sexta-feira, fevereiro 08, 2013

Vem pro bloco, Zeca - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 08/02

Todo Carnaval tem um profeta do apocalipse. O deste ano é o sambista Zeca Pagodinho ("Entrevista da 2ª" ): "Não tem mais Carnaval, acabaram com o que é da cultura, roubaram tudo", diz ele. "Não há mais bailes nem enfeites pelas ruas do Rio. [...] Antigamente, o subúrbio era coisa enfeitada. Tinha coreto, baile infantil nos clubes. Também não tem mais clubes. [...] No meu bairro, em Del Castilho, tinham as cornetas. A gente ouvia as músicas de Carnaval. Era um Carnaval. Não tem mais."

Por sorte, Zeca tem para onde se virar: "Vou pra casa de um amigo em Xerém. Levo as crianças. [...] Contrato uma bandinha, enfeito tudo como se fosse o Carnaval antigo, e as crianças se fantasiam: 'Mamãe Eu Quero', 'Índio Quer Apito'. E a Mônica [sua mulher] vai fazer pipoca, cachorro-quente, batata frita. Enfim, o Carnaval. Com confete, serpentina, tudo".

Não quero desapontar o Zeca, mas periga suas crianças irem lá para dentro assistir a desenho animado, enquanto ele come pipoca, toca corneta e brinca em 2013 o Carnaval da sua infância. E ele se complica ao dizer que a televisão deveria passar "não só o Carnaval da avenida [o das escolas], mas o da [avenida] Rio Branco, bloco, as crianças fantasiadas com o pai levando para ver os blocos". Afinal, tem bloco e Carnaval de rua ou não tem?

Deve ter. Neste ano, a Prefeitura do Rio precisou limitar os blocos a cerca de 450 e regulamentar suas cerca de mil saídas pelos próximos dez dias, para evitar os nós no trânsito. O Carnaval de rua da Zona Sul, quase inexistente no tempo do Zeca, é hoje um fenômeno, com muita gente fantasiada. O do Centro já voltou --vide o Bola Preta, que atrai mais de 1 milhão de pessoas-- e o da Zona Norte também começa a lembrar seus grandes dias.

Os dias em que Zeca era jovem e saía à rua para brincar o Carnaval.

No Bonete, ganhei o BBB - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO

O Estado de S.Paulo - 08/02

Como nas quermesses da infância, quando comprávamos números e ficávamos com o coração nas mãos, torcendo para ganhar na roleta um frango assado, um bolo, um brinquedo, Jair, o cantador das pedras, ia anunciando os números. Eu ouvia e me lembrava também do tempo em que jogava tombola na juventude: dois patinhos na lagoa, 22; dois machados num pau só, 11; idade de Cristo, 33; quá-quá-quá, 44; o mesmo número de qualquer lado, 8; começo do jogo, 1. Naquela época havia um número que provocava risos: é ele ou é ela? 24. O veado no jogo de bicho.

Não se diz mais tombola, é bingo. As cartelas são de papel, você marca com giz de cera, caneta, ou fura com palito de dente. As vendedoras de cartelas para cada rodada entregavam um palito para quem não tinha. Era o bingo do Dia de São Sebastião na Praia Grande do Bonete, em Caraguatatuba. Dia sagrado para minha família, o 20 de janeiro é também aniversário da Rita, minha filha. Da última vez, dois anos atrás, entramos, sentamos, as pedras começaram a ser cantadas. Na quinta, Rita saltou: "Deu aqui!" Um espanto, isso é raro. Levamos para casa um bolo de chocolate delicioso. Voltamos este ano decididos a repetir. O bolo de chocolate saiu para outro. Mas havia uma atração, um bolo de banana. Tudo coisa feita em casa. Cada morador leva uma prenda (assim se diz). Bordados, toalhas, tortas, pacotes de cerveja, boas cachaças. O início é marcado por rojões. Ao ouvir os estouros, todos deixam as casas e vão para o Tablado.

Não ganhar na primeira não significa desistir. Nosso grupo era de seis pessoas, comprávamos duas cartelas de cada vez. Tínhamos sido os primeiros a chegar ao Tablado, onde a comunidade se reúne para tudo - bingo, rezas, reuniões. No domingo de manhã, a convite de Renilva Norma Guimarães, mulher do barqueiro Zezinho - um campeão das corridas de barco do dia do santo -, fiz uma conversa sobre literatura. Havia locais, havia turistas, ou seja, nós, os poucos de fora, que alugam as raras casas disponíveis. O lugar é preservado, as praias são desertas, limpas, sem barracas de caipirinhas, sem salgados, sem churrascos, sem farofas, sem jet skis.

Areia, mar, beleza e sossego. O silêncio é cortado vez ou outra pelos barcos que vão até Ruínas da Lagoinha buscar ou levar alguém. Quem quer beber vai ao Barcoiris, onde há iscas de peixe, lulas, comidinhas e integração. Foi ali que recebi o livro com casos sobre o Bonete (e a história do lugar), escrito pelo Roberto Cury, médico que frequenta há décadas, tem casa ali. Na minha fala me vi frente a frente com algumas saíras. É como são denominadas as mulheres caiçaras que preservam tradições e fazem artesanato. Saíras são os pássaros coloridos que se aproximam quando deixamos frutas na varanda, no jardim. Sossego, barulho do mar, a imensidão da água.

Os de "fora" são aceitos lentamente. A população (apenas 75 pessoas) é boa, amabilíssima, hospitaleira, mas se contém, é preciso merecer para conquistar. Há um lindo livro sobre o Bonete, fruto de um trabalho organizado por largo tempo (ainda bem que tais pessoas existem) por Ana Carmen Franco Nogueira e Vera Maria Rossetti Ferretti. Ana é mestre em Educação, Arte, História da Cultura e graduada em Artes Plásticas; Vera é mestre em Psicologia Clínica, psicoterapeuta e arteterapeuta. Com tais títulos poderiam ser acadêmicas sensaboronas, de linguagem arrevesada. Que nada! Pé no chão, conversadoras, falam de igual para igual com todo mundo, me lembraram a doce e rígida Ruth Cardoso, uma biografia que amei fazer, mulher insuperável. O trabalho de Ana Carmen e Vera Maria é pura antropologia moderna.

Neste livro, Saíras do Bonete, que podemos encontrar no Xixico, armazém-empório-vende-tudo da Lourdes, está uma história de emoção: como as mulheres caiçaras veem a vida, seus sonhos, o que querem para si e para seus filhos. Adelaide, Ana Rosa, Aurora, Cláudia, Claudineia, Graziela, Inocência, Juliana, Lourdes, Margarida, Michele, Renilva formam uma rede comunitária. Elas aderiram aos encontros com Vera e Ana Carmen dispostas a resgatar valores e culturas adormecidas, além de organizar um grupo forte e unido. A história de cada uma emociona pela força, luta, firmeza, poesia. Ao longo de meses, contaram suas vidas e teceram uma colcha em que cada desenho é um episódio em si, um sonho e um desejo. Esta colcha pode ser uma bandeira do Bonete, comunidade que resiste e se recusa a desaparecer, a ser engolida. Saíras do Bonete. Vozes que querem se fazer ouvir. Elas não sabem, mas fazem parte do grande movimento feminino do mundo, conquistando espaços, lugares, força.

No bingo, quase no final, chegou a hora do bolo de banana cobiçado. Jair, cheio de humor, avisou: e agora, o BBB. Todos olharam, surpresos. BBB? Ele acrescentou: o Bolo de Banana do Bonete. Saiu para nosso grupo. Ao deixarmos o Tablado, um mundo de gente correu para nosso banco, afinal, levávamos quatro prendas. Banco da sorte.

Na Lapa com Ruy Castro - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 08/02

Ninguém usaria da cartada "Sabe com quem está falando?" com o glorioso maître Ronaldo do Copa


Ele já se tornou um colosso de Rodes do colunismo e não precisa que ninguém saia em sua defesa. O faço apenas pela cruzada que nos une, a sangrenta batalha contra o mau humor, e os muitos detratores que sua coluna da última quarta-feira, publicada neste canteiro de obras do caderno Cotidiano, parece ter juntado.

Em texto intitulado "Cliente paulista, garçom carioca", Antonio Prata esquadrinhou as relações entre paulistanos e garçons e constatou que elas quase sempre se dão no âmbito do distanciamento comercial.

Em contraste, concluiu, o cliente carioca não reduz o relacionamento com o garçom a um serviço trivial. Ele não deixa de reconhecer no garçom, que provavelmente já ajudou a enfiar o bundão de Vinícius de Moraes no banco de trás de um táxi ao final de uma noitada, a devida majestade que lhe cabe na ordenação do universo.

Não passaria pela cabeça de um cliente do glorioso maître Ronaldo, que por anos comandou a piscina do Copacabana Palace, usar de inti­midação familiar a quatrocentões e novos ricos paulistas: "Sabe com quem está falando?". Até porque, nem mesmo o segundo ajudante do engraxate que dá ponto ali na frente do Bar do Ernesto, a poucos metros dos Arcos da Lapa, daria a menor pestana se você fosse o príncipe da Pérsia, o sultão de Brunei ou o rei da Cocada Preta.

