sexta-feira, dezembro 13, 2013

O acordo entre Minas e Pernambuco - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 13/12

Principais adversários da presidente Dilma Rousseff na corrida de 2014, o senador Aécio Neves, do PSDB mineiro, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, selaram um pacto para tentar garantir bons resultados estaduais em seus respectivos redutos. Em Minas Gerais, o tucano definirá a chapa, de forma a tentar encaixar o PSB. Em solo pernambucano, Eduardo dará as cartas e buscará aproximação com o PSDB. Em caso de fracassar a aliança entre os dois partidos nesses estados, a campanha será feita com todo o cuidado para evitar o confronto direto.

Falta, entretanto, combinar com Marina Silva, líder de uma Rede que não consegue se entender com os socialistas. Nos bastidores, cresce a impaciência de marineiros com socialistas e vice-versa.

A ponte que separa
Nos bastidores do congresso petista houve quem comentasse que tanta aproximação entre Eduardo e Aécio é o primeiro passo de uma construção tucana que, lá na frente, afastará de vez Eduardo Campos do PT de Dilma Rousseff, se houver segundo turno na eleição presidencial.

Espaço ocupado
O PT do Ceará lançou ontem o nome do atual líder da bancada, deputado José Nobre Guimarães, para o Senado. Sinal de que tem jogo com os aliados do governo Dilma e que a ex-prefeita Luizianne Lins não terá tanto poder de escolha, como Lula garantiu a ela, em setembro, quando a petista pensou em mudar de partido.

Ditadura sem homenagens
Batizadas no tempo da ditadura militar em homenagem a presidentes daquele período, duas escolas mudam de nome hoje. Em Salvador, o Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici será rebatizado para Colégio Estadual Carlos Marighella. No Rio de Janeiro, por iniciativa da Comissão Estadual da Verdade, uma escola municipal de 1º grau em Nova Iguaçu trocará o nome “presidente Costa e Silva” por “senador Abdias Nascimento”.

Frustrou geral I
O discurso da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, na festa que Henrique Eduardo Alves (RN) ofereceu ao partido dele, o PMDB, deixou os deputados meio deprimidos. Ela agradeceu o apoio do anfitrião ao governo e mencionou o vice-presidente da República, Michel Temer. E a bancada, que carrega o piano no plenário, ficou a ver navios.

Frustou geral II
Ideli sequer citou o líder do partido, deputado Eduardo Cunha (RJ), que estava sentado ao seu lado. Tampouco falou de projetos futuros, muito menos de liberações de emendas dos parlamentares ao Orçamento. A maioria dos presentes se sentiu meio escanteada. Saíram dali comentários do tipo “Michel é a noiva e nós, parentes próximos, teremos que ficar fora da festa”.

Plantão da fome/ Os motoristas que levaram as autoridades à confraternização na residência oficial do presidente do Senado, Renan Calheiros, foram comer na casa do vizinho, onde esta instalado o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves. Lá, eles puderam jantar. No Renan, não lhes serviram nada.

Pregação no deserto/ Depois de jantar com um grupo de jornalistas no mezanino do restaurante Piantella, Aécio Neves fez um pit stop na mesa em que o senador Armando Monteiro (foto), de Pernambuco, conversava com deputados do PP e do PTB do estado. O objetivo dos dedos de prosa do tucano foi passar aos aliados de Dilma e Lula a ideia de que o PSDB está no jogo para ganhar. Alguns aliados do tucano consideraram a conversa perda de tempo.

Dilma e o futebol/ Não estranhe, leitor. Daqui para frente, atá a Copa da Fifa, será comum ouvir a presidente discursando sobre futebol como fez ontem, na presença do presidente da França, François Hollande. Os aliados dela, entretanto, acham que esses comentários deveriam ser espontâneos. Por enquanto, soam ensaiados, como se estivessem sido previamente incluídos no texto que ela concebeu para ler nos eventos.

Cabral e o serviço/ Na festa na casa de Henrique Alves, comentou-se que o governador do Rio, Sérgio Cabral, lembra aquele sujeito que passou um tempo meio perdido e agora recuperou o juízo. Menos de 24 horas depois de o estado do Rio de Janeiro sofrer mais uma vez com as chuvas, lá estava ele tomando providências. Não fez mais que a obrigação, mas, para o partido, já foi alguma coisa.

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