso a caso O presidente do PT vai se reunir nos próximos dias com a cúpula da sigla no Pará. O partido pretende acelerar a articulação de um apoio à candidatura de Helder Barbalho (PMDB), filho do senador Jader Barbalho, ao governo estadual.
Na sombra Petistas preveem que Lula deverá ampliar sua exposição na campanha de Dilma para "neutralizar" Eduardo Campos (PSB). O partido está certo de que o ex-aliado evitará criticar abertamente o ex-presidente.
Comigo... Ricardo Lewandowski diz que nunca foi alertado --nem pelo Ministério Público nem pela presidência do STF-- de que o PCC tentava infiltrar um assessor em seu gabinete, em 2010. O ministro reitera não conhecer os envolvidos no episódio.
... não Promotores afirmam que, informados sobre a tentativa da organização, procuraram o então presidente do Supremo, Cezar Peluso. Segundo eles, o ministro avisou seu colega, que desistiu da contratação.
Proteção Para Lewandowski, os juízes brasileiros estão muito vulneráveis e, por isso, ele defende a implementação de um plano de segurança para a magistratura, em âmbito nacional.
Torcida Temendo fracasso do leilão de Confins (MG), governistas esperam que o Tribunal de Contas da União acate recurso que permita a participação mais ampla de consórcios que já administram outros aeroportos.
Alhures Lula viaja nos próximos dias a Portugal para discursar no evento que marca 25 anos da Odebrecht no país. Também participa do lançamento do livro do ex-primeiro-ministro português José Sócrates, com prefácio escrito pelo brasileiro.
Todos... Após divulgação de ameaças de criminosos do PCC a Geraldo Alckmin (PSDB), o governador paulista foi à celebração do dia de Nossa Senhora Aparecida, no fim de semana, sob forte aparato de segurança.
... os homens Já o petista Alexandre Padilha (Saúde), que intensificou suas viagens a São Paulo, foi à Basílica acompanhado de prefeitos e vereadores da região.
De leve Aécio Neves (PSDB) participa no dia 25 de encontro com prefeitos no noroeste de São Paulo. Será sua primeira incursão no Estado desde que o paulista José Serra decidiu ficar no PSDB.
Boca do caixa A ministra Marta Suplicy (Cultura) costurou pessoalmente com a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e com o presidente da Febraban a inclusão do vale-cultura no acordo de convenção coletiva da categoria.
Visita à Folha José Américo (PT), presidente da Câmara Municipal de São Paulo, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Jamir Kinoshita e Eugênio Araújo, assessores de imprensa.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"Vinicius Carvalho assumiu o Cade para favorecer o PT. Cadê a ética? Cadê a isenção? Cadê o compromisso com o interesse público?"
DO DEPUTADO CARLOS SAMPAIO (SP), líder do PSDB na Câmara, após pedir ontem o afastamento do presidente do órgão por suas ligações com petistas.
contraponto
Ninguém é perfeito
Eleito presidente da Câmara em 1991, o então deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) recebia cumprimentos de políticos e aliados no plenário quando percebeu que, no meio da fila, estava Ulysses Guimarães. Ao vê-lo, Pinheiro deixou seu lugar, foi até o aliado e disse:
--Dr. Ulysses, estou furando a fila porque eu estou na cadeira que o senhor tanto dignificou.
--É, mas eu não cheguei aí como você chegou, por unanimidade -- respondeu Ulysses.
--O que lhe faz falta são os meus defeitos. É preciso ter defeitos para obter unanimidade --brincou Pinheiro.
Sérgio Cabral reuniu a cúpula do PMDB fluminense anteontem para discutir a defesa feita pelo PT do nome de Lindbergh Farias para o governo do Rio em 2014. Peemedebistas se irritaram com a fala de Rui Falcão de que a candidatura própria é prioridade, e garantem que não haverá palanque duplo para Dilma Rousseff no Estado. Ficou definido também que, assim que o PT desembarcar do governo Cabral, a sigla buscará outras alianças --inclusive com o PSDB de Aécio Neves.
Com aval? O grupo do governador do Rio observou ainda que a manifestação de Falcão em apoio ao senador petista ocorreu um dia após ele se reunir com Dilma e Lula em Brasília para discutir cenários eleitorais.
Caso a caso O presidente do PT vai se reunir nos próximos dias com a cúpula da sigla no Pará. O partido pretende acelerar a articulação de um apoio à candidatura de Helder Barbalho (PMDB), filho do senador Jader Barbalho, ao governo estadual.
Na sombra Petistas preveem que Lula deverá ampliar sua exposição na campanha de Dilma para "neutralizar" Eduardo Campos (PSB). O partido está certo de que o ex-aliado evitará criticar abertamente o ex-presidente.
Comigo... Ricardo Lewandowski diz que nunca foi alertado --nem pelo Ministério Público nem pela presidência do STF-- de que o PCC tentava infiltrar um assessor em seu gabinete, em 2010. O ministro reitera não conhecer os envolvidos no episódio.
... não Promotores afirmam que, informados sobre a tentativa da organização, procuraram o então presidente do Supremo, Cezar Peluso. Segundo eles, o ministro avisou seu colega, que desistiu da contratação.
Proteção Para Lewandowski, os juízes brasileiros estão muito vulneráveis e, por isso, ele defende a implementação de um plano de segurança para a magistratura, em âmbito nacional.
Torcida Temendo fracasso do leilão de Confins (MG), governistas esperam que o Tribunal de Contas da União acate recurso que permita a participação mais ampla de consórcios que já administram outros aeroportos.
Alhures Lula viaja nos próximos dias a Portugal para discursar no evento que marca 25 anos da Odebrecht no país. Também participa do lançamento do livro do ex-primeiro-ministro português José Sócrates, com prefácio escrito pelo brasileiro.
Todos... Após divulgação de ameaças de criminosos do PCC a Geraldo Alckmin (PSDB), o governador paulista foi à celebração do dia de Nossa Senhora Aparecida, no fim de semana, sob forte aparato de segurança.
... os homens Já o petista Alexandre Padilha (Saúde), que intensificou suas viagens a São Paulo, foi à Basílica acompanhado de prefeitos e vereadores da região.
De leve Aécio Neves (PSDB) participa no dia 25 de encontro com prefeitos no noroeste de São Paulo. Será sua primeira incursão no Estado desde que o paulista José Serra decidiu ficar no PSDB.
Boca do caixa A ministra Marta Suplicy (Cultura) costurou pessoalmente com a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e com o presidente da Febraban a inclusão do vale-cultura no acordo de convenção coletiva da categoria.
Visita à Folha José Américo (PT), presidente da Câmara Municipal de São Paulo, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Jamir Kinoshita e Eugênio Araújo, assessores de imprensa.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"Vinicius Carvalho assumiu o Cade para favorecer o PT. Cadê a ética? Cadê a isenção? Cadê o compromisso com o interesse público?"
DO DEPUTADO CARLOS SAMPAIO (SP), líder do PSDB na Câmara, após pedir ontem o afastamento do presidente do órgão por suas ligações com petistas.
contraponto
Ninguém é perfeito
Eleito presidente da Câmara em 1991, o então deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) recebia cumprimentos de políticos e aliados no plenário quando percebeu que, no meio da fila, estava Ulysses Guimarães. Ao vê-lo, Pinheiro deixou seu lugar, foi até o aliado e disse:
--Dr. Ulysses, estou furando a fila porque eu estou na cadeira que o senhor tanto dignificou.
--É, mas eu não cheguei aí como você chegou, por unanimidade -- respondeu Ulysses.
--O que lhe faz falta são os meus defeitos. É preciso ter defeitos para obter unanimidade --brincou Pinheiro.
Um estilo de fazer política - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 15/10
Depois de descartar a aliança com o PMDB no Rio, o PT se prepara para deixar o PMDB no Maranhão. Nos dois estados, a história é a mesma. Os petistas querem o apoio dos governadores Sérgio Cabral e Roseana Sarney à reeleição da presidente Dilma. Mas, nas eleições locais, querem derrotá-los.
Como diz um peemedebista: "Com um aliado desses, não é preciso adversário."
Economia de milhões
A decisão da presidente Dilma de usar o serviço de comunicação via e-mail do Serpro vai gerar uma economia de centenas de milhões de reais ao país. O custo anual ficará seis vezes mais barato do que os atuais contratos. Hoje, o Ministério das Comunicações passará a adotar como seu navegador padrão o Firefox. As empresas tradicionais do setor tinham como principal vantagem vender segurança. Se elas não podem oferecer o sigilo, o governo decidiu então pagar menos pelos serviços. As empresas americanas estão atônitas. Temem que a medida seja adotada de forma generalizada no país. As empresas privadas estão pagando a conta da bisbilhotice do governo de seu país.
"O charme de Marina Silva estava no fato de ser a candidata antiestablishment. Com a aliança (com Eduardo Campos), perde o encanto."
Francisco Dornelles
Senador (RJ) e presidente do honra do PP
O alerta
Ao votar contra o Orçamento impositivo, o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), alertou para “o risco de comercialização das emendas individuais” da Saúde. Avalia que medida destinada a fortalecer a atuação parlamentar pode se transformar em possibilidade de corrupção e de escândalos no Congresso.
Um acordo possível
Ministérios da Saúde, de Relações Institucionais e Casa Civil se reúnem amanhã para tentar acordo sobre a PEC que dá aos agentes comunitários da saúde piso salarial e plano de carreira. O governo é contra, mas busca reduzir os danos.
A filosofia das mudanças
Quando dezembro vier, a presidente Dilma deve substituir ao menos 12 ministros que serão candidatos no ano que vem. Sua intenção é montar uma equipe para tocar 2014, sem compromisso de ficar, no caso de reeleição. Por isso, quer evitar nomear políticos, porque a tendência desses é a de tentar permanecer num eventual segundo mandato.
Entre os aliados de Alckmin
O presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, entrou em campo para minar a candidatura de Walter Feldman ao governo paulista. Ofereceu palanque para Eduardo Campos (PSB) e apoio a Márcio França a vice de Geraldo Alckmin (PSDB).
Manda para o expresso!
O e-mail dos servidores do governo, inclusive da presidente Dilma, terá o endereço: nome dapessoa@èxpresso.gov.br. O termo faz referência ao programa desenvolvido pelo Serpro. Em 2014, todos terão que migrar para esse e-mail.
Novo comando
O presidente do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), decidiu não acumular a função com a de presidente da Força Sindical. Depois de 13 anos à frente do sindicato, vai se licenciar. Assumirá o cargo Miguel Torres.
O ministro ALDO REBELO (Esportes), que sai do cargo em dezembro, definiu que seu sucessor será o secretário-executivo Luís Fernandes.
Como diz um peemedebista: "Com um aliado desses, não é preciso adversário."
Economia de milhões
A decisão da presidente Dilma de usar o serviço de comunicação via e-mail do Serpro vai gerar uma economia de centenas de milhões de reais ao país. O custo anual ficará seis vezes mais barato do que os atuais contratos. Hoje, o Ministério das Comunicações passará a adotar como seu navegador padrão o Firefox. As empresas tradicionais do setor tinham como principal vantagem vender segurança. Se elas não podem oferecer o sigilo, o governo decidiu então pagar menos pelos serviços. As empresas americanas estão atônitas. Temem que a medida seja adotada de forma generalizada no país. As empresas privadas estão pagando a conta da bisbilhotice do governo de seu país.
"O charme de Marina Silva estava no fato de ser a candidata antiestablishment. Com a aliança (com Eduardo Campos), perde o encanto."
Francisco Dornelles
Senador (RJ) e presidente do honra do PP
O alerta
Ao votar contra o Orçamento impositivo, o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), alertou para “o risco de comercialização das emendas individuais” da Saúde. Avalia que medida destinada a fortalecer a atuação parlamentar pode se transformar em possibilidade de corrupção e de escândalos no Congresso.