Dizem que Charlotte Casiraghi, filha de Caroline de Mônaco, ficou estupefata em sua primeira passa­gem pelo Rio e que, por isso, conti­nua voltando a cada verão. A jovem princesa relata que o Rio é a única cidade do mundo onde é tratada co­mo pessoa comum. Na praia, na ba­lada, no calçadão de Ipanema, nun­ca foi abordada por estranhos.

Cariocas são mesmo blasé com fa­mosos, Calvin Klein que o diga. Não vou nem me alongar aqui sobre a mística do doutor e o empregado que se igualam ao se toparem, se­minus, no terreno neutro da praia.

Pois no último fim de semana, an­tes mesmo de ler o que Antonio Prata tinha a dizer, fui esnobada de bom grado por um garçom para lá de decadente do Rio, do tipo que em São Paulo só sobrevive ainda em clube, em bares mais tradicionais ou do centro.

A coisa se deu da seguinte forma: há muito eu vinha me torcendo de inveja do relato de um fim de sema­na sob as bênçãos do Corcovado que meu diretor na Bandnews FM, André Luiz Costa, e sua mulher, a apresentadora da Globo, Mariana Ferrão, tinham passado na compa­nhia do Ruy Castro.

Com a desculpa de uma efeméride compartilhada, consegui persuadir Ruy e sua mulher, Heloísa Seixas, a nos agraciar com o mesmo mimo.

Os sebos da rua do Ouvidor, a primeira casa em que Carmen Miranda morou ao chegar ao Brasil (Ruy, sabemos, é seu biógrafo) e uma visita ao prédio do extinto Correio da Manhã, em que nosso "guia turístico" trabalhou com Francis. Só faltou mesmo passar na casa da Danuza para tomar um suquinho.

Fechamos com almoço no Cosmopolita, o restaurante que deu ao mundo o filé Oswaldo Aranha. O "aplomb" do garçom, para desgosto do Antonio Prata, destoava do cenário, intocado (a não ser talvez por cupins) desde a transferência da capital para Brasília.

Ainda assim, chamou a atenção o uniforme puído e a cara amarrada do indivíduo que jogou várias batatas da travessa inox para cima do meu prato de uma vez só.

Seja como for, ele inspirava mais respeito que os universitários que tiram pedido nos restaurantes da moda dos Jardins. Casas que a gente sempre deixa com a ligeira suspeita de que o principal ramo de atividade ali desenvolvido talvez esteja menos relacionado à gastronomia e mais ligado à tinturaria. De dinheiro.

O que o Senado quer - LUIZ GARCIA

O GLOBO - 08/02

Todo colegiado, ou quase todo, alimenta o vício do coleguismo em graus variados. É uma consequência, dizem os observadores benevolentes, da convivência diária. Já os pessimistas definem o fenômeno como uma espécie de pacto de proteção mútua.
Quem quiser que escolha a sua definição do fenômeno. Ele acaba de ocorrer no Senado Federal, que reconduziu à sua presidência, por voto secreto (o que pode, quem sabe, ajudar a explicar o fenômeno), o político alagoano Renan Calheiros, do PMDB.
Se alguém na plateia já esqueceu - o que, no Senado é absolutamente impossível que tenha acontecido -, o político alagoano, cinco anos atrás, o que não é tempo suficiente para apagar a memória dos senadores, foi forçado a renunciar ao cargo debaixo de uma desmoralizante acusação, nunca desmentida.
Ele tivera uma amante, Mônica Veloso, e com ela uma filha (o que não é considerado pecado vergonhoso, no Senado Federal ou na sociedade em geral), que recebia uma pensão de R$ 12 mil mensais da empreiteira Mendes Júnior. Como a moça jamais prestara qualquer serviço a essa poderosa firma, resta ao pessoal da arquibancada decidir se a empreiteira tem uma política generosa de amparo a mães solteiras, ou se pagava uma dívida - de natureza não revelada, mas sujeita a definições alarmantes - com o pai da criança.
O caso amoroso é apenas um detalhe na biografia de Renan. Aventuras extraconjugais não são raras na vida pública. Mas a pensão paga pela empreiteira certamente provoca uma séria desconfiança de relações peculiares - para usar um eufemismo ingênuo - entre o senador-amante e a Mendes Júnior. Ele enfrenta, no momento, uma denúncia do procurador-geral da República, que o acusa de ter usado notas fiscais frias para justificar o seu patrimônio pessoal.
Os problemas pessoais de Renan talvez causem menor indignação na opinião pública do que algo que o Senado fez na semana passada: por 56 votos contra 18, o que matematicamente inclui votos da oposição, ele ganhou a presidência da Casa pela segunda vez (no primeiro mandato, foi forçado a renunciar sob acusações de corrupção).
Lamentavelmente, dirão os pessimistas, o Senado escolheu um presidente que acha que merece ter.
Todo colegiado, ou quase todo, alimenta o vício do coleguismo em graus variados. É uma consequência, dizem os observadores benevolentes, da convivência diária. Já os pessimistas definem o fenômeno como uma espécie de pacto de proteção mútua.
Quem quiser que escolha a sua definição do fenômeno. Ele acaba de ocorrer no Senado Federal, que reconduziu à sua presidência, por voto secreto (o que pode, quem sabe, ajudar a explicar o fenômeno), o político alagoano Renan Calheiros, do PMDB.
Se alguém na plateia já esqueceu - o que, no Senado é absolutamente impossível que tenha acontecido -, o político alagoano, cinco anos atrás, o que não é tempo suficiente para apagar a memória dos senadores, foi forçado a renunciar ao cargo debaixo de uma desmoralizante acusação, nunca desmentida.
Ele tivera uma amante, Mônica Veloso, e com ela uma filha (o que não é considerado pecado vergonhoso, no Senado Federal ou na sociedade em geral), que recebia uma pensão de R$ 12 mil mensais da empreiteira Mendes Júnior. Como a moça jamais prestara qualquer serviço a essa poderosa firma, resta ao pessoal da arquibancada decidir se a empreiteira tem uma política generosa de amparo a mães solteiras, ou se pagava uma dívida - de natureza não revelada, mas sujeita a definições alarmantes - com o pai da criança.
O caso amoroso é apenas um detalhe na biografia de Renan. Aventuras extraconjugais não são raras na vida pública. Mas a pensão paga pela empreiteira certamente provoca uma séria desconfiança de relações peculiares - para usar um eufemismo ingênuo - entre o senador-amante e a Mendes Júnior. Ele enfrenta, no momento, uma denúncia do procurador-geral da República, que o acusa de ter usado notas fiscais frias para justificar o seu patrimônio pessoal.
Os problemas pessoais de Renan talvez causem menor indignação na opinião pública do que algo que o Senado fez na semana passada: por 56 votos contra 18, o que matematicamente inclui votos da oposição, ele ganhou a presidência da Casa pela segunda vez (no primeiro mandato, foi forçado a renunciar sob acusações de corrupção).
Lamentavelmente, dirão os pessimistas, o Senado escolheu um presidente que acha que merece ter.

Carnaval! É proibido pensar! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 08/02


Neste Carnaval transe com segurança. Segura no meu sexo. Faça sexo seguro, segura aqui, ó! Rarará!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! R. Gaúcho perde pênalti e seleção perde na volta do Felipão!

O Felipão começa na seleção dando continuidade no trabalho que ele fazia no Palmeiras: perdendo! O FelipANTA! E o Ronaldinho Gaúcho bate bem é no pandeiro. O Ronaldinho Gaúcho bate bem, mas não é pênalti. É bronha pela webcam. Rarará!

Eu acho que o Ronaldinho perdeu o pênalti pra não ouvir o Galvão gritando RRRRonaldinho! Só que o Galvão tá mais rouco que a foca da Disney! O Galvão é o Sarney da Globo! Rarará! E o Neymar com aquela gola levantada de mauricinho? Tá parecendo um kiwi albino! Rarará!

E um amigo disse que o Neymar de barba loira e luvinha tá parecendo uma paquita. Rarará! E um outro disse que a seleção do Felipão é como a mulher dele de biquíni: não empolga! Rarará!

E atenção! É hoje! A Grande Festa da Esculhambação Nacional! Como diz o aquele bloco do Rio: "Tá Tudo Certo Pra Dar Merda!". A partir de hoje: é proibido pensar! A não ser que você pretenda passar o Carnaval jogando xadrez!

E as peladas? E as siliconadas do Sambódromo? As duas coisas que mais crescem atualmente no Brasil: a classe C e os peitos! Se um peito daquele explodir, vai ter luta de gel na avenida. O que Deus criou só o silicone segura!

