sexta-feira, julho 26, 2013

Metrô é melhor - RUY MARTINS ALTENFELDER SILVA

O GLOBO - 26/07

Os recentes acontecimentos iniciados com manifestações sociais envolvendo o reajuste das tarifas dos ônibus, metro e trens; gastos com a Copa das Confederações; ética na política; reformas estruturais, provocam reflexões em torno de temas relevantes.

A primeira relaciona-se com o significado e consequências da palavra anomia. A análise do seu significado esclarece que a mesma pode ser entendida como uma situação social que no caso limite não contem qualquer norma e é, consequentemente, o oposto de sociedade, assim como anarquia é contrário de governo.

No caso presente os movimentos sociais sinalizam dentre outros a defesa do transporte gratuito.

A segunda reflexão diz respeito à importância das políticas públicas relacionadas com a mobilidade urbana, principalmente com a expansão da rede de ônibus, trens e metrô de grandes metrópoles. A excelente revista Pesquisa Fapesp informa que de acordo com estudos técnicos desenvolvidos por um grupo coordenado pelos pesquisadores Paulo Saldiva, da Universidade de São Paulo, e Simone Miraglia, da Universidade Federal de São Paulo, expandir a rede de metro faz bem a saúde e ao bolso. O grupo analisou o impacto do metrô sobre a qualidade do ar na capital paulista e a economia gerada na área da saúde pela redução dos níveis de poluição. Para isso, compararam as taxas de poluentes atmosféricos durante duas greves do Metrô - uma em 2003 e outra em 2006 - com os níveis medidos em dias úteis anteriores e posteriores às paralisações.

A taxa de poluentes no ar quase dobrou quando os trens pararam e as mortes por problemas cardiorrespiratórios aumentaram entre 10% e 14%. Houve oito óbitos a mais atribuídos à poluição na greve de 2003 e seis na de 2006. Essas mortes equivalem, respectivamente, a uma perda diária em produtividade de US$ 51 milhões e US$ 36 milhões.

Nos regimes democráticos os movimentos sociais reivindicatórios legitimam-se quando defendem teses relevantes e se organizam com respeito às regras que sustentam o Estado Democrático de Direito. Do contrário, corre-se o risco de se enquadrar na anomia.

Desenvolvimento, na precisa definição do Papa Paulo VI, é o novo nome da palavra paz.

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