quinta-feira, outubro 03, 2013

O partido da ordem - LUIZ CARLOS AZEDO

CORREIO BRAZILIENSE - 03/10

Travou-se nesta semana, no Rio de Janeiro, uma batalha que pode decidir os rumos da sucessão do governador Sérgio Cabral (PMDB). O prefeito Eduardo Paes, por ampla maioria — com apoio do PMDB, PT, PCdoB, PSB, PV —, aprovou o novo plano de cargos e salários dos professores do município, que estão em greve. Dias atrás, os docentes chegaram a invadir o plenário da Gaiola de Ouro, como os cariocas chamam o Palácio Pedro Ernesto, com intuito de impedir a votação, que acabou garantida pela Polícia Militar — com farta distribuição de bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta e cacetadas.

Apesar do desgaste que sofreu com sucessivas manifestações de protestos, muitas delas marcadas pela violência da PM e pelo vandalismo dos manifestantes, Cabral acredita que fará o seu sucessor. O vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) é um político bonachão, do tipo boa praça, com jeito de político do interior — formado em economia e administração, foi prefeito de Piraí, um pequeno município Fluminense do Vale do Paraíba. Tem fama de tocador de obras, pois foi o responsável pela execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nos morros do Alemão, do Pavão-Pavaozinho e da Rocinha, além da construção do chamado Arco Metropolitano.

Por que a greve dos professores pode ser um divisor de águas? É que Eduardo Paes resgatou a bandeira da ordem, com a qual foi eleito, ao endossar a repressão policial aos manifestantes, que tanto desgastes causou a Cabral. O prefeito carioca confrontou o poderoso Sindicato dos Professores do Estado do Rio de Janeiro (Sepe), tratando-o como coalizão de partido de oposição ao seu governo (PSol, PSTU e PDT, principalmente). Paes acredita ter o apoio da maioria dos cariocas, da classe média das zonas Sul e Norte e da Barra da Tijuca, e da grande massa de moradores dos subúrbios da Central e da Leopoldina e da Zona Oeste da cidade. O futuro dirá se tem razão.

Limpeza de área
Caso o prefeito Eduardo Paes esteja fazendo a avaliação correta, preparou o terreno para Pezão assumir o governo no lugar de Sérgio Cabral e disputar a eleição com mais competitividade, uma vez que, até agora, o vice não decolou nas pesquisas. O discurso é de que Cabral deixou um legado a ser preservado, ao promover o dinamismo econômico do estado (a bandeira do progresso) e enfrentar o problema da criminalidade (a bandeira da ordem). Faz parte da estratégia de Cabral antecipar a saída do governo para que Pezão possa fortalecer a própria imagem. Hoje, a disputa pelo governo do Rio de Janeiro estaria entre o ex-governador Anthony Garotinho (PR) e o senador Lindberg Faria (PT).

Reconsiderou
O deputado paulista Paulinho da Força, fundador do Solidariedade, resolver abandonar o discurso de oposição, depois de uma conversa com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. E recuou da aproximação com o senador Aécio Neves (MG), o candidato do PSDB, para tentar evitar a saída de 10 deputados federais fechados com o recém criado Solidariedade. O Palácio do Planalto trabalha para inflar a bancada do Pros. Dos 30 deputados que esperava filiar, Paulo Pereira da Silva conta mesmo com 23 nomes.

Banda larga// O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, anunciou ontem que busca uma saída para a redução na carga tributária nos serviços de telecom e defendeu a redução do ICMS para os serviços de banda larga.

Desconforto
A filiação de Josué Gomes da Silva ao PMDB, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente, Michel Temer, foi feita goela abaixo dos caciques locais da legenda. Os mais descontentes são o deputado Leonardo Quintão, o senador Clésio Andrade e o ministro da Agricultura, Antônio Andrade. Todos perdem espaço na aliança com o PT, no caso, a vice de Fernando Pimentel (foto), o ministro do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, que disputará o governo de Minas Gerais.

Estradas
A Comissão de Infraestrutura do Senado quer realizar uma audiência pública com o ministro dos Transportes, César Borges, na próxima semana, sobre a gestão das operadoras das rodovias federais em concessão no país. A iniciativa é do senador Walter Pinheiro (foto), do PT-BA, diante do anúncio de adiamento em licitações de rodovias. “Acho que é importante botar o dedo nessa ferida e ver como é que a gente contribui”, justifica.

Lixo
Para coletar e dar destinação adequada à totalidade dos resíduos sólidos, o Brasil precisa investir R$ 6,7 bilhões

Capital
O acordo de intenção para fusão entre a Oi e a Portugal Telecom renderá um aumento de capital de pelo menos R$ 13,1 bilhões na operadora brasileira. Do montante, R$ 7 bilhões serão aportados em dinheiro para “melhorar a flexibilidade do balanço” da nova empresa. O governo vê a fusão como um sinal positivo para outros investidores estrangeiros.

Bancários/ A greve dos bancários já é a mais longa. Chega hoje ao 15º dia com 11.016 agências e centros administrativos de bancos fechados em todo o país, segundo Carlos Cordeiro, coordenador do Comando Nacional dos Bancários.

Gazeta/ O presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão, é o campeão de faltas na Assembleia Legislativa paulista. Em 584 sessões, faltou a 187 — mais de 30%. Abonou 74 faltas, recebendo sem comparecer à Casa, alegando que trabalhava fora do plenário .

Museus/ A ministra da Cultura, Marta Suplicy, lançou ontem no Museu Imperial, o Programa Petrobras Ministério da Cultura de Museus. São R$ 20 milhões, para 12 instituições nas cidades-sede da Copa do Mundo e em municípios vizinhos.

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