terça-feira, agosto 13, 2013

Onde está a oposição? - ONYX LORENZONI

ZERO HORA - 13/08

Para cada voz da oposição que se levanta, há quatro governistas para revidar


De início, é preciso entender que a oposição é numericamente muito menor. Dos 513 deputados federais, apenas 90 são de oposição. Logo 82,5% da Câmara é governista e somente 17,5% dos deputados são de oposição.
Na bancada gaúcha, a situação é ainda pior. Dos 31 deputados, somos apenas dois na oposição. O Basômetro demonstra que somente dois deputados têm menos que 50% de governismo. E que, entre 50% e 75%, há apenas mais três. A imensa maioria limita-se a dizer amém para praticamente tudo o que o governo lhe impõe. Resultado do governismo desenfreado que lamentavelmente faz parte da história política do Brasil e agora também do Rio Grande do Sul.
A visão geral é de que a oposição se opõe. Logo, seu papel seria ir contra tudo, o tempo todo. É uma visão incompleta da democracia. A oposição é uma proposta alternativa, uma visão diferente.
Essa imagem negativa da oposição tem raízes históricas. Por longos anos, a atuação política do PT na oposição foi ser contra tudo. Foi contra Tancredo Neves e a Constituição, contra o Plano Real, a reeleição, o câmbio flutuante, as metas de inflação, a lei de responsabilidade fiscal, e os programas sociais de FHC, que aglutinados viraram o Bolsa Família. Não é de se surpreender que, para muitos, oposição é “ser do contra”.
A oposição atua em todos os espaços que possui, na tribuna do plenário, nas comissões, na mídia, na articulação com a comunidade. Mas é preciso lembrar que para cada voz da oposição que se levanta, há quatro governistas para revidar.
Algumas medidas populares têm ocultado grandes prejuízos (menos óbvios) para o nosso país. Muito foi combatido e há muito por combater. Nós praticamente não crescemos (como fizeram países latino-americanos e do Brics); a inflação voltou ao nosso cotidiano; nossa produção é comprometida por uma infraestrutura sucateada e sufocada pelos impostos; em vez de enfrentar o caos da saúde o governo quer importar médicos cubanos; isso sem falar nos ataques ao STF, ao Ministério Público e à imprensa.
E isso não é tudo. Passamos por uma centralização crescente no governo federal. Ela é o fermento da corrupção e mãe da “burrocracia”. Vimos o governo destroçar o pacto federativo e transformar nossos prefeitos em pedintes sem um orçamento que lhes permita governar. Vimos o governo comprar apoio com 39 ministérios e desperdiçar nosso dinheiro em bilionários estádios de futebol. Vemos o governo praticamente quebrar a Petrobras e esbanjar em publicidade como nunca se imaginou possível.
Não é este o Brasil que nós queremos. A oposição seguirá batalhando para que a vida dos brasileiros seja boa de verdade e não apenas uma peça de propaganda oficial.

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