E as duas forças que sustentam o Carnaval do Rio: o bicho e a bicha! O bicho patrocina, e a bicha anima. E, se chover, azar da chuva! E um folião paulista já foi flagrado com 12 DVDs e oito pizzas pra passar o Carnaval. Quarta-feira vai ter devolução em massa! E pra quem vai pegar estrada: boa engarrafolia! Rarará! É mole? É mole, mas é meu!

E os blocos? Adoro os nomes dos blocos! Direto do Recife: Metido a Corno. Eu já vi metido a besta, metido a rico, mas metido a corno só no Recife. E direto de Caiapônia, Goiás: Baixarias Terríveis!.

E aquele do Rio: É Pequeno, Mas Vai Crescer!. O Brasil aguarda! Rarará! E direto de Olinda: Cumêro Mãe. Não sobra nem a mãe no Carnaval! E não se esqueça: neste Carnaval transe com segurança. Segura no meu sexo. Faça sexo seguro, segura aqui, ó! Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza! Aliás, esse "Nóis Sofre, Mas Nóis Goza" é um bloco do Recife. Que eu adotei como filosofia de vida!

E até quarta-feira, patrão!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno! Aliás, eu vou pingar um carro-pipa de colírio alucinógeno!

Imprensa: Contra ou a favor - CARLOS HEITOR CONY

FOLHA DE SP - 08/02

São mais de 60 anos no ofício. Tempo de sobra para aprender os macetes todos e, sabendo manejá-los, assumir a cara e a coragem do vencedor. Mas não deu. Olho-me no espelho e vejo sempre o rosto antigo e perdedor. Seria o caso de me perguntar: onde errei? Qual foi a esquina que eu dobrei errado?

Na verdade, foram tantas as esquinas erradamente dobradas que fica difícil descobrir a esquina fatal. Olhando tudo em conjunto, desconfio que, na soma de tantos e tamanhos erros, alguma coisa deveria dar certo. Como no caso do prêmio da Loteria Federal incansavelmente procurado.

Se durante 40 anos eu tivesse comprado todos os dias um bilhete, talvez tivesse ganho alguma coisa, não digo o maior prêmio, mas algum tipo de consolação que me daria a esperança, o alento para continuar insistindo.

Felizmente --e para diminuir o prejuízo da operação-- houve algum lucro. Duramente aprendi que tudo tem um preço e que não precisava ter me esbofado tanto para lucrar tão pouco.

Outro dia, folheando um jornal ao lado de um amigo tarimbado no mesmo ofício, fomos identificando os lobbies de cada um, o itinerário de cada produção, o roteiro de cada sucesso, o calvário de cada fracasso.

Tudo tão óbvio, tudo tão primário que, de repente, chegamos à conclusão de que não são os jornalistas que fazem o ofício, e sim os lobistas de diversos tamanhos, feitios e intenções.

São eles que pressionam para que determinado ministro apareça mais do que outro, para que determinado artista brilhe mais do que o colega, para que determinado assunto tenha mais peso em determinada edição.

Hora a hora, minuto a minuto, na feitura de um jornal, de uma revista ou na reunião de pauta do departamento de jornalismo das redes de TV, o lobby direto ou indireto, explícito ou camuflado, atua sem trégua, criando estratagemas que vão da garrafa de uísque no Natal ao acesso privilegiado de determinada fonte, passando pelos subornos menores, socialmente tolerados, como o almoço no restaurante caro ou o tapinha nas costas para mostrar intimidade.

No tempo de meu pai, que foi jornalista a vida inteira, a imprensa era subornada com a mesa do lanche que os dirigentes esportivos, que então se chamavam "paredros", promoviam no meio tempo das partidas.

Durante a semana, avisava-se nas Redações que o Fluminense ou o Botafogo ofereceriam um lanche aos "rapazes da imprensa" entre o primeiro e o segundo "half time" --e os ditos rapazes surgiam aflitos e famélicos, em busca dos sanduíches de salame e dos copos de guaraná na generosa boca-livre daqueles tempos.

Hoje, o furo é mais em cima. Em linhas gerais, e apesar das idas e vindas da profissão, a imprensa subiu de nível social e econômico, mas continua gravitando em torno dos ricos e dos poderosos.

A estrutura do poder de tal modo se acomodou à imprensa (a operação contrária também se verificou, com a imprensa se acomodando à classe dirigente) que hoje a Presidência da República, os ministérios, os departamentos de primeiro escalão, os bancos, as administrações estaduais e municipais, as principais empresas e até mesmo os principais indivíduos dispõem de um serviço de assessoramento de imprensa altamente remunerado.

No caso dos jornalistas, nem sempre a sujeira é individual, às vezes é, mas em escala pequena. Ficou famosa a anedota atribuída a Alcindo Guanabara, um dos primeiros jornalistas a integrar a Academia Brasileira de Letras. Hoje, é nome de rua importante no centro do Rio.

Em uma Semana Santa, o editor pediu que Guanabara escrevesse um artigo sobre Jesus Cristo. Alcindo estava consultando o programa do Jóquei Clube, era viciado em apostar nos cavalinhos. Completamente desligado da data religiosa, levantou a cabeça e perguntou: "Contra ou a favor?"

É isso aí. Existem profissões sujas. No caso do jornalismo, a sujeira talvez nem chegue a ser individual (às vezes é, mas em escala pequena).

De uma forma ou de outra, para sobreviver nela é confortador saber que vendemos nossa alma diariamente por um copo de guaraná e um sanduíche de salame.

Às vezes, nem isso.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 08/02

PROLAGOS TERÁ FINANCIAMENTO DO BNDES
Banco aprovou R$ 123 milhões para investimentos na rede de água e coleta de esgoto da Região dos Lagos até 2018

O BNDES aprovou financiamento de R$ 123 milhões para a Prolagos, concessionária de água e esgoto em cinco municípios da Região dos Lagos (RJ). O dinheiro do banco, somado a R$ 41 milhões em recursos dos acionistas, vai custear obras de ampliação da rede de distribuição de água, instalação de 33 quilômetros de adutoras e construção de quatro reservatórios. "Os recursos cobrem os investimentos do período 2013-2018. Só a rede de distribuição de água será aumentada em 500 quilômetros", diz Emerson Bittar, presidente da Prolagos. A empresa tem a concessão dos serviços de saneamento básico em Cabo Frio, Búzios, Arraial do Cabo, São Pedro D"Aldeia e Iguaba Grande. A meta é chegar a 94% de cobertura de água e 80% de captação e tratamento de esgoto na região, até 2018. Uma das obras do pacote de investimentos fica pronta este ano. É a captação no Valão do Aeroporto, em Cabo Frio. Por segundo, 50 litros de esgoto sem tratamento deixarão de ser lançados na Lagoa de Araruama. Hoje, a concessionária recolhe e trata, por dia, 72 milhões de litros de esgoto. Também este ano, dez mil residências do Distrito de Tamoios (Cabo Frio) serão ligados à rede de água.

INSPIRAÇAO GLAM
A cidade praiana de Torres, no Rio Grande do Sul, serviu de cenário para as fotos da coleção de inverno da Folic, batizada de “InstaGlam”. A modelo Regina Krilow posou para o fotógrafo Zee Nunes. A partir de amanhã, as imagens estarão em catálogo. Mês que vem, sairão em impressos e na internet. A grife prevê vender 15% mais.

NÓRDICA
A modelo polonesa Magdalena Jasek, queridinha das grifes Valentino, Marc Jacobs e Balenciaga, estrela a campanha outono-inverno 2013 do Cantão. O preview da coleção “Tribos Nórdicas” chega às lojas na quinta-feira que vem. A peça será veiculada em mídias impressa e on-line. A marca prevê aumento de 15% nas vendas sobre o mesmo período do ano passado. O Cantão tem 45 lojas próprias em 16 estados brasileiros. No Rio, tem 17 pontos de venda. 

Punidos
A ANP apreendeu 1,9 milhão de litros de combustíveis líquidos e 63,4 mil botijões de gás liquefeito de petróleo (GLP) em 2012.O material era vendido irregularmente em todo o Brasil. Os números estão no balanço de fiscalização do mercado de combustíveis que a agência divulga hoje.

De volta
O UBS conclui, até o fim do mês, a aquisição da Link, por R$ 195 milhões. Com isso, poderá atuar no Brasil como banco de investimentos. Após três anos difíceis, o suíço voltou a liderar o ranking de Private Banking, da revista “Euromoney”. Passou o Credit Suisse.

Comprou
O WebMotors, classificados on-line de veículos do Santander, comprou o Meucarango. O site nasceu em Natal (RN) e tem mais de 800 mil acessos mensais. A aquisição ajudará na expansão no Nordeste.

É seguro
A Caixa Seguros passou a oferecer cobertura para caminhão, ônibus, moto, reboque, ambulância, carro de autoescolas e até de funerárias. Antes, segurava só carro de passeio e táxi.

Capitalização
O Itaú Unibanco já pagou, este ano, R$ 2,5 milhões em prêmios a 25 clientes de planos de capitalização. Em 2012, 4.200 sortudos levaram R$ 36 milhões.