Um acordo possível
Ministérios da Saúde, de Relações Institucionais e Casa Civil se reúnem amanhã para tentar acordo sobre a PEC que dá aos agentes comunitários da saúde piso salarial e plano de carreira. O governo é contra, mas busca reduzir os danos.
A filosofia das mudanças
Quando dezembro vier, a presidente Dilma deve substituir ao menos 12 ministros que serão candidatos no ano que vem. Sua intenção é montar uma equipe para tocar 2014, sem compromisso de ficar, no caso de reeleição. Por isso, quer evitar nomear políticos, porque a tendência desses é a de tentar permanecer num eventual segundo mandato.
Entre os aliados de Alckmin
O presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, entrou em campo para minar a candidatura de Walter Feldman ao governo paulista. Ofereceu palanque para Eduardo Campos (PSB) e apoio a Márcio França a vice de Geraldo Alckmin (PSDB).
Manda para o expresso!
O e-mail dos servidores do governo, inclusive da presidente Dilma, terá o endereço: nome dapessoa@èxpresso.gov.br. O termo faz referência ao programa desenvolvido pelo Serpro. Em 2014, todos terão que migrar para esse e-mail.
Novo comando
O presidente do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), decidiu não acumular a função com a de presidente da Força Sindical. Depois de 13 anos à frente do sindicato, vai se licenciar. Assumirá o cargo Miguel Torres.
O ministro ALDO REBELO (Esportes), que sai do cargo em dezembro, definiu que seu sucessor será o secretário-executivo Luís Fernandes.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP -15/10
Empresa investirá R$ 350 mi em shoppings no Sul
A Partage, empresa de investimento imobiliário acionista do laboratório Aché, investirá R$ 350 milhões na implantação de dois novos shoppings no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
As unidades --as primeiras da companhia na região Sul-- serão construídas em Rio Grande (RS) e Criciúma (SC).
O projeto gaúcho, que já tem 73% da área bruta de locação contratada, segundo a empresa, terá também uma torre com escritórios e hotel. A previsão de entrega do empreendimento é para o primeiro semestre de 2015.
"Rio Grande não tem grandes opções para lazer e compras e está crescendo muito com os investimentos no porto", afirma Ricardo Baptista, sócio do grupo.
Criciúma foi escolhida devido à localização estratégica. "É uma cidade-polo, com cerca de 200 mil habitantes, que recebe diariamente moradores dos municípios próximos e que não tem um grande centro comercial", diz.
A atuação do grupo, no entanto, não se limita a regiões de médio porte. Existem atualmente unidades em São Gonçalo (RJ), Campina Grande (PB) e Betim (MG).
"Não focamos em cidades com 200 mil habitantes ou carentes de shopping, vamos muito mais pelas oportunidades que o local oferece."
O objetivo da empresa não é construir empreendimentos populares, mas democráticos, segundo o executivo.
"Buscamos reunir lojas diversificadas que atendam a todas as classes sociais."
O grupo estuda fechar contratos em mais duas outras cidades ainda neste ano, possivelmente nas regiões Sudeste e Nordeste.
Novos ventos
Após investir R$ 100 milhões, a joint venture formada entre a dinamarquesa LM Wind Power e a brasileira Eólice inaugura hoje uma fábrica em Pernambuco, no complexo industrial de Suape, que produzirá pás eólicas.
A planta tem capacidade para fabricar até mil peças por ano, mas já há projetos para expandi-la, de acordo com Romualdo Monteiro de Barros, presidente do conselho administrativo da LM Wind Power do Brasil.
"Vamos aguardar o próximo ano para definir [o início da ampliação]", diz.
A companha já fechou alguns contratos. "A LM tem clientes em todo o mundo. Alguns deles estão presentes no país. É natural que fabriquemos para eles."
A unidade de Suape começou a ser construída em novembro do ano passado. A operação deve ser iniciada na última semana deste mês.
De início, as mercadorias serão vendidas no mercado interno, mas há a intenção de exportar.
À ESPERA DE DEFINIÇÃO
Técnicos da EPE, da Aneel e da Cesp reuniram-se ontem para mais uma rodada de negociações sobre a usina de Três Irmãos.
Decretado o fim da concessão da usina pelo governo federal, a Cesp manteve a operação de Três Irmãos.
A companhia, porém, contesta o valor de R$ 1,7 bilhão da indenização pelos investimentos não amortizados que, pelos cálculos da empresa, eram de R$ 3,5 bilhões e hoje já alcançam R$ 3,8 bilhões.
O assunto foi discutido na semana passada em encontro do secretário estadual de Energia de São Paulo, José Aníbal, com o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, em Brasília. Um novo leilão está marcado para janeiro.
"Minha expectativa é que nesta semana tenhamos acesso às contas do governo federal para, então, negociar o pagamento do que é devido ou eventualmente daquilo que possa ser objeto de disputa judicial", afirma Aníbal.
"Enquanto isso, estamos operando e fazendo a manutenção da usina. Nada como abrir números para se saber o que são considerados ativos não amortizados."
CAMA E NEGÓCIOS
O grupo Senpar e a Solbrasil vão construir em Itu (SP) um complexo formado por hotel com 343 apartamentos e centro de convenções para 2.000 pessoas. O local terá bandeira Novotel, da Accor.
A estrutura ficará ao lado do condomínio Terras de São José, desenvolvido pelo grupo Senpar nos anos 1970.
O valor do investimento não foi divulgado. Um Novotel um pouco menor ainda em obras em Belo Horizonte, no entanto, foi estimado em R$ 80 milhões.
"O empreendimento vai ter vantagem competitiva, pois estará perto de grandes centros, como São Paulo, Campinas e Sorocaba", diz Cesar Federmann, sócio-diretor da Senpar.
"O mercado de convenções no entorno de São Paulo ainda tem uma demanda não atendida", afirma Carlos Alberto Camargo, diretor-presidente da Solbrasil.
Será o maior hotel de eventos da Accor no interior paulista, segundo Abel Castro, da rede hoteleira.
Custo com trabalho no país cresce 46% de 2006 a 2012
O custo com trabalho para produzir uma mercadoria no Brasil aumentou 45,7% entre 2006 e 2012, de acordo com pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Nos cinco anos anteriores, o crescimento havia ficado em 27,3%.
A expansão dos salários e a valorização do real foram os principais fatores que alavancaram a alta.
"Na primeira metade da década, a produtividade havia registrado incremento maior que os salários. Nos anos seguintes, houve uma inversão", diz o economista da CNI Renato da Fonseca.
"Se o deslocamento entre remuneração e produtividade é temporário, não há problema. Pode ser uma recuperação do período anterior. Mas não é o que está acontecendo", afirma.
"Com o mercado de trabalho aquecido, os crescimentos dos salários são superiores e contínuos."
O custo elevado de produção do país reduz a competitividade das empresas.
Números de produtividade
27,3% foi o aumento, em dólares, do custo com trabalho para produzir uma mercadoria no país entre 2001 e 2006
45,7% foi a alta entre 2006 e 2012
Empresa investirá R$ 350 mi em shoppings no Sul
A Partage, empresa de investimento imobiliário acionista do laboratório Aché, investirá R$ 350 milhões na implantação de dois novos shoppings no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
As unidades --as primeiras da companhia na região Sul-- serão construídas em Rio Grande (RS) e Criciúma (SC).
O projeto gaúcho, que já tem 73% da área bruta de locação contratada, segundo a empresa, terá também uma torre com escritórios e hotel. A previsão de entrega do empreendimento é para o primeiro semestre de 2015.
"Rio Grande não tem grandes opções para lazer e compras e está crescendo muito com os investimentos no porto", afirma Ricardo Baptista, sócio do grupo.
Criciúma foi escolhida devido à localização estratégica. "É uma cidade-polo, com cerca de 200 mil habitantes, que recebe diariamente moradores dos municípios próximos e que não tem um grande centro comercial", diz.
A atuação do grupo, no entanto, não se limita a regiões de médio porte. Existem atualmente unidades em São Gonçalo (RJ), Campina Grande (PB) e Betim (MG).
"Não focamos em cidades com 200 mil habitantes ou carentes de shopping, vamos muito mais pelas oportunidades que o local oferece."
O objetivo da empresa não é construir empreendimentos populares, mas democráticos, segundo o executivo.
"Buscamos reunir lojas diversificadas que atendam a todas as classes sociais."
O grupo estuda fechar contratos em mais duas outras cidades ainda neste ano, possivelmente nas regiões Sudeste e Nordeste.
Novos ventos
Após investir R$ 100 milhões, a joint venture formada entre a dinamarquesa LM Wind Power e a brasileira Eólice inaugura hoje uma fábrica em Pernambuco, no complexo industrial de Suape, que produzirá pás eólicas.
A planta tem capacidade para fabricar até mil peças por ano, mas já há projetos para expandi-la, de acordo com Romualdo Monteiro de Barros, presidente do conselho administrativo da LM Wind Power do Brasil.
"Vamos aguardar o próximo ano para definir [o início da ampliação]", diz.
A companha já fechou alguns contratos. "A LM tem clientes em todo o mundo. Alguns deles estão presentes no país. É natural que fabriquemos para eles."
A unidade de Suape começou a ser construída em novembro do ano passado. A operação deve ser iniciada na última semana deste mês.
De início, as mercadorias serão vendidas no mercado interno, mas há a intenção de exportar.
À ESPERA DE DEFINIÇÃO
Técnicos da EPE, da Aneel e da Cesp reuniram-se ontem para mais uma rodada de negociações sobre a usina de Três Irmãos.
Decretado o fim da concessão da usina pelo governo federal, a Cesp manteve a operação de Três Irmãos.
A companhia, porém, contesta o valor de R$ 1,7 bilhão da indenização pelos investimentos não amortizados que, pelos cálculos da empresa, eram de R$ 3,5 bilhões e hoje já alcançam R$ 3,8 bilhões.
O assunto foi discutido na semana passada em encontro do secretário estadual de Energia de São Paulo, José Aníbal, com o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, em Brasília. Um novo leilão está marcado para janeiro.
"Minha expectativa é que nesta semana tenhamos acesso às contas do governo federal para, então, negociar o pagamento do que é devido ou eventualmente daquilo que possa ser objeto de disputa judicial", afirma Aníbal.
"Enquanto isso, estamos operando e fazendo a manutenção da usina. Nada como abrir números para se saber o que são considerados ativos não amortizados."
CAMA E NEGÓCIOS
O grupo Senpar e a Solbrasil vão construir em Itu (SP) um complexo formado por hotel com 343 apartamentos e centro de convenções para 2.000 pessoas. O local terá bandeira Novotel, da Accor.
A estrutura ficará ao lado do condomínio Terras de São José, desenvolvido pelo grupo Senpar nos anos 1970.
O valor do investimento não foi divulgado. Um Novotel um pouco menor ainda em obras em Belo Horizonte, no entanto, foi estimado em R$ 80 milhões.
"O empreendimento vai ter vantagem competitiva, pois estará perto de grandes centros, como São Paulo, Campinas e Sorocaba", diz Cesar Federmann, sócio-diretor da Senpar.
"O mercado de convenções no entorno de São Paulo ainda tem uma demanda não atendida", afirma Carlos Alberto Camargo, diretor-presidente da Solbrasil.
Será o maior hotel de eventos da Accor no interior paulista, segundo Abel Castro, da rede hoteleira.
Custo com trabalho no país cresce 46% de 2006 a 2012
O custo com trabalho para produzir uma mercadoria no Brasil aumentou 45,7% entre 2006 e 2012, de acordo com pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Nos cinco anos anteriores, o crescimento havia ficado em 27,3%.
A expansão dos salários e a valorização do real foram os principais fatores que alavancaram a alta.
"Na primeira metade da década, a produtividade havia registrado incremento maior que os salários. Nos anos seguintes, houve uma inversão", diz o economista da CNI Renato da Fonseca.
"Se o deslocamento entre remuneração e produtividade é temporário, não há problema. Pode ser uma recuperação do período anterior. Mas não é o que está acontecendo", afirma.
"Com o mercado de trabalho aquecido, os crescimentos dos salários são superiores e contínuos."
