sexta-feira, novembro 15, 2013

República já! - ASTOR WARTCHOW

ZERO HORA - 15/11

Não é uma República um país em que o parlamento renuncia ao seu dever e tarefa essencial



“A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.” (art.18)
Autônomos? Apenas teoricamente. Afinal, não é uma República um país que escraviza seu povo através de um sistema legal e tributário em que a União (governo federal) concentra mais de 60% dos recursos arrecadados.
Cujo povo sofre e vê, dia após dia, a corrupção disseminada e seu dinheiro escorrendo pelo ralo governamental em centenas de focos de desperdício e a “cupinização” de suas estruturas burocráticas e de serviços.
Um povo que pretende ser reconhecido, mas que tolera a espoliação e o deboche. Fosse outra a nação, já estaria em situação de desobediência civil, modesta e comportada alternativa de protesto entre outras mais radicais.
Não é uma República um país em que o parlamento renuncia ao seu dever e tarefa essencial, a exemplo de fiscalização e mudanças legislativas, e em que vigora a inoperância e a omissão.
Óbvio que não é uma República um país em que parlamentares e governantes estaduais e municipais falam subordinadamente acerca de suas relações de amizade pessoal e partidária com o governo central como fator de facilitação e obtenção de recursos financeiros para suas comunidades. Um ridículo discurso de submissão “real” e tributária que nos transporta de volta no tempo político uns cem anos.
Sem vergonha e em bordões sucessivos cantam em prosa e vídeo nos seus palanques midiáticos e eletrônicos os atos de benemerência e generosidade palaciana, em loas sem fim ao governo central.
Com certeza, não é uma República uma nação que se revela omissa, seja por incompetência ou “interesse”. Ou não é o interesse menor que explica a bajulação que legitima e inspira a centralizante e endinheirada “realeza brasiliense e sua corte”?
Assistimos a silenciosa “entrega” e a metódica e sistemática desconstrução da verdade, sob o predomínio da indiferença e da não indignação.
Mas se não é uma República, o que é? E o que poderá vir a ser?
Uma nação que já se uniu em torno das bandeiras nacionais da anistia, das diretas já e da Constituinte, entre outras, não será capaz de erguer a urgente, atualíssima, única e fundamental bandeira política? Ou já não há motivos de esperança relativamente ao municipalismo, ao federalismo e à República? Vamos esperar mais 124 anos?
República já!

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