Gorjeta
A gorjeta foi excluída da base de cálculo do ICMS pago por bares e restaurantes do Rio. Resolução da Secretaria estadual de Fazenda com a mudança foi publicada no Diário Oficial anteontem. Pleito do SindRio, vai beneficiar 22 mil empresas.

Peixe bom
O Estado do Rio vai certificar o pescado local. Os primeiros selos saem até 2015. Inmetro e secretarias estaduais de Desenvolvimento Econômico e Regional são parceiros na ação para fornecer alimentos sustentáveis nos Jogos 2016.

De ônibus
O site da Rodoviária Novo Rio vendeu 120 mil bilhetes na 2ª quinzena de janeiro. É 40% de aumento sobre igual período de 2012. A página registrou um milhão de acessos em duas semanas. Foi recorde.

LivreMercado
A Apex-Brasil trará ao carnaval do Rio empresas de instrumentos musicais de Itália e México. A caxirola, invenção de Carlinhos Brown para a Copa, atrai interesse. A Anafima, entidade do setor, estima que a Izzo Musical pode exportar 80 milhões de unidades.

Intersport e IMX atraíram R$ 2 milhões para o Rei e Rainha da Praia Embratel, amanhã e domingo.

A Zumba dará aulas de fitness no Camarote Hotel Salvador e no Expresso 2222 no carnaval.

Rider e Ipanema terão totem digital no camarote da Brahma no Rio.

É TUDO
Lenine está na campanha que a MPB FM lança na 2ª quinzena deste mês. Outros dez nomes da música participam, entre eles Alcione, Ana Carolina, Djavan e Frejat. A ação estreia o novo conceito: “MPB é tudo”. A rádio espera elevar em 20%a audiência. A Loja Comunicação assina.

Que beleza
A Beraca faturou R$ 138 milhões em 2012 com a divisão de cosméticos.

É alta de 25% sobre 2011. Com a classe C, prevê crescer dez vezes até 2020.

Circulação
O CENP credenciou a Athros para medir circulação de veículos impressos. Antes, só o IVC fazia a medição.

Cabelo 1
A Lola, de cosméticos para cabelo, lançará a linha Smile. Metade da renda vai para a Smile Train. Dá suporte a crianças com lábio leporino.

Cabelo 2
A Onduladus chegou a Sergipe. Estará em mais seis estados do Nordeste este ano. Prevê dobrar os pontos de venda. Hoje são 1.400.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 08/02

Setor de ópticos espera crescimento de 25% e avanço de estrangeiras em 2013
O mercado de produtos ópticos, como armações e lentes, cresceu 23% em 2012, com faturamento de R$ 19,5 bilhões, de acordo com a Abióptica (associação do setor).

Para este ano, as estimativas indicam uma alta de 25%, segundo Bento Alcoforado, presidente da entidade, graças à elevação no Brasil da regulamentação, da conscientização sobre a saúde ocular e do combate à pirataria.

Entre os 20 milhões de óculos vendidos no país no ano passado, a produção nacional representou 28%.

"Ela já foi de 15% em 2005 e algumas medidas do governo produziram a evolução. Com o aumento da entrada de multinacionais e capital estrangeiro, isso pode chegar a 50% em seis anos", diz.

Além do interesse europeu e americano, Alcoforado cita projetos de instalação de indústrias coreanas no Brasil.

"O Brasil tem uma grande população com deficiência visual e caminha para o envelhecimento. É um mercado a ser explorado. Na Europa, a população já está envelhecida. O crescimento é baixo."

Neste ano, a Essilor pretende produzir mais de 25 milhões de lentes na fábrica do Brasil para atender o mercado nacional e exportar.

A nova marca Lema21, de design nacional e fabricação estrangeira, é um exemplo de ingresso de capital americano aliado a brasileiro.

NO PÓDIO
Com crescimento de 24%, a GE, multinacional americana de infraestrutura que atua no Brasil desde 1919, registrou em 2012 seu melhor resultado no país.

O faturamento de US$ 3,3 bilhões (cerca de R$ 6,5 bilhões) manteve o Brasil como terceiro maior mercado para a companhia no mundo, atrás de Estados Unidos e China.

O avanço abrange contratos em todos os negócios industriais da GE, como um dos maiores da empresa, para a produção de cabeças de poço -equipamento para o setor de petróleo, no valor de US$ 1,1 bilhão.

"O crescimento foi homogêneo em todos os setores, óleo e gás, aviação e saúde. Em todas as áreas onde o crescimento do país nos últimos anos provocou gargalos", afirma o presidente da GE para a América Latina, Reinaldo Garcia.

O executivo cita também a ampliação da equipe de cientistas para o novo centro de pesquisas do Rio de Janeiro, que já tem cem profissionais para o desenvolvimento de inovação.

"A ideia é que esse número de engenheiros e cientistas se multiplique em até quatro vezes nos próximos anos", diz Garcia.

US$ 3,3 bilhões foi o faturamento da empresa no Brasil em 2012

24% foi o crescimento da companhia no país no ano passado, na comparação com 2011

100 é o número de profissionais no centro de pesquisa do RJ

US$ 1,1 bilhão é o valor do contrato do equipamento para o setor de petróleo

CANA-DE-AÇÚCAR CARA
O etanol aumentou em média 1,32% no país em janeiro e ficou mais vantajoso em apenas quatro Estados -São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Goiás-, de acordo com levantamento da Ticket Car.

O litro do combustível ficou em cerca de R$ 2,32, enquanto o valor da gasolina chegou a R$ 2,95. Os melhores preços foram encontrados no Estado de São Paulo.

O etanol deve sofrer um reajuste nos próximos meses devido ao período de entressafra, que costuma diminuir a produção de cana-de-açúcar, segundo Eduardo Lopes, executivo da empresa.

GASTO ÚNICO
Com 6% de crescimento, o gasto médio dos brasileiros que moram sozinhos avançou com menor velocidade em relação à média da população (8%) em 2012, segundo pesquisa da Nielsen.

O levantamento aponta que os consumidores individuais gastam R$ 10,76 por ato de compra e vão 81 vezes em pontos de venda anualmente. A média nacional é de 119 visitas aos pontos de venda com gasto médio de R$ 13,52.

Minas Gerais, Espírito Santo, interior e Grande Rio de Janeiro e Grande São Paulo são as áreas onde mais se verifica a presença dessa população, que corresponde a 5% dos lares brasileiros, conforme o balanço.

Sucos concentrados, com 39%, sobremesas prontas, com 36%, e os antissépticos bucais (32%) são produtos com consumo maior dos sozinhos em relação à média nacional, segundo a Nielsen.

Banca O TozziniFreire Advogados terá Alexei Bonamin como sócio das áreas de mercado de capitais, bancário e operações financeiras. Antes, Bonamin atuava no escritório Mattos Filho Advogados.

Prato A rede Spoleto deve abrir 48 unidades em 2013 e alcançar faturamento de R$ 499,5 milhões. Em 2012, foram R$ 429,7 milhões, 16,5% a mais do que em 2011, e 27 lojas novas.

PÃO QUENTE - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 08/02

Celso Russomanno vai virar padeiro. Ele está comprando uma padaria em Moema em sociedade com Wagner Oliveira, com quem já tem parceria em um restaurante de Brasília.

LISTA
Para ficar sócio da Forno do Padeiro, o ex-candidato a prefeito não investirá.
Pagará a sua parte divulgando a padaria e levando convidados para frequentar o lugar, que serve também almoços e jantares.

PARADA OBRIGATÓRIA
Antes de chegar formalmente à Câmara dos Deputados, a polêmica sobre a cassação dos mandatos de parlamentares condenados no mensalão terá mais um round no STF (Supremo Tribunal Federal). Advogados dos réus preparam embargos infringentes pedindo a reconsideração da decisão da Corte, que afirma que a cassação deve ser imediata.

DOIS PRA CÁ
Como o placar pela perda imediata de mandato teve quatro votos contrários e cinco favoráveis, o embargo pedirá que seja considerado artigo do regimento do STF que prevê nova votação quando há esse número de divergentes. A esperança é que os novos ministros indicados depois do julgamento decidam em favor dos condenados.

ALTO E BOM SOM
Em outra investida, advogados vão defender que basta um voto divergente para novo julgamento.

Um ministro do STF ironiza: "Esse pessoal [advogados] faz mais sucesso e barulho na imprensa do que no Supremo".

AGORA FIQUEI DOCE
Camila Ribeiro, 23, é a capa da revista europeia "Candy"; a amazonense vê na top Lea T, transexual como ela, um "pontapé inicial", mas não pensa em ser operada e admira mesmo é Raquel Zimmermann

ME AJUDA
O Brasil foi denunciado anteontem à Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Costa Rica, por causa da política de remuneração da magistratura. A Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) afirma que a omissão do governo, que decide os reajustes, fere o "princípio de independência" entre os poderes.

ME AJUDA 2
Os salários dos juízes, de no máximo R$ 28 mil, teriam desvalorização acumulada de 26,15%. "A possibilidade de diálogo no âmbito interno [com o governo] se esgotou", diz Renato Sant'Anna, presidente da Anamatra.

