sexta-feira, maio 10, 2013

O mandonismo - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 10/05

Integrantes do governo avaliam que a intransigência da presidente Dilma é responsável pelas recentes derrotas no Congresso. Dizem que ela não gosta de ouvir nem de dialogar, que considera que "só serve se for do jeito dela" e que o seu "é o único jeito certo". A reação dos aliados é a rebelião, como nas votações da MP dos Portos, do Código Florestal e da unificação do ICMS.

Desarticulação no Congresso
No governo Dilma também há aqueles que criticam a atuação dos atuais líderes e defendem mudanças. O do Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), não conta com a boa vontade da cúpula do Senado nem do maior partido, o PMDB. O da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), também não tem as graças da cúpula da Câmara e do comando da maior bancada, a do PT. O do Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), é considerado "desatento" e diversionista. Eles contribuem para o desarranjo político, como ficou evidenciado na votação da MP dos Portos. Nela, não ocorreu um embate governo x oposição. O enfrentamento foi no interior da base aliada.


"A votação da MP dos Portos é a mais melancólica fotografia do desgoverno que hoje impera no país. É a falta de controle da paquidérmica base (do governo)"
Aécio Neves
Senador (MG) e candidato do PSDB à Presidência

Estado de espírito
Ao chegar ao Planalto para reunião com a presidente Dilma, o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), cumprimentou-a: "Tudo bem, presidenta?". E ouviu: "Não, né, Henrique!", brava por causa da MP dos Portos.

Barbaridade!
A gauchada do PMDB delirou, anteontem à noite no Jaburu, quando após seu discurso a presidente Dilma interpretou o "Canto alegretense". De autoria do poeta tradicionalista Antonio Augusto Fagundes, os versos mais conhecidos da música proclamam: "Ouve o canto gauchesco e brasileiro / Desta terra que amei desde guri". E vai por aí.

À queima-roupa
O vice Michel Temer, segunda-feira, na reunião com o presidente do PT, Rui Falcão, foi taxativo: "O Pezão (PMDB) tem que ser o candidato único da presidente Dilma no Rio". E completou: "O governador Sérgio Cabral é parceiro para valer".

Caricatura bolivariana
Em atos oficiais da Venezuela, os chavistas no governo levantam nos discursos presidenciais para gritar "Venceremos!", bem alto, com um dos braços para cima. Na campanha do embaixador Roberto Azevêdo para a OMC, depois de noites viradas de trabalho, virou hit alguém levantar, com todos já sonolentos de madrugada, e gritar alto e com um braço esticado: "Venceremos!".

Falta de sintonia
No governo Dilma se fala muito na filiação do ministro socialista Fernando Bezerra (Integração Nacional) ao PT. Mas o PT pernambucano não quer acolher um adversário histórico. Os petistas preveem que isso dizimaria o partido por lá.

Mais vices secretários
O caso Afif Domingos, vice de São Paulo e ministro, provocou um debate sobre o acúmulo de cargos pelos vices. O Rio já viveu isso. No primeiro mandato de Sérgio Cabral, o vice Luiz Fernando Pezão foi secretário de Obras.

O ex-presidente Lula assistiu ao discurso da presidente Dilma, ontem na posse de Afif Domingos, ao lado do ex-deputado petista Sigmaringa Seixas.

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