CORREIO BRAZILIENSE 04/02
A partir de hoje, Dilma Rousseff que se cuide. Tudo bem que o novo líder do PMDB, Eduardo Cunha, é seu aliado e torce pelo sucesso do governo. Mas o coração dele bate pelo partido e pelo grupo que lhe concedeu a vitória. Portanto, ao surgir uma situação em que for obrigado a escolher entre o partido e o governo, o líder dificilmente deixará de atender o primeiro.
Os alicerces da campanha tanto de Eduardo Cunha quanto de Sandro Mabel foram a defesa do partido acima de todas as coisas. Nessa batida, no momento em que uma proposta de Dilma for contra os desejos do PMDB, a presidente terá problemas.
Para equilibrar esse jogo ela poderá contar com o PSD de Gilberto Kassab, que estreia nessa sessão Legislativa sob nova direção e com Kassab mais disponível para fazer politica. E, é claro, o PSB continuará a balançar a árvore palaciana, para ver os peemedebistas despencam. Nesse ritmo, mantido o cenário favorável ao antigo líder Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), no momento em que ele vencer hoje a Presidência da Câmara, as baterias do PSB se voltam para o vice-presidente Michel Temer.
Daqui para frente, tudo o que der errado no PMDB em relação ao governo terá alguém de prontidão entre os partidos para colocar a culpa em Michel. Primeiro, dentro do PMDB há uma (ainda) acanhada torcida no sentido de trocar a aliança com Dilma por uma confraternização ao lado do senador Aécio Neves, do PSDB.
O outro grupo é capitaneado pelo PSB de Eduardo Campos, que invariavelmente atribui as vicissitudes do governo ao PMDB — leia-se o novo presidente do Senado, Renan Calheiros, o deputado Henrique e… Michel. Nessa batida, Dilma e seu companheiro de chapa na campanha presidencial passada estarão sob os holofotes, ela na gestão e condução da economia, e ele na organização política de seu próprio partido e reflexos nos projetos de interesse do governo. Haja equilíbrio para andar nessa corda.
Enquanto isso, no PT…
O PT hoje está como aquele sujeito que até gostaria de comprar um carro novo, mas o dinheiro e as dívidas não permitem. Ou que até trocaria de mulher se pudesse largar a atual sem causar um grande rebuliço na vida, tirando-lhe da zona de conforto, ainda que esse conforto seja apenas aparente. Se Dilma e seu partido tivessem uma bola de cristal que lhes garantisse a vitória em 2014, talvez até se dessem ao luxo de prescindir do PMDB.
Sem essa certeza, o PT não largará o PMDB no meio da rua. Para completar, há uma desconfiança generalizada do PT em relação aos socialistas e o partido de Lula resiste em fazer acordos que joguem 2018 sobre a mesa. Nem Eduardo Campos confiaria hoje nisso. Não é à toa que Lula vai buscar o governador para pedir que permaneça ao lado de Dilma na eleição do ano que vem.
E na Câmara…
Nada está totalmente seguro para Henrique Eduardo Alves se eleger hoje presidente da Câmara. Apesar dos movimentos de última hora em favor de Eduardo Cunha, a matemática da política nas eleições anteriores da Casa recomenda cautela. Marco Maia obteve 375 votos e o apoio de 21 dos 22 partidos em 2011, quando tudo era alegria na estreia de Dilma. Michel, presidente anterior a Maia, conquistou 309 votos no meio do segundo mandato de Lula. Arlindo Chinaglia (PT-SP) foi eleito para o biênio 2007/2008 em segundo turno, com 270 votos.
No colégio eleitoral dos congressistas, há pelo menos 100 dos 513 que são sempre “do contra”. Adicione-se a esse grupo o climão geral da Casa. Há um descontentamento muito grande entre os parlamentares e isso pode desaguar em Henrique. Em terceiro lugar, nem Arlindo nem Michel tiveram que se preocupar em perder votos no chamado baixo-clero quando disputaram contra Aldo Rebelo, hoje ministro do Esporte.
Desta vez, os dois maiores adversários de Henrique — Rose de Freitas, do PMDB capixaba, e Júlio Delgado (PSB-MG) — têm votos na “geral”, ou seja, entre os deputados que ainda não tiveram tanto destaque no parlamento. Especialmente Júlio, companheiro de futebol de muitos deles. E, nesta eleição, a relação pessoal conta. Para completar, nem Michel nem Arlindo passaram pelo corredor polonês de reportagens como aconteceu com Henrique nos últimos dias. Por tudo isso, todo cuidado que ele tiver hoje será pouco, embora aqueles que entendem do traçado do plenário confiem na vitória do peemedebista. Daqui a pouco, vamos saber.
O que eu percebo no senado, é uma união forte que provavelmente se consolidará em 2014, entre o governador Eduardo campos e o senador aécio Neves, já imaginou como seria proveitoso para o brasil ter dois políticos com histórias tão bonitas e parecidas no planalto? Aécio neves presidente e eduardo campos vice?
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