O custo elevado de produção do país reduz a competitividade das empresas.
Números de produtividade
27,3% foi o aumento, em dólares, do custo com trabalho para produzir uma mercadoria no país entre 2001 e 2006
45,7% foi a alta entre 2006 e 2012
É a meta mais ou menos - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 15/10
A presidente Dilma voltou ontem a garantir que, pelo décimo ano consecutivo, a inflação brasileira ficará dentro da meta.
Não é bem assim. Por decisão do próprio governo, deste e do anterior, a meta de inflação pelo 8.º ano seguido é 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos porcentuais, tanto para cima como para baixo.
Essa margem de tolerância só existe porque a meta de inflação no Brasil se atém ao ano-calendário, que termina no dia 31 de dezembro. Outros bancos centrais trabalham com meta permanente de inflação medida em 12 meses (meta móvel), como é o caso do Federal Reserve (Fed, dos Estados Unidos), do Banco Central Europeu e do Banco da Inglaterra.
Como está no gráfico, a inflação no fim de dezembro deste ano deve ficar mais perto do teto da meta, ou seja, dos 6,5%, do que dos 4,5%.
Na verdade, o governo foi surpreendido não só pela inflação alta demais, mas também pelo baixo desempenho da atividade produtiva. Em 2011, entendeu que poderia derrubar os juros básicos (Selic) para 2% reais (descontada a inflação) para tirar proveito da conjuntura global de estabilidade de preços e, simultaneamente, levar o governo a gastar mais, de modo a empurrar o crescimento. Deu errado. Não só a inflação continuou lá em cima, como o governo não conseguiu catapultar o avanço econômico.
Como o resto da administração pública não ajuda e segue gastando demais, o Banco Central ficou sozinho na tarefa de controlar a inflação. A contragosto, desde abril, passou a puxar pelos juros. Com isso, enterrou o velho ponto de vista heterodoxo de que os juros são mais altos no Brasil só para satisfazer a gulodice argentária dos bancos e dos rentistas, aqueles que vivem de aplicações financeiras.
Um dos argumentos recorrentes entre empresários e, mesmo entre economistas, é o de que não faz sentido manter uma Selic de 3% ou 4% ao ano acima da inflação se, na maioria dos países comparáveis com o Brasil, os juros são substancialmente mais baixos.
Sempre que o Banco Central se atreve a forçar a redução dos juros para abaixo dos níveis historicamente "normais", a inflação volta a mostrar desenvoltura. É o imposto que a economia cobra para conviver com os problemas do Brasil: infraestrutura precária e cara demais; excessiva carga tributária; cultura dos reajustes automáticos (indexação) para quase tudo; leis trabalhistas anacrônicas; insegurança jurídica; burocracia demais... E por aí vai.
Para compensar esse fardo de custos, um orçamento mais frouxo do que apertado, como é hoje, é lenha na fogueira: mais despesas públicas criam renda e mais consumo. Quando esse consumo ultrapassa a oferta de bens e serviços, os preços disparam. Por isso, para o controle da inflação, é preciso também forte redução da ração de dinheiro na economia, fato que aumenta seu preço (os juros). É do que se encarrega o Banco Central.
Assim, quando alardeia que executa "uma política de compromisso com a robustez econômica", a presidente Dilma mais quer enrolar do que ser fiel aos fatos. Por meta de inflação, qualquer um entenda como quiser.
A presidente Dilma voltou ontem a garantir que, pelo décimo ano consecutivo, a inflação brasileira ficará dentro da meta.
Não é bem assim. Por decisão do próprio governo, deste e do anterior, a meta de inflação pelo 8.º ano seguido é 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos porcentuais, tanto para cima como para baixo.
Essa margem de tolerância só existe porque a meta de inflação no Brasil se atém ao ano-calendário, que termina no dia 31 de dezembro. Outros bancos centrais trabalham com meta permanente de inflação medida em 12 meses (meta móvel), como é o caso do Federal Reserve (Fed, dos Estados Unidos), do Banco Central Europeu e do Banco da Inglaterra.
Como está no gráfico, a inflação no fim de dezembro deste ano deve ficar mais perto do teto da meta, ou seja, dos 6,5%, do que dos 4,5%.
Na verdade, o governo foi surpreendido não só pela inflação alta demais, mas também pelo baixo desempenho da atividade produtiva. Em 2011, entendeu que poderia derrubar os juros básicos (Selic) para 2% reais (descontada a inflação) para tirar proveito da conjuntura global de estabilidade de preços e, simultaneamente, levar o governo a gastar mais, de modo a empurrar o crescimento. Deu errado. Não só a inflação continuou lá em cima, como o governo não conseguiu catapultar o avanço econômico.
Como o resto da administração pública não ajuda e segue gastando demais, o Banco Central ficou sozinho na tarefa de controlar a inflação. A contragosto, desde abril, passou a puxar pelos juros. Com isso, enterrou o velho ponto de vista heterodoxo de que os juros são mais altos no Brasil só para satisfazer a gulodice argentária dos bancos e dos rentistas, aqueles que vivem de aplicações financeiras.
Um dos argumentos recorrentes entre empresários e, mesmo entre economistas, é o de que não faz sentido manter uma Selic de 3% ou 4% ao ano acima da inflação se, na maioria dos países comparáveis com o Brasil, os juros são substancialmente mais baixos.
Sempre que o Banco Central se atreve a forçar a redução dos juros para abaixo dos níveis historicamente "normais", a inflação volta a mostrar desenvoltura. É o imposto que a economia cobra para conviver com os problemas do Brasil: infraestrutura precária e cara demais; excessiva carga tributária; cultura dos reajustes automáticos (indexação) para quase tudo; leis trabalhistas anacrônicas; insegurança jurídica; burocracia demais... E por aí vai.
Para compensar esse fardo de custos, um orçamento mais frouxo do que apertado, como é hoje, é lenha na fogueira: mais despesas públicas criam renda e mais consumo. Quando esse consumo ultrapassa a oferta de bens e serviços, os preços disparam. Por isso, para o controle da inflação, é preciso também forte redução da ração de dinheiro na economia, fato que aumenta seu preço (os juros). É do que se encarrega o Banco Central.
Assim, quando alardeia que executa "uma política de compromisso com a robustez econômica", a presidente Dilma mais quer enrolar do que ser fiel aos fatos. Por meta de inflação, qualquer um entenda como quiser.
O BC e o excesso de calmantes - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 15/10
Dólar volta ao preço anterior ao da febre cambial. BC ainda vai dar tranquilizante ao mercado?
ATÉ QUANDO O Banco Central vai intervir no mercado, oferecendo dólar e similares derivados? O preço da moeda americana anda agora pela casa de R$ 2,18, por onde andava em meados de junho, logo antes do início da mais recente febre cambial.
O BC começou as injeções sistemáticas de tranquilizantes cambiais no dia 23 de agosto. Um dia antes, o dólar fora a R$ 2,43. O BC colocou ordem num mercado que então ficava histérico, propenso a gracinhas especulativas, barbeiragens e acidentes. Muito bem.
Menos de um mês depois, o BC americano, o Fed, abortou o plano anunciado desde maio de fechar um pouco sua torneira de dinheiro, o que daria um tapinha para cima nas taxas de juros americanas (e do mundo).
O plano do Fed levara os donos do dinheiro grosso do mundo a antecipar essa história. Desde maio, os juros subiram na praça do mercado americano, escalada acompanhada degrau por degrau pela taxa de câmbio no Brasil. Como o Fed deu para trás, os juros por lá se acalmaram e o tumulto financeiro deu um tempo. Mas voltará.
Pelo menos em agosto, o plano do BC brasileiro era, em tese, apenas o de atenuar a volatilidade, altas e baixas amplas de preços (e evitar, por tabela, que a inflação já alta fosse contaminada, bidu).
A calmaria mundial e os tranquilizantes do BC levaram o dólar de volta a uns R$ 2,18. Não estaria agora o BC estocando volatilidade, por assim dizer (por ajudar a empurrar o dólar para baixo)? Isto é, quando os americanos voltarem a tratar de mudar sua política monetária, o dólar tende a dar saltos de novo.
Está certo que, além da calmaria e dos tranquilizantes do BC, existem condições para uma curta temporada de valorização. Como a finança mundial anda mais calma, empresas brasileiras pegam algum dinheiro lá fora. Deve entrar uma dinheirama do leilão do pré-sal, na segunda que vem. A alta da taxa de juros no Brasil em um ambiente externo mais calmo (e com juro real abaixo de zero) chama dinheiro para cá.
Ainda assim, até o final dos tempos ninguém poderá dizer o "preço certo" da taxa de câmbio. Mas R$ 2,18 não parece o bastante para limitar nossos excessos de consumo (deficit externo) e, enfim, o real provavelmente estaria mais desvalorizado sem o esteio do BC brasileiro.
Pode ser que o Banco Central esteja à espera do fim da pendenga ridícula do Orçamento dos Estados Unidos (o governo americano está sem Orçamento desde o fim de setembro e pode não ter como rolar sua dívida neste final do mês devido à crise no Congresso). Na hipótese louca de tal impasse dar em besteira grossa (ameaça real de calote americano), haveria tumulto nos mercados.
Segundo essa hipótese, passada a demência sazonal americana, o BC brasileiro estaria seguro para dar uma fechada em sua torneira de dólares e similares, deixando o câmbio "achar seu preço".
Isto é, reduziria o tamanho de suas intervenções no mercado.
Sim, o BC brasileiro havia avisado que o programa de injeção de tranquilizantes duraria até o final do ano, pelo menos. Mas a situação mudou. Caso o mundo permaneça calminho e o BC continue a dar um "sossega leão" para o mercado, vai parecer que quer um dólar baratinho. Para quê?
Dólar volta ao preço anterior ao da febre cambial. BC ainda vai dar tranquilizante ao mercado?
ATÉ QUANDO O Banco Central vai intervir no mercado, oferecendo dólar e similares derivados? O preço da moeda americana anda agora pela casa de R$ 2,18, por onde andava em meados de junho, logo antes do início da mais recente febre cambial.
O BC começou as injeções sistemáticas de tranquilizantes cambiais no dia 23 de agosto. Um dia antes, o dólar fora a R$ 2,43. O BC colocou ordem num mercado que então ficava histérico, propenso a gracinhas especulativas, barbeiragens e acidentes. Muito bem.
Menos de um mês depois, o BC americano, o Fed, abortou o plano anunciado desde maio de fechar um pouco sua torneira de dinheiro, o que daria um tapinha para cima nas taxas de juros americanas (e do mundo).
O plano do Fed levara os donos do dinheiro grosso do mundo a antecipar essa história. Desde maio, os juros subiram na praça do mercado americano, escalada acompanhada degrau por degrau pela taxa de câmbio no Brasil. Como o Fed deu para trás, os juros por lá se acalmaram e o tumulto financeiro deu um tempo. Mas voltará.
Pelo menos em agosto, o plano do BC brasileiro era, em tese, apenas o de atenuar a volatilidade, altas e baixas amplas de preços (e evitar, por tabela, que a inflação já alta fosse contaminada, bidu).
A calmaria mundial e os tranquilizantes do BC levaram o dólar de volta a uns R$ 2,18. Não estaria agora o BC estocando volatilidade, por assim dizer (por ajudar a empurrar o dólar para baixo)? Isto é, quando os americanos voltarem a tratar de mudar sua política monetária, o dólar tende a dar saltos de novo.
Está certo que, além da calmaria e dos tranquilizantes do BC, existem condições para uma curta temporada de valorização. Como a finança mundial anda mais calma, empresas brasileiras pegam algum dinheiro lá fora. Deve entrar uma dinheirama do leilão do pré-sal, na segunda que vem. A alta da taxa de juros no Brasil em um ambiente externo mais calmo (e com juro real abaixo de zero) chama dinheiro para cá.
