sexta-feira, junho 14, 2013

A queda de Dilma e um ciclo que se esgota no Brasil - ROBERTO FREIRE

BRASIL ECONOMICO - 14/06

Ao contrário do que os áulicos do governo petista vinham apregoando, a reeleição da presidente Dilma Rousseff não está assegurada por antecipação.


Os números divulgados pela mais recente pesquisa do Datafolha mostram uma queda vertiginosa na avaliação positiva da administração federal e grande preocupação dos brasileiros com a escalada da inflação e a crise econômica. Dilma perdeu oito pontos percentuais na avaliação boa ou ótima de seu governo, despencando de 65% para 57% em relação à pesquisa anterior, de março.

A queda no apoio à presidente é ampla e consistente, registrada entre homens e mulheres e em todas as regiões do país, faixas de renda, idade e escolaridade.

Para 51% dos entrevistados, a inflação vai subir (eram 45% em março), enquanto apenas 12% creem que cairá (ante 18% do último levantamento). Nada menos que 80% dos brasileiros dizem que sentiram a elevação nos preços dos alimentos nos últimos 30 dias, ao passo que somente 3% afirmam ter notado uma redução.

São 36% os que projetam um aumento do desemprego (eram 31% em março), ante 27% que preveem uma queda na taxa de desocupação (14 pontos a menos que os 41% da última pesquisa). Até mesmo o programa mais incensado pela propaganda oficial, o Bolsa Família, que repagina práticas coronelistas tão criticadas pelo próprio PT no passado, teve sua credibilidade comprometida por escândalos recentes.

O esgotamento do ciclo petista resulta de uma crise gerada pela irresponsabilidade do governo Lula, que em 2010 patrocinou um verdadeiro descalabro nas contas públicas com o único intuito de eleger a sucessora.

Além da pesada herança do antecessor, as trapalhadas de Dilma e sua equipe econômica legaram ao país um crescimento pífio de 0,6% do PIB no primeiro trimestre deste ano em relação aos três últimos meses de 2012. O desempenho da economia é tão medíocre que analistas do mercado financeiro têm reduzido sistematicamente suas projeções para o PIB em 2013.

Na sucessão de más notícias que começam a corroer a popularidade da presidente, também figura o maior déficit da história da balança comercial brasileira, de US$ 5,4 bilhões de janeiro a maio, além de recordes no endividamento das famílias, desindustrialização, infraestrutura precária, entre outros gargalos de um país que não cresce e, ao mesmo tempo, vê diminuir o poder de compra de sua população.

A percepção generalizada de que o governo Dilma não tem capacidade para resolver esses problemas também levou a uma queda de sete pontos percentuais nas intenções de voto na presidente em uma simulação do Datafolha para a disputa pelo Planalto em 2014. Assim como era um equívoco do governismo projetar que a reeleição de Dilma estava sacramentada, seria precipitado descartá-la como candidata competitiva a 16 meses do pleito.

O que os números indicam, entretanto, é que o embate eleitoral certamente será muito mais acirrado do que o PT imaginava. Neste contexto, a unidade da oposição, embora não restrita a uma única candidatura, é uma excelente notícia para a democracia.

O modelo petista está saturado, e quem diz isso não são as oposições ou os institutos de pesquisa. É a população, que vive diariamente uma realidade econômica cada vez mais difícil.

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