sexta-feira, novembro 29, 2013

Não me crie problemas! - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE  - 29/11

O clima esquentou entre os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Henrique Eduardo Alves, ambos do PMDB. O estopim da crise foi o anúncio feito por Henrique de que o prazo de apresentação de emendas ao Orçamento de 2014 estava adiado até a próxima quarta-feira, por causa do impasse criado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara em torno do Orçamento Impositivo. “O Senado não tem nada com isso”, respondeu Renan. “Não me crie problemas. Não vamos atrasar o Orçamento por causa de um problema da Câmara.”

Diante das ponderações do deputado sobre um acordo fechado com o presidente da Comissão, senador Lobão Filho, Renan insistiu, diante de um grupo de parlamentares perplexos com a discussão: “Não tem acordo. A Câmara criou uma série de problemas para o Senado, ao ponto de dizer que, por causa do Senado, não cassou (Natan) Donadon”. Henrique ficou possesso, mas se conteve. Salomônico, o senador Lobão Filho conseguiu, de próprio punho, estender o prazo até as 18h de segunda-feira, uma vez que, pelo Regimento Interno, é possível apresentar as emendas em até dez dias, prazo que terminaria no sábado, 30.

Bate aqui…
Os deputados debitam à ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o movimento para manutenção dos prazos na Comissão Mista de Orçamento. “A articulação política do governo é tão ruim que um partido do tamanho do DEM dá um nó no Orçamento”, soltou o deputado Danilo Forte (PMDB-CE).

…e preservam ali
Atentos políticos que veem os deputados jogando Ideli na fogueira registram que ela tem chefe: a presidente Dilma Rousseff. Helicóptero à parte, a ministra segue à risca as orientações recebidas no gabinete mais importante do Planalto.

Mui amigo
O senador Roberto Requião, do Paraná, promete levar seu nome à convenção do PMDB para concorrer à Presidência da República: “Gosto da Dilma, mas não sou cúmplice de erros. O Galeão foi dado de presente, basta ver que o financiamento é do BNDES e 49% dos recursos quem vai pagar é a Infraero. Dilma parou o Estado. Ela, não… As circunstâncias. Agora cede tudo para ganhar a eleição”.

Sensação da rodada
Até os petistas ficaram frustrados com o saldo da 12ª rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo, ontem, quando foram arrematados 72 dos 240 blocos oferecidos — 43 tendo a Petrobras como operadora. Há um consenso no meio político de que, ou o Brasil passa mais firmeza em relação às regras do jogo ou esse sentimento de frustração permanecerá.

Padrinho/ Nas rodas de Brasília é dito com toda a certeza que quem conseguiu o emprego de gerente para José Dirceu no Hotel Saint Peter foi o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, amigo do ex-ministro de longa data.

Escola do voto/ A embaixadora do México no Brasil, Beatriz Paredes, lidera uma comitiva em visita ao Tribunal Superior Eleitoral. O grupo quer informações sobre o processo eleitoral brasileiro e as eleições de 2014. Tanto interesse tem explicação. A embaixadora foi senadora, deputada federal e presidente da Câmara de Deputados, e é uma das lideranças femininas de maior expressão da política mexicana.

Antídoto/ Antes que alguém infira que ele perdeu poder, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Marcelo Neri, faz chegar aos políticos que partiu dele a ideia de transferir o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, para a Casa Civil. Assim, Neri, que é técnico, fica mais livre para coordenar pesquisas e estudos a fim de formular políticas públicas de médio e longo prazos, o que ele realmente gosta de fazer.

Depois da medalha…/ De saída da cerimônia em que foi homenageado como constituinte, o ex-deputado Pimenta da Veiga encontrou três jovens de Minas Gerais. “Estaremos firmes na sua campanha ao governo em 2014”, disseram as duas moças e o rapaz. “Que bom, vamos em frente! Estarei lá”, respondeu o político. Na solenidade, Pimenta conversou longamente com representantes do PSD de Minas. Mais um sinal de que Dilma não terá, no estado, o partido de Kassab ao lado do PT.

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