FOLHA DE SP - 24/11
O hino nos estádios, cantado com o coração saindo pela boca, é como uma faísca em um barril de pólvora
Quando vi toda a torcida francesa, emocionada, cantando o belíssimo e vibrante hino do país, "A Marselhesa", antes e durante a partida contra a Ucrânia, tive a sensação que tinham aumentado as chances de a França se classificar para a Copa, mesmo com a desvantagem de dois gols. A mesma percepção tive na final da Copa de 1998. Estava no estádio. Lamentável foi escutar os franceses vaiando o hino da Ucrânia.
Quando os torcedores brasileiros começaram a cantar o Hino na Copa das Confederações, e a euforia, uma tempestade, se espalhou entre os jogadores e por todos os estádios, percebi que eram grandes as chances do Brasil. O técnico Vicente del Bosque disse que a Espanha perdeu o título no hino.
Os torcedores brasileiros separaram a Seleção em uma disputa esportiva dos protestos contra os absurdos gastos públicos no Mundial. Algo parecido ocorreu na Copa de 1970, quando um grande número de pessoas, revoltadas com a ditadura, que torceriam contra, ficaram arrepiadas com o time brasileiro.
Muitos vão argumentar que, na Copa de 1950, ocorreu o contrário. Mas, estatisticamente, as possibilidades de uma seleção de tradição vencer em casa são grandes, ainda mais quando o time é bom, como o do Brasil.
O hino nos estádios, quando cantado com o coração saindo pela boca, é como uma faísca em um barril de pólvora.
Exageros à parte, o escritor Stefan Ezweig, no livro "Momentos decisivos da humanidade", conta, em várias histórias, como um instante, um olhar, um sim ou um não, muda a historia de um indivíduo, de um grupo, de uma nação. Um dos capítulos é sobre como um músico insignificante, em um momento genial, compôs a Marselhesa.
Assim é também no futebol. Por causa de um instante, uma bola perdida, uma indecisão, como a de Júlio César, contra a Holanda, no Mundial de 2010, o melhor goleiro do mundo na época passa a ser tratado como um frangueiro, e Dunga, que tinha 80% de aprovação antes da partida, passa a ter traços. Felipão, chamado hoje de super-herói, corre o mesmo risco. É cruel.
BRASIL 2x1 CHILE
O Chile, mais uma vez, jogou bem e perdeu para o Brasil. Valdivia parecia um jogador de Série B e/ou um ex-atleta inativo. É um suicídio jogar com os defensores quase na linha do meio-campo, ainda mais com zagueiros fracos, contra os velozes e hábeis Neymar, Oscar e Hulk. Isso facilitou também para Robinho, quando entrou descansado.
Mestre Juca, já gostei mais de Robinho. Penso que todos nós, imprensa e torcedores, ao constatarmos, ao longo do tempo, que Robinho não era um craque, apenas um bom ou, às vezes, um excelente jogador, nos sentimos decepcionados e traídos. O erro foi nosso, de avaliação. Robinho é extremamente habilidoso, mas possui várias deficiências técnicas, principalmente na finalização.
Oi Tostao, fico preocupado pela finalizaçao nao somente com o Robinho. Desculpa, mas o Neymar tem pecado muito frente a frente com o arqueiro. E nao sao só eles dois, nao. Creio que deve haver uma maior atençao nesse aspecto e um treinamento especial que melhore esse quesito. Muito obrigado, um abraço.
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