Ainda assim, até o final dos tempos ninguém poderá dizer o "preço certo" da taxa de câmbio. Mas R$ 2,18 não parece o bastante para limitar nossos excessos de consumo (deficit externo) e, enfim, o real provavelmente estaria mais desvalorizado sem o esteio do BC brasileiro.
Pode ser que o Banco Central esteja à espera do fim da pendenga ridícula do Orçamento dos Estados Unidos (o governo americano está sem Orçamento desde o fim de setembro e pode não ter como rolar sua dívida neste final do mês devido à crise no Congresso). Na hipótese louca de tal impasse dar em besteira grossa (ameaça real de calote americano), haveria tumulto nos mercados.
Segundo essa hipótese, passada a demência sazonal americana, o BC brasileiro estaria seguro para dar uma fechada em sua torneira de dólares e similares, deixando o câmbio "achar seu preço".
Isto é, reduziria o tamanho de suas intervenções no mercado.
Sim, o BC brasileiro havia avisado que o programa de injeção de tranquilizantes duraria até o final do ano, pelo menos. Mas a situação mudou. Caso o mundo permaneça calminho e o BC continue a dar um "sossega leão" para o mercado, vai parecer que quer um dólar baratinho. Para quê?
Fato e percepção - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 15/10
O governo está no contra-ataque, querendo mudar a percepção de que a solidez fiscal vai se perdendo aos poucos. Foram muitas as críticas, vieram de vários lugares, foram feitas pelo FMI, agências de rating e até aliados. Não dava para dizer que era apenas uma má vontade de analistas. Mesmo quando faz esse esforço, o que fica claro são novas mudanças que ampliam a dúvida.
O ministro Guido Mantega me disse, e eu publiquei na coluna de domingo, que sua convicção é a de que o BNDES vai pagar o que deve ao Tesouro, "em alguns anos". O que ele calcula é o seguinte: no futuro, haverá mais interesse do mercado privado de oferecer financiamento de longo prazo. Isso liberaria o banco e ele poderia, com parte do retorno dos empréstimos concedidos agora, pagar ao Tesouro.
É uma possibilidade, mas é difícil acreditar. Os empréstimos ao BNDES se acumularam tanto — hoje representam mais de 9% do PIB — que o banco não teria como quitar esse débito. O que Mantega argumenta é que as necessidades do BNDES vão diminuir e, além disso, está declinando o montante anual que o Tesouro envia para o BNDES. Já foram R$ 100 bilhões por ano. Este ano serão R$ 40 bilhões.
O estranho é que continue enviando. E embutida no número está a informação de que nova parcela será enviada ao banco em 2013. Já foram dados R$ 20 bilhões e será feita agora nova transfusão.
Quando o ministro diz ao "Valor" como registrado no texto de Cláudia Safatle, ontem, que o BNDES vai ser proibido de financiar os estados e que eles não terão mais Programas de Ajuste Fiscal (PAF) este ano, o que chama atenção é a montanha de R$ 90 bilhões de créditos já contratados junto ao banco que ainda não foram desembolsados. Apesar do nome, o PAF autoriza os estados a se endividarem e, nos últimos anos, o governo permitiu que a cifra chegasse a esse montante. Agora, o ministro disse que não permite mais.
O GLOBO publicou no sábado que a equipe econômica estuda a possibilidade de implementar bandas fiscais para tentar recuperar a credibilidade perdida. Ou seja, o governo anunciaria uma meta para o superávit primário, mas já deixaria, de antemão, aberta a possibilidade de não cravar o número. Em anos de baixo crescimento, o governo ficaria com mais fôlego para incentivar o nível de atividade, fazendo uma economia menor para cumprir o superávit primário. O mercado, assim, não seria pego de surpresa.
Não é necessário. A política contracíclica pode ser feita através de um aviso. Se no ano passado, que o país cresceu apenas 0,9%, o governo tivesse anunciado que, diante das circunstâncias, faria um superávit menor, não seria nada estranho. Isso é normal em qualquer economia.
Esquisitos foram os truques e mudanças de fórmulas de cálculo, as antecipações de dividendos, e outras formas de maquiar os números apagando os sinais de que o superávit era menor. Essa opção de esconder o que deveria ter sido explicitado é que levou à perda de credibilidade. Criar uma banda não vai restaurá-la, apenas tornar mais incertas as projeções para a economia brasileira porque não se sabe que meta a area econômica está perseguindo.
O governo achou que tinha desenvolvido nova matriz macroeconômica. Não tinha. O tripé — câmbio flutuante, superávit primário e metas de inflação — que nos trouxe até aqui é que precisa ser restaurado. Não adianta apresentar uma flexibilização com palavras duras ou com promessas de "nunca mais"! O governo tem tornado mais frágeis as bases fiscais da estabilidade. E isso todo mundo ja percebeu, até o próprio governo. Por isso, o discurso tem mudado para tentar convencer que o erro não será repetido. Para convencer terá que se admitir o erro e anunciar correções convincentes. São fatos que mudam a percepção.
Sem boas escolhas - JOSÉ PAULO KUPFER
O Estado de S.Paulo - 15/10
Faltam menos de 48 horas para que o atual teto da dívida pública americana seja alcançado sem que até o fim da tarde de ontem democratas e republicanos tenham alcançado um acordo para evitar o início de algum tipo de calote do governo de Washington. Difícil imaginar que nada será feito até quinta-feira e a pressão na direção da aceitação de um acordo pela ortodoxia republicana, que tem encurralado o presidente Barack Obama também no caso do Orçamento para o novo ano fiscal e paralisado parte das atividades governamentais, aumentou muito nos últimos dias.
Também a história recente dos impasses em que o Congresso americano se envolveu ajuda a prever que, na última hora, haverá alguma regularização, ainda que parcial e temporária, do funcionamento da máquina de governo. É nisso que os mercados financeiros estão se fiando para se manter operando dentro de limites no chamado "terreno positivo".
Com o passar do tempo e a extensão do período de paralisação do governo americano, que já avança por três semanas, aumentou a possibilidade de que, pelo menos no caso do Orçamento, um acordo possa demorar. E, no fim das contas, à medida que as horas avançam sem solução, crescem também as possibilidades de que a obstrução do grupo republicano radical dificulte a liberação de recursos para fazer frente aos vencimentos mais imediatos de títulos públicos.
Ocorre que, mesmo que seja encontrada alguma solução na prorrogação do segundo tempo do jogo, não será mais possível evitar consequências danosas à recuperação da economia americana. Já existem projeções de que a paralisação do governo nas últimas semanas determinará um recuo de 1,5 ponto a 1,75 ponto no crescimento da economia americana em 2013, fazendo-a pelo menos encolher para as vizinhanças de 1%.
No caso da dívida pública, mesmo com a expectativa de que se encontre alguma solução, as preocupações ganharam corpo a partir do fim de semana. Ficou mais nítido que, se um acordo for feito, ele será limitado, tanto no tempo quanto no volume de recursos colocados à disposição do governo.
Talvez seja exagerado projetar um clima de "ruptura global", como mencionou a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, no fim de semana, no encerramento da reunião conjunta do Fundo com o Banco Mundial, em Washington, na qual o tema de possível default americano acabou atropelando a prevista agenda de discussão dos caminhos da recuperação mundial. Mas, como argumentou o economista e Prêmio Nobel Paul Krugman, quaisquer que sejam as "saídas" do impasse, agora nenhuma delas oferece escolhas boas. Podem evitar crises financeiras imediatas, mas não o efeito em cascata da redução do ritmo de crescimento, com consequente encolhimento da arrecadação, em combinação com uma muito limitada capacidade de compensar a perda de receita com a ampliação da dívida pública.
Mesmo que não aborte inteiramente a recuperação que vinha se desenhando na economia americana, o impasse fiscal adiou para bem mais longe qualquer plano de iniciar a reversão do programa de estímulos monetários do Federal Reserve. Isso significa menor pressão sobre os mercados cambiais globais e uma trégua mais prolongada, nesse campo, principalmente nos mercados emergentes.
Além disso, ainda que acabe não ocorrendo uma reclassificação da dívida americana, como em 2011, mesmo quando na hora "H" um default foi evitado, é bem possível que esse agora esperado alívio ganhe reforço de uma revoada de recursos para os demais mercados financeiros. Nas reviravoltas pelas quais a economia global vem passando nos últimos anos, seria prudente que as grandes economias emergentes, como a brasileira, se precavessem para os distúrbios - alguns já conhecidos - que uma até bem pouco inimaginável nova "abundância" poderia provocar.
Faltam menos de 48 horas para que o atual teto da dívida pública americana seja alcançado sem que até o fim da tarde de ontem democratas e republicanos tenham alcançado um acordo para evitar o início de algum tipo de calote do governo de Washington. Difícil imaginar que nada será feito até quinta-feira e a pressão na direção da aceitação de um acordo pela ortodoxia republicana, que tem encurralado o presidente Barack Obama também no caso do Orçamento para o novo ano fiscal e paralisado parte das atividades governamentais, aumentou muito nos últimos dias.
Também a história recente dos impasses em que o Congresso americano se envolveu ajuda a prever que, na última hora, haverá alguma regularização, ainda que parcial e temporária, do funcionamento da máquina de governo. É nisso que os mercados financeiros estão se fiando para se manter operando dentro de limites no chamado "terreno positivo".
Com o passar do tempo e a extensão do período de paralisação do governo americano, que já avança por três semanas, aumentou a possibilidade de que, pelo menos no caso do Orçamento, um acordo possa demorar. E, no fim das contas, à medida que as horas avançam sem solução, crescem também as possibilidades de que a obstrução do grupo republicano radical dificulte a liberação de recursos para fazer frente aos vencimentos mais imediatos de títulos públicos.
Ocorre que, mesmo que seja encontrada alguma solução na prorrogação do segundo tempo do jogo, não será mais possível evitar consequências danosas à recuperação da economia americana. Já existem projeções de que a paralisação do governo nas últimas semanas determinará um recuo de 1,5 ponto a 1,75 ponto no crescimento da economia americana em 2013, fazendo-a pelo menos encolher para as vizinhanças de 1%.
No caso da dívida pública, mesmo com a expectativa de que se encontre alguma solução, as preocupações ganharam corpo a partir do fim de semana. Ficou mais nítido que, se um acordo for feito, ele será limitado, tanto no tempo quanto no volume de recursos colocados à disposição do governo.
Talvez seja exagerado projetar um clima de "ruptura global", como mencionou a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, no fim de semana, no encerramento da reunião conjunta do Fundo com o Banco Mundial, em Washington, na qual o tema de possível default americano acabou atropelando a prevista agenda de discussão dos caminhos da recuperação mundial. Mas, como argumentou o economista e Prêmio Nobel Paul Krugman, quaisquer que sejam as "saídas" do impasse, agora nenhuma delas oferece escolhas boas. Podem evitar crises financeiras imediatas, mas não o efeito em cascata da redução do ritmo de crescimento, com consequente encolhimento da arrecadação, em combinação com uma muito limitada capacidade de compensar a perda de receita com a ampliação da dívida pública.
Mesmo que não aborte inteiramente a recuperação que vinha se desenhando na economia americana, o impasse fiscal adiou para bem mais longe qualquer plano de iniciar a reversão do programa de estímulos monetários do Federal Reserve. Isso significa menor pressão sobre os mercados cambiais globais e uma trégua mais prolongada, nesse campo, principalmente nos mercados emergentes.
Além disso, ainda que acabe não ocorrendo uma reclassificação da dívida americana, como em 2011, mesmo quando na hora "H" um default foi evitado, é bem possível que esse agora esperado alívio ganhe reforço de uma revoada de recursos para os demais mercados financeiros. Nas reviravoltas pelas quais a economia global vem passando nos últimos anos, seria prudente que as grandes economias emergentes, como a brasileira, se precavessem para os distúrbios - alguns já conhecidos - que uma até bem pouco inimaginável nova "abundância" poderia provocar.
