ESTADÃO - 07/07
Quem sofre de coceira nas costas recorre a qualquer meio para acabar com o tormento 
A CCC, coceira crônica nas costas, longe do alcance das nossas unhas, é um martírio constante. Quem sofre de CCC vive pedindo que alguém lhe coce as costas e, na falta de alguém, recorrendo a qualquer meio para acabar com o tormento. 
É conhecido o caso trágico daquele agente do governo dos Estados Unidos encarregado de negociar com os índios peles-vermelhas no oeste americano que, depois do acordo concluído, quando o cachimbo da paz com sua haste longa lhe foi passado, não aguentou e usou o cachimbo para coçar as costas. Dos seus restos comidos por lobos só sobrou o escalpo. 
A CCC provoca situações embaraçosas. É comum ver-se pessoas esfregando as costas numa quina de parede ou, em casos extremos, rolando pelo chão para aliviar a coceira. O que, obviamente, prejudica sua vida social. 
— Cheguem para trás. É um ataque epilético! 
— Não, não. É coceira nas costas. 
A CCC também causa mal-entendidos. Como no caso daquele casal cujas vozes eram ouvidas em todo o prédio. 
— Aí, aí. Um pouco mais para o lado. 
— Assim? — Mais rápido. — Está bom assim? 
— Está. Está! — Mais rápido? 
— Não, assim está bom. Só um pouco mais para... 
— Assim? — Isso! Ai, meu Deus. Sim! Sim! 
O casal ficou com fama de ter uma vida sexual movimentadíssima, quando tratava-se apenas de CCC. 
Pelo menos você sabe que presentes dar para alguém que tem CCC: qualquer objeto que lhe permita coçar as própria costas. Uma colher de madeira comprida, um telescópio portátil, um pedaço de antena... Até um cachimbo da paz. 
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