quarta-feira, abril 03, 2013

Espaço e movimento - TOSTÃO

FOLHA DE SP - 03/04

Tardelli é o elo entre a inteligência espacial e cinestésica de Ronaldinho e as finalizações de Jô


No empate entre Paris Saint-Germain e Barcelona, Messi fez o primeiro gol e foi substituído, no intervalo, com problema muscular. Se tivesse jogado o segundo tempo, teria chance de fazer mais gols, por causa do avanço do time francês. O primeiro gol do PSG foi em claríssimo impedimento. Thiago Silva e Daniel Alves foram brilhantes. Lucas só atuou bem no primeiro tempo.

Todos os treinadores e armadores deveriam assistir aos jogos do Barcelona só para observar Xavi jogar, como ele faz a passagem da bola de um lado para o outro, de pé em pé. Xavi quase não erra passes porque é craque nesse fundamento e porque nunca dá o passe para o jogador marcado. Espera sempre o momento exato para tentar o passe decisivo.

Corinthians, São Paulo e Atlético-MG jogam hoje e amanhã, pela Libertadores. Corinthians e São Paulo fizeram um bom jogo no domingo. Cada equipe com seu estilo. O São Paulo, com muita troca de passes, enquanto o "inglês" Corinthians, com duas rígidas linhas de quatro jogadores, próximos à área, privilegiava o contra-ataque. Essa disciplina tática foi importante para a conquista de títulos.

O São Paulo jogou bem, graças ao desprendimento e talento coletivo de Jadson, fora de posição, pela direita. Mesmo assim, foi brilhante no gol. Ganso teve mais uma boa atuação. Pena que toca a bola e não avança para recebê-la.

O Atlético-MG melhorou muito com Tardelli. Ele é o elo, a ponte, entre os passes espetaculares de Ronaldinho, a velocidade de Bernard e o centroavante Jô. Antes de Tardelli, a maioria das jogadas ofensivas era pelo alto. Tardelli não é um centroavante, um meia de ligação nem um ponta. Ele é uma mistura de tudo isso. Toca e avança. Dribla, dá passes e faz gols.

Falta à seleção um atleta com esse estilo, com talento coletivo, agregador em campo, que aproxima jogadores de posições diferentes. A seleção possui volantes que marcam, meias-atacantes que driblam em velocidade e um centroavante fixo. Tudo compartimentado. É necessário misturá-los, sem perder a organização tática.

Pelas características, Ganso e/ou Ronaldinho preencheriam esse vazio, esse elo entre os setores. Ronaldinho, por não ser tão veterano, deveria ser o mestre da seleção, como é no Atlético-MG. Ganso seria, no imaginário de todos, o herdeiro da inteligência espacial e cinestésica (relativa ao movimento) de Ronaldinho. Ambos não estão na seleção principal. Só agora Ganso voltou a ser titular no clube. Quando foram escalados, não foram bem. Muitas coisas não se explicam. Acontecem.

O futebol brasileiro e a seleção precisam aprender e gostar de jogo coletivo. Hoje, com poucos craques, ele é importantíssimo. Essa dificuldade é, em parte, reflexo do narcisismo e do individualismo da sociedade.

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