CINE EM PAUSA
A cinebiografia "Pixinguinha" corre o risco de perder estrelas de seu elenco, como Taís Araújo, escalada para o papel da mulher do compositor. A equipe estava a postos para começar a filmar na semana passada. Mas o projeto foi adiado. O set, no Rio, está sendo desmontado.

SEQUELAS
Segundo o produtor Carlos Moletta, foi feito um pedido de readequação do orçamento para a Ancine (Agência Nacional do Cinema), de R$ 13 milhões. Enquanto ele não é liberado, não é possível mexer nos R$ 6 milhões já captados para o filme.

CATRACA
O presidente da Câmara de São Paulo, José Américo, deve mesmo adotar a exigência de crachá para que visitantes tenham acesso ao prédio. Ele diz que a segurança chega a contar 25 pessoas no legislativo depois do expediente. "Qualquer dia, no meio da confusão, vai ter um assalto grave lá dentro", diz ele.

CATRACA 2
Moradores de rua que ficam num albergue próximo frequentam o prédio da Câmara e até tomam banho no primeiro andar, onde funciona o café. A entrada continuará permitida, mas de forma mais controlada.

DO OUTRO LADO...
A abertura da exposição "Ai Weiwei Interlacing", do chinês Ai Weiwei, reuniu anteontem no MIS o diretor do museu, André Sturm, a designer Nasha Gil e a empresária Cosette Alves.

... DO MUNDO
A mostra "Tomie Ohtake - Correspondências", aberta anteontem, no instituto da artista de origem japonesa, foi visitada pelo filho dela, Ruy Ohtake, pela designer Gina Elimelek e pela estilista Fernanda Yamamoto.

CURTO-CIRCUITO
A festa Talco Bells realiza à 0h a edição "Mardi Grass" no Cine Joia, na Liberdade. 18 anos.

O Carnaflash da The History, na Vila Olímpia, será hoje e amanhã, com bateria de escola de samba. 18.

Thiago Pethit convida Lobão, Cida Moreira e a modelo Micheli Provensi para seu show no Festival Grito Rock, às 21h, no Auditório Ibirapuera. Livre.

Resta a burocracia - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 08/02

Esclarecida a questão da perda de mandatos dos quatro parlamentares que tiveram seus direitos políticos cassados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), não resta mais nenhum recurso aos reclamantes que tentar protelar ao máximo os trâmites burocráticos dentro da Câmara. O presidente Henrique Alves esclareceu que quando afirmava que a questão seria finalizada na Câmara, referia-se justamente a esses passos que têm que ser dados antes de declarar vagas as cadeiras e convocar os respectivos suplentes.

Esse processo pode ser rápido, como promete o novo presidente da Casa, ou pode vir a demorar se houver no caminho quem se disponha a retardá-lo com o objetivo de permitir que os deputados João Paulo Cunha (PT-SP), José Genoino (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT) estiquem suas permanências no cargo.

De acordo com o artigo 55 da Constituição, perderá o mandato o deputado ou senador, entre outros casos, "que perder ou tiver suspensos os direitos políticos". Foi o caso dos condenados no processo do mensalão, descrito no inciso IV do artigo. No parágrafo 3º do mesmo artigo 55 está dito que "nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa".

Além da perda ou suspensão dos direitos políticos, perde também o mandato o deputado ou senador "que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada" ou "quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição".

A partir das experiências com deputados que perderam o mandato por decisão do TSE podemos ter uma ideia sobre o que poderá acontecer na tramitação dos casos pela Câmara. O ex-deputado Ronivon Santiago levou nada menos que um ano para ter a perda de seu mandato decretada, o mesmo acontecendo com o senador João Capiberibe, que conseguiu até liminar na Justiça comum para não perder o mandato. Só um ano depois teve que deixar o Senado, mas pôde se candidatar novamente e se elegeu. Os quatro condenados, pelo menos, não poderão voltar a se candidatar tão cedo, pois já estão enquadrados na Lei do Ficha Limpa.

O processo interno na Câmara tem várias etapas. Depois que o julgamento é considerado concluído pelo Supremo, o STF comunica à Câmara a perda dos direitos políticos dos deputados. O assunto tem que ser levado para a corregedoria, que faz um relatório sobre o processo, e deve terminar na Mesa da Câmara, que declara a vacância do cargo. Ou pode mandar o caso diretamente para a Comissão de Ética ou para o plenário, que debateriam o mérito da decisão do Supremo. Pelo que disse o presidente da Câmara, o mérito da decisão não estará em questão na Câmara, mas apenas aspectos formais, como se o direito de defesa dos condenados foi obedecido.

É claro que nesse meio tempo, os condenados poderão fazer diversos recursos à mesa da Câmara ou ao Conselho de Ética, e é por isso que o PT está querendo presidi-lo. Se ficar caracterizada uma protelação indevida para evitar o cumprimento da lei, somente a pressão da opinião pública poderá denunciá-la. No texto que escrevi para o meu livro "Mensalão", da Editora Record, que já está nas livrarias (a noite de autógrafos será no dia 26 na Livraria da Travessa do Shopping Leblon), ressaltei o histórico voto do ministro Celso de Mello que definiu a dimensão da decisão, que sacramentou com seu voto, pela cassação dos mandatos dos parlamentares condenados no processo como consequência da perda de direitos políticos.

Celso de Mello chamou a atenção para o fato de que seria "inadmissível o comportamento de quem, demonstrando não possuir necessário senso de institucionalidade, proclama que não cumprirá uma decisão transitada em julgado emanada do órgão Judiciário que, incumbido pela Assembleia Constituinte de atuar como guardião da ordem constitucional, tem o monopólio da última palavra em matéria de interpretação da Constituição".

(Bom Carnaval a todos. A coluna voltará a ser publicada na quinta-feira, dia 14

Tempo bom para os acima da lei - ALOÍSIO DE TOLEDO CÉSAR

O ESTADÃO - 08/02

A ausência de convicções num homem público sempre traz preocupações. O novo presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, passou ao País essa impressão ao dizer que não seria cumprida a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que cassou o mandato de quatro deputados. Alegou que caberia ao Legislativo a prerrogativa de dar a última palavra. Mas um dia depois deixou claro que inexiste a possibilidade de não ser cumprida a decisão do Supremo e que não haverá confronto.

É bem possível que entre um dia e o outro alguém tenha soprado nos seus ouvidos esta informação: "Presidente, cuidado, existe no Código Penal (artigos 330 e 359) a figura do crime de desobediência, que se configura nos casos de descumprimento de ordem judicial". Talvez também lhe tenham esclarecido que o Supremo já decidiu, pacificamente, que "o destinatário da ordem judicial não pode descumpri-la, ainda que invoque precedente do STF" (STJ, RHC 2.817). Alves havia posto em dúvida a decisão condenatória do mensalão ao argumento de que quatro ministros votaram em sentido contrário.

Quando for intimado da decisão do STF, logo após a publicação do acórdão, Alves terá de mostrar qual é o seu real entendimento. A impressão que ele deixa, com sua ruim biografia, marcada mais pela esperteza pessoal do que por gestos de grandeza em favor do País, é a de que não tem mesmo ideia do respeito que todos devemos às decisões judiciais.

Rui Barbosa, o grande defensor do Direito e das liberdades, costumava dizer que "uma sentença é uma sentença; não pode ser julgada por outro Poder. Será desatendida; poderá ser violada, desrespeitada; mas não pode ser julgada". Se ceder à pressão do PT, Alves estará protegendo o crime e aqueles que o praticaram, ou seja, José Dirceu, José Genoino, João Paulo Cunha, Valdemar Costa Neto e Pedro Henry, todos condenados por lamentável conduta criminosa.

Da forma como as coisas caminham na Câmara dos Deputados, o tempo continua ótimo para algumas pessoas que se sentem acima da lei. Realmente, os deputados federais condenados, mais José Dirceu, encontram-se na condição de pessoas diferenciadas, não alcançadas pelos efeitos das condenações.

Mesmo tendo os seus direitos políticos cassados, os deputados estão a exercer os mandatos e isso se mostra inadmissível. O Congresso Nacional tem, sim, o poder de ele próprio julgar e cassar o mandato de deputados federais e senadores, mas em circunstâncias especialíssimas, como no caso de ilícitos penais e administrativos lá investigados (a recente cassação do mandato de um senador deixou isso muito claro).

Mas quando se trata de crimes horripilantes, apurados e julgados pelo STF - caso do mensalão -, o dever do Congresso é cumprir a decisão da Suprema Corte e afastar de imediato os parlamentares. Como pode um deputado federal que perdeu os direitos políticos, além de condenado pelo crime de corrupção, participar do processo de elaboração de leis?

Em verdade, o Congresso Nacional é hoje dirigido por duas agremiações partidárias claramente anestesiadas: o PT, pela embriaguez que a farra do dinheiro público proporciona, e o PMDB, pelo desejo incontrolável e insaciável de se manter no poder a qualquer preço. É um casamento perfeito, que nenhum religioso teria a coragem de abençoar.

