terça-feira, abril 23, 2013

HISTÓRIA DE ANTÔNIO - SONIA RACY

O ESTADÃO - 23/04

Quando deixou, pela última vez, o prédio de número 254 da Praça Ramos de Azevedo, semana passada, José Pastore se despediu do imóvel que, durante 50 anos, abrigou a Votorantim e a sala de seu melhor amigo, Antônio Ermírio de Moraes, prestes a completar 85 anos. “Hoje é um dia histórico”, disse, olhos marejados. Pastore não partiu de mãos vazias. Mas com o resultado de 35 anos de convivência: o livro Antônio Ermírio de Moraes – Memórias de um Diário Confidencial, que será lançado pela Editora Planeta, em maio.

Como nasceu a ideia do livro?

Sempre tive vontade de escrever um livro sobre a vida dele, porque acho o Antônio Ermírio uma pessoa inteligente, competente, patriótica, ética. Um brasileiro tão raro, que precisa ficar gravado.

É importante para o senhor que a homenagem seja em vida?

Muito! Já até levei a capa do livro para que ele checasse. Ficou um pouco encabulado ao se ver na capa de um livro.

Ser muito amigo atrapalhou na produção do livro?

Escrevi, logo no início, que o livro relata uma amizade e, exatamente por isso, os adjetivos são inevitáveis.

Ele trabalhava muito. Tinha tempo para a família?

Ele e eu sofremos da mesma doença: trabalhamos demais. E, olhando para a família, vemos que nem sempre as necessidades foram atendidas. Antônio Ermírio reconhece que precisava estar mais presente. E, no fundo, carrega um pouquinho de culpa, sim.

Qual a relação do empresário com o dinheiro?

Não gastava nem com ele nem com a família. Não por ser sovina, mas por não sentir necessidade. Investia sim, e muito, na educação dos filhos. Eles tinham, bem como seus primos, de provar competência, trabalhar em outras empresas. Só depois entravam na Votorantim.

Como era a relação dele com o irmão José Ermírio?

Ele tinha a maior admiração e deferência. Tanto que se referia a ele quase como pai. Eles se complementavam. Antônio é mais explosivo, já o José era mais moderado.

E a carreira política?

Foi muito bom ele não ter seguido. Com o gênio que tinha, acredito que morreria no meio do processo.

E o mundo das artes?

Surgiu com a campanha de 1986, quando disputou o governo de São Paulo. Ele achou tudo aquilo um teatro, que o eleitor vota pouco pela razão e que era preciso captá-lo pela emoção. O teatro o virou pelo avesso. Fez com que ele se expandisse, risse, e o humor dele cresceu. Os artistas se aproximaram muito dele.

O senhor se considera o melhor amigo dele?

Precisaria perguntar para ele. Mas, com certeza, Antônio é meu melhor amigo. Tem coisas que só eu consigo falar para ele./THAIS ARBEX

Prato feito
Depois do jantar em torno de Alexandre Padilha, semana passada, a bancada estadual do PT se comprometeu a organizar encontro com Mercadante – que disputa com o ministro da Saúde a indicação para o Bandeirantes em 2014.

É consenso no PT paulista que o nome precisa ser definido até, no máximo, agosto.

COACH DE LÍDERES
O francês Thierry Schneider, ex-goleiro e coach, faz palestra e lança o livro Atleta da Vida– hoje, no Hotel Renaissance. Ele falou à coluna sobre o que une jogadores de futebol e gestores de empresas.

O que você traz do campo que pode ser aplicado em uma grande companhia? 

Meu principal objetivo é ensinar os executivos a terem um nível de domínio alto sobre a gestão de suas atitudes cotidianas, sobre suas energias emocional e física. Infelizmente, a maioria dos indivíduos investe boa parte de sua energia tentando controlar o incontrolável. Um gestor tem apenas uma pessoa a dirigir: ele mesmo.

Quais os grandes pecados dos executivos e como combatê-los?

O maior pecado dos gestores se resume à necessidade de poder. O sucesso baseado no ego representa, de fato, uma constatação do medo. Meu objetivo é desenvolver o poder interior, responsabilidade social em servir. Como um mestre de artes marciais, ele combate por uma causa – não contra ela. A meta é domar suas emoções e seu corpo.

Que características você identifica nos goleiros (ele é autor de um livro sobre o assunto) e também nos executivos que está acostumado a treinar?

A solidão. Um gestor está sozinho face a si próprio e deve aceitar essa condição para avançar e ter sucesso. Não pode trapacear. Como dizia Maurice Béjart, mesmo o mais talentoso dançarino não pode mentir, pois isso transparece. Podemos mentir com palavras, mas é impossível mentir com o corpo. Só 7% de uma mensagem são transmitidos pelas palavras; 37% vibram na voz; e 55%, nos gestos e olhares. Uma mensagem é, basicamente, física, sensualidade em estado puro. A verdadeira vida. /SOFIA PATSCH

Alô…
Estados se movimentam para passar um pente fino na telefonia – a começar pelo Rio Grande do Sul, que instala, hoje, comissão parlamentar de inquérito na Assembleia Legislativa.

…responde
Enquanto isso, na Câmara, há número de assinaturas suficiente para criar uma CPI que investigue o setor. Mas sem o aval de Henrique Alves. Por enquanto.

Eu voltei
Marta Suplicy retoma o conceito original do programa Cultura Viva, que foi criado por Gilberto Gil. Vai expandir os pontos de cultura em todo o País e fará os primeiros na cidade de São Paulo – até agora, fora da rede.

Sem folga
Enquanto trabalha para evitar uma “CPI da CBF”, Marin está às voltas com a CPI do Tráfico de Pessoas.

O presidente da entidade depõe hoje, em Brasília, sobre aliciamento de crianças e adolescentes para participar de escolinhas e clubes de futebol.

Acelera, Rubinho!
E a Globo gostou de Rubens Barrichello comentando o GP do Bahrein, domingo.

Quer usar o piloto mais vezes para turbinar a audiência da atração – que perdeu 50% de telespectadores desde 2002.

Até tu, Peru?
O Peru, que nunca teve uma feira de arte internacional para chamar de sua, resolveu ter duas: a Art Lima e a Parc. Ambas abrem amanhã.

Estarão lá, representando o Brasil, as galerias Marilia Razuk – com solo do artista Marlon de Azambuja –, Leme, Nara Roesler, Vermelho e Luisa Strina.

Dose múltipla
O musical Billy Elliot, que desembarca aqui no segundo semestre, contará com… três atores crianças se revezando no papel principal.

Motivo? É muito trabalho para um menino só.

Na frente
O Brasil fechou parceria com a Novartis – que doará ao Ministério da Saúde remédios para hanseníase.

Kent Nagano rege a Sinfônica de Montreal. Hoje e amanhã, na Sala São Paulo.

Luiz Carlos Duarte lança Friedenreich. Hoje, na Livraria da Vila da Fradique.

Permeados estreia hoje, com participação de Cauby Peixoto. No Teatro Geo.

Talita Hoffmann abre exposição. Hoje, na Logo.

Dúvida cruel. Quem será que ganhou, ontem, com o sobe e desce das ações de Eike Batista no mercado?

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