segunda-feira, outubro 28, 2013

Desgraças da República - RUBEM AZEVEDO LIMA

CORREIO BRAZILIENSE - 28/10
Novembro está chegando. O mês da proclamação de nossa República parece não ter sido feliz para todos os brasileiros. Senão, vejamos. Tivemos, nela, após ano e meio, a morte de um brasileiro fanático da República, tragado pela fornalha do vulcão Etna, no sul da Itália, ilha da Sicília, em 1º de julho de 1891. Seu nome é Antônio da Silva Jardim, ativista político, formado na Faculdade de Direito de São Paulo.
Em 15 de novembro, proclamada a República, ela não ficou como ele queria. O Exército, que a fizera, não se sentia necessariamente comprometido com os líderes que a preparavam, como Silva Jardim. Este afastou-se do Clube Republicano, resolveu viajar para a Itália. Ficou, pois, sem nada e quis ver Pompeia, perto do Etna, onde morreu, por tropeçar em seu amigo Marcos de Mendonça.

De resto, antes disso, Benjamin Constant não se conteve: "Esta não foi a República sonhada". Enfim, mais fácil do que esta foi a revolução mineira, segundo historiadores. Benjamin referia-se às lutas entre Deodoro e Floriano.

Nossa Constituição de 1988 não desaprovou a admissão das medidas provisórias, usadas, em geral, nos países de governos parlamentares. Na discussão desse assunto, o Centrão, grupo de deputados conservadores, era a maioria dos Cantidios Sampaios e Robertos Cardosos Alves. Mário Covas, representante do outro lado, aprovou, em princípio, a desistência de José Sarney pelos seis anos do mandato para cinco anos na Presidência. Isso animou o grupo covista a diminuir mais, para quatro anos.

Justificou-se Mário Covas com nossa República, que não admitiu isso, no regime militar, de 1964. Era de cinco anos, mas Geisel elevou o mandato de Figueiredo para seis anos. Voltava-se mais do que ao pior do passado.

Como no começo da República, não faltaram desastres pessoais na sucessão presidencial, sem tropeções, como os mensalões, que dizimaram muitos candidatos, ao ponto de o próprio Lula reconhecer que o seu partido tinha ficado corrupto, referindo-se, talvez, aos mensalões.

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