Pelo disposto na Constituição federal do Brasil, o Poder que executa as leis não julga nem as elabora, o que aprova as leis não as executa nem julga e o que julga não executa as leis nem pode criá-las. Esse equilíbrio notável, fruto da evolução da humanidade, está ameaçado pela força de interesses partidários e pessoais com a marca da mesquinhez.

Em países como Estados Unidades, Alemanha, França, Japão e tantos outros, um deputado com os direitos políticos cassados, condenado por corrupção, formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro jamais poderia exercer o mandato que o povo lhe atribuiu. Somente aqui, ao pretexto de preservar a vontade do eleitorado, os referidos condenados permanecem acima da lei.

No dia em que o Senado elegeu Renan Calheiros seu presidente, o senador Fernando Collor de Mello, seu igual, com o conhecido despreparo, chegou a dizer, bastante inflamado, que o eleito já fora julgado por aquela Casa, como se esse órgão, quebrando o princípio da autonomia e liberdade dos Poderes da República, pudesse julgar alguém. Ameaçador, com aquela valentia típica de Lampião, Collor chamou de "chantagista" o procurador-geral da República, porque este tão somente cumpriu o que a Constituição federal dele exige e denunciou Renan Calheiros por infrações já bem conhecidas do povo brasileiro.

Collor, o mesmo que enganou toda a Nação e por isso mesmo levou um belo pontapé no traseiro, sempre tentou passar a ideia de ser um homem corajoso. Muitos nos lembramos de quando ele disse que tinha "aquilo roxo" e que com um simples tiro mataria a inflação. E todos nós vimos o que Collor fez com a inflação e com o nosso dinheiro, que ele tomou, e em nenhum momento pareceu ficar nem um pouquinho roxo de vergonha.

Do mesmo calibre são as críticas que o raivoso ex-presidente da Câmara, deputado Marco Maia, lançou contra o Judiciário e a imprensa, sem perceber, dada a sua insensibilidade, que atingem só a ele próprio. Poucos políticos que ocuparam a presidência da Câmara dos Deputados foram tão inexpressivos como Marco Maia, possivelmente de quem não se lembrará com saudade.

Não houve um único ato dele que demonstrasse desprendimento e elevação de espírito, tendo-se fixado, em grande parte do tempo, em culpar as elites, o Judiciário e a imprensa, sem olhar para si próprio. Talvez não tenha espelho em casa.

O tombo da indústria no governo petista - ROBERTO FREIRE


BRASIL ECONÔMICO - 08/02

Ao contrário do que apregoa a presidente Dilma Rousseff em seu discurso oficial, que o Brasil vive uma boa situação econômica, dados divulgados pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram uma realidade tremendamente preocupante na questão do emprego e, particularmente, no setor industrial brasileiro. Um dos exemplos mais emblemáticos de tamanho descalabro causado pela incompetência do governo petista é justamente o ABC paulista, considerado o berço do sindicalismo brasileiro e onde a figura do então metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva ganhou visibilidade. O tombo da indústria na região foi dramático em 2012, com o fechamento de 52 mil postos de trabalho formais e informais. O número é quatro vezes maior do que a queda registrada na região metropolitana de São Paulo, que perdeu 11 mil vagas.

O cenário alarmante é agravado pelo fato de o emprego industrial no ABC estar concentrado nos setores mais atingidos pela crise mundial, como o metalomecânico, que corresponde a 58% da ocupação na indústria da região e no qual foram fechados 33 mil postos de trabalho no ano passado. Como resultado desse panorama desolador, o ABC paulista viu a participação da indústria no emprego cair de 28% para 22%, entre 2011 e 2012.

A mesma Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) da Fundação Seade e do Dieese, que soma a taxa de desemprego ao índice de pessoas que mantêm atividades informais enquanto procuram trabalho com carteira assinada, mostrou que a desocupação em 2012 foi de 10,5%. Os dados abrangem as regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Fortaleza e Distrito Federal. Enquanto Dilma e sua equipe alternam medidas desastradas na gestão econômica e discursos que escondem da população a real situação do país, a indústria sofre seu maior tombo desde 2009, quando estourou a crise nos Estados Unidos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial despencou 2,7% no ano passado. Só a produção de máquinas e equipamentos recuou 3,6%. A de máquinas para escritório e equipamentos de informática registrou queda de 12,7%. A de máquinas e materiais elétricos, 5,4%.

O mote das justificativas petistas diante da mediocridade econômica do país é sempre o mesmo: quando a situação vai bem, o mérito é do governo; quando o país patina, a culpa é das dificuldades do cenário internacional. Trata-se de um discurso oportunista e falacioso, já que outros países emergentes vêm crescendo e não sofrem com este gravíssimo processo de desindustrialização. O Brasil não conseguirá sair do descalabro econômico em que se meteu por irresponsabilidade de Lula e Dilma, muito menos destravará o crescimento pífio registrado em 2012, enquanto priorizar a propaganda enganosa, a retórica populista ou as contas maquiadas que desmoralizam o país e destroçam a credibilidade do governo, ao invés de enfrentar com firmeza os gargalos de nossa economia. O tombo da indústria é só mais uma faceta do apagão gerencial da administração do PT.

A guerra dos cargos - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 08/02

Passadas as eleições municipais e a dos presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e do Senado, Renan Calheiros, a política entra na fase de pagamento das faturas de acordos pré-eleitorais fechados ao longo desses processos. E as pressões estão chegando ao limite. Basta ver o caso da Fundação de Seguridade Social (Geap), que o Correio Braziliense trouxe em sua edição de ontem e apresenta novos ingredientes na reportagem publicada hoje. As informações que chegam até a redação do jornal têm o cheiro de uma gênese parecida com aquela que há oito anos desfraldou a teia do mensalão.

Para você leitor, que lê o jornal na sequência, e ainda não chegou às páginas de economia, onde está publicada essa a reportagem, aqui vai um resumo. Na primeira cena, aparece Paulo Paiva, afastado do cargo de gerente do Geap na Paraíba por suposto envolvimento em má gestão. Seu afastamento foi determinado em 2011, pelo ex-diretor executivo do Geap Carlos Célio, escolhido por indicação técnica do atual secretário-executivo do ministério da Previdência, Carlos Gabas, desde o início do governo Dilma Rousseff.

Coincidentemente com o período eleitoral, e logo depois do acordo eleitoral de Lula com o PP de Paulo Maluf em favor de Fernando Haddad em São Paulo, Paiva retorna ao Geap. Desta vez, para o lugar daquele que havia pedido a sua demissão. Fica ali de agosto a novembro, até que o conselho deliberativo, do qual participa Eloá Cathilor, resolve tirá-lo por considerar os procedimentos administrativos dele incompatíveis com a gestão colegiada adotada no órgão. Eloá vota pelo afastamento.

Agora, é Eloá que o governo deseja substituir porque ela não teria pedido formalmente uma investigação sobre o ex-diretor. Os conselheiros dizem que ela está sendo usada como bode expiatório para que o governo possa removê-la e colocar ali um novo conselheiro capaz de aprovar a demissão do atual diretor-executivo no lugar do atual. Enquanto isso, em conversas com integrantes do Geap, Paulo Paiva tem dito que voltará em breve, porque o substituto do atual diretor a ser indicado pelo PP de Maluf é seu aliado. Chama-se Francisco Saraiva. Diz Paiva que até a presidente Dilma já sabe e concorda. Mas, para isso, é preciso obter maioria no conselho deliberativo.

Esse jogo de intrigas e versões impressiona. Assim como a dificuldade de todos envolvidos no processo serem claros e transparentes quando as perguntas são feitas. E o jeito que todos desconversam quando se pergunta sobre Paulo Paiva, alguém que até hoje não teve pedida uma investigação formal por parte do governo. Tirando isso, é incrível o apetite dos políticos por cargos que concentram grande volume de recursos. Especialmente, esses de terceiro escalão que não costumam chamar a atenção da imprensa.

Por isso, essa história do Geap merece uma lupa. Até porque, se o atual diretor-executivo, Jocelino Francisco Menezes, fez tudo o que foi pedido pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha; apresentou o programa de recuperação; e já conseguiu reduzir a dívida de R$ 400 milhões para R$ 320 milhões, não haveria motivos de ordem técnica para afastá-lo. Mas Jocelino, um sergipano com um jeitão simples, não tem como padrinho o poderoso Maluf. Paiva e seus aliados têm.

Nunca é demais lembrar que o escândalo do mensalão surgiu depois de um acordo eleitoral do PT com o PTB, o PR e o PP. Agora, mais uma vez, na história do Geap, lá está novamente o PP e colado nele um acordo eleitoral. Depois, dizem que a história não se repete. Por enquanto, há apenas um sinal de algo estranho por ali. E quem avisa amigo é.

