quinta-feira, novembro 07, 2013

Hora de dar fim ao dilema da Petrobras - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 07/11
A equação do preço dos combustíveis ficou difícil de resolver. O governo adiou excessivamente os reajustes, a defasagem em relação ao mercado internacional fugiu do controle, a Petrobras teve o potencial de investimento prejudicado, e criou-se uma pressão inflacionária represada cujas comportas já não podem ser mantidas fechadas. A questão é como e quando abri-las.
Especula-se que o assunto seja o objeto da reunião extraordinária do Conselho Administrativo da petroleira, convocada para amanhã, sob o comando do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Embora a presidente da companhia, Maria das Graças Foster, negue, não há assunto mais urgente em pauta. E, como reunião ordinária estava agendada para duas semanas à frente, é razoável dar crédito às especulações.

O risco é novamente prevalecer a demagogia. Significaria agravar problema já complexo. Ao usar a Petrobras como instrumento de política econômica, para segurar a inflação, o governo descapitalizou e desacreditou a empresa, sem resolver a questão do custo de vida, apenas atenuada. Hoje, a companhia perde dinheiro quando vende gasolina, o transporte individual cresce, em detrimento do sistema coletivo, e outras distorções vão se acumulando.

Quanto mais rapidamente se desfizer esse nó, melhor para todos. Na pior das hipóteses, que a decisão seja tomada já, ainda que para aplicação pouco mais adiante. Essa possibilidade é ventilada, tendo em vista, por um lado, que a correção não influenciaria tanto a inflação do ano se passasse a valer a partir de meados de dezembro; e, por outro lado, que restabelecer a certeza é exigência de primeira hora.

Aliás, mais do que compreensível, é desejável, a esta altura, que as comportas não sejam totalmente abertas de forma repentina. Vai ser mesmo preciso programar reajustes escalonados. Mas é também fundamental que se respeite o mercado. A fórmula em discussão, com a criação de espécie de gatilho a ser acionado toda vez que os preços internos e os externos se desalinharem, tem boa chance de funcionar. Só não pode é eternizar-se nem ganhar ares de indexação, mal dos tempos da hiperinflação até hoje não exorcizado de todo pelo Brasil.

Por fim, basta de ingerência na Petrobras. A companhia chega praticamente asfixiada a etapa fundamental da sua história: a da exploração do pré-sal. O governo deve aprender a conter o custo de vida e a enfrentar as variações do câmbio com corte de despesas de custeio, construindo superavits primários e reservas suficientes para contar com um colchão de proteção para a moeda, não manipulando bem precioso para todos os brasileiros e, em particular, para acionistas que apostam suas economias no bom desempenho da empresa.

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