sábado, outubro 05, 2013

Tapetão eleitoral - PLÁCIDO FERNANDES VIEIRA

CORREIO BRAZILIENSE - 05/10
Se houve deliberada rejeição de assinaturas em cartórios eleitorais, como suspeitam adeptos da Rede, Marina Silva não poderia ficar de fora da disputa em 2014. Resignar-se com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - e rejeitar o apelo de companheiros para que aceite concorrer ao Planalto por outra legenda - equivaleria a fazer o jogo dos supostos sabotadores. É como se eles tivessem vencido, no tapetão, um primeiro turno antecipado da eleição do ano que vem. E, agora, zombassem da ingenuidade da mulher que desponta hoje como a maior ameaça à reeleição de Dilma.
Sim. É verdade. A Rede era uma tentativa de criação de um partido diferente das demais legendas. Mas é justo, caso se confirmem as suspeitas, ser alijada do processo eleitoral justamente por uma maracutaia de quem a quer longe dos palanques? Esperar por 2018 pode ser tarde demais. Sei que no Brasil, hoje, não há espaço para isso: mas imagina se até lá, como pregam blogueiros chapas-brancas, o país já tenha se transformado numa república bolivariana, com a Justiça, a imprensa e tudo o mais dominado?
Em 2010, praticamente sem tempo na propaganda eleitoral na tevê, Marina recebeu quase 20 milhões de votos no país. Hoje, mostram pesquisas de opinião, a ex-ministra aparece em segundo lugar em todas as pesquisas de opinião. Sua ausência na disputa deixaria órfãos milhares de brasileiros que cravaram seu nome nas urnas e tencionam repetir o gesto. Boa parte desses eleitores são do Distrito Federal. Vale lembrar que, aqui, Marina bateu Dilma na eleição anterior. Poderia repetir a dose ano que vem e até influir no destino da sucessão ao Buriti. Mas não se ceder às forças que a querem fora da política.
Além disso, no cenário hoje, Marina é a única candidatura à esquerda com força política para vencer em 2014. Afinal, ela ocupa um vácuo aberto desde que os petistas deram a guinada à direita e se aliaram a caciques que, antes de chegarem ao poder, eram inimigos históricos. Sarney, Collor, Maluf, Jader, Renan. Hoje, com Lula, eles são a antítese do que os sonháticos - como são chamados os seguidores da Rede - querem para o futuro do país. Mas a esperança de mudança ficará ainda mais frágil se ela se deixar derrotar em primeiro turno no tapetão eleitoral.

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