A esquerda caviar não liga para Amarildo - RODRIGO CONSTANTINO
O GLOBO - 15/10
Nunca vi um único evento beneficente organizado pela elite em prol dos policiais mortos em serviço
Paula Lavigne organizou um jantar para arrecadar fundos para a família de Amarildo. Foram levantados R$ 250 mil, sendo que apenas R$ 50 mil vão para a viúva do ajudante de pedreiro, e R$ 200 mil para a ONG do advogado que cuida do caso.
Amarildo virou uma abstração, que usam para atacar a polícia e, por tabela, defender os Black Blocs. Caetano Veloso endossou as táticas criminosas do grupo ao posar para foto mascarado, imitando o estilo dos vândalos. Será que os artistas e intelectuais da esquerda caviar ligam mesmo para Amarildo?
Não é mais um indivíduo, mas um símbolo para toda uma mentalidade revolucionária que condena o “sistema”. E artistas e intelectuais, como sabemos, adoram criticar o sistema, enquanto usufruem de todas as suas vantagens.
Não há novidade aqui. Tom Wolfe ironizou os “radicais chiques” de seu tempo, que se reuniam em coberturas luxuosas de Manhattan, em jantares refinados, para levantar fundos para os terroristas marxistas dos Panteras Negras. A elite culpada precisa expiar seus pecados...
Imagino que a sensação de superioridade moral ao defender essa gente também sirva como forte entorpecente, muitas vezes mais poderoso do que aqueles já conhecidos. É uma onda e tanto se ver como o mais puro dos abnegados que luta pelos oprimidos. Ainda que entre uma Veuve Clicquot e outra.
Tanto que seus eventos “altruístas” costumam ser bem divulgados, saem nos maiores jornais do país. Cristo já alertava, no Sermão da Montanha, sobre a hipocrisia daqueles que fazem barulho com sua caridade, mais preocupados em chamar a atenção dos demais do que com o resultado concreto de sua ação. A fogueira das vaidades!
Não defendo a PM no episódio específico de Amarildo. Os responsáveis devem ser punidos, sem dúvida. Mas, em primeiro lugar, será que Amarildo era apenas ajudante de pedreiro mesmo? Segundo, e aquelas outras centenas de pessoas que morrem nas favelas, muitos por causa dos traficantes financiados, em boa parte, pelo consumo da própria esquerda caviar?
Por fim, nunca vi um único evento beneficente organizado por essa elite em prol dos policiais mortos em serviço. Será que não merecem a consideração dos artistas e intelectuais? Pelo visto, não. Preferem ficar do lado daqueles criminosos que jogam coquetéis molotov na polícia, que quebram vitrines de lojas e bancos, que depredam o nosso patrimônio.
A esquerda caviar busca símbolos, e transforma gente de carne e osso em bandeira ideológica. Foi assim com Trayvon Martin, o garoto que foi morto por George Zimmerman em 2012. Centenas de outros garotos negros foram mortos, a maioria, inclusive, por negros, mas aquele em especial virou um mascote, uma bandeira política que até o presidente Obama sacudiu atrás de votos.
Hipocrisia, uso político da desgraça alheia, vaidade, essas são as marcas registradas da esquerda caviar, que sempre esteve do lado errado na batalha das ideias. Sim, eu disse sempre, pois não passa de um mito que pessoas como Chico Buarque lutavam pela democracia na década de 1960. Nada mais falso!
Lutavam pelo comunismo, que não se mistura com democracia, assim como água não se mistura com óleo. Tanto que muitos deles, até hoje, ainda defendem a mais longa e assassina ditadura do continente: o regime cubano. Que diabo de democracia é essa?
A predileção pela censura, aliás, veio à tona novamente na questão das biografias. A própria Paula Lavigne lidera um grupo, chamado ironicamente de Procure Saber, que tenta impedir o povo de saber mais sobre figuras públicas. Deseja vetar biografias não autorizadas, as únicas que prestam, pois as demais são chapas-brancas, pura propaganda consentida.
Alguns artistas dizem que é pelo direito de privacidade, mas é balela. São os primeiros a buscar holofotes e relatar até intimidades em revistas de fofocas, quando interessa. No mais, a reputação não pertence ao indivíduo, e se há o bônus da fama e do sucesso, inclusive financeiro, também há o ônus por ser figura pública. Nos Estados Unidos é são a coisa mais comum do mundo as biografias não autorizadas.
O que querem é impedir que outros ganhem contando mais detalhes de suas vidas. Só eles podem lucrar com sua fama. Nunca conheci gente mais gananciosa do que esses ricos esquerdistas, que posam de socialistas.
Durante muito tempo, gozaram da cumplicidade da grande imprensa. Eram “os intocáveis”. Alguns viraram “unanimidade”. Passaram a se sentir acima do bem e do mal. Mas a máscara caiu. A esquerda caviar, agora, está desnudada e exposta ao público, sem o manto da hipocrisia.
Nunca vi um único evento beneficente organizado pela elite em prol dos policiais mortos em serviço
Paula Lavigne organizou um jantar para arrecadar fundos para a família de Amarildo. Foram levantados R$ 250 mil, sendo que apenas R$ 50 mil vão para a viúva do ajudante de pedreiro, e R$ 200 mil para a ONG do advogado que cuida do caso.
Amarildo virou uma abstração, que usam para atacar a polícia e, por tabela, defender os Black Blocs. Caetano Veloso endossou as táticas criminosas do grupo ao posar para foto mascarado, imitando o estilo dos vândalos. Será que os artistas e intelectuais da esquerda caviar ligam mesmo para Amarildo?
Não é mais um indivíduo, mas um símbolo para toda uma mentalidade revolucionária que condena o “sistema”. E artistas e intelectuais, como sabemos, adoram criticar o sistema, enquanto usufruem de todas as suas vantagens.
Não há novidade aqui. Tom Wolfe ironizou os “radicais chiques” de seu tempo, que se reuniam em coberturas luxuosas de Manhattan, em jantares refinados, para levantar fundos para os terroristas marxistas dos Panteras Negras. A elite culpada precisa expiar seus pecados...
Imagino que a sensação de superioridade moral ao defender essa gente também sirva como forte entorpecente, muitas vezes mais poderoso do que aqueles já conhecidos. É uma onda e tanto se ver como o mais puro dos abnegados que luta pelos oprimidos. Ainda que entre uma Veuve Clicquot e outra.
Tanto que seus eventos “altruístas” costumam ser bem divulgados, saem nos maiores jornais do país. Cristo já alertava, no Sermão da Montanha, sobre a hipocrisia daqueles que fazem barulho com sua caridade, mais preocupados em chamar a atenção dos demais do que com o resultado concreto de sua ação. A fogueira das vaidades!
Não defendo a PM no episódio específico de Amarildo. Os responsáveis devem ser punidos, sem dúvida. Mas, em primeiro lugar, será que Amarildo era apenas ajudante de pedreiro mesmo? Segundo, e aquelas outras centenas de pessoas que morrem nas favelas, muitos por causa dos traficantes financiados, em boa parte, pelo consumo da própria esquerda caviar?
Por fim, nunca vi um único evento beneficente organizado por essa elite em prol dos policiais mortos em serviço. Será que não merecem a consideração dos artistas e intelectuais? Pelo visto, não. Preferem ficar do lado daqueles criminosos que jogam coquetéis molotov na polícia, que quebram vitrines de lojas e bancos, que depredam o nosso patrimônio.
A esquerda caviar busca símbolos, e transforma gente de carne e osso em bandeira ideológica. Foi assim com Trayvon Martin, o garoto que foi morto por George Zimmerman em 2012. Centenas de outros garotos negros foram mortos, a maioria, inclusive, por negros, mas aquele em especial virou um mascote, uma bandeira política que até o presidente Obama sacudiu atrás de votos.
Hipocrisia, uso político da desgraça alheia, vaidade, essas são as marcas registradas da esquerda caviar, que sempre esteve do lado errado na batalha das ideias. Sim, eu disse sempre, pois não passa de um mito que pessoas como Chico Buarque lutavam pela democracia na década de 1960. Nada mais falso!
Lutavam pelo comunismo, que não se mistura com democracia, assim como água não se mistura com óleo. Tanto que muitos deles, até hoje, ainda defendem a mais longa e assassina ditadura do continente: o regime cubano. Que diabo de democracia é essa?
A predileção pela censura, aliás, veio à tona novamente na questão das biografias. A própria Paula Lavigne lidera um grupo, chamado ironicamente de Procure Saber, que tenta impedir o povo de saber mais sobre figuras públicas. Deseja vetar biografias não autorizadas, as únicas que prestam, pois as demais são chapas-brancas, pura propaganda consentida.
Alguns artistas dizem que é pelo direito de privacidade, mas é balela. São os primeiros a buscar holofotes e relatar até intimidades em revistas de fofocas, quando interessa. No mais, a reputação não pertence ao indivíduo, e se há o bônus da fama e do sucesso, inclusive financeiro, também há o ônus por ser figura pública. Nos Estados Unidos é são a coisa mais comum do mundo as biografias não autorizadas.
O que querem é impedir que outros ganhem contando mais detalhes de suas vidas. Só eles podem lucrar com sua fama. Nunca conheci gente mais gananciosa do que esses ricos esquerdistas, que posam de socialistas.
Durante muito tempo, gozaram da cumplicidade da grande imprensa. Eram “os intocáveis”. Alguns viraram “unanimidade”. Passaram a se sentir acima do bem e do mal. Mas a máscara caiu. A esquerda caviar, agora, está desnudada e exposta ao público, sem o manto da hipocrisia.
Sinais trocados - PEDRO SOARES
FOLHA DE SP - 15/10
RIO DE JANEIRO - Os cariocas gastam ainda mais tempo para se deslocar de casa para o trabalho do que os paulistanos, como revela a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2012. O caos do transporte público e as constantes reclamações sobre o trânsito, porém, parecem ser um assunto mais recorrente nas rodas de bar em São Paulo.
Impressões à parte, o fato é que as duas maiores metrópoles do país convivem, ano a ano, com o aumento insustentável da frota de veículos. E boa parte da responsabilidade desse problema é do governo federal.
Desde 2008, sob o pretexto de induzir a economia ao crescimento num período de crise global, o governo Lula lançou mão do incentivo do IPI reduzido para a compra de veículos. Temporária, a medida foi reeditada várias vezes pelo ex-presidente e pela atual mandatária.
Agora, quando a inflação surge como um possível fantasma à reeleição de Dilma, havia a promessa de finalmente acabar com a desoneração, que alimenta o consumo e comeu bilhões de reais da arrecadação. Bem, o fim do estímulo ficou só na promessa e o benefício foi postergado novamente. Assim, mais e mais pessoas se animam a comprar um carro, não se importando muito com os juros mais altos de agora.
Não bastasse o IPI menor, o governo dá outro empurrão aos congestionamentos das grandes cidades. Mais uma vez em nome da inflação sob controle, a equipe econômica de Dilma segura o reajuste da gasolina e impede a Petrobras de alinhar seus preços aos praticados internacionalmente. Além de asfixiar as finanças da estatal, a medida representa um subsídio ao uso do combustível.
Os bilhões de reais de IPI não recolhido e do tributo sobre a gasolina zerado para evitar o aumento do combustível teriam melhor destino se fossem aplicados no financiamento à expansão das redes de trem e metrô das capitais.
RIO DE JANEIRO - Os cariocas gastam ainda mais tempo para se deslocar de casa para o trabalho do que os paulistanos, como revela a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2012. O caos do transporte público e as constantes reclamações sobre o trânsito, porém, parecem ser um assunto mais recorrente nas rodas de bar em São Paulo.
Impressões à parte, o fato é que as duas maiores metrópoles do país convivem, ano a ano, com o aumento insustentável da frota de veículos. E boa parte da responsabilidade desse problema é do governo federal.
Desde 2008, sob o pretexto de induzir a economia ao crescimento num período de crise global, o governo Lula lançou mão do incentivo do IPI reduzido para a compra de veículos. Temporária, a medida foi reeditada várias vezes pelo ex-presidente e pela atual mandatária.
