sexta-feira, agosto 16, 2013

O mensalão reloaded - PLÁCIDO FERNANDES VIEIRA

CORREIO BRAZILIENSE - 16/08
Pelo frenesi dos blogueiros chapas-brancas, está tudo certo: quando chegar a hora dos tais embargos infringentes, o Supremo vai rever o julgamento do mensalão. Enfim, proclamam, o "circo" que teria sido a condenação de Dirceu, Delúbio, Genoino & Cia. será desmontado. Numa espécie de Orwell reloaded, a maracutaia que escandalizou o país há de ser reescrita - e a população convencida de que se tratava de coisa mixuruca, um mensalinho. Ou talvez, até, de que nunca terá existido.

Batman? Já era. Na internet, pelo rufar dos tambores dos neobolivarianos - que antes de Lula chegar ao poder nunca tinham sido petistas, e hoje são desde criancinhas -, o relator do processo no STF sairá trucidado do novo embate judicial.

Mas cadê aquele povo de verdade que invadiu as ruas e se recusou a ser manipulado por políticos de direita, de esquerda ou de centro? Aquela multidão que surpreendeu o Brasil e o mundo ao ocupar espontaneamente os espaços públicos para exigir ética dos governantes e cobrar educação, saúde e transporte padrão Fifa? Esqueça. Essa gente que ocupou a cena política para protestar contra qualquer tipo de desvios de agentes públicos sumiu da avenida.

O gigante, celebram os chapas-brancas da mídia "revolucionária", voltou a dormir em berço esplêndido. Restaram, no front, os valentes de sempre, com suas bandeiras políticas bem definidas, os militantes de aluguel e a turma do miolo mole que destrói e incendeia o que encontra pela frente. Pragmáticos, aqueles que os manobram - para os quais 2014 já começou - têm alvos bem definidos. No Rio, Cabral. Em São Paulo, Alckmin e os tucanos em geral. Querem provar que não são os únicos nem os mais corruptos do país.

Ora, nem precisava. O Brasil sabe disso. Quando a população elegeu Lula presidente era justamente para dar um basta à corrupção então existente e iniciar, no país, um novo modo de fazer política. Não para ver o PT aliar-se a Collor, Maluf, Renan e adotar as mesmas práticas que antes condenava.

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