domingo, janeiro 06, 2013

Anjos e o Vasco - ALDIR BLANC

O GLOBO - 06/01


Vivo de direito autoral: caos e roubalheira



Não tenho coragem para desejar um feliz 2013. As especulações de Guido Manteguinha (esse sobrenome me lembra Marlon Brando de bruços...) com o “câmbio real” me apavoram. Vivo de direito autoral: caos e roubalheira. Enquanto isso, Bananobama promete fechar o abismo fiscal dos EUA, taxando as grandes fortunas. Rarará! Bananobama não cumpriu nada do que prometeu na primeira campanha, nem vai cumprir agora.

Não tenho metas para 2013, mas sei o que vocês não devem fazer: zapear pelos canais por assinatura. Fiz isso quando meu labrador morreu e o resultado foi trágico. Você bota no Animal Planet, e não aparece aquele encantador de cães. Estão passando “Anjos da Noite — A Evolução”, uma série de 2.578 filmes, cujos títulos de maior sucesso são “Anjos da Noite no Supremo”, e o recente “Anjos da Noite — Retorno a São Januário”. A série só acaba com o suicídio do espectador. Já o canal History mostra uma gravação provando a existência do Inferno... Logo depois, beleza, entra o episódio 12.736 sobre os Alienígenas de Rockwell, apoiado em fatos científicos. Todos têm o mesmo final: um perito examina fotos, filmes, e declara que são falsos. O National Geographic está em... Rockwell! Enquanto isso, o Sci-Fi caça fantasmas. Não acham nem o Pluft. Transtornado, o trouxa bota no Max, em busca de um filme, e dá de cara com o erótico “A Vaca e o Vagabundo”, seguido de “Até tu, Vaca?”. Com a noite avançando, o desespero faz o coitado lembrar do MGM. Tá lá o erótico “Anjos da Noite transando com Vacas Fantasmas em Rockwell”. Quando o quase catatônico pagante (é, essa porcaria é bem paga) se estica para desligar, adivinhem quem vem para a orgia? Winter, o Golfinho legalmente loiro, com os Caçadores de Mitos, que tentarão provar: o cetáceo não é tão bom em sexo oral, apesar de ter, como diria aquele personagem do Jô, um bocão!

O sentimento e a segundona anunciada

O Vasco deu de novo com os burros n’água. O pântano são as dívidas não esclarecidas desde a ditadura euricoide. Os burros estão na diretoria e na comissão técnica. A canoa virou porque o clube está cheio de pavões que não sabem remar. O Vasco perdeu, por estupidez, um dos pulmões do time, Juninho Pernambucano. Talvez o presidente devesse acordar. Começou a carreira como Dinamite, e corre o risco de terminá-la como Estalinho — para não falar bicha de rodeio, o que vinha escrito nas antigas caixas de bombinhas. O outro pulmão, Felipe, está sendo arrancado do corpo cruzmaltino por Henê Limões, gnomo e falso mágico de uma chanchada tipo Harry Potter dos falidos. Henê não é Bienvenido Granda, o bigode que canta. Henê fala pelos cotovelos, talvez porque o moustache lhe tape a boca. Em recente carta aos vascaínos, insistiu na ética. Péssimo exemplo. Existe ética também no ato de escrever e, nisso, Henê é ruim de bola. A carta é uma pixotada, um frangaço. Contém coisas como “gerar blábláblá para não gerar”. Volta pra Hogwarts, cara, e procura a varinha perdida que o bigodão compensou.

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