Agora, quando a inflação surge como um possível fantasma à reeleição de Dilma, havia a promessa de finalmente acabar com a desoneração, que alimenta o consumo e comeu bilhões de reais da arrecadação. Bem, o fim do estímulo ficou só na promessa e o benefício foi postergado novamente. Assim, mais e mais pessoas se animam a comprar um carro, não se importando muito com os juros mais altos de agora.
Não bastasse o IPI menor, o governo dá outro empurrão aos congestionamentos das grandes cidades. Mais uma vez em nome da inflação sob controle, a equipe econômica de Dilma segura o reajuste da gasolina e impede a Petrobras de alinhar seus preços aos praticados internacionalmente. Além de asfixiar as finanças da estatal, a medida representa um subsídio ao uso do combustível.
Os bilhões de reais de IPI não recolhido e do tributo sobre a gasolina zerado para evitar o aumento do combustível teriam melhor destino se fossem aplicados no financiamento à expansão das redes de trem e metrô das capitais.
Brasil dá o que falar - ZUENIR VENTURA
O GLOBO - 15/10
Lee Anderson, biógrafo de Che, lembrou que, proibindo biografias não autorizadas, ficaríamos ao lado de Cuba, Rússia, Irã, China, Sudão, Zimbabwe, Síria e Arábia Saudita
Em entrevista a André Miranda, o escritor americano Jon Lee Anderson, biógrafo de Che Guevara, lembrou que a nossa legislação proibindo biografias não autorizadas, que é apoiada por um grupo de músicos, nos coloca ao lado de países como Cuba, Rússia, Irã, China, Sudão, Zimbabwe, Síria e Arábia Saudita, os quais, com todo respeito, não são uma boa companhia em matéria de liberdade de expressão. Ao mesmo tempo, como homenageado na Feira do Livro de Frankfurt, o Brasil não exibiu uma imagem muito favorável. Em primeiro lugar, foi acusado pela imprensa alemã de “racismo”, ao elaborar uma lista de 70 escritores com apenas um negro. Os responsáveis pela escolha negaram a acusação, a ministra da Cultura alegou que o critério não foi étnico, mas literário, etc etc. A exceção, porém, o escritor Paulo Lins, endossou a denúncia, afirmando em entrevista que a lista era, sim, racista e que no país “os negros só podem ser jogadores de futebol ou músicos”. Em outro contexto, chegou a se autoironizar, usando o seu conhecido humor: “Se alguma coisa der errado, a culpa será minha.”
Outro Paulo, o Coelho, o escritor brasileiro mais conhecido na Alemanha, engrossou a polêmica de maneira mais radical, desistindo de participar do evento, com duras críticas ao governo, que chamou de “um desastre”. Controvertido também foi o discurso de abertura do escritor Luiz Ruffato, classificando o Brasil de hipócrita, ignorante, homofóbico, violento e racista. “Nascemos sob a égide do genocídio. Dos 4 milhões de índios em 1500, restam 900 mil, vivendo em condições miseráveis. (...|) 125 anos depois da abolição da escravatura, raramente os afrodescendentes são vistos entre médicos, dentistas, advogados, engenheiros, escritores.” A imprensa conta que ele foi ovacionado. Mas não por todos. Ziraldo, por exemplo, protestou em voz alta: “Não concordo, você não me representa!” Depois, já no hospital, o humorista fez graça por telefone: “Meu mal-estar foi só irritação por causa do que ouvi.” Outros, no entanto, teriam sido de fato agressivos. Rufatto revelou na televisão alemã que “quase foi agredido fisicamente por brasileiros”.
A verdade é que a Feira de Frankfurt sempre teve uma queda por nossas mazelas. Na de 1996, um leitor alemão provocou Darcy Ribeiro na palestra. Grosseiro, queria saber se continuávamos “exterminando índios”. Em matéria de lavagem de roupa suja fora de casa, o nosso genial antropólogo deu um belo exemplo. Sua resposta fez a plateia mudar de assunto: “Acho que a Alemanha não é o lugar mais apropriado para se discutir genocídio.”
Lee Anderson, biógrafo de Che, lembrou que, proibindo biografias não autorizadas, ficaríamos ao lado de Cuba, Rússia, Irã, China, Sudão, Zimbabwe, Síria e Arábia Saudita
Em entrevista a André Miranda, o escritor americano Jon Lee Anderson, biógrafo de Che Guevara, lembrou que a nossa legislação proibindo biografias não autorizadas, que é apoiada por um grupo de músicos, nos coloca ao lado de países como Cuba, Rússia, Irã, China, Sudão, Zimbabwe, Síria e Arábia Saudita, os quais, com todo respeito, não são uma boa companhia em matéria de liberdade de expressão. Ao mesmo tempo, como homenageado na Feira do Livro de Frankfurt, o Brasil não exibiu uma imagem muito favorável. Em primeiro lugar, foi acusado pela imprensa alemã de “racismo”, ao elaborar uma lista de 70 escritores com apenas um negro. Os responsáveis pela escolha negaram a acusação, a ministra da Cultura alegou que o critério não foi étnico, mas literário, etc etc. A exceção, porém, o escritor Paulo Lins, endossou a denúncia, afirmando em entrevista que a lista era, sim, racista e que no país “os negros só podem ser jogadores de futebol ou músicos”. Em outro contexto, chegou a se autoironizar, usando o seu conhecido humor: “Se alguma coisa der errado, a culpa será minha.”
Outro Paulo, o Coelho, o escritor brasileiro mais conhecido na Alemanha, engrossou a polêmica de maneira mais radical, desistindo de participar do evento, com duras críticas ao governo, que chamou de “um desastre”. Controvertido também foi o discurso de abertura do escritor Luiz Ruffato, classificando o Brasil de hipócrita, ignorante, homofóbico, violento e racista. “Nascemos sob a égide do genocídio. Dos 4 milhões de índios em 1500, restam 900 mil, vivendo em condições miseráveis. (...|) 125 anos depois da abolição da escravatura, raramente os afrodescendentes são vistos entre médicos, dentistas, advogados, engenheiros, escritores.” A imprensa conta que ele foi ovacionado. Mas não por todos. Ziraldo, por exemplo, protestou em voz alta: “Não concordo, você não me representa!” Depois, já no hospital, o humorista fez graça por telefone: “Meu mal-estar foi só irritação por causa do que ouvi.” Outros, no entanto, teriam sido de fato agressivos. Rufatto revelou na televisão alemã que “quase foi agredido fisicamente por brasileiros”.
A verdade é que a Feira de Frankfurt sempre teve uma queda por nossas mazelas. Na de 1996, um leitor alemão provocou Darcy Ribeiro na palestra. Grosseiro, queria saber se continuávamos “exterminando índios”. Em matéria de lavagem de roupa suja fora de casa, o nosso genial antropólogo deu um belo exemplo. Sua resposta fez a plateia mudar de assunto: “Acho que a Alemanha não é o lugar mais apropriado para se discutir genocídio.”
Os temores da hora - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 15/10
A resposta da presidente Dilma sobre ninguém poder ir de "salto alto" para a eleição foi um recado direto ao PT e aos auxiliares que repetem a todo instante que ela tem tudo para vencer no primeiro turno. Até porque o fantasma das manifestações e a insatisfação dos aliados não foram dissipados
Com a agenda eleitoral para lá de antecipada, todo e qualquer movimento é acompanhado com uma lupa por parte do governo federal. As manifestações dos trabalhadores no Dia do Professor não fogem à regra. Esse tema, invariavelmente, é motivo de empurra-empurra por parte das autoridades. O governo federal joga a responsabilidade para o estado que transfere o que pode aos municípios. E a qualidade do ensino continua em baixa assim como os salários dos mestres.
O temor do governo federal, entretanto, é que esses movimentos dos professores terminem por provocar um movimento parecido com aquele de junho, quando os jovens tomaram as ruas. Em Brasília, a mobilização daquela temporada chegou a reunir 30 mil na Esplanada. Coincidentemente, foi também o período de avaliação mais baixa da presidente Dilma Rousseff. Agora, ela se recupera, mas o fantasma das mobilizações ainda assusta os Três Poderes.
Quem acompanha o dia a dia, percebe que existe uma insatisfação latente nos supermercados, nos pacientes dos hospitais, nos cidadãos que diariamente utilizam transporte coletivo ou perdem horas no trânsito. Há uma avaliação do governo que as pessoas abandonaram os movimentos de rua por causa da violência que tomou conta das manifestações, não porque têm a sensação de que tudo está melhor. Daí, a preocupação de que a massa retome seu poder de mobilização ao perceber um estopim forte, como ocorreu por causa do aumento do preço das passagens de ônibus em São Paulo, espalhando-se por todo o país. Por isso, hoje, o governo tentará mostrar tudo o que tem feito em relação ao tema educação. Vem aí a lembrança do Alfabetização na Idade Certa, do Prouni, do Ciência sem Fronteiras, que leva milhares de jovens brasileiros a estudar no exterior. Pelo menos, no que se refere à mobilização de rua, percebe-se que o governo não está de “salto alto”.
Enquanto isso, no Congresso…
A resposta da presidente ontem em Itajubá sobre as eleições do ano que vem, a respeito de “salto alto” foi vista por muitos como um recado dela ao próprio partido. Dilma, que já havia sido ríspida com o marqueteiro João Santana por causa da entrevista em que ele se referiu à oposição como “anões”, passou uma determinação geral ao governo para que deixem os comentários sobre as eleições de lado e tratem de trabalhar em prol do projeto de governo. Embora ela não repita a frase de Eduardo Campos — “para ter 2014 é preciso ganhar 2013” —, a presidente tem plena consciência de que só chegará à reeleição se governar a contento ou, ao menos, passar a ideia de que está nesse caminho.
Na avaliação de assessores palacianos, quem está mais de “salto alto” hoje é o próprio partido da presidente. Aliás, desde que Dilma apresentou vários pontos de melhoria de intenção de voto, os petistas ampliaram seus movimentos em defesa da candidatura própria para governos estaduais. Até mesmo em Minas Gerais, onde o PMDB esperava ter a vice, ou contava com o apoio a um dos seus, os petistas agora pensam em deslocar Josué Alencar, filho do ex-presidente José Alencar, para o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comercio de forma a atrair mais empresários para a campanha de Dilma.
O PMDB, entretanto, já fez chegar que, se Dilma escolher Josué, será na quota pessoal. Isso, somada à perspectiva de a presidente arrumar um lugar no primeiro escalão para o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, estará reaberta a temporada em que os ministros peemedebistas chegam mais pelas mãos da própria Dilma do que pelo partido. Obviamente, será mais um fator para jogar parte do PMDB no colo do senador Aécio Neves ou no do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Ambos estão hoje na estrada, prontos para acolher aqueles que o PT desprezar. E, diante de uma base tão grande e do fantasma das ruas, alguma coisa a oposição certamente colherá.
E na Comissão Mista…
Finalmente, está prevista para esta semana a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), ainda que não se feche um acordo sobre o Orçamento Impositivo para as emendas dos deputados e senadores. A LDO é um “dever de casa” em atraso desde julho deste ano. E é necessária para a apreciação do Orçamento de 2014, que já está no Congresso. Pelo andar da carruagem, chegaremos ao Natal sem o Orçamento do ano que vem aprovado. Tristeza.
A resposta da presidente Dilma sobre ninguém poder ir de "salto alto" para a eleição foi um recado direto ao PT e aos auxiliares que repetem a todo instante que ela tem tudo para vencer no primeiro turno. Até porque o fantasma das manifestações e a insatisfação dos aliados não foram dissipados
Com a agenda eleitoral para lá de antecipada, todo e qualquer movimento é acompanhado com uma lupa por parte do governo federal. As manifestações dos trabalhadores no Dia do Professor não fogem à regra. Esse tema, invariavelmente, é motivo de empurra-empurra por parte das autoridades. O governo federal joga a responsabilidade para o estado que transfere o que pode aos municípios. E a qualidade do ensino continua em baixa assim como os salários dos mestres.
