Se viver é bom, viver mais haverá de ser melhor ainda. Mas isso tem lá seus preços.
Nesta sexta-feira, o IBGE divulgou sua atualização sobre a expectativa de vida do brasileiro e o que se vê, na média, é uma vida cada vez mais longa pela frente, apesar da mortalidade infantil (que caiu de 69,1% em 1980 para 16,7% em 2010) e apesar de tantos acidentes e tanta morte entre os jovens.
No Brasil, em 30 anos, a esperança de vida aumentou, na média, quatro meses e 15 dias por ano. Quem nasceu em 2010, tinha uma probabilidade de vida de 73 anos, nada menos que 11 anos e quase 3 meses a mais do que quem nasceu em 1980.
Esse não é um fenômeno apenas brasileiro. Toda a população mundial está vivendo mais e… envelhecendo. Nos anos 50, o cinquentão já era considerado idoso. Hoje, um septuagenário tem todo o direito de se reconhecer saudável e com muitos projetos pela frente.
Esse é o resultado da conjunção favorável de grande número de fatores: substancial melhora das condições sanitárias da população; avanços na medicina e nas técnicas de prevenção de doenças, como a vacinação em massa e exames clínicos periódicos; medicamentos modernos, especialmente os antibióticos; cada vez maiores exigências na qualidade dos alimentos; mais instrução (e mais esclarecimento) da população.
Embora seja considerado o resultado de melhores condições de vida, essas transformações das estruturas etárias produzem importantes consequências econômicas, políticas e sociais.
Para os sistemas de previdência, por exemplo, implicam despesas crescentes com aposentadoria. Uma população mais velha está mais sujeita a doenças degenerativas, ao contrário de populações relativamente mais jovens, mais vulneráveis às doenças infecciosas. Esse fenômeno demográfico relativamente novo na história do homem, conjugado com o encarecimento da medicina, vai impor crescentes despesas com tratamentos de saúde.
Parecem poucos os administradores de fundos de pensão e de planos de saúde do Brasil que vêm se preparando para encarar a nova realidade e tratar de formação mais adequada e mais segura de reservas. Em todo o caso, já se mostram fortemente propensos a esticar a mensalidade dos seus associados.
Do ponto de vista das políticas públicas, o aumento da expectativa de vida vai exigir importantes revisões de planejamento. Um governo pode vir a ter de providenciar mais cuidados para com os idosos e menos construção de escolas.
Daqui para a frente, os mais velhos se sentirão cada vez mais obrigados a esticar sua vida ativa para garantir a complementação do seu sustento. Em contrapartida, tendem a se ocupar por mais tempo de atividades profissionais, o que exigirá dos jovens mais preparação por mais tempo para a entrada no mercado de trabalho, algo que já começa a acontecer também no Brasil.
Provavelmente o maior impacto desse forte incremento da expectativa de vida seja na política. Uma população em que o número de coroas tende a crescer proporcionalmente mais do que a dos jovens tende a pensar e agir mais conservadoramente. E esse conservadorismo terá seu peso no voto.
Dentre as política públicas destaca-se privilegiar a educação como fator determinante para o progresso de uma sociedade.
ResponderExcluirIgual relevo deveria ser dado à diretriz de que a maior quantidade de recursos públicos deveria ser direcionada ao ensino fundamental, seguido do ensino médio (neste, a prioridade deveria ser as escolas técnicas, além do sistema-S) dada a prevalência da ciência e da tecnologia como gerador de ganhos de competitividade na produção de bens e serviços (item que mostra o Brasil muito mal na fotografia).
Não deveriam ser esquecidos os ensinamentos de Piaget, eminente pesquisador na área do conhecimento humano, baseados em anos de trabalhos empíricos indicando a idade em torno de 15 anos como o limite para a expansão da capacidade de raciocínio no nível operacional-abstrato.