No mais…

Na Câmara, Henrique Eduardo Alves também tem suas faturas. Assim que passar o carnaval, o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) assume a ouvidoria da Casa. E, ao contrário das agruras que o Executivo tem passado com as indicações políticas, Marquezelli pretende somar no sentido de deixar Henrique ciente de tudo o que se diz do parlamento por aí. Vai começar sugerindo o fim dessa história de gabinete especial para ex-presidente da Casa. Se vingar, Marco Maia será o último a receber esse privilégio. Afinal, se um ex-presidente é um deputado como todos os outros, não há razões para ter gabinete especial. Faz sentido.


Semeadura - DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo - 08/02


Essa conversa do PT de prometer apoio a Eduardo Campos na disputa presidencial de 2018 em troca da manutenção da aliança em 2014, com Dilma Rousseff ou com o ex-presidente Lula, não convence o governador de Pernambuco.

"Tem gente que ainda espera o cumprimento de compromissos firmados em 1989", diz ele expondo a descrença de quem viu recentemente o PT romper um acordo na eleição municipal de 2012, deixando a ele a única opção de lançar um candidato do PSB no Recife. Partiu para um confronto que se reproduziria em outras capitais e deixaria arestas com os petistas.

Não todos. Com Dilma e Lula mantém bom diálogo. Em verdade, mais com ela que com ele. "Não falo com Lula desde o ano passado."

Recebe recados, porém. Ora os mensageiros dizem que o ex-presidente compreende sua posição na disputa pela Prefeitura de Recife, na qual venceu o PT, ora transmitem o desejo de Lula de vê-lo como vice em 2014.

Eduardo Campos renova sua convicção de que não tem "temperamento" para vice. Disse isso ao pretendente tucano, senador Aécio Neves, mas não tratou do assunto com a presidente nem com Lula.

Ao menos não diretamente. Mas, se não rejeitou explicitamente a vaga de vice, também nunca falou a nenhum dos dois que não seria candidato a presidente na próxima eleição.

Em janeiro, Campos teve duas conversas com a presidente. Uma no dia 6 de janeiro, na Bahia. Estava junto o governador Jaques Wagner e a temática não incluiu política: "Falamos de filmes, livros e firulas".

Menos de dez dias depois, um novo encontro em Brasília, a sós, permitiu um diálogo mais "denso". Uma conversa cifrada e "inteligente". Dilma de início avisou que nada do que viesse a acontecer poderia interferir na amizade dos dois.

E tomou a iniciativa de tangenciar o assunto tabu, dizendo que um dia o interlocutor estaria no lugar que hoje ela ocupa. "Não sei quando vai ser, mas o que eu preciso é que me ajude a ganhar o ano de 2013", acrescentou.

O governador falou francamente sobre os problemas da economia, da relação com Estados e municípios, da necessidade de o governo se abrir ao diálogo com todos os setores.

No fim, saiu de lá achando o seguinte: há um time no PT que quer tratá-lo como adversário eleitoral desde já, mas que Dilma Rousseff vê o panorama de forma diferente.

Sabe que a decisão de Eduardo Campos sair ou não candidato em 2014 não depende dela, do PT, nem de Lula, mas do PSB. "Ela tem perfeita noção de que não pode interferir e, portanto, não há razão para se precipitar e muito menos entrar numa disputa que não está posta".

Não está posta formalmente. Na prática, o governador está "caminhando e cantando" na direção da candidatura, cujas condições objetivas começaram a se apresentar depois do bom desempenho do PSB nas eleições municipais.

"O partido cresceu mais do que a gente esperava, a imprensa deu repercussão, criou-se um clima e isso animou o ambiente." Ao ponto de o PSB se sentir estimulado a lançar candidato à presidência da Câmara no intuito de, mesmo na base governista, se diferenciar do PT e do PMDB.

Saiu melhor que a encomenda: conseguiu 165 votos e ainda marcou a diferença em relação à timidez da oposição oficial.

E de agora em diante, quais os passos? "Há os que posso contar e os que não posso revelar", diz o governador.

Contentemo-nos, por enquanto, com os permitidos: usar o tempo de televisão do partido, procurar possíveis aliados (aqui uma referência explícita ao PPS), viajar muito Brasil afora, prospectar possibilidades de alianças nas eleições estaduais, ganhar tempo e, sobretudo, estar atento à oportunidade de ocupar todos os espaços - disponíveis ou não.

A lei é para todos - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 08/02

A Controladoria Geral da União (CGU) quer fazer valer a Lei de Acesso à Informação nos estados e municípios. A maioria sequer regulamentou a legislação que dá transparência aos atos do poder público. Para isso, criou o programa Brasil Transparente para treinar os servidores locais na aplicação da lei e na prevenção da corrupção.

O ministério de Mendes
A despeito das especulações de que a presidente Dilma vai desalojá-lo do Ministério da Agricultura para acomodar o PR no governo, o ministro Mendes Ribeiro (PMDB) diz que está cheio de planos para o futuro, todos acertados com sua chefe. Na volta do carnaval, Mendes vai ao Congresso apresentar os resultados e projeções para o setor. Conta que está desempenhando muito bem sua função, e prova disso é que ontem o Brasil bateu recorde da safra de grãos. Em processo de recuperação de um câncer no cérebro, afirma que está bem de saúde e pronto para enfrentar as demandas da pasta.

"O rito institucional foi cumprido com desgaste. Mas se o PSB está insatisfeito com as eleições na Câmara e Senado, que vá reclamar com a presidente Dilma e o PT”
Marcus Pestana
Deputado federal e presidente do PSDB-MG


Sem ministério
A ida do deputado Gabriel Chalita (PMDB) para algum ministério subiu no telhado. Depois do veto de cientistas para a Ciência e Tecnologia, o PMDB resiste à ideia de remanejá-lo para o lugar de Gastão Vieira (Turismo).

Aulas práticas
A atriz Giovanna Antonelli, foto, gravou cenas de sua personagem em Salve Jorge, a delegada Helô, na Academia Nacional de Polícia, em Brasília. Participou de treinamento pelo qual passam os policias federais e está recebendo consultoria em tempo integral de duas investigadoras da Polícia Federal especialistas em tráfico de mulheres.

Crime e castigo
O PMDB culpa o ministro Aloizio Mercadante (Educação) pela suspensão da indicação de Gabriel Chalita. Os peemedebistas ameaçam dar o troco na eleição ao governo de São Paulo, na qual os dois devem se enfrentar.

Sutileza presidencial
A presidente Dilma convidou os líderes do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB), e no Congresso, José Pimentel (PT), a ficar nos cargos. Mas ainda não fez o mesmo com o líder na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT). Pesa contra ele a relação ruim com o presidente da Casa, Henrique Alves. Os petistas Henrique Fontana e Ricardo Berzoini podem tomar o cargo.

Fica Freixo
Abaixo-assinado de celebridades como Caetano e Wagner Moura e ONGs como Tortura Nunca Mais pede ao presidente da Alerj, Paulo Melo (PMDB), que mantenha Marcelo Freixo (PSOL) na Comissão de Direitos Humanos. Há pressão para tirá-lo.

Nem pensar!
O PSB pressiona, mas o PMDB não vai entregar aos socialistas a relatoria da MP dos Portos. O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), deve relatar a matéria.

PASSEIO NO PARQUE. A presidente Dilma vai ao Parque da Cidade, no dia 19, para participar de encontro de mulheres camponesas.


A casa é sua - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 08/02


O PT aproveitará as primeiras caravanas de Lula pelo país, com início previsto para o fim do mês, para afagar aliados do ex-presidente que ensaiam voo solo em 2014 e representariam ameaça à coalizão reeleitoral de Dilma Rousseff. O seminário inaugural dos dez anos do partido à frente do governo federal, que deve ocorrer no dia 28, em Fortaleza (CE), terá espaço para dois dos expoentes nacionais do PSB: o vice-presidente da sigla, Roberto Amaral, e o governador Cid Gomes.

Alô, base Em paralelo, Rui Falcão telefonou a Eduardo Campos e Valdir Raupp, respectivamente presidentes do PSB e PMDB. O petista quis convidá-los para o ato do dia 20, em São Paulo, durante o qual Lula e Dilma celebrarão o legado do partido.

Agenda... Após receber os ministeriáveis Gabriel Chalita e Blairo Maggi, o ex-presidente Lula agora quer conversar com o senador Alfredo Nascimento. Assim como Maggi, o presidente do PR esteve com Dilma nesta semana para tratar da reintegração da sigla à Esplanada.

... casada A presidente disse ontem a parlamentares do PR que visitaram o Planalto, como Anthony Garotinho (RJ) e Antonio Carlos Rodrigues (SP), que gostaria de ter a legenda "integralmente" no governo, mas que só finalizará as mudanças em seu ministério no mês de março.

Nada disso Na mesma reunião, a petista afirmou que não "convidou ninguém para nada", referindo-se a especulações de que o ex-governador do Mato Grosso iria para o primeiro escalão.

Tricô Na conversa com Garotinho, Dilma lembrou da passagem pelo PDT e de Leonel Brizola. Falou também da trajetória eleitoral pedetista de seu ex-marido Carlos Araújo em Porto Alegre.