O temor do governo federal, entretanto, é que esses movimentos dos professores terminem por provocar um movimento parecido com aquele de junho, quando os jovens tomaram as ruas. Em Brasília, a mobilização daquela temporada chegou a reunir 30 mil na Esplanada. Coincidentemente, foi também o período de avaliação mais baixa da presidente Dilma Rousseff. Agora, ela se recupera, mas o fantasma das mobilizações ainda assusta os Três Poderes.
Quem acompanha o dia a dia, percebe que existe uma insatisfação latente nos supermercados, nos pacientes dos hospitais, nos cidadãos que diariamente utilizam transporte coletivo ou perdem horas no trânsito. Há uma avaliação do governo que as pessoas abandonaram os movimentos de rua por causa da violência que tomou conta das manifestações, não porque têm a sensação de que tudo está melhor. Daí, a preocupação de que a massa retome seu poder de mobilização ao perceber um estopim forte, como ocorreu por causa do aumento do preço das passagens de ônibus em São Paulo, espalhando-se por todo o país. Por isso, hoje, o governo tentará mostrar tudo o que tem feito em relação ao tema educação. Vem aí a lembrança do Alfabetização na Idade Certa, do Prouni, do Ciência sem Fronteiras, que leva milhares de jovens brasileiros a estudar no exterior. Pelo menos, no que se refere à mobilização de rua, percebe-se que o governo não está de “salto alto”.
Enquanto isso, no Congresso…
A resposta da presidente ontem em Itajubá sobre as eleições do ano que vem, a respeito de “salto alto” foi vista por muitos como um recado dela ao próprio partido. Dilma, que já havia sido ríspida com o marqueteiro João Santana por causa da entrevista em que ele se referiu à oposição como “anões”, passou uma determinação geral ao governo para que deixem os comentários sobre as eleições de lado e tratem de trabalhar em prol do projeto de governo. Embora ela não repita a frase de Eduardo Campos — “para ter 2014 é preciso ganhar 2013” —, a presidente tem plena consciência de que só chegará à reeleição se governar a contento ou, ao menos, passar a ideia de que está nesse caminho.
Na avaliação de assessores palacianos, quem está mais de “salto alto” hoje é o próprio partido da presidente. Aliás, desde que Dilma apresentou vários pontos de melhoria de intenção de voto, os petistas ampliaram seus movimentos em defesa da candidatura própria para governos estaduais. Até mesmo em Minas Gerais, onde o PMDB esperava ter a vice, ou contava com o apoio a um dos seus, os petistas agora pensam em deslocar Josué Alencar, filho do ex-presidente José Alencar, para o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comercio de forma a atrair mais empresários para a campanha de Dilma.
O PMDB, entretanto, já fez chegar que, se Dilma escolher Josué, será na quota pessoal. Isso, somada à perspectiva de a presidente arrumar um lugar no primeiro escalão para o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, estará reaberta a temporada em que os ministros peemedebistas chegam mais pelas mãos da própria Dilma do que pelo partido. Obviamente, será mais um fator para jogar parte do PMDB no colo do senador Aécio Neves ou no do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Ambos estão hoje na estrada, prontos para acolher aqueles que o PT desprezar. E, diante de uma base tão grande e do fantasma das ruas, alguma coisa a oposição certamente colherá.
E na Comissão Mista…
Finalmente, está prevista para esta semana a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), ainda que não se feche um acordo sobre o Orçamento Impositivo para as emendas dos deputados e senadores. A LDO é um “dever de casa” em atraso desde julho deste ano. E é necessária para a apreciação do Orçamento de 2014, que já está no Congresso. Pelo andar da carruagem, chegaremos ao Natal sem o Orçamento do ano que vem aprovado. Tristeza.
Réguas ideológicas - HÉLIO SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 15/10
SÃO PAULO - Deu no Datafolha que a ideologia interfere pouco na decisão de voto do eleitor. Embora o questionário do instituto mostre que 30% da população podem ser catalogados como de esquerda --enquanto a direita arrebanha 49%--, o PT, partido considerado de esquerda, vem governando o país desde 2003 e é o franco favorito para 2014. Como explicar o paradoxo?
Uma possibilidade é que nossa régua, que marca certos conjuntos de posições como esquerdistas ou direitistas, já não funcione tão bem. Esses conceitos eram suficientemente informativos quando surgiram na França pré-revolucionária do século 18. Os grupos que sentavam à direita da cadeira reservada ao rei na Assembleia (nobres e clero) defendiam as teses conservadoras, e quem se sentava à esquerda (a burguesia) queria mudanças. A distinção era nítida e dava conta dos principais dilemas políticos. O problema é que o mundo ficou mais sofisticado e essa dicotomia, embora satisfaça nosso apetite por classificar, não traduz nuances que ganharam importância.
O psicólogo Jonathan Haidt propõe que a ideologia seja decomposta em seis dimensões, às quais corresponderiam seis sentimentos básicos: proteção, justiça, liberdade, lealdade, autoridade e santidade (pureza). Eles constituiriam uma espécie de tabela periódica do instinto moral. O mapa ético de cada indivíduo seria uma combinação de diferentes proporções desses "ingredientes".
A esquerda se refere quase que exclusivamente aos dois primeiros: ajudar quem precisa e promover a igualdade. Já a direita destaca também ideias derivadas dos outros quatro: valorização do indivíduo, patriotismo, respeito à hierarquia e à religião.
Essa categorização ajuda a explicar não só por que pessoas com algumas ideias bem conservadoras votam no PT como também por que o partido parou de falar em liberação do aborto, legalização das drogas e outros temas que lhe eram caros.
SÃO PAULO - Deu no Datafolha que a ideologia interfere pouco na decisão de voto do eleitor. Embora o questionário do instituto mostre que 30% da população podem ser catalogados como de esquerda --enquanto a direita arrebanha 49%--, o PT, partido considerado de esquerda, vem governando o país desde 2003 e é o franco favorito para 2014. Como explicar o paradoxo?
Uma possibilidade é que nossa régua, que marca certos conjuntos de posições como esquerdistas ou direitistas, já não funcione tão bem. Esses conceitos eram suficientemente informativos quando surgiram na França pré-revolucionária do século 18. Os grupos que sentavam à direita da cadeira reservada ao rei na Assembleia (nobres e clero) defendiam as teses conservadoras, e quem se sentava à esquerda (a burguesia) queria mudanças. A distinção era nítida e dava conta dos principais dilemas políticos. O problema é que o mundo ficou mais sofisticado e essa dicotomia, embora satisfaça nosso apetite por classificar, não traduz nuances que ganharam importância.
O psicólogo Jonathan Haidt propõe que a ideologia seja decomposta em seis dimensões, às quais corresponderiam seis sentimentos básicos: proteção, justiça, liberdade, lealdade, autoridade e santidade (pureza). Eles constituiriam uma espécie de tabela periódica do instinto moral. O mapa ético de cada indivíduo seria uma combinação de diferentes proporções desses "ingredientes".
A esquerda se refere quase que exclusivamente aos dois primeiros: ajudar quem precisa e promover a igualdade. Já a direita destaca também ideias derivadas dos outros quatro: valorização do indivíduo, patriotismo, respeito à hierarquia e à religião.
Essa categorização ajuda a explicar não só por que pessoas com algumas ideias bem conservadoras votam no PT como também por que o partido parou de falar em liberação do aborto, legalização das drogas e outros temas que lhe eram caros.
Republicanos: os homens-bomba da América - ARNALDO JABOR
O Estado de S.Paulo - 15/10
Estamos vendo hoje a loucura da América republicana. Eles topam destruir o país para impedir um bom governo para o Obama. Os republicanos estão provando que são os homens-bomba americanos. Morrem junto com o calote da dívida, com a crise profunda que estão programando, mas nem se tocam. Não conseguem aceitar o plano de saúde, uma espécie de SUS, o "Obamacare", para proteger 30 milhões de americanos que não têm seguro-saúde.
Eu já morei nos EUA, antes dos anos 60, no coração da "América profunda", na Flórida, e vi como o americano médio tem a "alma republicana". A cidade era igual aquela do Truman Show. As ruas, pessoas, rituais, sorrisos e lágrimas, tudo parecia programado por uma máquina social obsessiva. A vida e morte eram padronizadas, previstas: abraços gritados, roupas iguais, torcidas histéricas no beisebol, finais felizes, alegrias obrigatórias, formando uma missão comunitária cheia de fé, como um carrossel de certezas girando para um futuro garantido. A violência dos alunos me assustava. Eu era um "nerd" comprido e meio bobo nos meus 15 anos de virgindade, e me chocava com as botas de cowboy marchetadas de estrelas de prata, as facas de mola ("switch blades") de onde a lâmina pulava, os casacos de couro negro que já vestiam a chamada "juventude transviada", uma rebeldia reacionária e "republicana" dos anos de Eisenhower. Vi brigas de ferozes galalaus se arrebentando até o sangue no focinho e o desmaio, onde nem os diretores do colégio podiam interferir, pelo sagrado direito da porrada, na cultura de vaqueiros e pioneiros. Não havia espaço para dúvidas naquela cidade, mas dava para sentir que aquela solidez de certezas, se rompida, provocaria um grave desastre.
Os ídolos da época eram Elvis Presley rebolando na TV e James Dean, cadáver presente nos gestos e roupas. Pairava um clima de intolerância entre os próprios brancos; eram os fortes contra os fracos, eram as meninas bonitas contra as feias, eram as sérias contra as "galinhas". Eu, turista tropical, era um tipo misterioso; tímido, fraco, mas, como era estrangeiro e falava bem inglês, provocava um respeito cauteloso e os machões me poupavam por minha habilidade em dar-lhes "cola" em "spelling", soletrando palavras de raiz latina que, para eles, eram enigmas.
Algumas meninas saíram comigo para beijos na boca e nada mais, claro. Mas, Brenda, mais pirada e sexy, me largou e sumiu com Warren Caputo, italiano que tinha um "hot rod" com pneus de trator. Eu não era "legível" para eles. Eu navegava naquela cultura obsessiva e, bem ou mal, conseguira namorar Melinda Mills, loura pálida, filha de um "ex-marine" que estivera no Rio durante a guerra e que me mostrou um cartão postal do Mangue, onde ele certamente conhecera a Zona e as polacas. Melinda me amava, ela também frágil e boba, e nos beijávamos no cinema onde assistimos An Affair to Remember - lembro-me.
Mas, havia uma outra América dentro da cidade: os negros. Eles passavam de cabeça baixa, o rosto torcido de humilhação, num ódio sufocado e inútil. Amontoavam-se no fundo dos ônibus, em pé, mesmo com os carros vazios e moravam num bairro de madeira e terra, perto do braço de mar onde os barcos pesqueiros de camarão fediam. Aquela injustiça me espantava pela falta total de compaixão, eu que vinha de babás negras me beijando, eu que amava as mulatas cariocas lindas que já povoavam meus desejos aos 15 anos. Eu só via gente negra moldada pelo sofrimento e exclusão, disformes, deprimidos, frágeis mulheres engelhadas, jovens pretos trêmulos e esfarrapados. No ônibus amarelo do colégio, meus colegas louros, ruivos e brutos berravam contra os negros que passavam: "Hey, 'nigger', por que teu nariz é tão chato? Hey, 'nigger', por que teu cabelo é pixaim?". Depois, na época da "integração racial", vi os mesmos negros sendo espancados pela ousadia de se banhar em piscinas públicas, onde aqueles brancos do meu passado jogavam ácido para queimá-los.
Eu tinha medo era dos brancos.
Até que, um dia, chegou a notícia devastadora. Tinha subido aos céus o satélite russo, o "Sputnik", girando como uma bola de basquete em órbita da Terra. Pânico na cidade. Desde 49, quando a Guerra Fria começou, com a explosão da bomba H pelos soviéticos, destronando a liderança dos destruidores de Hiroshima, os americanos esperavam outra catástrofe que viria quase como um filme de ficção cientifica como a A Invasão dos Feijões Gigantes. Em minutos, a cidade parecia um campo de refugiados, de perdedores, com cabeças inchadas, humilhados pelos comunistas invasores. No colégio, começaram "fire drills" incessantes, alarmes evacuando os alunos para porões e abrigos atômicos. O então senador Lyndon Jonhson berrou: "Brevemente estarão jogando bombas atômicas sobre nós, como pedras caindo do céu..."
