quarta-feira, abril 03, 2013

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 03/04

Camex reabre consulta pública para alta de tarifa
A Camex (Câmara de Comércio Exterior) reabriu a consulta pública relativa a pedidos de alta temporária do Imposto de Importação. Foram recebidos 262 pedidos e o prazo dado será para a contestação de setores contrários, segundo o órgão.

A decisão, considerada inédita por muitos advogados, foi bem recebida, mas causou alguma estranheza nos bastidores.

Para alguns, a iniciativa sinaliza uma possível mudança na política comercial do governo Dilma, que vinha priorizando a proteção da indústria, e demonstra preocupação com a inflação.

O aumento do Imposto de Importação de produtos variados foi aprovado em setembro de 2012 e apoiado por países do Mercosul.

"Mas o movimento foi muito criticado nos Estados Unidos e na Europa", lembra Adriana Dantas, do BM&A.

"A reabertura do prazo deve ser elogiada, mas demonstra receio do governo em autorizar novos aumentos, com a inflação crescente", diz.

A iniciativa contraria interesses de importantes setores da indústria, como a química e a de transformação.

"Apenas cem produtos serão contemplados e a escolha é complexa. Onerará a cadeia produtiva desses produtos. É positiva, portanto, a decisão da Camex", afirma Renê Medrado, do Pinheiro Neto.

"Há o interesse em obter mais informações porque a lista é controversa", diz José Dias, do Demarest e Almeida.

Sem crise
O resultado econômico do Brasil no ano passado não mudou, pelo menos até agora, o modo de os investidores verem o mercado imobiliário do país.

A avaliação é da CEO da consultoria imobiliária Jones Lang LaSalle para as Américas, Lauralee Martin.

"A economia global está mais lenta. Não é apenas o Brasil [que teve um crescimento baixo], China e Índia também registraram queda. Não há uma preocupação específica com o mercado brasileiro", diz a executiva.

O interesse dos investidores em adquirir imóveis no país não se alterou entre 2012 e 2013, segundo a Afire (associação de investidores estrangeiros de imóveis).

"A indústria do setor no Brasil está começando a ficar mais transparente, o que é bastante atrativo para o dinheiro internacional. Receber os eventos esportivos também coloca o país em um patamar global", diz Martin.

Lucro materno
As vendas das lojas de varejo nos shoppings para o Dia das Mães deste ano devem crescer aproximadamente 9% ante o mesmo período de 2012, segundo a Abrasce (Associação Brasileira de Shoppings Centers).

A previsão é considerada excelente pelo presidente da entidade, Luiz Fernando Pinto Veiga, mesmo que seja inferior ao aumento de 11% registrado na mesma data do ano passado ante 2011.

"Com a economia do país patinando do jeito que está, será um ótimo resultado."

Os artigos de perfumaria, maquiagem, moda feminina e calçados deverão ser os líderes em vendas, conforme a associação.

Já o mercado de shoppings terá 48 novos empreendimentos neste ano. Serão 31 em cidades do interior e outros 17 em capitais. No ano passado, foram abertos 27 em todo o território nacional.

"Fecharemos 2013 com 505 shoppings e, para o ano que vem, outros 30 vão entrar em operação", diz Veiga.

Salários de brasileiros do setor de óleo e gás caem 7,2%
Os salários do setor de óleo e gás para trabalhadores locais tiveram queda de 7,2% no país no ano passado, segundo pesquisa da empresa de recrutamento Hays.

O atraso em leilões para exploração de campos de petróleo é apontado como um dos responsáveis pela retração.

A remuneração dos estrangeiros no Brasil, porém, cresceu 23% no mesmo período.

"Isso mostra que o fato de o país ter um número limitado de trabalhadores qualificados está atraindo pessoas de fora e elevando os salários delas", diz Keith Jones, da área de óleo e gás da Hays.

Quando comparado com outros países, o Brasil aparece em 16º lugar na lista dos que melhor remuneram funcionários estrangeiros.

"O setor no país vai precisar de mais pessoas de outros países. Para atrair esses trabalhadores, os salários devem crescer ainda mais", diz.

No mundo todo, a alta nas remunerações foi de 8,5%. A Austrália aparece no topo dos que melhor pagam os profissionais do setor. No país, também há falta de trabalhadores.

Caloria de gravata
Executivos estão comendo menos carne vermelha, mas consomem mais gorduras. Esse é o resultado de um estudo da Omint, empresa de assistência médica, sobre hábitos alimentares da classe.

Foram entrevistados 4.093 executivos em 2011 e 2012. Desses, 51% declararam ter ingerido carne vermelha com frequência no ano passado ante 66% em 2011.

O consumo de leite desnatado e queijo branco menos gorduroso caiu de 35% em 2011 para 30% em 2012.

Pelo levantamento, a maior renda dos pesquisados não garante melhor alimentação.

"Hábitos simples, como diminuir a ingestão de manteiga, já ajudam bastante a evitar as doenças coronarianas", diz Caio Soares, diretor médico da Omint.

Câmbio sem telefonema
Depois de usar por cinco anos no Brasil a plataforma de negociação cambial FXGO, da Bloomberg, a Volkswagen irá adotá-la na Argentina.

A montadora estuda utilizar o sistema eletrônico em outras de suas subsidiárias na América do Sul.

A plataforma permite que profissionais de investimento vejam, ao mesmo tempo, a cotação de moedas em mais de uma corretora.

"Estamos encontrando mais corporações interessadas em negociar divisas eletronicamente, pois é mais eficiente fazer isso do que pegar o telefone e ligar para vários bancos até obter o melhor preço", diz Tod Van Name, chefe global de câmbio estrangeiro, economia e commodities da Bloomberg.

O sistema é usado por bancos e empresas de diferentes setores, segundo Van Name.

A Bloomberg tem hoje clientes em 174 países. Em 106 deles, a plataforma é usada. No Brasil, o serviço existe desde 2005 e mais de cem empresas o utilizam.

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