Apetite Aliados do ministro Mendes Ribeiro (Agricultura) afirmam que Maggi, que já foi cotado para assumir a pasta no ano passado, emplacou em janeiro o secretário de política agrícola do ministério, Neri Geller.

Oremos De um peemedebista, sobre o veto de acadêmicos a Chalita na Ciência e Tecnologia: "Onde estavam os cientistas na crise eleitoral do aborto, em 2010?".

Oficial Será publicado hoje o relatório do corregedor-geral da AGU (Advocacia-Geral da União), Ademar Veiga, determinando a abertura de Processo Administrativo Disciplinar contra o ex-adjunto José Weber Holanda, acusado de integrar grupo investigado na Operação Porto Seguro da Polícia Federal.

Novelo Passos também deve determinar abertura de PADs contra pelo menos dois outros servidores da AGU. O corregedor pedirá que a comissão de sindicância continue as investigações sobre outros procedimentos com indícios de irregularidades.

Limonada Junto com a abertura de processo, a AGU vai divulgar balanço de como respondeu à imprensa durante o caso. O discurso será que agiu com transparência na crise, que atingiu o titular Luís Inácio Adams.

Axé style Jaques Wagner (PT-BA) tenta convencer Dilma Rousseff a incluir dois programas no seu roteiro carnavalesco em Salvador: o desfile de domingo no Circuito Campo Grande -que terá o cantor coreano Psy no trio de Ivete Sangalo- e a subida da ladeira do Curuzu.

#imaginanacopa Em discurso ontem no Senado vazio, Jorge Viana (PT-AC) reclamou das condições dos aeroportos e da dificuldade de achar passagens em feriados. E previu que os problemas se agravarão nos próximos anos, "quando o país sediará a Copa e a Olimpíada".

tiroteio
A presidente Dilma precisa entender que não se pode controlar a inflação jogando mais gasolina no dragão.

DO DEPUTADO VAZ DE LIMA (PSDB-SP), sobre o IPCA de janeiro ter fechado com alta de 0,86%, antes mesmo do impacto do reajuste dos combustíveis.

Contraponto


Fale mal, mas fale de mim


Na estreia do horário eleitoral gratuito de 2012, o então prefeito Gilberto Kassab reuniu amigos e assessores em seu apartamento para acompanhar os programas noturnos. Ele não havia assistido aos programas da tarde.

-Estou completamente por fora. Como foi?

Os convidados desconversavam, pois o prefeito e sua gestão tinham sido o principal alvo das críticas. A candidata Ana Luiza (PSTU) abriu o programa:

-Kassab e Serra são farinha do mesmo saco!

Silêncio total na sala, até Kassab sorrir e falar:

-Começamos bem, hein?

Piadas no salão - NELSON MOTTA

O GLOBO - 08/02

Dirceu agora diz que está defendendo o legado do governo Lula — como se uma boa administração legitimasse a compra de partidos e parlamentares para servir ao seu plano de poder



“Não podemos permitir que nossa palavra seja cerceada por aqueles que têm o monopólio da comunicação”, bradou Zé Dirceu de punho cerrado, diante de 500 militantes, num salão de Brasília. E como soubemos disso? Pelo “Estadão”, O GLOBO, a “Folha de S. Paulo” e vários jornais, sites, rádios e televisões que têm o monopólio da comunicação no Brasil. Êpa! Que monopólio de araque é esse com tantas empresas competindo num dos maiores mercados publicitários do mundo?

Hoje no Brasil a coisa mais fácil é criar um jornal, um site ou uma revista que apoie o governo incondicionalmente e o PT preferencialmente. Mais fácil ainda é conseguir patrocinadores entre estatais e órgãos públicos. Difícil é fazer um veículo de comunicação que tenha qualidade e credibilidade para ser consumido não só pela militância partidária, mas capaz de formar a opinião dos leitores pela força dos seus dados e argumentos.

Não podemos permitir que o Zé Dirceu tente cercear a palavra da imprensa independente, que não depende de favores do governo e vive de anunciantes privados que pagam para divulgar e promover seus produtos e serviços nos veículos que atingem o maior público com mais credibilidade. Culpando o mensageiro pela mensagem, Dirceu insiste em “democratizar” a mídia.

Um dos relinchos mais estridentes nos blogs políticos é exigir que Dilma corte toda a publicidade estatal da TV Globo, por criticar o governo. Devem achar que a Caixa, o Banco do Brasil e a Petrobras anunciam na Globo, que tem mais audiência do que todas as outras juntas, não por necessidade de competir no mercado, mas para comprar apoio. Para eles tudo na vida é mensalão.

Depois que a direção nacional do PT e Dilma rejeitaram a proposta de manifestações de massa em sua defesa, por inviáveis e inúteis, Dirceu agora diz que está defendendo o legado do governo Lula e suas grandes conquistas econômicas e sociais — como se uma boa administração legitimasse a compra de partidos e parlamentares para servir ao seu plano de poder.

Como dizia a velha marchinha carnavalesca:

“É ou não é

piada de salão

se acha que não é

então não conte não.”

Estrangulamento demográfico - MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE

O ESTADÃO - 08/02

Velocidade de escape. O canadense Mark Carney, futuro presidente do Banco da Inglaterra, usou o termo para definir o que é o Santo Graal dos gestores de política econômica ao redor do mundo. Todos buscam a velocidade de escape, o ritmo de crescimento que permitirá a saída definitiva do marasmo provocado pela crise internacional. Mas eis uma dúvida: será que a dinâmica demográfica adversa, o amadurecimento e o envelhecimento dos países maduros, permitirá que se atinja tal velocidade por meio da política econômica?

A maioria dos economistas, sobretudo aqueles que analisam os problemas conjunturais, costuma ignorar a demografia. A razão é simples: reconhece-se que a demografia é importante, mas pressupõe-se que seja um fator estrutural de longo prazo, algo que não influenciará os cenários dentro dos horizontes de interesse e que, portanto, pode ser deixada de lado. Contudo, um dia, o longo prazo chega.

Nas economias avançadas, bem como na China, o longo prazo está chegando rapidamente. Aproxima-se a perspectiva de que a população em idade ativa se reduza dramaticamente nos próximos anos e de que a razão de dependência, isto é, o número de pessoas que dependerão daquelas que ainda estão no mercado de trabalho, aumente substancialmente. No Japão, essa situação já é uma realidade: desde 1995, a população economicamente ativa encolheu cerca de 8%. Ao mesmo tempo, a população em geral está em declínio. Isso significa, paradoxalmente, que a renda per capita, a renda total gerada pelo país dividida pelo número de pessoas, está em ascensão, embora o Japão não cresça há anos. A renda per capita crescente gera uma situação curiosa: o bem-estar dos japoneses aumenta, ainda que a atividade no país fique estagnada. Isso, por sua vez, implica que não há política de estímulo que induza a população a consumir mais por medo de que seus rendimentos sejam corroídos pela inflação, como gostaria o primeiro-ministro Shinzo Abe. Para que isso acontecesse, seria necessária uma meta de inflação muito mais "ambiciosa" do que os atuais 2% do Banco do Japão.

O Japão é o exemplo mais contundente dos limites do possível da política econômica impostos pela demografia adversa. Em outros países, o dilema é menos grave. Mas não é inexistente. Consideremos, por exemplo, os EUA. A geração nascida no pós-guerra, o enorme contingente de baby boomers, está às vésperas de se aposentar. Além disso, eles enfrentam um futuro sombrio, com a perspectiva de que seus benefícios de saúde e seguridade social sejam drasticamente reduzidos para ajustar as contas públicas do país. É natural, pois, que toda essa gente que hoje representa 20% da população americana não queira consumir, ainda que o Fed facilite as coisas deixando os juros próximos de zero por muito tempo. Aqueles que poderiam ser beneficiados por essa política - os mais jovens que se endividaram para comprar casas e automóveis nos anos de bonança - não podem usufruir plenamente dos esforços do Fed, pois seus orçamentos não permitem. Os estímulos ficam emperrados, a economia não anda como se gostaria.

Parte da dificuldade em incorporar os efeitos da demografia à eficácia da política econômica é que o entendimento da profissão sobre o funcionamento da economia e sobre o comportamento dos consumidores ainda se baseia na teoria e na análise nascidas no final dos anos 40, quando da publicação de Foundations of Economic Analysis, do economista Paul Samuelson. Naquela altura, durante o auge da explosão demográfica, o envelhecimento populacional era, de fato, questão de longo prazo.

A dinâmica demográfica adversa e o surgimento de divergências nos padrões de consumo de diferentes faixas etárias significam que tentar impulsionar a demanda é pouco eficaz. Afinal, uma demanda cada vez mais desigual inibe a potência das políticas de estímulo que afetam todos igualmente. Diante disso, talvez o Santo Graal da velocidade de escape não exista. Talvez até já tenhamos alcançado o ritmo de crescimento pós-crise desse novo mundo velho...