No alto, o satélite Sputnik humilhava os americanos, com seus "bip bips" como gargalhadas de extraterrestre. A partir desse dia, lá em baixo, na cidadezinha da Flórida, eu mudei. Não para mim, mas para os outros.
Os colegas porradeiros me investigaram com perguntas: "Que você acha? Teu país gosta dos russos?". Eu tremia e escondia minha vaga admiração juvenil pelo socialismo. Eles me olhavam desconfiados: brasileiro, latino, sabe-se lá? Depois disso, não me pediam mais cola de palavras, mal me olhavam. O pai de Melinda, putanheiro do Mangue, não me cumprimentou de sua poltrona esfiapada. Melinda ficou mais pálida e nosso namoro definhou. Há muitos anos, eu vi o "choque e pavor" da América profunda. Essa era a época da chamada "silent generation", passiva e ignorante. Sua reação é a mesma dos fundamentalistas do "Tea Party" hoje. Sempre que algo acontece fora de seu controle, eles bloqueiam o presente e querem voltar ao passado. São mais perigosos que os islamitas guerreiros, que explodem trens e aviões, mas não destroem a economia mundial por rancor, vingança e racismo, como os pequenos canalhas que humilhavam os negros na Flórida quando eu apareci por lá. Vamos aguardar os idos de novembro, quando uma nova recessão pode ameaçar o Ocidente.
Estamos vendo hoje a loucura da América republicana. Eles topam destruir o país para impedir um bom governo para o Obama. Os republicanos estão provando que são os homens-bomba americanos. Morrem junto com o calote da dívida, com a crise profunda que estão programando, mas nem se tocam. Não conseguem aceitar o plano de saúde, uma espécie de SUS, o "Obamacare", para proteger 30 milhões de americanos que não têm seguro-saúde.
Eu já morei nos EUA, antes dos anos 60, no coração da "América profunda", na Flórida, e vi como o americano médio tem a "alma republicana". A cidade era igual aquela do Truman Show. As ruas, pessoas, rituais, sorrisos e lágrimas, tudo parecia programado por uma máquina social obsessiva. A vida e morte eram padronizadas, previstas: abraços gritados, roupas iguais, torcidas histéricas no beisebol, finais felizes, alegrias obrigatórias, formando uma missão comunitária cheia de fé, como um carrossel de certezas girando para um futuro garantido. A violência dos alunos me assustava. Eu era um "nerd" comprido e meio bobo nos meus 15 anos de virgindade, e me chocava com as botas de cowboy marchetadas de estrelas de prata, as facas de mola ("switch blades") de onde a lâmina pulava, os casacos de couro negro que já vestiam a chamada "juventude transviada", uma rebeldia reacionária e "republicana" dos anos de Eisenhower. Vi brigas de ferozes galalaus se arrebentando até o sangue no focinho e o desmaio, onde nem os diretores do colégio podiam interferir, pelo sagrado direito da porrada, na cultura de vaqueiros e pioneiros. Não havia espaço para dúvidas naquela cidade, mas dava para sentir que aquela solidez de certezas, se rompida, provocaria um grave desastre.
Os ídolos da época eram Elvis Presley rebolando na TV e James Dean, cadáver presente nos gestos e roupas. Pairava um clima de intolerância entre os próprios brancos; eram os fortes contra os fracos, eram as meninas bonitas contra as feias, eram as sérias contra as "galinhas". Eu, turista tropical, era um tipo misterioso; tímido, fraco, mas, como era estrangeiro e falava bem inglês, provocava um respeito cauteloso e os machões me poupavam por minha habilidade em dar-lhes "cola" em "spelling", soletrando palavras de raiz latina que, para eles, eram enigmas.
Algumas meninas saíram comigo para beijos na boca e nada mais, claro. Mas, Brenda, mais pirada e sexy, me largou e sumiu com Warren Caputo, italiano que tinha um "hot rod" com pneus de trator. Eu não era "legível" para eles. Eu navegava naquela cultura obsessiva e, bem ou mal, conseguira namorar Melinda Mills, loura pálida, filha de um "ex-marine" que estivera no Rio durante a guerra e que me mostrou um cartão postal do Mangue, onde ele certamente conhecera a Zona e as polacas. Melinda me amava, ela também frágil e boba, e nos beijávamos no cinema onde assistimos An Affair to Remember - lembro-me.
Mas, havia uma outra América dentro da cidade: os negros. Eles passavam de cabeça baixa, o rosto torcido de humilhação, num ódio sufocado e inútil. Amontoavam-se no fundo dos ônibus, em pé, mesmo com os carros vazios e moravam num bairro de madeira e terra, perto do braço de mar onde os barcos pesqueiros de camarão fediam. Aquela injustiça me espantava pela falta total de compaixão, eu que vinha de babás negras me beijando, eu que amava as mulatas cariocas lindas que já povoavam meus desejos aos 15 anos. Eu só via gente negra moldada pelo sofrimento e exclusão, disformes, deprimidos, frágeis mulheres engelhadas, jovens pretos trêmulos e esfarrapados. No ônibus amarelo do colégio, meus colegas louros, ruivos e brutos berravam contra os negros que passavam: "Hey, 'nigger', por que teu nariz é tão chato? Hey, 'nigger', por que teu cabelo é pixaim?". Depois, na época da "integração racial", vi os mesmos negros sendo espancados pela ousadia de se banhar em piscinas públicas, onde aqueles brancos do meu passado jogavam ácido para queimá-los.
Eu tinha medo era dos brancos.
Até que, um dia, chegou a notícia devastadora. Tinha subido aos céus o satélite russo, o "Sputnik", girando como uma bola de basquete em órbita da Terra. Pânico na cidade. Desde 49, quando a Guerra Fria começou, com a explosão da bomba H pelos soviéticos, destronando a liderança dos destruidores de Hiroshima, os americanos esperavam outra catástrofe que viria quase como um filme de ficção cientifica como a A Invasão dos Feijões Gigantes. Em minutos, a cidade parecia um campo de refugiados, de perdedores, com cabeças inchadas, humilhados pelos comunistas invasores. No colégio, começaram "fire drills" incessantes, alarmes evacuando os alunos para porões e abrigos atômicos. O então senador Lyndon Jonhson berrou: "Brevemente estarão jogando bombas atômicas sobre nós, como pedras caindo do céu..."
No alto, o satélite Sputnik humilhava os americanos, com seus "bip bips" como gargalhadas de extraterrestre. A partir desse dia, lá em baixo, na cidadezinha da Flórida, eu mudei. Não para mim, mas para os outros.
Os colegas porradeiros me investigaram com perguntas: "Que você acha? Teu país gosta dos russos?". Eu tremia e escondia minha vaga admiração juvenil pelo socialismo. Eles me olhavam desconfiados: brasileiro, latino, sabe-se lá? Depois disso, não me pediam mais cola de palavras, mal me olhavam. O pai de Melinda, putanheiro do Mangue, não me cumprimentou de sua poltrona esfiapada. Melinda ficou mais pálida e nosso namoro definhou. Há muitos anos, eu vi o "choque e pavor" da América profunda. Essa era a época da chamada "silent generation", passiva e ignorante. Sua reação é a mesma dos fundamentalistas do "Tea Party" hoje. Sempre que algo acontece fora de seu controle, eles bloqueiam o presente e querem voltar ao passado. São mais perigosos que os islamitas guerreiros, que explodem trens e aviões, mas não destroem a economia mundial por rancor, vingança e racismo, como os pequenos canalhas que humilhavam os negros na Flórida quando eu apareci por lá. Vamos aguardar os idos de novembro, quando uma nova recessão pode ameaçar o Ocidente.
Faca de dois gumes - ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP - 15/10
BRASÍLIA - Enquanto Marina Silva já chegou na campanha de Eduardo Campos enxotando os ruralistas, Lula não poupa energia atraindo a direita para Dilma. Trata-se do pragmatismo de Lula versus o dogmatismo da ex-senadora.
Ao chutar a canela do deputado Ronaldo Caiado, líder ruralista e do DEM, Marina afugentou o poderoso, organizado e rico setor rural brasileiro. Ao menos cinco entidades nacionais e dezenas de regionais saíram em defesa de Caiado, contra Marina --o que, a esta altura, é contra Campos. Ele deve estar arrancando os últimos cabelos que lhe restam e gastando muita lábia para reduzir as perdas.
Já Lula e Dilma estão bem com a direita e o agronegócio. Têm o apoio da senadora Kátia Abreu, presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), e conquistaram José Batista Júnior, do frigorífico JBS-Friboi, e Maurilio Biagi, do PR, cotado até para ser vice do petista Alexandre Padilha em São Paulo. Sem contar o megaempresário Josué Gomes da Silva, filho do vice de Lula, José Alencar, com enorme potencial político.
O Planalto e o PT sentiram o golpe da aliança de Marina com Campos, um lance político genial. Entretanto, já nos primeiros movimentos e manifestações de Marina, a turma começou a respirar um tanto aliviada e muitos petistas até se divertiram imaginando as agruras de Campos para minorar os estragos causados pela ousada neoaliada.
Cercada por uma aura de pureza e boas intenções, uma das fundadoras do PT e ex-ministra do governo Lula, Marina é uma faca de dois gumes para o PSB: certamente traz votos e dá robustez à dissidência governista, mas precisa se conter para não se transformar num Itamar Franco de Eduardo Campos.
Vice de Fernando Collor, Itamar tinha grandes qualidades, mas reclamava de tudo, ameaçava renunciar dia sim, dia não e, no fim, foi parar na primeira fila dos que puxaram o tapete do então presidente. Ah! E assumiu a Presidência no lugar dele.
BRASÍLIA - Enquanto Marina Silva já chegou na campanha de Eduardo Campos enxotando os ruralistas, Lula não poupa energia atraindo a direita para Dilma. Trata-se do pragmatismo de Lula versus o dogmatismo da ex-senadora.
Ao chutar a canela do deputado Ronaldo Caiado, líder ruralista e do DEM, Marina afugentou o poderoso, organizado e rico setor rural brasileiro. Ao menos cinco entidades nacionais e dezenas de regionais saíram em defesa de Caiado, contra Marina --o que, a esta altura, é contra Campos. Ele deve estar arrancando os últimos cabelos que lhe restam e gastando muita lábia para reduzir as perdas.
Já Lula e Dilma estão bem com a direita e o agronegócio. Têm o apoio da senadora Kátia Abreu, presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), e conquistaram José Batista Júnior, do frigorífico JBS-Friboi, e Maurilio Biagi, do PR, cotado até para ser vice do petista Alexandre Padilha em São Paulo. Sem contar o megaempresário Josué Gomes da Silva, filho do vice de Lula, José Alencar, com enorme potencial político.
O Planalto e o PT sentiram o golpe da aliança de Marina com Campos, um lance político genial. Entretanto, já nos primeiros movimentos e manifestações de Marina, a turma começou a respirar um tanto aliviada e muitos petistas até se divertiram imaginando as agruras de Campos para minorar os estragos causados pela ousada neoaliada.
Cercada por uma aura de pureza e boas intenções, uma das fundadoras do PT e ex-ministra do governo Lula, Marina é uma faca de dois gumes para o PSB: certamente traz votos e dá robustez à dissidência governista, mas precisa se conter para não se transformar num Itamar Franco de Eduardo Campos.
Vice de Fernando Collor, Itamar tinha grandes qualidades, mas reclamava de tudo, ameaçava renunciar dia sim, dia não e, no fim, foi parar na primeira fila dos que puxaram o tapete do então presidente. Ah! E assumiu a Presidência no lugar dele.