sábado, março 23, 2013

O PESO DA ALIANÇA - JORGE BASTOS MORENO

O GLOBO - 23/03

É de se estranhar a estranheza com que “a imprensa do Sul” — assim chamados pelos nordestinos os jornais do Rio e São Paulo — está tratando o rega-bofe de hoje entre o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e o senador Jarbas Vasconcelos.

Primeiro, desde que fizeram as pazes, no ano passado, em outro grande furo desta coluna, o que Dudu e Jarbas mais têm feito juntos é se reunirem em torno de um prato de comida. Portanto, o cozido de hoje é mais um, entre as 15 feijoadas e 20 churrascos consumidos pelos dois ao longo de quase um ano.

Aliás, se a união das duas maiores lideranças políticas de Pernambuco dependesse desse cozido de hoje, Dilma já estaria reeleita. Em descrição precisa, o repórter Daniel Carvalho informou que a iguaria do Jarbas é toda tradicional, feita com “carnes de segunda”, tão diferente do que conhecemos hoje.

Ou seja, não seria com pé de porco, toucinho, músculos e rabadas que o jovem governador de hábitos sofisticados oficializaria sua aliança com Jarbas.

Raposa dada
Hoje é dia de Eduardo Campos. E a presidente Dilma deu ontem uma mãozinha à candidatura do governador. Bateu martelo: o PR vai continuar mesmo com o Ministério dos Transportes.

Já não é nem mais o caso de dar o galinheiro à raposa. Mas o de dar a raposa ao galinheiro. 

Tempo precioso
Campos mandou intermediário dizer à Dilma que não citou o nome dela quando disse a empresários paulistas que “dá para fazer mais”. Explicou que a crítica era geral, para todos os governantes, inclusive ele.

Dilma ao mensageiro: “Oh, querido, você acha que tenho tempo para perder?”

Palpite
Se fosse repórter de especulação, diria que o representante do PR no Transportes seria César Borges, ex- governador e ex- senador. Ou alguém da sua grei. 

Euforia garantida 

“Pode apostar”, assegura-me assessor da intimidade presidencial. Dilma, na entrega de obras, na segunda, em Serra Talhada, vai tratar Eduardo Campos com a mesma euforia com que recebe Tarso Genro. Se tiver tempo, até leva flores para sua querida amiga “Dona Renata”!

Até setembro
Dilma não fará qualquer gesto contra Campos e determinou que seus ministros também sigam a mesma estratégia, para que o governador não saia da base como vítima.

Até quando? Até setembro, que é o prazo com que todo o palácio trabalha. Acham que esse é o limite do governador.

PT do Pezão
Se eu também não guardasse segredo, diria que o prefeito de Niterói, o vice-prefeito do Rio, Luiz Sérgio e Benedita da Silva são petistas que migrarão para Pezão.

Imparável
Ministros que têm cruzado o Nordeste estão surpresos com o poder de mobilização de Campos. Um deles assistiu, em Natal, à reunião de Campos, ontem, com todos os secretários estaduais envolvidos com o problema da seca, com apoio da CNBB e de sindicalistas.

Sem cuspir no prato
Jarbas Vasconcelos confirma: — Não é só no Nordeste. Em Brasília, a quantidade de senadores e deputados que querem conversar com o governador é imensa.

E considera o mote dado no encontro com empresários um achado: “dá para fazer mais”. — Diz tudo, sem cuspir no prato.

30 dedos
Tem mais dedos do que se imagina na composição dessa reforma ministerial da Dilma. Para ser exato, 30 ao todo. Os dela e os dos ministros Mercadante e Pimentel 

Justiça esguia
Cardozão está numa das suas melhores fases. Fez brilhante discurso no Innovare há dias; perdeu uns 10cm de barriga; reformou o guarda-roupa. Enfim, está um gato! Tudo por uma colega.

Baque duplo
Perder dois personagens exclusivos numa semana só é um baque danado. Eduardo Cunha e Paulo Bernardo, por diferentes razões, é bom que se diga em benefício dos dois, eram, até hoje, figuras recorrentes da coluna.

Sempre sonhei com esta frase: — Eduardo Cunha não é mais problema meu. É da Suprema Corte! Já PB me criou um problema. Se eu critico, estou fazendo o jogo do PT. Elogiar, nem pensar. Não sou oposição. O jeito é calar-me! Como está fazendo a Dilma.

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