terça-feira, dezembro 24, 2013

O porquê da ineficiência - PAULO SILVA PINTO

CORREIO BRAZILIENSE - 24/12
O Correio conclui hoje série de reportagens sobre as dificuldades que enfrentam os brasileiros que usam serviços públicos, resultado de cuidadoso trabalho do repórter Diego Amorim. Mas o assunto está longe de ser encerrado. Terá certamente presença marcante nas campanhas eleitorais de 2014. Não há como escapar.
Algo indispensável na discussão é tentar compreender o porquê da ineficiência. Não se pode esperar uma única resposta óbvia. Como em toda questão complexa, a análise deve ser abrangente. Isso não significa ignorar problemas que são muito simples.

A presidente Dilma Rousseff comentou o tema ontem, segundo dia da série de reportagens, tocando em algo essencial: a responsabilidade de quem trabalha com o dinheiro do contribuinte. "As vozes dos que foram às ruas querem melhores serviços públicos", disse ela por meio do Twitter. Em seguida, outra mensagem: "Cabe a nós, servidores públicos, responder a essas vozes".

Dilma tomou o cuidado, em outras mensagens, de registrar elogios aos servidores, pela "dedicação" e pelo "trabalho árduo". O problema - duvido que a presidente não perceba - é a dificuldade de exigir de todos tal nível de empenho e comprometimento. Muitos concursado, aliás, têm clareza da importância desse entrave. Sobretudo os que compõem a elite do funcionalismo, que se concentra, como não poderia deixar de ser, na capital da República.
A legislação determina que os trabalhadores do setor público passem por avaliações periódicas de desempenho. E que os casos de insuficiência sejam solucionados de algum modo. Se não houver outro, por meio da "demissão a bem do serviço público". 

Implementar o que está escrito, porém, é outra história. Em vários casos, o que se vê são avaliações que fazem vista grossa para a incompetência. Quem acaba punido por esse descaso são os cidadãos e também os muitos servidores que, porque querem, trabalham com afinco e paixão.

Governantes devem entender, porém, que, como detentores de mandatos, são os chefes do serviço público. E que, se não enfrentarem as resistências para garantir a qualidade, recairá sobre eles e elas a responsabilidade pelo problema.

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