quarta-feira, agosto 21, 2013

O misterioso Paulo Baier - TOSTÃO

FOLHA DE SP - 21/08

Tite e os jogadores estão obcecados pela ideia de que a melhor maneira de vencer é não sofrer gols


Na coluna anterior, escrevi que a maioria dos times, de todo o mundo, hoje e em todas as épocas, joga com meias ou atacantes pelos lados ou com autênticos pontas, embora muitos deles não tenham características para atuar dessa forma. Os treinadores seguem a moda. Esses "pontas" não devem também ficar estáticos, limitados à lateral do campo, como era no passado.

Neymar sabe que terá de decidir, no momento certo, quando entrar pelo meio, nas jogadas de velocidade e contra-ataque, o que será pouco frequente, já que os times atuam muito atrás contra o Barcelona, ou quando atuar aberto, como um ponta, para receber a bola livre e tentar driblar ou dar um passe decisivo.

Passo para o Brasileirão. As partidas têm sido jogadas com mais qualidade coletiva, com mais troca de passes. Melhores gramados contribuem para isso. Já o de Brasília, feito para a Copa, é uma vergonha, além de outros problemas, apontados por Paulo Autuori e pela imprensa. Mais grave ainda foi a violência em torno do estádio, antes do jogo entre Flamengo e São Paulo.

Foi bom ver Mano Menezes reconhecer a substituição errada que fez, ao escalar, no segundo tempo, dois centroavantes. Há séculos que não escuto isso de um treinador brasileiro. Hoje, no Mineirão, pela Copa do Brasil, Cruzeiro e Flamengo fazem um ótimo jogo. Apesar de alguns jogadores fracos, o Flamengo deve evoluir, pois é um time organizado.

O Corinthians continua com ótimo sistema defensivo, pois todos marcam muito. Já o ataque é de uma enorme pobreza criativa. Tite e os jogadores estão obcecados pela ideia, que já deu certo, de que a melhor maneira de vencer é não sofrer gols e tentar fazer um, mesmo que seja por meio de um pênalti absurdamente marcado a seu favor, como contra o Coritiba.

Segundo informações do PVC, que sabe tudo, Seedorf tem mostrado aos jogadores que eles atuam no Botafogo do presente, de bons jogadores, como Vitinho, Dória, Jefferson e outros, e não no Botafogo do passado, de monstros, como Nilton Santos, Didi, Garrincha, Gerson, Jairzinho. Essa consciência dá mais confiança aos jogadores. Eles não precisam satisfazer o que está no imaginário dos torcedores e da imprensa.

Ex-atletas, que trabalham em outras atividades, principalmente os que foram craques, geralmente não conseguem assumir integralmente e criar uma nova identidade profissional nem se libertar das glórias e dos fantasmas do passado. Continuam enamorados por suas imagens anteriores.

Esqueci em outra coluna de citar Paulo Baier entre os veteranos que brilham no Nacional. Corrijo o erro. Paulo Baier é um mistério. Lembro dele jovem, no Atlético-MG. Era um lateral medíocre. Hoje, é um meia inventivo, com boa técnica, além de ser o maior artilheiro do Brasileirão na era dos pontos corridos.

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